sábado, 9 de novembro de 2013

E O "RESTO"? É SILÊNCIO, SEGREDO OU ESPERA?



Possível resposta: a beleza!

E é só por hoje. Afinal de contas, se estou sendo extremamente cauteloso no que tange à publicização de algo parecido com saudades, não estarei mentindo se afirmar que sorri quando me perguntaram qual é a cobra que possui dois ânus. Eu sorri. E, se a surucucu fosse a protagonista de algum filme khouriano, talvez se pudesse dizer sobre ela: "tu não és má. Tu fazes o mal!". Não só ela...

Wesley PC>

PODE NÃO SER TEMPO DE JACA, MAS É TEMPO DE AMAR!

Por precaução, os discursos desviantes se acumulam: na TV, um apresentador tenta incitar os seus telespectadores a adivinharem a palavra 'churrasco', escrita na tela, com as letras embaralhadas. Meu irmão não quis ir trabalhar hoje. Minha cunhada foi a um supermercado. Minha mãe precisa comprar álcool. Um traficante de drogas circundou a minha casa na noite de ontem. E eu, emocionado e/ou excitado, penso em jaca... Mas não só!

Wesley PC>

A CULPA É DE QUEM CALA?



É mais que uma pergunta: é uma arma apontada para a minha cabeça, numa sinapse que vai do cérebro à genitália, passado pelo coração...

Wesley PC>

“NÃO ESQUEÇA: QUEM MERECE É QUEM TEM MERECIMENTO...”

Às 21h31’, vi um rapaz chegando em casa. Pensei em falar com ele. Estava bastante emocionado com uma conversa ainda fresca e não consegui interpelá-lo. Há pouco, fui em sua casa. Verifiquei o histórico de seu computador: ele utilizou diversos ‘sites’ pornográficos a partir das 21h34’. Se eu tivesse chegado perto dele, quem sabe não teria masturbado-o, ingerido seu sêmen, convertido um amor mais geral numa demonstração de afeto atravessado pela manipulação genital... Quem sabe?

Antes de me deparar com a imagem que emoldura esta publicação confessional, tinha organizado mentalmente alguns pontos de partida discursivos sobre ele: tinha como intento estabelecer uma diferenciação entre anonimato e publicidade na contemplação da pornografia, pensava em discorrer sobre os limites relacionais advindos de relações condenadas a uma perpétua assimetria. Neste momento específico, entretanto, sou atravessado por outra gana: sou um novo homem, o mesmo e novo homem!

Na tarde de ontem, fui submetido a um enfrentamento vigoroso de opiniões, impressões e sentimentos, que só se confirmaram na manhã de hoje, diante do filme “Depois de Lúcia” (2012, de Michel Franco), no qual uma rapariga mexicana é hostiliza por todos os seus colegas de classe depois que é filmada fazendo sexo com um companheiro. Ela não conta nada para seu pai, visto que ele ainda se recupera da morte dolorosa de sua esposa. As agressões ficam mais severas. Ela se cala cada vez mais. Cortam o seu cabelo, trancam-na num banheiro de hotel, estupram-na repetidas vezes. Até que ela foge. Concretiza uma fuga depois de tê-la ensaiado e desistido mais de uma vez. Ela foge. Com isso, seu pai, também calado, rapta o garoto que fez sexo com ela, o amarra e o atira em alto-mar. Câmera distante e parada, sem trilha musical. Fim?

De repente, tudo o que eu tinha para falara, para agradecer, foi substituído por uma necessidade intensa de debate. Preciso conversar, ao mesmo tempo em que, agora, neste exato instante, sinto-me pleno, preenchido por um amor violento, daqueles que chegam a ferir de tão veementemente manifestos. Mudaria alguma coisa se eu dissesse que conheço um dos estranhos que interagem sexualmente nesta conversa pornocibernética? Ao invés de uma resposta, deixo uma determinação: não quero ser culpado por calar. Muito menos por não agir. E eu amo, filhos da puta, eu amo!

Wesley PC>


sexta-feira, 8 de novembro de 2013

ENTRE UM E OUTRO PÊNIS, DIGO, ÔNIBUS...


