sábado, 15 de novembro de 2008


“Família, família
Cachorro, gato, galinha
Família, família
Vive junto todo dia
Nunca perde essa mania
A mãe morre de medo de barata
O pai vive com medo de ladrão
Jogaram inseticida pela casa
Botaram um cadeado no portão
Família-ê/ Família-á
Família”


(Titãs)

NÃO FOSTE? QUEM PERDEU FOI TU!


A expressão de satisfação do Eduardo nesta foto não é por acaso. A feijoada psicodélico-vegetariana de Rafael Torres em Gomorra bombou! Bombou mesmo! Mais ou menos duas dezenas de pessoas estiveram presentes ao local da gula e, garanto, não se arrependeram! Puderam relembrar os tempos de infância ao som da Timbalada, aprender com Luiz Ferreira Neto a diferença entre “inveja negativa” e “inveja positiva” e degustar uma deliciosa mistura de legumes com feijão negro, preparada ao longo de duas panelas de pressão. Repito: foi muita comida! Até refrigerante e cerveja foram providenciados, dado que Rafael Maurício e Charlisson possuem o bom hábito de comerem com dois copos com bebidas diferentes ao lado do prato. Tiramos 198 fotos, dançamos 'funk' após a insistência de Ferreirinha, casais fizeram sexo em seus respectivos cômodos e ainda teve filme do Woody Allen ao final.

Quem não foi, perdeu!
(novas fotos e notícias em breve)
Wesley PC>

EMULANDO VENTANIA


Há 3 anos, eu namorei uma garota 9 anos mais jovem que eu. Ela hoje é noviça numa congregação de fanáticos religiosos da seita neofascista que atende pelo nome de Canção Nova, mas, à época, ela pretendia ser ‘hippie’. Quando nos conhecemos, ela me deu uma carta perfumada e uma fita k-7 de um artista que eu não conhecia, um viajante movido a cogumelos psicodélicos de nome Ventania. Lembro que achei o som ingênuo, mas curti. Nunca mais tinha ouvido. Hoje descobri, por acidente, o álbum “Só Para Loucos” (2001) em meu computador. Foi curioso entrar em contato com estas canções tão importantes em meu passado...

Lembro que, numa das conversas proveitosas de Gomorra, meus amigos falaram que este tal de Ventania era muito popular nos encontros de estudantes ao longo do Brasil. Pelo que eu entendi, quem gostava muito dele era Anne Kelly Rodrigues, a jovem baiana que dilacerou a minha psiquê (risos). Fiquei ouvindo às tais canções do Ventania, depois de ter visto um longa-metragem de animação baseado nos personagens ‘hippies’ fracassados do cartunista Angeli, e, puxa, que sensação estranha, que desamparo, que sentimento de perda...

Liguei a televisão apenas para acompanhar a minha refeição (cuscuz com feijão, ovo e salada de cenoura) e deparei-me com um seriado brasileiro, exibido na HBO: “Alice”, roteirizado e dirigido pelo genial cineasta Karim Aïnouz. Gostei. É um retrato deveras apologético do universo ‘yuppie’ (geração que substituiu imediata e drasticamente o idealismo hiponga), mas me convenceu, me tocou, me fez sentir melancolia... Puxa, até músicas de Johann Sebastian Bach eles utilizaram durante uma luta livre. A mixórdia estilística dos ‘yuppies’ não tem limites! Voltei a pensar no Ventania, no quanto ele me parece ultrapassado pelo tempo (no bom sentido da palavra), no quanto ele se beneficia do anacronismo em suas canções auto-centradas... Parece legal ser assim, mas eu não consigo!

Quando saí de Gomorra, nesta noite de sexta-feira, fiquei pensando em quanto eu pareço “traidor de um certo movimento” ao ser tão burocrata, ao crer na noção de pontualidade, ao conservar um materialismo cultural, ao agir motivado pela carência e pela dependência de pessoas segundo a segundo... Ás vezes, penso que Rafael Torres sente raiva de mim por causa disso. Mas é um problema geracional: fui criado assim, me fizeram acreditar. “É mais fácil desintegrar um átomo que os preconceitos”, já dizia o Albert Einstein. Passa da meia-noite. Continuo a ouvir o Ventania, sentindo um pingo largo de tristeza:

“Louco, você lembra aquele trampo que eu usava pendurado no pescoço, dizendo que era o símbolo da paz? Você sabe quem me deu? Foi o ‘hippie’ que morreu. (...) Estou aqui sentado, na beira da estrada, fazendo uma fogueirinha, enrolando uma palhinha, escrevendo estas linhas, vendo o caminhão passar”...

Wesley PC>

BOLETIM DE NOTÍCIAS GOMORRA – 2ª edição


Conforme prometido, trago notícias do lugar que me acolheu na madrugada de quinta para sexta-feira. Passei a noite fora de casa, logo, trago notícias de Gomorra:

a) Depois da sessão do musical contemporâneo baseado nas canções do The Beatles, vimos uma comédia clássica que satiriza o ‘american way of life’: “O Panaca” (1979, de Carl Reiner), com Steve Martin no elenco. Em mais de um momento, João Paulo, cunhado de Eliane Charnoski, namorado de Jéssica, a “gostosa do Orkut”, sorriu alto. Gosto quando ele sorri alto. Terminado o filme, ele foi dormir. Deitou-se na cama de Luiz Ferreira, enquanto os alunos de História passavam em revista os assuntos que iriam trabalhar na prova de Teorias da História, ás 7h da manhã. Pelo menos 2 maravilhosas horas daquela madrugada foram dedicadas à discussão do que era “Micro-História”, “marxismo vulgar” e coisa do gênero. Deitei-me um pouco na cama de Rafael Coelho, precisava refletir. Rafael Torres gritou: “Wesley, tu está se masturbando?”. Não, não estava, estava pensando, algumas horas depois de Eliane e Rafael Maurício terem relembrando o tipo de pipoca que comiam nos recreios escolares quando crianças...

b) Michel Foucault, Roger Chartier, Eric Hobsbawn... Tantos foram os autores estudados e discutidos que Rafael Coelho ficou curioso sobre a existência tardia de seu feijão na geladeira de um amigo baiano. Dormiu logo em seguida. Os que ficaram acordados foram beneficiados pela nova habilidade de Charlisson de Andrade enquanto “fofoqueiro das estrelas”. Falou sobre a gravidez interrompida da Ivete Sangalo, sobre os ciúmes que Rihanna teria provocado em Beyoncé, sobre o apelido do filho da Tati Quebra-Barraco... Falou muito! Mas ninguém foi mais assunto durante as belas horas que antecedem o nascer do Sol que a estranheza doce de nosso amigo Marcos Vicente. Tentávamos mudar de assunto, falar de outras pessoas, mas não dava: volta e meia, o nome deste enigmático jovem vinha à tona. Eu gostava. Deu vontade de encontrá-lo!

c) Depois das 9h, os habitantes de Gomorra se encontraram no bar da finada verônica e beberam. Beberam sem comer. Conclusão: Luiz Ferreira ficou tonto. Trancou-se no trabalho e adormeceu. O celular de Rafael Maurício estava desligado. Teria ele conseguido viajar para a Bahia, às 18h45’, como estava programado no horário da passagem rodoviária comprada no dia anterior? Na espera de uma resposta, confesso que foi divertido conhecer pessoalmente o fagotista Henrique, que levou um DVD com uma transmissão de balé para ser visto em Gomorra. “Soube que vocês são uma galera que gostam de experimentar”, disse ele. Re-experimentamos o Tchaikovsky na televisão. Os meninos gostaram. Eu tive que sair cedo. Estava com um currículo nas mãos, ao passo que Charlisson acordava, depois de assumir-se como atordoado por dormir num quarto inusual. Disse ele que chegaria em casa às 9h da manhã. Eram quase 18h30’. Espero que a mãe dele também considere o atraso como sendo uma atitude chique (risos).

