sábado, 5 de outubro de 2013

QUE NÃO SEJA POR FALTA DE “TCHAU!”... MUITO MENOS DE "SEJA BEM-VINDO!"

Acabei de comentar com minha mãe: “posso desistir da viagem e ficar aqui contigo?” (risos) Era um chiste, mas não desprovido de verdade: não sou um bom viajante nem tampouco acho ruim ser sedentário. Porém, o fluxo da vida (especialmente, a acadêmica) é outro, bem outro...

Na tarde de hoje, vi a parede da casa do pai de um amigo sociólogo completamente pichada: ele fora aprovado num Mestrado na USP, e seus parentes ficaram orgulhosos, por mais previsível que fosse a sua aprovação. Ele nasceu para correr o mundo. De minha parte, a tendência é inversa: penso que, se eu conseguir ficar velho, desejarei morar numa cidadela do interior...

Vendo “Novas Sacanagens do Viciado em C...” (1985, de David Cardoso), confirmei isso. Digo mais: pro incrível que pareça, o filme é melhor que a primeira parte, o diretor está mais maduro, o filme é muito melhor resolvido narrativamente...

Se, no em “O Viciado em C...” (1984, também dirigido por David Cardoso), a obsessão do matuto Zé Carlos (Sílvio Jr.) é apenas um pretexto para diversas seqüências de sexo explícito tramaticamente incoerentes, nesta continuação, o roteiro é muito mais consistente: o protagonista abandonara a travesti com quem se casara anteriormente porque ela havia lhe transmitido gonorréia e peidava muito. O nome dela era Pérola. Agora, ele está com Esmeralda, que, segundo o pai preconceituoso de Zé Carlos, “tem um pau ainda maior que o da outra!”. A mãe, por sua vez, não acha estranho a para-homossexualidade do filho. O estimula, inclusive. Entretanto, quando o casal tenta se casar sob as bênçãos da Igreja Católica, são hostilizados pelo padre, que o denunciam à delegacia de polícia como “cu-munistas”. O movimento bucetista intervém com cartazes dizendo que “o cu é apenas para cagar”, mas o próprio diretor do filme, que se disfarçara sob o pseudônimo Roberto Fedegoso, surge como um advogado afetado que traz um ‘habeas corpus’ provando que “não é crime dar a bunda”. Daí por diante, os moradores do vilarejo experimentarão sabores e dissabores do sexo anal: uma moçoila espevitada resolve enfiar uma vela no ânus de seu noivo (interpretado pelo filho mais velho do diretor, James Cardoso) apenas porque “nunca tinha visto um cu pegando fogo”, enquanto a mãe de Zé Carlos se recusa a dar o bogas para o seu marido. Ao final, um quarteto de fodedores amigos fugirá da ira das mulheres trocadas por travestis...

É um filme bastante irregular, conforme se percebe nesta breve sinopse, mas possui diálogos divertidíssimos, uma ridícula participação do humorista Marcelo de Nóbrega, e diálogos inspirados, como quando o delegado lamenta os direitos humanos abusivos trazidos à tona com o fim da ditadura militar ou quando uma rapariga reclama que, ao invés de estar apaixonado por ela, seu namorado está de olho apenas em sua xoxota. Ele não se faz de rogado: “e o que é que tem? Boceta também é cultura!”. Eu me rendi. Gargalhei: o filme é muito bom!

E, hoje, ainda hoje, daqui a algumas horas, viajo para a Paraíba, onde defenderei as virtudes militantes – ainda que involuntárias – do cinema de David Cardoso, este tesudo da foto, hoje no fulgor de seus setenta anos, vivendo no interior do Mato Grosso do Sul. Lembrando da blague envolvendo a travesti Esmeralda, quando se confessa filiada ao PC. “Tu és comunista?”, surpreende-se o delegado, “Não, eu pertenço ao Partido do Cu”. Até o meu retorno, crianças!


Wesley PC> 

“EU VOU ENSINAR PARA VOCÊS COMO É QUE SE CHUPA UM CAVALO!” (MAIS IMAGENS FUGIDIAS DE UM PESADELO)

Na madrugada de ontem para hoje, vi o famosíssimo “Emoções Sexuais de um Jegue” (1986, de Sady Baby & Renalto Alves). Apesar do título zoofílico e da citação chocante que intitula esta publicação (proferida por um homem, no interior do filme), há poucas situações envolvendo sexo com animais. A trama do filme é bizarríssima, sobre um bandido chamado Gavião (interpretado pelo próprio diretor) que foge da cadeia, infectado pelo vírus da AIDS, e descobre que seu pai engravidou a sua esposa e a sua irmã, sendo que a primeira refere-se à barriga prenha como um tumor. Enfurecido, Gavião queima a sua casa, com a esposa grávida dentro. Segue em busca de seu pai, no afã por assassiná-lo. No caminho, encontra diversas mulheres, fode violentamente com uma delas, assegurando que não a machucaria, antes de fodê-la num caixão. Eu e meus companheiros de sessão gargalhávamos! Mas o filme estava apenas no começo...