"Quando seus órgãos sexuais se projetam à sua frente, fica mais fácil vê-los, mas eles também estão mais vulneráveis. Eles apenas ficam lá, pedindo para serem modificados. E é exatamente isso que alguns homens fazem, modificam seus pênis" (p. 101).

Mais cedo, eu li este livro que tenho nas mãos num ônibus. Ao descer do veículo, dois trombadinhas que estavam na porta me chamaram de 'Bambi'. Não foram necessariamente agressivos, mas zombeteiros. Fiz que não ouvi - ou tentei! - mas a pretendida ofensa ficou ressoando em meus ouvidos...

Conversei com um amigo, vimos um filme juntos, despedimo-nos e, na viagem de volta, havia um homem zombando de prostitutas travestis no ônibus. Após algum tempo, ele acrescentou: "mais eu não tenho preconceito não. Se o cara é viado, o que é que tem? O corpo é dele! cada um tem que fazer o que gosta, né?". O admirei à distância: ele tinha cara e voz de malandro, mas era bonito, parecia sincero. O cobrador do veículo lhe devia pouco menos de R$ 10,00 em troca da passagem. E eu sentando no canto, com o livro nas mãos...

Wesley PC>

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

“A PORNOGRAFIA É O NOVO APOCALIPSE, TÃO ATERRADORA QUANTO A BOMBA ATÔMICA!”

Assim proclama o comendador moralista (e hipócrita) que protagoniza “O Libertino” (1973, de Victor Lima), pornochanchada tosca que vi na manhã de hoje. Sendo sincero, até que, ritmicamente, o filme não é tão ruim, mas as negociatas com a ditadura militar são evidentes, principalmente ao final, quando o personagem-título olha para a câmera e, safado, exclama, com uma expressão falsamente azeda: “a pornografia não compensa”, humpf!

No filme, o tal comendador é presidente de uma liga pela moralidade, que recebe a incumbência de investigar as atividades de ‘rendez-vous’ clandestino que se dão numa casa tradicional alugada por ele a duas mulheres que se diziam professoras de colégio interno. Mal fica sozinho e o comendador folheia com entusiasmo uma revista de mulher nua, sendo avacalhado por sua consciência lasciva, também interpretada por Costinha. Levado a um psiquiatra, ele descobre que o profissional esconde a sua consciência nua no armário. Mais tarde, ele visita o colégio, descobre os esquemas de prostituição existentes, expulsa as falsas professoras, mas mantém relações furtivas com elas, até que tudo vem à tona e ele se safa pela superfície, mergulhado cada vez mais, às escondidas, naquilo que mais condena publicamente, tal qual acontece com os seus asseclas, incluindo o mordomo interessado em foder com a neta lúbrica do comendador, que se encontra com o namorado riponga justamente no referido colégio de fachada. Parece idiota e reacionária a trama? Bingo!

O diretor é famoso por suas chanchadas tardias [“O Noivo da Girafa” (1957), “Os Três Cangaceiros” (1961), entre muitas outras], em relação às quais demonstro empolgação contida, mas é discursivamente entreguista. Não me chateei vendo o filme – até porque tenho a intenção de utilizá-lo como referência em um novo projeto acadêmico – mas envergonhei-me deveras durante a sessão: as pornochanchadas cariocas faziam o trabalho sujo da pseudo-higienização moral dos militares setentistas, irc!


Wesley PC>  

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

UMA CONFISSÃO PERDULÁRIA (JUSTIFICADA PELO VIGOR TEORÉTICO):

Acabei de encomendar, por pouco mais de sessenta Reais, um exemplar de "A Mise en Scène no Cinema: do clássico ao cinema de fluxo", versão em livro da dissertação de Mestrado de Luiz Carlos de Oliveira Junior, crítico extraordinariamente erudito e bem-humorado que conheci no ano passado graças a um evento inesquecível promovido pelo Sercine. Na ocasião, o palestrante me autorizou a lhe escrever um e-mail, o que fiz prontamente, mas nunca obtive resposta. Sem problemas: é como se a aquisição do referido livro me servisse como tal...

Apesar de a versão acadêmica do material estar facilmente disponível na Internet, fiz questão de obter o exemplar editado pela Papirus, no sentido de que este talvez seja o último livro de cinema que eu compre para mim em 2013. O meu mestrado encontra-se em sua reta final e eu devo focar mais em minha própria dissertação, além de tentar encontrar algum (sub)emprego que me mantenha a partir de março de 2014. Tenho que parar de ser perdulário em meu afã possessivo por exemplares indispensáveis da teoria cinematográfica!