E, neste sábado, a partir das 13h, não percam: é hora da feijoada psicodélico-vegetariana de Rafael Torres.

Até o próximo boletim de notícias,
Wesley PC>

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Através do universo

Eu fiquei com medo de postar hoje porque estou bêbado, mas pensei, se eu consegui ir da gomorra até minha casa, ligar o computador, e lembrar da senha, então tenho condições de postar algo. Ainda fico achanco que meu alcoolismo não é bem visto no grupo, mas não me importo muito, eu gosto, hoje foi tão legal conversar com Rafael Barba no bar, esse é uns dos grandes amigos que tenho hoje. (porra to errando direto, to demorando pra escrever esse troçoooooo)

Bem, Wesley disse: "Across the universe eu deixo pra você". Então vou lá.


Quando ontem fui assistir o filme Across the universe, meu desafio era saber se eu era um fã dos beatles ortodoxo ou não. Pois bem, cheguei bem recebido na gomorra, porque todos sabiam da minha paixão pelos Beatles, ouvimos algumas músicas e fomos assistir o filme.

Um pouco mais da metade do filme eu tirei minha conclusão, eu falei: "Realmente, eu sou um fã ortodoxo, mas acontece que o filme é muito bom.". Boa saída eu tive hein....

Mas, gostei mesmo do filme, quando toca A day in the life, dá vontade de chorar. Hoje mesmo eu falei no bar pro pessoal da dificuldade de rolar uma lágrima dos meu olhos, apesar de eu chorar. Minha carne treme por dentro, eu choro, só que não cai lágrimas. Só isso!!!!!!!

Como eu sou um fã, fan, fun, ortodoxo, eu não deixaria de reclamar algo do filme. Odiei quando traduziram "eggman" como "intelectual", aí perdeu todo psicodelia de Lennon. Nem quando traduziram Goo goo goo joob por "bom trabalho", nada a ver, a vocalização é só uma brincadeira do Lennon. Que horrível!
Também não gostei quando a Sadie e o guitarrista dela cantam "Oh! Darling", essa múscia ninguém deve se atraver a cantar, Paul é totalmente genial nela.

Mas, no geral gostei. Porque meus amigos gostaram das músicas d'Os Beatles e alguns pediram a discografia, esse é um sinal que a humanidade tem um belo caminho pro pecorrer.

Preciso de um banho. São 7 e meia da noite e não tomei banho hoje (que dificuldade tive pra escrever "hoje". Escrevi hooj, hjeee, ojeee, que doidera) e só comi um pacote de biscoito, tenho que parar com essa mania de quando beber não comer nada. Vou lá. Isso é tudo pessoal!!!!!

Leno de Andrade

Ele disse que não quer que eu tire mais fotos. Não gosta!

“I WANT TO HOLD YOUR HAND”


Conforme eu percebi ontem, na telenovela que está sendo reprisada no horário vespertino, existe uma ‘socialight’ que se apaixona por um padre. Apaixona-se perdidamente, sem esperanças... Por causa disso, ela abandona seus vícios antigos, pára de beber, tenta disfarçar as suas futilidades e dedica-se cada vez mais a quermesses e outras atividades de cunho filantrópico. Tudo o que ela queria era agradar o padre por quem era apaixonada e, eventualmente, cheirar suas mãos, nos momentos de concessão da bênção católica. Em dado momento perguntam se ela está agindo de forma oportunista, ao ajudar os pobres com intenções escusas de contato corporal com aquele que ama. Ela não soube o que responder. Nem eu. Mas sei cantar uma música do The Beatles, declamada romanticamente em “Across the Universe” (2007, de Julie Taymor):

“Yeah, you've got that something
I think you'll understand.
When I'll say that something
I wanna hold your hand,
I wanna hold your hand,
I wanna hold your hand.

And when I touch you I feel happy inside.
It's such a feeling that my love
I can't hide, I can't hide, I can't hide”.


Wesley PC> (vulgo Prudence)

MEU CAPRICHO É ALIMENTAR CAPRICHOS!


Infelizmente, não é ele que pode resolver.
Infelizmente, eu é que não soube o que procurar no lugar certo.
Dizem que o esporte educa e que a bajulação deseduca.
Dizem que Michel Foucault é magro e estruturalista.
Eu gosto de Alejandro Jodorowsky e de Paulo Freire.
Gosto de gente, de cachorro e de comida.
Não fui para o ‘show’ do Paulinho da Viola, o que me chateia.
Fui para o ‘show’ do Tom Zé, o que me consola.
Dormi, acordei e, no sono, acordei de novo.
Só não me perguntem em qual momento eu acho que realmente acordei.
Boa viagem, em suma.

Wesley PC>

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

TELEJORNALISMO SATANISTA


Como é sabido, ainda creio em Deus. Sou um ser com práticas religiosas recorrentes (percebem que há uma perece na parede) e, por crer em Deus (do qual a existência do belo Rafael Maurício é apenas uma prova efetiva da existência), termino crendo, por extensão inversa, também em forças negativas, como em algo parecido com Satanás. Explico: como me considero uma pessoa com a missão de cultivar o bem na Terra, sempre que tomo banho em completa escuridão, às 2h da manhã, fico preocupado em ser possuído por algum demônio (risos realistas). Mas não é disso que quero falar: hoje eu assisti a um telejornal local com minha família!

Logo na abertura, a câmera do telejornal focalizava com um orgulho justiceiro a revolta de um grupo de moradores do conjunto Marcos Freire I, que destruiu a casa de um homem suspeito de abusar sexualmente de três crianças. Atiraram objetos contra as janelas, destruíram o portão e o telhado, e, após invadirem a residência, foi encontrado um tronco com forma de mulher, o suficiente para que o repórter acentuasse a perversão do suporto acusado, que, conforme acrescentado posteriormente, está hospitalizado em virtude de um linchamento. Em momento algum, confirmou-se a culpa do acusado, apesar dos fortes indícios, do passado como presidiário, etc.. Por enquanto, ele é ainda um “suspeito”, condição agravada pelo fato de que, segundo um dos depoentes, “ele usava drogas o tempo inteiro”. Ok, notícia 1.

Continuei vendo o telejornal. É divulgada a rota de uma corrida que paralisará o trânsito por 4 horas neste sábado, em Aracaju. Noutro canal, falava-se sobre o concurso Beleza na Favela, que visava escolher as adolescentes mais bonitas em bairros menos aquisitivos da Grande Aracaju. O povoado Tijuquinha, localizado próximo a minha casa, foi um dos escolhidos. Caravanas de meninas entre 12 e 16 anos enfrentaram o sol escaldante da manhã a fim de comparecerem no local do concurso. Na noite imediatamente anterior, uma jovenzinha enamorada fora esfaqueada por um ex-namorado na porta do colégio em que estudei entre os 12 e 15 anos. Para que lembrar disso agora?

Fiquei com medo de esperar a notícia 2 e fui para o quarto, ler algo sobre Michel Foucault e o pós-modernismo. Ainda assim, minha mãe Rosane chama-me à sala para ver algo chocante: um garoto de 9 anos, viciado em ‘crack’, é impossibilitado de ser atendido na sala de urgência de hospital por causa de uma greve de funcionários públicos na Barra dos Coqueiros. Ok, hora de desligar a televisão e ligar o computador. Hoje é dia de Gomorra!