Infelizmente, quando Gavião adentra o restaurante onde é exibido o bizarro cardápio acima mostrado, o filme sucumbe a uma demoradíssima seqüência de cenas de sexo explícito, musicadas por ABBA, forrós, canções típicas gauchas e o que mais pôde ser arranjado. Tomadas intravaginais, homossexuais barbudos chupando dois pênis ao mesmo tempo, mulheres trepando com mais de um cara, tudo o que pode ser feito numa orgia acontece durante esta longa seqüência. Porém, o que mais me impressionou foi o sobejo de situações de pederastia, de forma quase apologética. Ao cúmulo de um homem se dispor a ensinar duas mulheres como se faz sexo oral num cavalo. Quando o bicho ejacula, nossa, que nojo!

Rimos do começo ao fim, mas, quando cheguei em casa após a sessão, tive um pesadelo horrível, envolvendo uma orgia entre amigos longevos. No sonho, uma amiga loira obrigava-me a fumar e outra, ex-grávida, brigava com ela. O cheiro de cachaça era terrível e todos mergulhavam num sexo enlouquecido, menos eu, que não consegui dormir. Puxei assunto com um sindicalista que assistia às fodas, mas logo me desinteressei. Acordei apavorado, assustado, desesperado. O que este pesadelo me queria dizer? Seja como for, viajo para a Paraíba mais tarde. Estou tenso e ansioso ao mesmo tempo: já estou com saudades de meus amigos e temeroso de que as brigas homéricas se instalem em minha casa, por causa dos ciúmes desenfreados de meu irmão mais novo e minha cunhada. Preocupo-me com minha mãe. Mas estou carecendo respirar novos ares. Ela sabe... É nisso que focarei!


Wesley PC> 

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

À GUISA DE UMA BREVE DESPEDIDA:


"Hoje acordei de um sono pesado com pragas alegres em meus lábios, com palavras desconexas em minha língua, repetindo para mim mesmo uma litania - 'Fay ce que vouldras!... fay ce que vouldras!'. Faça qualquer coisa, mas que produza alegria. Faça qualquer coisa, mas que cause êxtase. Tantas multidões dentro de minha cabeça quando digo isso para mim mesmo: imagens, alegres, terríveis, enlouquecedoras, o lobo e o bode, a aranha, o caranguejo, a sífilis com suas asas estendidas e a porta do útero sempre destrancada, sempre aberta, sempre preparada como o túmulo. Luxúria, crime, santidade: as vidas dos meus adorados, os fracassos dos meus adorados, as palavras que deixaram atrás de si, as palavras que deixaram inacabadas; o bem que arrastaram atrás de si e o mal, a tristeza, a discórdia, o rancor, a luta que criaram. Mas, acima de tudo, o êxtase!".

("Trópico de Câncer" - Henry Miller - página 239)

Eis o trecho que mais me impressionou do livro que tenciono terminar de ler ainda hoje. A litania em pauta, do modo como foi discutida, serve como um mantra pessoal. Tenho muito o que resolver hoje, pendências nem sempre agradáveis. Mas o coração está aberto, atento e forte: viver faz bem! Fazer o bem faz muito melhor!

Wesley PC> 

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

UMA VAGA, NA QUAL ANSEIO POR MAIS MERGULHOS...

Todos os dias, minha mãe assiste à telenovela portuguesa “Dancin’ Days” (2012), que, apesar de suas diferenças narrativas, é uma regravação do produto televisivo brasileiro escrito por Gilberto Braga há trinta e cinco anos e que, na época, fez muito sucesso. Não sei o quão bem-sucedida esta versão lusitana da novela está sendo no Brasil, mas, enquanto minha mãe se preocupa com os personagens, eu escuto a trilha sonora. Estou ouvindo muito ‘rock’ português ultimamente!

