quarta-feira, 7 de maio de 2014

HOJE EU SONHEI QUE ERA UM MÉDICO FERTILIZADOR!

Nos últimos cinco dias, sonhei com pessoas falecidas há muito tempo: uma vizinha diabética que morreu há mais de uma década; uma velhinha que minha mãe cuidava há alguns anos, e que certa vez me confundiu com uma menina; um cabeleireiro homossexual assassinado por um amante pago, etc.... Não sei o que isso quer dizer!

No sonho de hoje, eu era um recém-formado em Medicina que estagiava num enorme hospital urbano em Belo Horizonte. De volta para o município em que vivo, lutava para ser contratado no mesmo pronto-socorro onde meu irmão mais novo trabalhava como anestesista. Era difícil. Num intervalo para refeição, encontro alguns pretensos companheiros de trabalho, amigos do homossexual assassinado, almoçando numa sorveteria. Conversamos. Acordei depois de aconselhar um amigo que masturbava-se em excesso (e em segredo) na adolescência a fecundar a sua esposa. Na vida real, eles transam muito pouco, sempre com camisinha. Reticências.

Ao despertar, sentia urgência para ver um filme do diretor filipino Lino Brocka cujo título me fascinava: "Ora Pro Nobis" (1989), sobre militância armada e religião que luta ao lado do povo oprimido. Numa cena-chave do filme, há uma procissão em que os habitantes de um vilarejo equiparam o comunismo ao satanismo. Uma milícia armada extremamente violenta - batizada de Vigilantes - era a responsável pelo evento. O protagonista era um padre que abandona a batina para se casar, é preso, tem um filho sem saber (que recebe o mesmo nome militante que ele usava: Camilo), vai para a capital Manila, casa-se novamente, sua esposa está grávida, seu cunhado é assassinado, etc., etc..

O diretor era assumidamente homossexual, li numa enciclopédia. Opositor severo do presidente militar Ferdinando Marcos, que governou o país entre dezembro de 1965 e fevereiro de 1986, Lino Brocka morreu num acidente de carro em 21 de maio de 1991, aos 52 anos de idade. E a História continua: quem sabe amanhã eu não sonhe com ele?

Wesley PC>

terça-feira, 6 de maio de 2014

MÃE, TE AMO (CINEMATOGRAFICAMENTE)!



Fui apresentado à artista de origem libanesa, filha de pais palestinos, Mona Hatoum graças ao extraordinário livro “An Accented Cinema: Exilic and Diasporic Cinema”, do iraniano Hamid Naficy. No quarto capítulo do referido livro, “Epistolarity and Epistolar Narratives”, o autor lança mão de uma descrição minuciosa do curta-metragem “Measures of Distance” (1988), no qual a diretora reutiliza imagens de sua mãe despida, subpostas aos caracteres árabes das cartas que ela lhe enviara durante a guerra civil no Líbano. No início, eu estava incomodado com a excessiva “pretensão artística” do filme, que parecia muito mais uma instalação que uma obra cinematográfica em si (por mais confusa que seja esta diferenciação hoje em dia). Porém, de repente, a tela se escurece por completo (a fim de metonimizar a destruição de uma agencia dos Correios) e a voz embargada da mãe segue declarando o seu amor à filha artista e emancipada: a mãe segue prisioneira (ao menos fisicamente) das opressões de seu marido e sua cultura, que acham criminoso que ela tenha se exibido completamente nua para alguém que não seu esposo (ou proprietário, segundo a lógica local). De repente, minha mãe passa pela sala e pergunta, espantada: “oxente, este filme não tem imagem, não?”. “Não”, respondi eu, brevemente. Nesse instante, amor de mãe e filha (na tela) e filho e mãe (na sala) se equipararam surpreendentemente: incrível este curta-metragem. Agora, recomendo-o de pé, com o coração pulsando mais rápido!

Wesley PC>

domingo, 4 de maio de 2014

PAVOR(ES) ONÍRICO(S) ADVINDO(S) DA INDÚSTRIA CULTURAL E/OU DA FAMÍLIA...

Meus sonos são intermitentes: como necessito levantar mais de uma vez, durante a madrugada, para ir ao banheiro, sempre que percebo que minha mãe já levantou para se dedicar às tarefas domésticas, permito que a cadela ‘poodle’ da família me faça companhia no quarto. Apesar de ser formosa, Zhang-Ke de Castro é violenta, morde quem se aproxima de quem ela estiver protegendo. Por isso, é perigoso ter mais de uma pessoa no mesmo quarto em que ela estiver: quem estiver adormecido é o protegido; qualquer outro ser humano passa a ser imediatamente considerado uma ameaça em potencial. Logo, deve ser atacado. Eis a sua perceptível esquematização canina (risos).

Antes de eu e Zhang-Ke sairmos do quarto na manhã de hoje, eu estava sonhando: a princípio, eu estava no trabalho, gravando alguns episódios da série animada “A Caverna do Dragão” num DVD, a pedido de meu chefe. De repente, sou abordado por alguém que me convida para assistir a uma eletrocução: um adolescente loiro fora acusado de estupro nos EUA (mas dava para ir caminhando de onde eu estava) e tive a honra ambígua de ser um dos poucos espectadores de seu assassinato estatal. Foi horrível!

Impressionado com o que vira e sentira (o fedor de carne queimada ainda me impregnava!), consolei-me com a audiência a uma gravação do DVD acústico do álbum “Strangers” (que nem sei que existe!) do grupo Korn. A cantora Pitty era uma das convidadas e, apesar de ser admirador da banda, desgostei do disco, visto que o achei “homogêneo demais” (esta foi a expressão que utilizei no sonho). Caminhei um pouco, após sair do estúdio de gravação, e percebi que estava sendo percebido por um molestador, um agressor pedófilo. Corri, senti medo, despertei: Zhang-Ke de Castro estava lá para me proteger! Contudo, o inimigo era interno, estava em meu subconsciente...

Wesley PC>