terça-feira, 31 de março de 2009

TRÊS ANSEIOS DE UMA AUTOBIOGRAFIA INTERRUPTIVA


1 – Quando eu tinha 5 anos de idade, queria ver o seriado do Tarzan que passava no SBT. Como não tinha televisão em casa, fui levado por minha mãe à casa de uma colega de trabalho sua, onde, após ver a novela das 21h, ela me deixa sozinho com o filho da conhecida dela, que, nos intervalos do seriado, mostra-me seu pênis e pede que eu fique realizando gestos repetitivos, que, à época, eu não entendia, mas me fascinavam. Anos se passaram e o dono do pênis foi assassinado, quando voltava a pé de uma festa no Bairro Rosa Elze. E eu nunca esqueci o que ele me ensinou...

2 – Quando eu tinha 7 anos de idade, queria brincar de roda com minhas amiguinhas. Era um garoto afetado, tinha a voz fina, gostava de brincadeiras ditas “femininas”. Porém, todas tinham nojo de mim. Eu era famoso por lamber mictórios no colégio, por comer pipocas do chão, por aceitar pedaços de picolé cuspidos. Tinham nojo de minha mão. Nunca fui abraçado na brincadeira d’“o meu jardim tem uma roseira que dá flor no mês de maio”. Driblei o trauma sexualizando o aperto de mãos. Jamais esqueci o que elas me ensinaram...

3 – Quando eu tinha 27 anos de idade, conheci alguns estudantes de História da UFS. Apaixonei-me violentamente por um deles (1 ½ numa conta mais exata). Mesmo tendo em comum apenas as obsessões burocráticas, insisti no intento. Dá bossa sair por aí dizendo que “sofre por amor”. Nunca havia deixado de sorrir por causa disso, entretanto. Até que, um dia, foram-me cortadas todas as possibilidades de comunicação dialogística, restando-me apenas as tentações homicidas ou suicidas. Espero que eu esqueça logo o que parece que ele está querendo me ensinar!

Meu destino estava traçado desde os 2 anos de idade. Reparem que há uma imagem cristã no espelho e um indicativo de lubricidade ostensiva na camiseta que uso. Sou apenas um fruto de meu tempo. Que pena!

Wesley PC>

3 comentários:

Allexandrecastro disse...

Quando eu não tinha idade eu fui tocado pelas palavras de um rapaz que foi tocado por todos os dedos da vida e isso fez de mim um ser vivo.
Que bela forma de expressar a vida.
Sou teu amigo.
Allexandre de Castro.

Gomorra disse...

Agradeço a amizade, portanto, Allexandre com o mesmo sobrenome que o meu.

Ela é bem-vinda.

Farei o possível para retribuí-la à altura!

WPC>

Allexandrecastro disse...

Tenha certeza que casa palavra riscada aqui me aprisiona cada vez mais a você.