Fica a pergunta no ar: ao desligar a televisão, libertei-me realmente das más notícias, das manifestações terrenas de Satanás e seus seguidores? Muito pelo contrário, o que não faltam são “jornalistas populares” passando em frente à minha casa, ávidos por contarem as tragédias mais recentes... Prefiro, então, continuar a repetir minha prece: “Rafael Maurício, volta logo!”... Mesmo que ele não tenha ido embora ainda, não custa treinar, afinal de contas, religião é que nem o militarismo: sem prática, não funciona (risos).

Wesley PC>

HOMENAGEM A THE BEATLES EM GOMORRA


Charlisson escreveu um belo texto em primeira pessoa sobre a sua relação com a antológica banda inglesa The Beatles. Fiquei tão emocionado com o texto dele que desejei que o pessoal de Gomorra visse um filme contemporâneo chamado “Across the Universe” (2007, de Julie Taymor), um musical que amalgama várias canções do grupo The Beatles e ambicionam contar uma estória a partir daí. Uma estória de amor, evidentemente, entre um menino e uma menina. O moço se chama Jude. A rapariga se chama Lucy. Ambos são nomes de canções. Gosto muito do filme, apesar das críticas negativas de muitos fãs mais ortodoxos da banda (utilizei o adjetivo de propósito, bondoso Leno).

Para além do bom funcionamento da estória de amor entre “Hey, Jude” e “Lucy in the Sky With Diamonds”, o que mais me fascina em “Across the Universe” é uma trama quase terciária, a estória de Prudence, “Dear Prudence”, uma jovem lésbica que surge cantarolando uma versão plácida de “I Want to Hold Your Hand”. Na ocasião, ela está apaixonada por uma jovem loira. Amará outras durante o filme. Seria ela uma lésbica promíscua, infiel? Longe disso. Ela apenas comete o erro comum (e inevitável) de se apaixonar por heterossexuais, que não podem retribuir na mesma medida o amor que ela sente. Quer dizer, até retribuem, mas não da forma carnal que a Prudence deseja. Acho que já dá para entender porque eu simpatizei tanto com a Prudence, né?

O que é legal é que as semelhanças não param por aí: em dado momento do filme, Prudence se apaixona por uma mulher compreensiva que, se não dá a ela a satisfação carnal que ela precisa e merece, mostra que ela é bastante amada e que tem amigos. É o que acontece comigo em Gomorra. Por isso, vou parar de contar o filme e convidar a todos para comparecerem lá nesta quinta-feira: “Across the Universe” em Gomorra!

Vale lembrar que inventei um pretexto qualquer para ir ao ‘shopping center’ apenas para comprar o DVD, que não estava em promoção. Pouco me importava: queria aquele filme hoje e levei sem olhar preço ou qualquer outra coisa que pudesse me servir de empecilho. Não enxergo limites quando encasqueto que algo pode me passar uma mensagem importante. Na minha cabeça, “Across the Universe” passa inúmeras mensagens importantíssimas. Rafael Maurício que apareça na sessão que eu apresento todas elas (risos).

Nome da foto: “enquanto eles amam, eu como”
Wesley PC>

FAVELA NO CINEMA (DE NOVO)!


(Não) Convidei Rafael Maurício para ir ao cinema comigo nesta quarta-feira. Ele tem prova na sexta-feira pela manhã, não pôde ir. Comprei um ingresso para a sessão das 19h10’ do filme “Última Parada 174” (2008, de Bruno Barreto). Não esperava que fosse bom. Sabia do que se tratava: mais um daqueles filmes pseudocomiserativos sobre assaltantes com história de vida triste, sobre gente pobre que nunca encontrou muita solução na vida, além das igrejas evangélicas e do tráfico (em qualquer ordem). A tragédia é conhecida, mas aconteceu uma coisa muito legal – e surpreendente – na sessão em que estava.

Como o filme em pauta é passado no eixo morro–rua–reformatório, evidentemente, o que não falta é gíria. È “malandro” pra cá., “porra” pra lá, “caralho” no meio o tempo inteiro, etc.. É tanta esculhambação lingüística, tanta utilização de gírias como auto-afirmação que a platéia atrás de mim riu. Não tirei a razão deles: se a coisa estava parecendo engraçada, é porque os produtores do filme estavam pouco se lixando para o que estava sendo retratado na tela. Tudo ali era motivo para capitalizar em cima da pobreza alheia. Foi então que uma mulher dentro do cinema segurou meu braço e gritou: “tanta tristeza na tela e o pessoal fica rindo. Queria ver se fosse algum filho deles, ou sobrinho, ou um parente, para saber se eles iam continuar rindo desse jeito!”. Gritou e mudou de lugar. Fiquei um pouco parado, atônito, e depois não me contive: tive que rir também. Pensei, com dó no coração: “caramba, este filme forçado consegue atingir algumas pessoas!”. Pois é, enquanto houver “amor à família acima de tudo”, haverá crime no mundo, haverá glorificação do Dinheiro! Enquanto uma noção espúria de família for defendida pela mídia e houveres pessoas crédulas o suficiente para acreditarem neste discurso, a tragédia real mostrada na imagem (real)repetir-se-á, ano após ano, ao redor do mundo...

Wesley PC>

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

lembrei de Revolução dos bichos

Conversando com alguém, acho que com Baiano, certa vez eu afirmei: "A esquerda quase sempre brigou pelo direito de ser burguês."
Um dia na ufs ouvi um estudante militante dizer que os índios tinham que ser incluídos no ensino de nível superior pra ter ciência da sua condição, ocupar um cargo político pra aí sim defender as causas indígenas. Além de uma visão inocente do índio, como se este não fosse capaz de refletir ou defender seus interesses, ainda creio que essa idéia justifica a colonização, onde jesuítas ou colonos achavam que tinham que civilizar o índio.
Então, modos de vidas alternativos que estejam longe ou indiferente a essa lógica burguesa parecem ser mal vistos pela esquerda que acredita no proletariado como grande arma revolucionária. E de que valeram as experiências hippies, as comunidades alternativas e os modos de vida alternativos urbanos ou não? Será que as pessoas têm que vestir ternos e entrar no jogo da burocracia para revolucionar?

p.s: Não me retive muito nesta reflexão, por isso quero opiniões.

Hoje achei um texto que acho, em parte, relevante para essa discussão. Segue:

A Ideologia da Exclusão Social
Por Fernando Moura 22/04/2002 às 11:23


apresento um pequeno trecho de um texto de Nildo Viana, sobre a ideologia da exclusão social.


" (...) devemos esclarecer por qual motivo utilizamos a expressão lumpemproletarização ao invés de exclusão social, termo que vem sendo amplamente utilizado. Ao nosso ver, o termo exclusão social apresenta limitações que não ocorrem com o conceito de lumpemproletarização. A mais grave limitação que observamos no termo exclusão social é de caráter teórico-metodológico. A idéia de exclusão não tem como pano de fundo uma teoria da totalidade da vida social enquanto unidade dinâmica e contraditória e sim uma visão dualista: a sociedade estaria dividida em duas esferas: a dos “incluídos” e a dos “excluídos”, como se fossem duas unidades sociais que existissem independentemente uma da outra.
Podemos observar outros problemas teórico-metodológicos em torno da idéia da exclusão social. Em primeiro lugar, tal concepção nos fornece uma falsa impressão que não há uma divisão interna entre os considerados “incluídos” e também entre os considerados “excluídos”. Em segundo lugar, não disfarça a sua preferência pelo mundo dos “incluídos” (seja ele qual for, se lembrarmos que este não é homogêneo), que passa a ser visto acriticamente e julgado como um mundo desejável pelos “excluídos” (o problema passa a girar em como “incluir” os “excluídos”). Em terceiro lugar, não trabalha de forma suficiente a razão de ser da chamada exclusão social, demonstrando, na maioria das abordagens sobre este tema, que é um processo sem agentes e sem contradição, sendo produto não se sabe do que, ou, em outras palavras, a idéia de exclusão social assume um caráter descritivo e não explicativo.
A idéia de lumpemproletarização, ao contrário, surge no interior de uma teoria das classes sociais e o lumpemproletariado não é um segmento social totalmente excluído - se houvesse tal possibilidade - pois ele pode estar momentaneamente afastado do mercado de trabalho, dos direitos sociais (da cidadania) e marginalizado no mercado de consumo, mas não está definitivamente excluído de nenhum destes aspectos da vida social, pois existe tanto mudanças que alteram sua situação quanto uma mobilidade entre lumpemproletariado e proletariado, entre segmentos do lumpemproletariado etc. Por conseguinte, consideramos como mais adequado o uso da teoria do lumpemproletariado ao invés do uso da concepção da exclusão social e por isso lançaremos mão dela no presente trabalho" (Viana, Nildo. Catadores de Lixo: Renda Familiar, Consumo e Trabalho Precoce. Estudos – Negócios. UCG. Vol. 27, n. 3, jul.set./2000).

