sábado, 21 de novembro de 2009

MASTIGANDO DEVAGARZINHO A FRUTA GOGÓIA...


Sou destes que resenham CD, mas vou tentar ser cauteloso ao fazê-lo aqui, quando atesto o prazer infindo que me toma sempre que reouço “Gal”, maravilha interpretada pela Gal Costa em 1969. O disco já começa antológico com “Cinema Olímpia”, um animado índice do frenesi que nos toma numa sala interativa de cinema, e segue com “Tuareg”, terna composição de Jorge Ben Jor. A faixa 3, “Cultura e Civilização”, de Gilberto Gil, é fascinante em sua contestação com versos repetidos, e a faixa 4, “País Tropical”, é uma nova convocação do gingado tropical de Jorge Ben Jor. “Meu Nome é Gal”, de Roberto Carlos e seu camarada Erasmo Carlos, é uma ode aos “amores sem sobrenome”, que me deixou com vontade de me inscrever também nestes sítios eletrônicos de relacionamento. Será que eu teria sorte? Não, não tive, mas a música é genial! “Com Medo, Com Pedro”, novamente de Gilberto Gil, é fabulosa. Sempre a repito várias vezes. Os jogos de palavras são excelentes! E as últimas faixas, “The Empty Boat” (do exilado Caetano Veloso), “Objeto Sim, Objeto Não” (de Gilberto Gil), e “Pulsars e Quasars” (de Jards Macalé e Capinan) são belos legados tropicalistas. Maravilha de álbum!

Pronto, não o resenhei, só comentei sobre ele porque está mexendo comigo. Abraço, Broto Legal e Psicodélico que escreve em paredes de banheiro...

Wesley PC>

HOJE EM DIA É ASSIM!


Não era surpresa que eu fosse gostar e recomendar “Se Beber, Não Case” (2009, de Todd Phillips). Conhecendo os antecedentes do diretor e a filiação cômica subgenérica à qual ele está atrelado, era esperado que eu risse bastante durante a sessão e, para além disso, considerasse o filme um poderoso retrato da geração atual. Se isto é uma apologia ao comportamento dos personagens? Não, não é. Mas que tem tudo a ver com o que eu ando presenciando por aí, a favor ou contra a minha vontade, ah, tem!

Comecemos por um exemplo pessoal: na quinta-feira, aparece um estudante de Direito em meu local de trabalho, daqueles que bastam 3 segundos de contemplação silenciosa para ficarmos hipnotizados com sua beleza juvenil. Ele perguntou o que fazia para conseguir um documento com a sua Média Geral Ponderada e eu respondi que bastava ele pagar uma taxa de R$ 3,00 para que eu o entregasse um Histórico Escolar assinado e carimbado. Ele olhou para mim, grunhiu um pouco e gritou (repito, gritou): “Três Reais pela pôrra de um Histórico? É foda!”. Detalhe: o garoto deve ser filho de uma família sergipana bastante influente (tanto é que há uma providencial duplicação da letra T em seu sobrenome) e, com certeza, a quantia necessária pela obtenção do documento lhe era irrelevante. Ainda assim, ele fez um escândalo. O quarto segundo, portanto, é suficiente para que nos desinteressemos por ele. Pena que o quinto, o sexto, o sétimo... etc., nos façam incorrer no vício (risos).

O exemplo parece fútil (e é), mas tem uma intenção: mostrar o preço que pagamos por nutrir simpatia pelos protagonistas do (quase) ótimo filme resenhado, jovens recém-formados, estabilizados romanticamente, que resolvem comparecer a uma despedida de solteiro em Las Vegas, em homenagem à amizade baderneira que os une. Na primeira manhã consecutiva à noite em que se hospedam num caríssimo hotel, eles acordam num quarto repleto de galinhas, com um tigre no banheiro. Um deles, o dentista, está com um dente frontal ausente. Outro deles, o noivo, desapareceu. As confusões que se seguirão a partir daí não cabem aqui, mas, advirto, são hilárias. Em outras palavras: o roteiro do filme é muito bom e muitíssimo engraçado e as situações que ele aborda são incrivelmente verossímeis, mas... Não estamos sendo coniventes com um elogio à inconseqüência elogiando este tipo de filme? Repito que, na pior das hipóteses, o filme é genial em seu retrato de época, a ponto de eu não me sentir nada herético ao dizer que, dadas as eventuais diferenças autorais, ele é uma releitura contemporânea de clássicos masculinos como “Os Maridos” (1970, de John Cassavetes), “Jogando com a Sorte” (1974, de Robert Altman) ou “Meus Caros Amigos” (1975, de Mario Monicelli). Logo, insisto: é um filme do caralho!