Oficialmente, esta confissão/decisão de contenção aquisitiva deveria ser uma continuação do desabafo que antecipei noutro sítio eletrônico pessoal, no sentido de que há algo me incomodando drasticamente, a ponto de interferir na qualidade de meu sono e nas minhas expectativas em relação a algumas pessoas de quem gosto bastante e que estão a se afastar de mim por motivos empregatícios... Depois eu conto mais. Por ora, anseio pela chegada do livro: duas semanas, no mínimo. Aff!

Wesley PC>

EU ESTRAGARIA UMA AMIZADE POR CAUSA DE UMA CHUPADA?

Esta é uma das questões moralmente paradigmáticas que ficaram reverberando em minha mente após ter visto o surpreendente e obsedante “Obsessão” (2012, de Lee Daniels). Duvidava que este filme fosse tão interessante, mas o modo como o diretor se serve de estratagemas do ‘sexploitation’ para narrar uma trama entrecortada por questões raciais me cativou: o foco, perceptivelmente, são as tensões de classe (e raça) que arregimentaram as regiões pantanosas dos EUA no final da década de 1960, mas o diretor, quiçá influenciado por Russ Meyer e/ou Larry Clark, mais que por Melvin Van Peebles e/ou Spike Lee, deu atenção muito especial ao erotismo rasteiro (e bem-vindo), fazendo com que Zac Efron vista uma tentadora cueca branca durante quase toda a extensão do filme, em que cita suas masturbações compensatórias o tempo inteiro. Noutra cena, a personagem de Nicole Kidman arreganha as pernas para fazer com que o presidiário interpretado por John Cusack ejacule de tesão. O jornalista vivido por Matthew McConaughey tem uma ereção, enquanto o londrino pedante vivido por David Oyelowo se incomoda com a situação. De minha parte, fiquei excitadíssimo também: gostei muito do filme!

O que mais me impressionou no roteiro é como o sexo oral é elevado a uma condição motivacional de personalidade: é através dele que uma mulher pressupõe a inocência de um suposto assassino; é através dele que uma perpétua relação afetiva se instala; é através dele que um rapaz abandonado pela mãe se constata homossexual e aficionado por relações inter-raciais de caráter fetichista. Não posso falar mais, mas este precisa ser visto e discutido: é muitíssimo atraente – e não deve estar sendo tão perseguido pela crítica por acaso!

Não obstante as cenas mais consagradas do filme serem aquela em que Nicole Kidman mija no rosto de Zac Efron ou o instante lindo em que ambos dançam juntos, a narração firme e intervencionista de Macy Gray e as situações secundárias (e erotizadas) que circunvizinham a ebulição rácica e criminal do contexto histórico-político de que o roteiro baseado num romance de Pete Dexter (que contribuiu diretamente na reescritura do mesmo) se serve também são extremamente relevantes para a sedução do espectador. O filme é muito audacioso em sua introdução de elementos tão pervertidos no conservadorismo hollywoodiano. O estupor metonimizado na imagem que o diga! E, felizmente ou não, o que eu tinha para dizer (em relação à minha insônia existencial) a partir do título desta publicação fica para outro dia... O filme fala mais alto por ora!

Wesley PC>

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

E, EM FRENTE À MINHA CASA, PASSA UMA CRIANÇA GRITANDO COM A MÃE: "DEUS É MAU! DEUS É MAU!"

Não deu para entender o contexto da conversa, mas tudo leva a crer que a exasperação da criança deve-se aos estragos causados pela chuva da madrugada. Aqui em casa, por exemplo, eu, meu irmão mais novo, minha mãe e minha cunhada (sem contar os cachorros) quase não dormimos: passamos a madrugada a enxugar o chão da sala, a fim de evitar que o alagamento atingisse a fiação do computador e causasse um cruto-circuito. Lá fora, relampejava. Dentro de mim, a sutil e cativante trilha musical de Martin León para o filme canadense "O Que Traz Boas Novas" (2011, de Philippe Falardeau) me mantinha acordado: o filme me emocionara tanto! Projetei-me deveras na pela daquele professor improvisado argelino que lida com crianças obrigadas a amadurecerem bastante depois que sua professora se suicidou em plena sala de aula. Minha cadelinha Sembène tremia de medo. Minha mãe ficou preocupada. E eu sonhava com um casal banhando-se ao mesmo tempo: ele, pançudo e sensual; ela, magra e desiludida. Eu, esperançoso e contente com o dia-a-dia...