fonte: http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2002/04/23850.shtml

Leno de Andrade

UM NOVO QUESTIONAMENTO ACERCA DA NOÇÃO DE DIFERENÇA


Na minha casa, existem duas televisões de 29 polegadas: uma na sala, outra no quarto de meu irmão caçula. A existência destas duas televisões, portanto, deveriam extinguir a necessidade de brigas por espaço, de pendengas por TV. O problema é que meu irmão e minha mãe, que assistem comumente aos mesmos programas, não querem ficar confinados no quarto, ao passo que eu lamento o fato de que, no quarto dele, não haja nem DVD, nem rádio, nem os canais de filmes contidos na televisão da sala. Conclusão: sou familiarmente injustiçado mais uma vez! Teria eu razão em pedir que meu irmão e minha mãe sacrificassem a sua interação no meio da sala em favor de um capricho estético?

Eu nunca havia prestado muita atenção neste dilema, pois trabalhava o dia inteiro. Como estou de férias, estou sendo obrigado a dormir cada vez mais, a fim de evitar prejudicá-los com minha presença. A dormir e a ler bem mais. Hoje de manhã, depois de dormir mais de 9 horas (das 2 da manhã até ás 11 do dia seguinte!), peguei um livro do Terry Eagleton, chamado “A Ideologia da Estética” (datado de 1990), e fui ler suas considerações sobre o pós-modernismo, era histórica em que, segundo o autor, as três grandes questões da Filosofia encontram-se misturadas, suprimidas em função da última. Tais questões são: uma de caráter cognitivo (“o que podemos saber?”), outra de caráter ético-político (“o que devemos fazer?”), e a terceira, supressora, de caráter estético-libidinal (“o que nos atrai?”). É em função desta última questão, inclusive, que redijo este texto, preocupado justamente com minhas atitudes no que se referem às primeiras questões: é doloroso perceber-se excluído de muitas tradições familiares apenas por não gostar de telenovelas nem de ficar reconhecendo os vizinhos que foram presos no programa do Bareta!

O pior: tal dilema não é exclusividade de minha família. Eu é que fui tolo e não vi a tempo, na época em que alguma solução preventiva ainda podia ser tomada. Na foto, uma evidência: 29 de maio de 2004, noite de minha formatura. Meu irmão não foi à cerimônia porque estava bêbado, mas chorou, tomado por um estranho orgulho que fê-lo dizer: “Deus não dá asas a cobras”. No caso, ele reclamava que eu não estava dando ao fato (minha formatura) a importância que ele supunha merecida. Tudo o que eu queria era mostrar minhas unhas pintadas de preto e vermelho e deixar minha mãe um pouquinho feliz ao receber a minha medalha de maior média do C.E.C.H. (Centro de Educação e Ciências Humanas). Fi-lo. De que isso me adiantou?

Wesley PC>

PARTE II: PUNIÇÃO E CASTIGO


Os últimos textos que ando publicando aqui vêm acompanhados pela palavra “erro”. Volta e meia, eu assumo a minha culpa pelos inconvenientes que suponho causar em virtude de minha obsessão exacerbada por um dos belos integrantes de Gomorra. Para além de minhas (boas) intenções, sou constantemente afligido por minha herança de culpa católica e fico imaginando que mereço/preciso ser punido. Lembro, então, de um clássico “filme primitivo” e percebo que talvez não, que a punição não resolve, só sacia o fulgor vingativo de pessoas que se consideram melhores que outras...

O filme em pauta chama-se “Electrocuting an Elephant” (1903, de Thomas A. Edison, o inventor da lâmpada) e não tem sequer um minuto de duração. Tudo o que ele mostra é a elefanta Topsy sendo morta através de uma forte descarga elétrica, visto que a mesma havia pisoteado por acidente alguns funcionários de zoológico que a provocaram com violência. Tudo o que ela havia utilizado era um instinto sobrevivencial de defesa, num habitat que não era o dela. Mereceria a tal elefanta realmente ser punida com a morte? Pelo sim, pelo não, ela foi escolhida para morrer de tal forma porque empresários queriam aproveitar a situação para demonstrar os perigos da corrente elétrica. O “crime” da elefanta era apenas um pretexto! Bem-vindos à noção legislativa que permeia a contemporaneidade pós-burguesa.

Wesley PC>

A FIM DE QUE EU NÃO COMETA PERJÚRIO, CONFESSO DE ANTEMÃO: SIM, SOU CULPADO!


Antes de dormir, liguei para o guri da foto e perguntei se ele realmente não se sentia incomodado pelo fato de eu escrever o belo nome dele de 10 em 10 segundos, de utilizar suas fotografias sempre que possível, de torná-lo um protagonista onipresente de meus pensamentos. Ele me respondeu que “não”. Insisti, “camarada Rafael, o nível de constrangimento que meus textos sobre ti te fazem passar não te deixam irritado comigo?”. Ele insistiu no seu tom apaziguado; “não, Wesley, pode continuar escrevendo”. O que eu faço diante disso, meu Deus?

Por mais que eu tente me controlar, por mais que tente falar de outros assuntos, por mais que tenha consciência de preciso respeitar a intimidade mauriciana, não consigo parar de pensar nele, de escrever sobre ele, de louvar seu nome e suas proezas santificadas ao longo dos tempos e espaços que percorro. Não consigo! Por isso, eu suplico: a culpa é minha, só minha, puramente minha! Ele não faz nada, só existe e é maravilhoso. Eu é que não disponho de suficiente filtro estético e sucumbo ao seu poder indelével! Sequer a captação desta fotografia foi legitimamente permitida. Sim, sou culpado!

Tenho o direito de ficar calado.
Tudo o que eu disser pode – e será – utilizado contra mim no tribunal.
Wesley PC>

BRINCANDO DE FAZER POESIA CRIMINAL SUBJETIVA (ao som de Aimée Mann)


Reluzente luz cibernética,
Acalma esta minha agonia interior!
Faz com que eu não mais persiga
Aqueles por quem sinto amor.
Executa um mágico programa virtual
Liberta-me deste reino de dor!

Mostra-me novas possibilidades de vida
Além das quais me acostumei
Utiliza todos os seus falsos poderes
Reprograma tudo o que já sei
Íntimos são teus controles
Complicado é o que já passei
Idiota é o que sou
Ostracismo ao que me destinei

Se sofro, é por que quero
Instinto é o que me move
Liberdade é o que almejo
Verdade é o que resolve
Amo e assumo meu erro, portanto!

Wesley PC>

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Os Beatles em minha vida

Ao ouvir Os Beatles esta semana, lembro que em julho do próximo ano faz 10 anos que sou fã incondicional desta extraordinário banda.