Na madrugada de ontem para hoje, em Gomorra, conversei com meus amigos sobre a minha petulância em criticar alguns atos irresponsáveis deles, que, por sua vez, são atos que fazem com que eu goste deles cada vez mais. O filme me deu um tapa na cara, neste sentido: pessoas não precisam se comportar da mesma forma nem seguir as mesmas leis ou pretextos religiosos para se amarem. Isso é bom!

Wesley PC>

Reaparecimento


E aí galera tô aparecendo na vida de vcs dinovo e no blog pra deixar o link do meu blog:http://juagrestedocabruncodapexte.blogspot.com/

Acabei aprendendo com todo esse tempo afastada.Tá aí uma delas.




bei-Ju Agreste do Cabrunco da Pexte

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

...E EU DEVERIA TER ODIADO, MAS NÃO CONSEGUI!

Na noite de ontem, vi “A Morte Pede Carona” (2007, de Dave Meyers), desnecessária e abominável regravação de um clássico oitentista do Robert Harmon, por pura obrigação sexual. Meu fornecedor de sêmen estava com a TV ligada, precisávamos de algum barulho para atenuar os ruídos de minha sôfrega movimentação em busca do precioso licor que emanaria de sua uretra e, eventualmente, me deixava contaminar pelas imagens e sons do filme, que, ao final, era muito diferente do original. Depois do orgasmo, comecei a prestar atenção no filme e algo nele me impulsionou, me encheu de fúria e desejo adolescente, fiquei excitado, fiquei empolgado... Parecia até que eu estava a gostar!

O que será que me fez curtir este filme execrável em sua proposta? Preciso fazer uma anamnese para responder a isso: a experiência prévia do diretor enquanto realizador de videoclipes, talvez? A adoção de “Move Along”, de The All-American Rejects, na trilha sonora e, principalmente, de “Closer”, do Nine Inch Nails, numa seqüência demorada e inspiradíssima, me empolgaram, bem como a beleza e sintonia do casal protagonista (Sophia Bush e Zachary Knighton). Sean Bean está muito ruim como o assassino, mas ele é um elemento menor neste filme (ao contrário do que acontecia com o apavorante Rutger Hauer no filme anterior), que parece estar lá apenas para que nos perguntemos qual o sentido moral do desfecho do filme, quando as circunstâncias policiais preparam o momento solene em que a sobrevivente Grace atiraria na cabeça do psicopata: qual o sentido desta cena vingativa? Os adolescentes que respondam, pois eu fui hipnotizado. Juro que quase gostei do filme!

Wesley PC>

terça-feira, 17 de novembro de 2009

1974!

Por uma daquelas maravilhosas coincidências, na noite de ontem, em Gomorra, vimos dois filmes mortíferos em geniais que foram produzidos no mesmo ano: no primeiro deles, “O Massacre da Serra Elétrica” (1974, de Tobe Hooper), acompanhamos a evolução gritante do terror de uma personagem feminina, que, depois de ver seus quatro amigos serem massacrados pela família sádica responsável pela carnificina do título, não tem tempo para distinguir sobrevivência e política vegetariana; no segundo, “Thriller: Um Filme Cruel” (1974, de Bo Arne Viberius), que tanto agradou a platéia por causa de suas imagens impactantes, sujas e violentas, uma muda traumatizada por um estupro sofrido na infância é obrigada a custear o vício imposto em heroína com a prostituição de um corpo cujo olho direito fora perfurado por seu cafetão insensível.

Ambos os filmes envelheceram bem e, tal qual a canção do compositor ‘pimba’ Ryan Adams, descrevem o clima de época instaurado há 35 anos, quando algumas utopias ainda pareciam fazer sentido e o conservadorismo estrito não era condição ‘sine qua non’ para que um filme hollywoodiano obtivesse sucesso de público. Na regravação do filme hooperiano, para focar num exemplo imediato, não somente explicam-se oportunamente as origens espartanas do personagem Cara-de-Couro (vide foto), como também transformam os protagonistas em anti-heróis (visto que eles viajam para o México a fim de comprarem maconha) e chegam ao cúmulo de redimir uma potencial sobrevivente real ao fazê-la com que tente salvar um bebê seqüestrado pela família antropofágica. Quase dá vontade de repetir aquele velho chavão de nossos vizinhos mais velhos: “ai, que saudades de antigamente”...

Wesley PC>

SÃO ESTES OS QUE SE MATAM AGORA?!

