quinta-feira, 2 de abril de 2009

A SEDE DE CONHECER E OS SÚBITOS ÍMPETOS MOTIVADORES DA DESCOBERTA


Existe um filme passado na Espanha da década de 1930 que estava em minha casa há meses, mas, por qualquer razão estranha, nunca havia me disposto a ver. Hoje, vasculhando aleatoriamente meus pertences midiáticos, encontrei o tal filme, recentemente solicitado por uma mulher bonita e tão sexualmente triste que beira o masoquismo. Resolve vê-lo, nem que fosse para homenageá-la. Amei. Não só o filme. Amei!

No filme, um garotinho que nunca fora ao colégio teme que vá apanhar dos professor, visto que seu pai republicano, criado numa era monárquica, relatara histórias atrozes de tortura colegial. No primeiro dia de aula, o garotinho mija nas calças. Todos zombam, exceto o bonômico professor, velhinho e tolerante, que vai até sua casa, pedir desculpas. Voltando ao colégio, o menino descobre muitas coisas interessantes, aprende sobre lepidópteros, sobre diferenciações na quantidade de melanina entre pessoas diferentes de diferentes países, sobre as (des)vantagens de se usar água benta para curar um ataque de asma... Aprende! Um dia qualquer, enquanto seu irmão mais velho tinha aulas de trompete, descobre que quer tocar algum instrumento de percussão. Numa viagem pelo interior, seu irmão se apaixona pela adolescente esposa muda de um camponês sisudo, enquanto as tropas anticomunistas prendem vários habitantes do local onde o menino vivia, incluindo o professor velhinho que ele venerava e que havia lhe ensinado tanto. Assistindo à prisão dos comunistas, todos amigáveis, os demais habitantes eram obrigados a gritar xingamentos contra eles, a fim de não serem presos como simpatizantes. Quando enxerga o idoso mestre ser conduzido á prisão, os pais do menino pedem que ele o xingue. “Anarquista, assassino!”, grita o pai sem concordar. “Filho da puta”, grita a mãe. “Comunista, ateu!”, grita o menino, choroso, logo se arrependendo. Quando o veículo que conduz os prisioneiros até o cárcere sai da praça em que estava estacionado, várias crianças atiram pedras. O garotinho protagonista apenas corre, tentando acompanhar à distancia aquele professor que tanto amara, que tanto lhe ensinara. Na falta de um xingamento que ele não queria dizer, o menino lembra de uma aula de ornitologia e chama o professor por um nome exótico de pássaro, firmando assim um pacto velado de respeito perene entre ambos. “Tilonorrinco!”, grita o menino. Lágrimas escorrem do meu rosto.

Não direi o nome do filme, por ora.

Wesley PC>

2 comentários:

jonas Urubu disse...

A língua das Mariposas?

eres una de las mejores películas española y tu descpción fué una cosa sensible, muy adelante de los diburros que haremos al mirarmos la tele. Muy adelante de todo lo más.

Pseudokane3 disse...

Glupt...

Ouvir isto de alguém que conhece a realidade do filme de perto me deixa emocionado...


Ao menos isso...
WPC>