Tudo começou em 1999... Mesmo sem eu saber muito o que eram Os Beatles, minha mãe me avisa que irá passar um especial deles na rádio, então eu, meu irmão e Roger tratamos de gravar o tal programa da Rádio Delmar. Simplesmente piramos. Fiquei surpreendido com aquela primeira música, Let It Be, nunca tinha visto uma música fingir que vai acabar e de repente retorna com um solo glorioso. Nós passamos a só ouvir e falar da nova descoberta, o que ocasionava estranhamento e desdém por parte dos outro colegas, mas fortaleceu a amizade entre os três novos beatlemaníacos. Neste mesmo ano Roger ganha um teclado de 4 oitavas, onde tentava tirar melodias d'Os Beatles, enquanto eu tentava berrar como John Lennon, e meu irmão tascava as baquetas nas almofadas. Coisa interessante falar dessa mania do meu irmão, ele passava horas assistindo vídeos d'Os Beatles e verificava todos os movimentos do Ringo Starr, tocava na almofada e no ar também, e foi dessa forma que na primeira vez que ele pegou uma bateria tocou como se já tocasse a algum tempo. Foi a combinação perfeita entre meu irmão e a bateria, pena que seu joelho não aguentou e ele teve que abandonar tal instrumento.

Mesmo sem saber, naquela época, que existia aquela coisa do beatle predileto, nós tivemos os nossos. O do meu irmão era o Ringo, o de Roger era Paul, combinação perfeita, Roger era considerado o mais educado e fresquinho entre a galera da rua, e o beatle com quem me identifiquei foi o George Harrison. George Harrison? É, gostei do caçula calado, quase anônimo, que surprendia quando tinha a oportunidade de me mostrar suas músicas. Eu sempre fui calado, e quase sempre o caçula da turma, eu vivia à sombra do meu irmão mais velho, que por sua vez andava com garotos mais velhos. Logo depois comecei a gostar muito do Lennon, mas o George ainda era o preferido, não gostava muito do Paul no início, mas o idolatrei quando ouvir Sgt. Peppers. De lá pra cá foram muitas descobertas, novas bandas. Mas quando ouço Os Beatles ainda os acho os melhores, me emocionam bastante, além de uma fonte inesgotável pra mim como compositor.

George Harrison - minha paz. John Lennon - minha guerra. Paul McCartney - meu lirismo. Ringo Starr - meu humor.

Leno de Andrade

NÃO AMARÁS (1988) Dir.: Krzyzstof Kieslowski


O garoto sofrido da foto é polonês e se apaixona pela mulher mais velha que mora em frente ao seu prédio, à qual ele observa com freqüência. Inventa pretextos empregatícios (funcionários dos correios, entregador de leite, etc.) apenas para vê-la de vez em quando, nem que seja por alguns segundos. Corroia-se de ciúme ao perceber que a vida sexual de sua amada indiferente era bastante ativa, mas ele não podia fazer nada além disso. Amava. Descumpria o título do filme, o mandamento. Por isso, sentia dor de cabeça, muita dor de cabeça.

Um dia, contando que sofria demasiadas dores de cabeça em virtude da privação de amor (ou do que ele cria que era amor), o garoto sofrido da foto esquenta o ferro elétrico que se encontrava no mesmo cômodo que ele e justapõe a lâmina cálida contra a pele de seu pescoço, causando uma dor aguda e uma cicatriz indelével. “A única maneira de acabar com uma dor infindável é subjugá-la a uma dor ainda maior”, constatou.

Semana passada, eu e minha mãe Rosane fomos ao supermercado, comprar um ferro elétrico. Escolhemos um da marca Black & Dekker, que custou R$ 47,00. Para quem não tem acesso constante à perna curativa e analgésica do santificado Baiano, esta é a única solução prática para se disfarçar cefaléias intensas que vão muito além do crânio...

Ouvindo agora: “Os Argonautas” (Caetano Veloso)
Wesley PC>

Odeio

Odeio quando o branco odeia o negro só porque ele é negro
Odeio quando o negro odeia o branco só porque ele é branco
Odeio quando o pobre odeia o rico só porque ele é rico
Odeio quando o rico odeia o pobre só porque ele é pobre
Odeio quando o heterossexual odeia o homossexual só porque ele é homossexual
Odeio quando o homossexual odeia o heterossexual só porque ele é heterossexual
Odeio quando a mulher odeia o homem só porque ele é homem
Odeio quando o homem odeia a mulher só porque ela é mulher
Odeio quando o fiel odeia o infiel só porque ele é infiel
Odeio quando o infiel odeia o fiel só porque ele é fiel
Odeio quando o descomprometido odeia o compremetido só porque ele é comprometido
Odeio quando o comprometido odeia o descomprometido só porque ele é descomprometido
Odeio ortodoxias...

Leno de Andrade

REVÉS PUBLICITÁRIO?


Recentemente, o PETA, famoso grupo de militância pró-direitos animais, fundado pela britânica Ingrid Newkirk (que já deixou testamento doando seu corpo para um churrasco, após sua morte), sofreu acusações gravíssimas por parte da mídia, no sentido de que estaria “banalizando o Holocausto” ao comparar o sofrimento de milhares e milhares de judeus ao sofrimento diário vivenciado por bois, galinhas e outros seres vivos, cuja existência é por vezes considerada unicamente em função de seu futuro consumo enquanto componente básico da alimentação de carnívoros.

Eu, particularmente, gostei bastante da campanha e, apesar de todos os defeitos sensacionalistas, apóio o PETA nesta investida. Banalização é o que tem sido feito com os animais ao longo de séculos e séculos de especismo! Já ouvi até da boca de uma colega de trabalho evangélica que "cada coisa no mundo tem sua função. A de alguns animais é de serem comidos"... Discordo radicalmente disto!

Wesley PC>

SEM QUERER INSINUAR NADA DE MAIS…



“Quando não há compaixão
Ou mesmo um gesto de ajuda
O que pensar da vida
E daqueles que sabemos que amamos ?”


O menino sorridente na fotografia ensinou ao jovem de quem só se pode ver um pedaço do cabelo que, quando nos dispomos a enxergar através de novos ângulos situações que pensávamos não gostar, podemos ter surpresas agradabilíssimas. Antes de conhecer Marcos Vicente – e, de certa forma, prejudicá-lo com minha perseguição pré-Rafael Maurício – eu detestava Legião Urbana. Evitava com todas as minhas forças ter contato com esta banda brasiliense. Aos poucos – e até involuntariamente, admito – driblei meus preconceitos iniciais e hoje é difícil conter o início lacrimal sempre que ouço qualquer uma das canções do antológico álbum “A Tempestade ou O Livro dos Dias” (1996). Pense o que quiser de mim, prezado Marcos, mas, ao me apresentar àquelas canções, tu me fizeste bem!


“Quem pensa por si mesmo é livre
E ser livre é coisa muito séria
Não se pode fechar os olhos
Não se pode olhar pra trás
Sem se aprender alguma coisa pro futuro”


Antes de estar aqui escrevendo, encontrei com Marcos Vicente num terminal de ônibus. Conversamos um pouco. Ele sorria. Ao chegar em casa, pus este álbum para ser executado e não me contive diante da audição egrégia da segunda faixa do álbum, “L’Avventura”, cujos versos são despejados, aos poucos, nesse texto. Obrigado por isso, menino assustado!

“Triste coisa é querer bem
A quem não sabe perdoar
Acho que sempre lhe amarei
Só que não lhe quero mais

Não é desejo, nem é saudade
Sinceramente, nem é verdade

Eu sei porque você fugiu
Mas não consigo entender”


Tiro das aspas a bonita letra do Renato Russo e faço minhas as palavras dele: eu sei porque você fugiu, mas não consigo entender.