Wesley PC>

domingo, 3 de novembro de 2013

ENQUANTO ISSO, EU ESPERO E ESPERO E ESPERO...



E espero e espero e espero e espero e espero e espero e espero e espero e espero e espero e espero e espero e espero e espero e espero e espero e espero e espero e espero e espero e espero e espero e espero e espero e espero e espero e espero e espero e espero e espero e espero e espero e espero e espero e espero e espero e espero e espero e espero e espero e espero e espero e espero e espero e espero e espero e espero e espero e espero e espero e espero e espero e espero e espero e espero e espero e espero e espero e espero e espero e espero e espero e espero e espero e espero e espero e espero e espero e espero e espero e espero e espero e espero e espero e espero e espero e espero e espero e espero e espero e espero...

Mas, ao contrário do que possa parecer, não me irrito com isso nem lamento negativamente: eu aprendo enquanto espero - e amo, sobretudo, eu amo!

Wesley PC>

“VOU TENTAR MELHORAR”, DISSE-ME O DIRETOR MAIS DE UMA VEZ!

Quando me pediram para assistir ao primeiro episódio da ‘web-série’ “502/501” (2013), dirigida pelo meu amigo Joel Costa, fiquei apreensivo: tinha medo de não gostar, de ser agressivo em minha crítica. O tom exageradamente adolescente da sinopse e das descrições dos personagens me desagradava previamente. Porém, tinha de arriscar. E, apesar de, conforme eu suspeitava, ter desgostado, há ao menos uma seqüência excelente no episódio, justamente aquela protagonizada pelo diretor, que interpreta um trombainha que ameaça ostensivamente uma das garotas que protagonizam a série...

Achei o episódio forçado, o roteiro indefinido entre o humor e o romantismo e desgostei do trabalho do elenco, apesar de ter apreciado o forte sotaque nordestino que eles possuem. No segundo episódio, que vi na noite de ontem, tive de dar o braço a torcer: o roteiro melhorou bastante. O charme superlativo de Lukas Reis, enquanto intérprete do ‘nerd’ Caio me conquistou, tanto quanto a presença em cena forçadamente erotizada de Plínio Bitencout como o antonomasiado Forte me repelia. Porém, o melhor momento deste segundo episódio é, sem dúvida, quando a patricinha Nicole (Carla Alencar, muito boa em sua estereotipia proposital) se embebeda, tasca uma música brega na radiola de uma festa tediosa e se insinua para um embasbacado admirador. Ri muito. Pena que a situação pretensamente dramática seguinte trouxe à tona aquilo que acho mais problemático no enredo: os embates afetivos da neurótica Marina (Larissa Cavadas) e da apagada Júlia (Amanda Inês). Não obstante o diretor ter encerrado o episódio de forma sagaz, quase interrompendo bruscamente um diálogo de efeito, esta pendenga de melhores amigas apaixonadas pelo mesmo rapaz (no caso, Forte) não me convenceu. Para piorar, Caio está apaixonado por Marina, o que assegura que situações semelhantes a esta conversa série entre amigas se repetirão nos episódios vindouros... De minha parte, aprecio bem mais as cenas cômicas (risos).

A trilha sonora dos episódios contém os sucessos ‘pop’ anglofílicos que o diretor tanto aprecia, mas ele surpreendeu ao utilizar uma canção da banda sergipana Elisa como música-tema de abertura. Sendo bastante sincero, aliás, não acho a direção do seriado ruim. Apenas desengonçada. Tenho certeza que, à medida que os episódios avançarem, o diretor cumprirá o que ele me assegurou em conversa pessoal: que melhorará, pois está fazendo exatamente aquilo que ele deseja fazer. Para além de nossas divergências apreciativas, é isso o que conta pontos para mim!


Wesley PC>