quinta-feira, 12 de junho de 2014

CURA ESSE MEU FASTIO, CORPO HUMANO SEMINU!


Por mais dotado de sensualidade que eu tenha considerado "Rebeldia Indomável"(1967, de Stuart  Rosenberg), achei-o datado em sua pretensa venda de rebeldia. Paul Newman está maravilhoso, mas querer ser ovacionado como mártir porque agüenta comer cinqüenta ovos em menos de uma hora (na verdade, em uma hora exata) não é algo que me convença discursivamente. Não é um filme ruim, claro (a fotografia de Conrad L. Hall deslumbra!), mas que, enquanto enredo adesivo, ele soçobra, ah, pelo que eu senti, ele envelheceu muito mal...

Wesley PC>

terça-feira, 10 de junho de 2014

“A IGNORÂNCIA É UMA BENÇÃO!”

Desde que vi “Em Busca do Ouro” (1925, de Charles Chaplin) pela primeira vez, este foi o intertítulo que mais me marcou. Ele aparece na famosa seqüência em que a cabana em que está o protagonista é arrastada até a beira de um penhasco. O único problema é que a cópia do filme a que tinha acesso possuía um irritante acompanhamento monocórdio de órgão...

Apesar de saber que o próprio diretor foi responsável pela versão sonorizada de 1942, até hoje eu me recusei em conferi-la. Até que, inevitavelmente, fui vítima das conseqüências unilateralizantes da cultura comercializada sob o jugo do capitalismo: todas as cópias em DVD que eu possuía deste clássico correspondiam a esta versão sonorizada, com dublagem e músicas adicionais realizadas sob a supervisão estrita de Charlie Chaplin, que nutria uma preferência mui particular por esta obra. É fácil compreender o porquê de sua simpatia, mas... Não gostei de ver o filme remodelado desta forma!

Além de a cópia sonorizada excluir o meu intertítulo favorito, é estranho (no sentido negativo do termo) ouvir o Vagabundo falando, de uma maneira pleonástica, tamanha a efetividade comunicativa de suas pantomimas. Decepcionante, aliás. Mas tive que me submeter a isto: um garoto de 13 anos, filho do dono da padaria na esquina da rua em que moro, queria muito ver um filme chapliniano esta noite. Estou introduzindo-o aos longas-metragens da filmografia do gênio de maneira cronológica: na semana passada, vimos “O Garoto” (1921 – vide comentário empolgado sobre ele aqui) e, hoje, era dia de conferir o citado “Em Busca do Ouro”. Mais uma vez, o menino se engasgou de tanto rir!

 Não obstante as gargalhadas terem sido mais discretas neste filme de 1925, o menino pôde perceber que, além de corresponder à quintessência do gênero cômico norte-americano, Charlie Chaplin também balizava os gêneros romântico e dramático-histórico. É um verdadeiro gênio, de modo que fiquei felicíssimo ao rever esta obra-prima diante de toda uma família, por mais que a cópia que publicizei fosse desrespeitosa em relação à arte muda do grande inventor cinematográfico. Hoje, eu chorei de tanto rir – e de emoção também!

 Wesley PC>

segunda-feira, 9 de junho de 2014

“ESSAS MULHERES ESTÉREIS SÃO MESMO UMAS HISTÉRICAS!”

Fazia tempo que eu não assistia a algo do genial (e menosprezado) cineasta espanhol Eloy de la Iglesia (1944-2006),e hoje tive o privilégio de prestigiar logo dois! Quando o descobri, mergulhei de cabeça em sua obra, pesquisando todos os seus filmes disponíveis para ‘download’. Passados alguns meses, encontrei mais alguns, de modo que, se tudo der certo, antes de dormir, hoje, verei “Otra Vuelta de Tuerca” (1985)...

Antes, devo mencionar entusiasticamente os dois filmes que vi hoje: o primeiro deles, “La Otra Alcoba” (1976) surpreendeu-me desde a seqüência de abertura. Um homem (Patxi Andión, também responsável pela trilha musical do filme) caminha por uma borracharia, adentra o banheiro e começa a se despir, sem maiores explicações. Uma canção romântica irrompe, e a imagem é pausada de segundos em segundos. A sensualidade tipicamente iglesiana explode. Na seqüência posterior, deparamo-nos com o refinamento insípido da classe alta: um casal aparentemente não muito feliz busca uma criança para adoção. No último instante, a mulher desiste, alegando que seu sonho é o de gerar uma criança em seu próprio ventre. O marido, entretanto, é estéril, e hesita em contar-lhe. Numa virada propositalmente previsível, esta mulher, belíssima, conhece o mecânico que de despe solenemente no início e se apaixona. Ela engravida, aborta e o abandona. Ele é chantageado, espancado e abandonado. O enredo antecipa aquilo que veremos no impactante “Adultério por Amor” (1978, de Geraldo Vietri - comentado aqui). O tom lascivo e, ao mesmo tempo, socialmente combatente de Eloy de la Iglesia é deveras singular – além de homoeroticamente intensivo. No desfecho, a mulher assedia um belo nadador, com o consentimento de seu marido, interpretado por Simón Andreu, ator recorrente em sua filmografia. Em dado momento, o rico protagonista exclama: “somos todos peças da mesma engrenagem. Cabe a nós, ao menos, sermos peças importantes!”. Gostei bastante do que vi, ouvi e aprendi!

Ansioso por mais, aguardei alguns minutos e, de repente, estava vendo “La Mujer del Ministro” (1981), censurado à época por causa de suas cenas de nudez e do conteúdo explosivamente político. O roteiro se equivoca um pouco em seu pendor revolucionário contraditório e cindido, mas a subtrama romântica é interessantíssima; Rafael (Manuel Torres) é um jovem sensual que sobrevive com o dinheiro que recebe das mulheres ricas que o acolhem como gigolô. Uma delas, Leonor, a Marquesa de Montenegro (María Martín, excelente) – deveras simpática, mas que, ao final, é acusada de ser uma simpatizante política de extrema-direita – consegue-lhe um emprego como jardineiro na residência da personagem-título, vivida pela deslumbrante Amparo Muñoz (que também protagoniza o filme anterior). Ela se apaixona, em dado momento, mas sabemos que a mesma é atraída por sua ciumenta secretária. Tal qual acontece no filme anterior, ela engravida do amante, visto que seu marido passa mais de dois meses sem fazer sexo com ela. Enquanto isso, atentados terroristas varrem a cidade. Os separatistas do ETA (em prol da independência do País Basco) surgem como personagens conspiratórios, mas o roteiro se equivoca em suas tramas cruzadas, de maneira que a metade final do filme enfada um pouco. Mas é um filme muito cálido, como de praxe na filmografia deste gênio espanhol. Quero mais!

 Wesley PC>

ACERCA DA PROTUBERÂNCIA DO ESTILO...


Prosseguindo o meu mergulho na filmografia primeva do dinamarquês Nicolas Winding Refn,vi "Pusher II - Mãos de Sangue" (2004), segundo filme de sua trilogia sobre o submundo do tráfico de drogas. Neste filme, o protagonista é Mads Mikkelsen, ótimo como o abobalhado Tonny, que sai da cadeia e não sabe mais como conduzir a sua vida, a partir de então: percebe-se impotente quando pag duas prostitutas para foderem com ele e descobre que tem um filho pequeno. Seu pai é um criminoso imponente e seus amigos o utilizam como bode expiatório de dívidas mal-resolvidas. É um personagem fadado ao fracasso: é um filme que funcionou muito comigo, portanto! Depois volto a falar sobre ele... Por ora, preciso ponderar acerca do que falei!

Wesley PC>