Wesley PC>

LUDWIG VAN ALMODÓVAR DE CASTRO



Ontem, eu vi dois filmes tristes em que mulheres abandonadas por seus homens lidavam com animais. No primeiro, datado de 2005, uma advogada que teve um relacionamento com um mulherengo destinado à solidão, abandona sua carreira bem-sucedida para tornar-se “comunicadora animal”. Escreve inúmeros livros de sucesso, mas não tem tempo para nada nem para ninguém. Nem mesmo flores rosas a sua assistente loira permite que ela aceite! No segundo, datado de 1988, uma viúva com filho hiper-alérgico sorri constantemente, a fim de esconder suas dores contumazes, ao passo que se entrega irreservadamente a um homem ranzinza de perna quebrada que pede que ela treine seu cachorro, que recentemente começou a mordê-lo. Ambos os filmes me tocaram profundamente e me fizeram sentir solitário. Eram quase 2 horas da manhã. Olhei para os lados e somente meu cachorro estava acordado além de mim. Senti-me feliz por ter lido Arthur Schopenhauer.

O filósofo citado no final do parágrafo anterior tornou-se importante em minha vida pela atenção que sempre prestou, em seus escritos, à fidelidade canina. Ele fala sobre o amor, sobre diferenças hereditárias entre homens e mulheres, mas o que mais me impressiona nele é a relação entre sono e morte, entre o que o primeiro representa para o indivíduo e o que a segunda representa para a espécie. “Olhe para o seu cachorro que dorme”, pede-me este autor em várias passagens de sua clássica obra “A Metafísica do Amor”. Eu sempre olhava – e lá estava meu cãozinho Almodóvar com seus olhos ternos, retribuindo o extremo amor que sinto por ele!

Sei que muitos acreditam ser algo contraditório militar em prol do vegetarianismo e possuir animais de estimação. Pois bem, tenho dois cães em casa (o já citado pequinês Almodóvar e o vira-latas Bogdanovich). Amo ambos. Nos 9 anos em que o animalzinho da foto compartilha sua existência comigo, sinto um afeto mútuo difícil de ser encontrado entre pessoas. As mulheres tristes dos dois filmes que vi é que tinham razão!

Wesley PC>

Um lugar

Pense num lugar que não existam diferenças
Um lugar que não existam raças
Pense num lugar que não existam caças
Um lugar que não existam crenças.

Pense num lugar que não haja ladrões
Um lugar que não haja polícia
Pense num lugar que não haja pobres peões
Um lugar que não haja milícia.

Pense num lugar em que todos somos nós
Um lugar em que você não está sujeito a ninguém
Pense num lugar em que você seja alguém
Um lugar em que todos não estamos sós.

Pense num lugar diferente deste meu
Um lugar igual a esse mundo de lá
Pense num lugar que ela não se esqueceu
Um lugar que quem quiser pode voltar.

Pense num lugar que não haja poder
Um lugar que você possa cantar
Pense num lugar que você deveria conhecer
Um lugar que quem desejar pode ficar.

Pense num lugar em que você siga seu ritmo
Um lugar em que não haja nenhum tipo de dor
Pense num lugar em que só não haja o mito
Um lugar em que só haja o amor.

Pense num lugar onde vivemos
Um lugar que persisti
Pense num lugar que não vemos
Um lugar que não existe.

Marcos Vicente Miranda Santos
Aracaju, 2008.




A pedido de Wesley

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

NOVO PASSATEMPO: CAÇA-PESSOAS



A ocupação da Reitoria parece que acaba hoje. Mas não custa nada futucar lembranças do grupo responsável pela ocupação.Encontrei esta fotografia do ano passado em meu computador e, puxa, será que a gente consegue identificar pessoas de Gomorra na imagem? Creio ter percebido Cleidson Carlos com a cara pintada, ali no canto inferior esquerdo (qual mais, né?). Boa sorte a todos,

Wesley PC>

BOLETIM DE NOTÍCIAS GOMORRA – 1ª edição


O símbolo na foto chama-se “Radura” e serve para designar que um dado produto vegetal foi conservado através do processo de irradiação radioativa. Sempre que ele aparecer aqui, é sinal que é hora de mais um Boletim de Notícias Gomorra. Por quê? Porque, de agora em diante, aproveitarei minhas virtudes como fofoqueiro e, sempre que dormir em Gomorra, relatarei aqui as principais notícias dignas de conhecimento público. Ontem, domingo, dormi em Gomorra. Eis as notícias:

a) O botijão de gás acabou quando tinham me convidado para visitar Gomorra. Ao chegar no local, às 21h40’, apenas João Paulo e Jéssica estavam presentes na casa, de maneira que ambos não ouviram meus clamores no portão. Acocorei-me no chão e fiquei paralisado de temor e saudade, até às 22h10’, quando Rafael Coelho chegou, acompanhado por Daniel, um ciclista paranaense digno de ser a notícia b). Como percebeu que a casa estava sem GLP (Gás Liquefeito de Petróleo), Rafael Coelho decide ir cozer miojos para seu convidado vegetariano na casa de Rafael Maurício. Quebra a lâmpada do quintal enquanto o ciclista banhava-se e, em 15 minutos, estávamos na casa daquele ser grandioso que vocês chamam de Baiano. Estavam todos lá. Conversamos, sorrimos, comemos e, eu particularmente, tive a honra egrégia de lavar pratos na casa da entidade mais graciosa do mundo inteiro. Lavei pratos em casa de Rafael Maurício. Jamais escutarei novamente a música “Ensaboa”, do Cartola, sem deixar escorrer uma lágrima mnemônica de felicidade!

b) Conforme antecipado na notícia a), Rafael Coelho conheceu um ciclista paranaense quando estava visitando a casa do bondoso Charlisson. O ciclista em pauta, de nome Daniel, foi convidado a dormir em Gomorra e explicou que existem vários encontros de Comunidades Alternativas e Vegetarianas que nós, enquanto grupo, devemos conhecer. Rafael Coelho, obviamente, ficou empolgadíssimo. Além disso, Daniel deixou em Gomorra vários contatos com personalidades ‘hippies’, para que conheçamos pessoas interessantes e que “fumem maconha pra caralho!” quando visitarmos locais alternativos na fronteira da Bahia com Minas Gerais. Na parede de Gomorra, Daniel desenhou um círculo com três pontos no centro, que segundo ele, designa o símbolo universal da paz. Antes de dormir, viu um pouco de “Antes do Amanhecer” (1995), belo filme romântico do Richard Linklater conosco e, Às 6h, ele pegou a bicicleta e foi catar cajus na UFS. Inscreveu seu nome em Gomorra, portanto.

c) A animação de Paulo Bruno, o famoso “irmão de Sakai” e ex-namorado de Luiz Ferreira Neto, estava muito mais intensa que o normal ontem. Dançou, sorriu, rebolou, gemeu ao som dos magníficos versos de “Koi Txangaré”, do Mawaca, e contou algumas daquelas célebres piadinhas infames de uma ou duas linhas. A maioria era insossa, mas uma delas se destaca pela genialidade metafórica, com a qual encerro este primeiro boletim:

Piada – Sabem o que a mãe mosca falou para sua filha artista?
Resposta – “Cuidado com as palmas!”
(risos)

Wesley PC>

Kin 5

Já é segunda de manhã, acabo de voltar do estágio, e procurei na internet o calendário da paz, no site eu pude calcular meu Kin e realmente obtive a mesma informação de ontem, diz assim:

Charlisson Silva de Andrade
10 / 10 / 1986
Crono-Psi: 54

Kin 5
Serpente Harmônica Vermelha

Potencializo com o fim de sobreviver
Comandando o instinto
Selo o armazém da força vital
Com o tom harmônico da radiação
Eu sou guiado pelo poder do espaço



'Comando com paixão minha evolução terrena; amo a vida.'.