Costumo falar que não sinto tédio com freqüência. Ultimamente, porém, estou a ser afligido por um desanimo atroz, que me deixa desgostoso em relação a quase tudo o que consumo, inclusive no plano gustativo, dado que enfrento uma desagradável condição nauseabunda nos últimos dias. Nem música estou conseguindo ouvir direito. Ainda assim, insisti em conferir as canções com letras infelizes do grupo britânico de ‘pós-hardcore’ Bring Me The Horizon. Não dá para entender direito o que eles gritam, mas algo no comportamento do jovem vocalista Oliver Sykes, com apenas 22anos de idade, me deixou intrigado. É assim que se volta ao normal?

“Our legs begin to break
We've walked this path for far too long
My lungs begin to ache
But still we carry on
I'm choking on my words
Like I got a noose around my neck”
(“The Sadness Will Never End”)

Wesley PC>

domingo, 15 de novembro de 2009

APRESENTO-LHES JOSÉ FERNANDES DE OLIVEIRA!

O pretexto para baixar “Um Certo Galileu 1” (1975), álbum musical do Padre Zezinho, foi agradar o catolicismo recôndito de minha mãe, mas, ao ouvir o CD, eu mesmo fui tocado. Acho que sou assim mesmo, frágil e tendencioso:

“Um certo dia, a beira mar, apareceu um jovem Galileu
Ninguém podia imaginar que alguém pudesse amar do jeito que ele amava
Seu jeito simples de conversar tocava o coração de quem o escutava

E seu nome era Jesus de Nazaré
Sua fama se espalhou e todos vinham ver
O fenômeno do jovem pregador
Que tinha tanto amor

Naquelas praias, naquele mar
Naquele rio, em casa de Zaqueu
Naquela estrada, naquele sol
E o povo a escutar histórias tão bonitas
Seu jeito amigo de se expressar
Enchia o coração de paz tão infinita
Em plena rua, naquele chão
Naquele poço e em casa de Simão
Naquela relva, no entardecer
O mundo viu nascer a paz de uma esperança
Seu jeito puro de perdoar
Fazia o coração voltar a ser criança

Um certo dia, ao tribunal
Alguém levou o jovem Galileu
Ninguém sabia qual foi o mal
E o crime que ele fez; quais foram seus pecados
Seu jeito honesto de denunciar
Mexeu na posição de alguns privilegiados

E mataram a Jesus de Nazaré
E no meio de ladrões puseram sua cruz
Mas o mundo ainda tem medo de Jesus
Que tinha tanto amor”
Imagina se eu fosse cristão!

Wesley PC>

“SAIR DE CASA JÁ É SE AVENTURAR!”

Não adianta! Por mais que eu curta a dor-de-cotovelo que impregna a maioria das canções de “Ventura” (2003), terceiro álbum de Los Hermanos, sempre acho que falta alguma coisa, aquela revolta surda e ensurdecedora que marca os rompantes barulhentos dos dois primeiros e maravilhosos álbuns... Mas sou eu dizendo, né? Eu, que ainda enfrento a diarréia de ontem e que preciso sair de casa hoje, para qualquer lugar, queria ver gente, pôr em prática os elogios que estão dentro de mim e que precisam de um (novo) alvo urgentemente!

Na noite de ontem, recluso em casa por casa da referida moléstia, escolhi um filme ao acaso. Saiu um faroeste (precisava de um faroeste!): “Bravura Indômita” (1969), tardio exemplar do gênero, dirigido pelo mestre Henry Hathaway. Quando escrevo aqui tardio, nem de longe isso é um demérito. Ao contrário, é um elogio às surpresas psicológicas que o filme me causou. Ótimo e triste filme!

Na trama, uma garota de 14 anos sente a necessidade de vingar a morte de seu pai. Não basta que o mesmo seja preso e enforcado. Ela quer vê-lo morrendo, a tiros. Contrata um rabugento delegado para fazê-lo. Numa cena marcante, antecipando a violência extrema que se manifestará no filme, o protagonista mata com um tiro certeiro o camundongo que se alimentava dos cereais de seu amigo chinês. Mais à frente, ele esgotará mortalmente um pônei negro que o carrega e à menina, ferida por uma cascavel. Ao final, ele cavalgará sozinho, tachado de “velho e gordo” pela menina, agradecida. Teria surgido uma amizade entre eles? As relações entre os sexos nos clássicos de faroeste me deixam simplesmente desnorteado!

Desnorteado: a quem direcionarei meus elogios agora?

Wesley PC>