Pra quem quiser ver essa onda e calcular o Kin é só entrar neste site http://calendariodapaz.com.br/homeTormentaEletricaAzul/crono1A.php


Tá bom, não vou mais emjoar vocês com isso, esoterismo já não é bem aceito nos dias de hoje.

Leno de Andrade

domingo, 9 de novembro de 2008

Serpente harmônica

Puxa vida! O que vou escrever agora tem a ver com o texto anterior, mas quis falar em separado.

Quando eu, Coelho e Daniel conversávamos na calçada daqui de casa, Daniel nos fala que segue o calendário maia, e começar a nos informar de tal coisa, e em seguida nos apresenta o livro sobre o referido assunto que ele leva em sua viagem. Como diz Caetano, não me amarra dinheiro não! mas os mistérios...

Enquanto eu preparava o suco de acerola Daniel calculava pelo calendário maia o Kim (pronuncia-se assim mas não sei como escreve)...calculava o Kim de Coelho. E ele falou pra Coelho sobre o Kim. Voltamos pra calçada e Daniel calcula meu Kim, ele de repente ficou espantado, e me disse que hoje é o dia do meu Kim, coisa que só vai acontecer só daqui a mais de 200 dias. Então ele explicou meu Kim e me disse que sou Serpente Harmônica Vermelho, fiquei bastante curioso em estudar os mistérios maias. Hoje eu já tinha falado algumas vezes em coincidência, e depois que aconteceu isso fiquei perplexo. Por isso que no texto anterior eu começei dizendo que estou conectado com a vida, hoje as coisas foram boas para mim, sem eu me esforçar muito para isso, e hoje sendo o dia do meu Kim descobri que minha energia é a harmonia regente hoje.

muito louco!!!!!!

Leno de Andrade

On The Road

Sinto-me neste momento totalmente conectado com a vida, o dia foi bom pra dizer de início, estou bastante morgado, mas tinha que escrever agora porque talvez amanhã eu não esteja com a mesma excitação espiritual que estou agora.

Acordo de manhã e creio que meu domingo será um pouco tedioso, mas no início da tarde recebo em minha casa a presença de Coelho, que eu nem estava esperando. Este por sua vez estava a caminho da casa do tio no mosqueiro, de bicicleta, mas desisti no meio do persurso e decidi ir pra minha casa. Almoçamos e fizemos nevada bebemos um pouco e Coelho me convida a irmos à praia de bicicleta, já que eu poderia pegar a bicicleta da minha prima, fiquei em dúvida porque tem algum tempo que não saio pedalando por aí, mas resolvi ir. Fomos até a Aruana, tomamos banho de mar, e voltamos. Na volta um rapaz com um sotaque estranho nos pede uma informação sobre onde ficava a entrada daquela área de acampamento que tenha ali vizinho do hotel parque dos coqueiros, falamos, e seguimos e especulamos que ele estaria viajando o país de bicicleta, então atrasamos o passo até ele chegar e tiramos tal informação do cara. Ele se chama Daniel, começou a viagem em curitiba, tem 5 meses de viagem, e tem por objetivo chegar ao FMS no Pará em janeiro. Então Coelho começa a trocar idéias com Daniel, já que Coelho próximo ano pretende fazer uma viagem parecida. Então Coelho convida o cara para ficar na Gomorra, o cara aceita, ele vai ficar dois dias lá. Então voltamos pra minha casa e ouvimos algumas histórias do cara sobre sua viagem. Conversar com esse tipo de gente é quase como ler a obra clássica dos andarilhos, viajantes e hiipies intitulada "ON THE ROAD" do Jack Kerouac. Então quem quiser trocar um papo com este cara é só passar na Gomorra e ver se o cara está por lá.

Ah! Essa semana teremos um texto de Coelho, e vai ser legal o assunto.

Leno de Andrade

"Quando não se tem nada, não se precisa de nada"

Assim diz Ennis Del Mar, magnífico personagem de Heath Ledger em "O Segredo de Brokeback Mountain" (2005, dir.:Ang Lee), filme que vi 5 vezes numa mesma semana. Por que diabos não aprendo isso, já que achei a frase tão bonita e parecida comigo?

Wesley PC>

ROUBARAM GOMORRA! (texto sem foto)

No último sábado, alguém entrou em Gomorra e, pelo que entendi do relato de Rafael Torres, roubou alguns DVDs que estavam sobre a mesa e um pouco de dinheiro que estava dentro de seu bornal. Desses DVDs, alguns eram meus. Nas paredes de Gomorra, está escrito “a propriedade é um roubo”, título da mais célebre obra do anarquista Pierre-Joseph Proudhon. Supondo que acredite nisto, devo me preocupar com o tal roubo em Gomorra? Para além de qualquer hipótese, minha resposta é SIM!

Primeiro, porque eu ficarei preocupado com o fato de que o lugar que amo foi invadido por um desconhecido. Lembro que, quando eu saí de lá, às 8h30’ do sábado, havia um homem esquisito na porta, beirando os 40 anos, que falou algo como “Deus te abençoe, meu filho”. Estava com tanto sono que dei de ombros para o estranho acontecimento, para aquela criatura bizarra no portão... Fui para casa. À noite, Rafael Torres me liga e comunica o fato. Teria sido aquele ser pitoresco quem penetrou no local? Terá sido ele mais uma das milhares de pessoas que pronunciam o nome de Deus antes de cometer um crime?

Segundo, a propriedade é um roubo, admito, mas o roubo não transforma a propriedade em imediata desapropriação. Digo isso porque, mesmo possuindo algumas coisas, e tentando lidar politicamente com elas do modo mais anárquico possível, sempre pensei que um truque para driblar esta associação rápida entre propriedade e má ação fosse disponibilizando publicamente tudo (ou quase tudo) o que possuo. Agora, fico desconfiado... Que droga!

Roubaram Gomorra, isso me preocupa.
Ponto continuativo.
Wesley PC>

RESSURGIMENTO DA OPINIÃO PÚBLICA


Quando eu era aluno da disciplina Economia da Comunicação e da Cultura, li um texto de Jürgen Habermas sobre a diferenciação entre Esfera Privada e Esfera Pública. Do texto lido há mais de 5 anos, lembro que a Esfera Privada sempre existiu, é uma característica basilar da burguesia, da aristocracia, das classes sociais acostumadas a amores ressentidos. A Esfera Pública, por sua vez, surgiu gradualmente, justamente após a publicização de sentimentos e atividades que, até então, eram exclusividades da Esfera Privada. Nesse processo de transição, o romance “Les Liaisons Dangereuses” [“As Relações Perigosas”], escrito em 1782 por Choderlos de Laclos, que deslindava uma série de intrigas e chantagens perpetradas por uma malévola marquesa e pelo célebre e priápico Visconde de Valmont, foi fundamental. Detalhe básico sobre o romance: ele é inteiramente epistolar, constituído pelas cartas redigidas e enviadas pelos personagens. Ou seja: o que deveria ser mais íntimo no círculo social dos nobres personagens – suas cartas e confissões mais pessoais – era agora assunto público. Surgia aí o que hoje conhecemos como “opinião pública”.

Pensei neste romance porque, como todos sabem, possuo diários íntimos. Tudo o que se passa em minha vida, tudo o que penso, tudo o que penso estar pensando, tudo o que sinto, tudo o que desejo, eu escrevo lá... Ao contrário dos aristocratas, porém, eu sempre disponibilizo meus diários para que as pessoas leiam ao final do ano, o que geralmente causa problemas para algumas das pessoas citadas, pois eu me envolvo demais, apaixono-me “de com força” (como diz a gíria corrente), às vezes interpreto equivocadamente fatos corriqueiros, por mim transformados nos mais preciosos fetiches românticos. Eis um dilema que me acompanhará até o fim de meus dias...

Curiosidade: o nome da minha professora de Economia da Comunicação e da Cultura era Messiluce Hansen. Ela era tão exigente, passava tantos livros interessantes para que lêssemos que a turma não gostava muito dela. Apelidaram-na de “Messilúcifer”. Eu, por coincidência, passei com média 10,0 nas matérias que estudei com ela. Sou diplomado nesta confusão entre público e privado (risos).

Wesley PC>

MENSAGEM SUBLIMINAR



O que mais gosto nos filmes de terror – nos verdadeiramente bons, nos clássicos – é que eles sempre trazem vigorosas mensagens e críticas acerca das contradições do mundo que nos cerca. No caso do filme em pauta, o maravilhoso e surpreendente “A Noite dos Mortos-Vivos” (1968, de George A. Romero), a genialidade está em como ele lida com o racismo e com a paranóia proposital instaurada pelos meios de comunicação de massa. Não vou falar muito, para não estragar as surpresas de quem não viu o filme ainda, mas, advirto, é uma obra genial, uma perola, um verdadeiro pedaço de arte contestatória!

Na foto, tentei brincar com esta idéia de mensagem subliminar: pode ser um mero cartaz de divulgação do filme, datado da época em que o mesmo foi lançado nos cinemas, mas... Nunca se sabe!

Wesley PC>

CHARLISSON DE ANDRADE (VULGO LENO)


Enquanto não arrumo um tempo para enviar as fotografias do último e antológico Cine Gomorra, segue esta prévia imagética, deste talento musical em forma de ser humano, deste receptáculo de bondade em forma de abençoador seminal de lençóis, desta pessoa que bebe demais, mas que nos dá muito em troca. Gostamos muito de ti, camarada. Eu, os habitantes de Gomorra e o Denys Arcand (risos).

Neste momento, cantarolávamos a versão de Chitãoxinho & Xororó para “Have You Ever Really Loved a Woman?”, do canadense Bryan Adams (risos).

Wesley PC>

O LUGAR EM QUE TRABALHEI...


Por alguns meses, trabalhei neste local mostrado na imagem.

Apesar das aparências e das similaridades estratégicas, não era uma trincheira bélica, mas sim um aparato burocrático, um local em decisões eram tomadas, em que meu tempo era tomado, em que iogurte era tomado com acarajé (sem camarões e derivados, no meu caso), sempre que davam 17h... Para além de todos os problemas, eu gostava de lá.

O mais interessante de ter trabalhado no DAA (Departamento de Administração Acadêmica) é que quase todos os alunos da Universidade foram atendidos por mim, uma vez ou outra. Ou seja, sei como eles se comportam em relação à burocracia, como eles são de verdade num cubículo de favores institucionais, sei quem é que sai por aí lutando contra o REUNI e depois vai lá em minha sala perguntar quando é que o mesmo vai ser finalmente posto em prática. Ah, sim, eu sei...

Recentemente, a porta da geladeira de minha casa está com problemas, de maneira que temos que amarrar a porta depois do uso. Nem percebemos mais quando fazemos isso, de tão mecanizados que já estamos. Conclusão: acostumamo-nos com qualquer coisa. A que preço, Senhor? Repito, noutra situação.

Wesley PC>

EPISÓDIO 1 DO FILME "MEMÓRIAS" (1995, de Koji Morimoto, Tensai Okamura e Katsuhiro Otomo) - Título: "A Rosa Magnética"


Ou, em outras palavras, o medo de o tempo passar e continuarmos assim, a esperar...

No filme, o contexto é outra: uma ex-diva de ópera, sofrida, presa no espaço sideral, atrai astronautas com seu canto, para reviver os amores proibidos de sua juventude, mas... Lembranças dolorosas sempre voltam e mostram-na morta como ela realmente está...

A morte, o tempo, a espera...

O que fazer nesta situação?

Wesley PC> (em nome da coletividade)

FASTIO SEXUAL


Uma das frases mais marcantes de meu 2º Grau no Colégio Atheneu foi pronunciada por meu professor de Matemática David, que sempre dizia “menina danada não dá nada”. Na época, todos riram da frase, enquanto eu achei machista. Hoje admito que a frase é prenhe de razão e não diz respeito somente a meninas danadas ou não, mas a toda ou qualquer pessoa com aparência externa de liberal. São deles que nós, seres ávidos por novas experiências, devemos ter cuidado. São eles que mais mentem! Por isso, evito em chamar os habitantes e visitantes de Gomorra de “liberais”. Eles são “permissivos”, o que , para mim, é bem mais interessante, bem mais condizente com a realidade diversificada de cada um deles, pessoas com problemas e frustrações, para além daqueles sorrisos maravilhosos que eles sempre ostentam, em especial, nas madrugadas de quinta para sexta-feira.

Aliás, desde que passei a freqüentar Gomorra com assiduidade, fui vitimado por um estranho fastio, por uma despreocupação em relação às minhas necessidades proto-sexuais, por uma desconsideração da avidez por mendicância erotógena randômica que tanto me afetava até recentemente. Agora não me submeto a qualquer humilhação para obter três ou quatro segundos de sexo pago. Agora eu não finjo prestar atenção em conversas preconceituosas ou mentirosas para terminar a noite sugando os pênis de meninos que, no resto do tempo, sequer ousam conversar comigo, com vergonha de que suas sexualidades sejam publicamente questionadas. Agora eu me sinto entre amigos – e, juro, isto é mais importante e duradouro que qualquer gozo psicológico que eu possa obter no baixo meretrício que me circunda!

Na fotografia, o pênis ejaculado de Ruan Wynchenzo, modelo da G Magazine, que, antes da existência dos deuses de Gomorra, tantas e tantas noites me consolou... A que preço, Senhor!

Wesley PC>

ESSA COISA DO INTERESSE, MAIS UMA VEZ!


Em “Drácula de Bram Stoker” (1992, de Francis Ford Coppola), o personagem principal é um morto-vivo de mais de 400 anos que lamenta a perda da amada Elisabeta, que se suicidou depois que disseram que ele havia morrido. Como a Igreja Católica se recusa em enterrá-la, ele se revolta contra o que pensava ser Deus e torna-se mau, inventando pretextos para que imobiliários o visitem e, assim, ele se sacie com sangue britânico refinado, visto que vive cercado pro ciganos. Na foto, o envelhecido Drácula sorve as gotículas do sangue do belo personagem de Keanu Reeves que ficaram retidas no fio de uma navalha, quando este se corta a se barbear. Quantas e quantas vezes não fiz o mesmo?

Quantas e quantas vezes não toquei por acidente nos pés mágicos do ser que me acompanhava numa sessão de cinema? Quantas e quantas vezes não cri que algumas gotas a mais de bebidas alcoólicas em copos alheios não me permitiriam contatos adicionais entre meu nariz e o sovaco da pessoa idolatrada? Quantas e quantas vezes não agradeci ao Deus que Drácula pensava renegar por não precisar mentir para alcançar as carícias furtadas que tanto me fazem bem? Quantas e quantas vezes...

O que me consola é ser sincero e possuir as canções do Paulinho Moska salvas em meu computador, para que, quando eu transcrever os versos abaixo, muito realistas, eu pareça estar somente repetindo o que ouço, e não o que realmente sinto, o que realmente está a me fazer bem neste exato momento:

“Eu estou pensando em você/
pensando em nunca mais pensar em te esquecer/
Pois quando penso em você/
É quando não me sinto só”

Wesley PC>