 O meu grupo lusitano favorito é o Toranja. Recentemente, interessei-me deveras pela carreira solo do vocalista, Tiago Bettencourt. Ouvindo o “Acústico” que ele lançou em 2012, apaixonei-me pela terceira faixa “Canção do Engate”, cuja letra emocionante é a que se segue:

 “Tu estás livre e eu estou livre
 E há uma noite para passar 
Porque não vamos unidos 
Porque não vamos ficar 
Na aventura dos sentidos


 Tu estás só e eu mais só estou
 Que tu tens o meu olhar 
Tens a minha mão aberta 
À espera de se fechar 
Nessa tua mão deserta 

Vem que o amor não é o tempo
 Nem é o tempo que o faz 
Vem que o amor é o momento
 Em que eu me dou, em que te dás 


Tu que buscas companhia 
E eu que busco quem quiser
 Ser o fim desta energia 
Ser um corpo de prazer 
Ser o fim de mais um dia 


Tu continuas à espera 
Do melhor que já não vem 
E a esperança foi encontrada
 Antes de ti por alguém 
E eu sou melhor que nada”...

 Estou obcecado por esta canção, ouço-a repetidas vezes. Pesquisando sobre ele, descobri que é uma regravação da segunda faixa do disco “Dar & Receber” (1984), do músico António Variações, morto aos 39 anos por causa de decorrências da AIDS. Ela era homossexual, um pioneiro português na abordagem do assunto em suas canções. Estou ansioso para conhecer os seus discos, mas não os encontro disponíveis para ‘download’ na Internet. Se alguém achar antes de mim, grita. Vale muito a pena: os títulos de canções como “Quem Feio Ama...” (faixa 05) e “..Que Pena Seres Vigarista” (faixa 06) que o digam!

 Wesley PC>

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

"ESTE É O MEU PAI!"

É incrível como dificultam o nosso acesso aos diversos filmes brasileiros ansiosos por espectadores ávidos... Graças a um acidente de percurso, na noite de ontem, tive a oportunidade de ver o clássico "Nunca Fomos Tão Felizes" (1983), estréia na direção do fotógrafo Murilo Salles. O título da obra é absolutamente genial e coerente com a sua proposta enredística, adaptada de um conto de João Gilberto Noll, mas, infelizmente, o filme ficou tecnicamente apurado em excesso e narrativo de menos... Falto algo!

Seja como for, exigir tanto do jovem Roberto Bataglin é algo que merece aplausos. Afinal de contas, o ator não faz feio (muito pelo contrário: ele está bonito demais, pena que não aparece nu!) e será lembrado perpetuamente pela seqüência em que ele pede para quem uma prostituta depile os pêlos públicos, ao que ela retruca: "mas eu nem tenho tanto pentelho assim!". Na cena seguinte, um 'close-up' genital esplêndido!

Apesar de eu admitir que Cláudio Marzo, quando aparece, está ótimo, eu senti falta dele no filme. Talvez esse seja, inconscientemente, mais um mérito do mesmo, no sentido de que a trama é justamente sobre um filho que quase não vê o pai, demasiadamente ocupado com as atividades militantes contra a ditadura. Muito bom o pressuposto do filme! Extraordinária a fotografia do filme! Inesperadamente funcional a quase onipresença do Roberto Bataglin! Mas faltou algo... Faltou acreditar no amor que se sente por um pai como aquele!

Wesley PC>

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

EM AGRADECIMENTO ÀS COISAS NOVAS QUE NEOSVALDO TROUXE PARA A MINHA IDA – E/OU ÀS COISAS ANTIGAS QUE ELE ME AJUDOU A PERCEBER COMO NOVAS...

Na manhã desta segunda-feira, deparei-me com algo absolutamente inusual num desenho animado: era um episódio de “A Turma da Mônica” no Cartoon Network. O personagem Cebolinha estava contando a seu amigo cascão que seus pais sairiam para uma festa e o deixariam sozinho em casa. De repente, uma babá surge. Ao invés de alguém rejeitável, aparece em cena uma belíssima adolescente loira, com roupas curtas e coladas ao corpo. Ambos os garotos ficam excitados e apaixonam-se por ela no ato. Brigam no afã por conquistá-la. A adolescente finge que não percebe e os trata com afeto exacerbado, tentando impedir que eles brigassem. Ela, então, prepara uma lasanha no forno microondas e, depois, pede licença para ir ao banheiro. Intrigado, Cascão se interroga: “será que meninas também evacuam?”. Cebolinha acha a pergunta um disparate, mas Cascão não consegue segurar a curiosidade e, quando a jovem regressa, ele sutilmente pergunta se ela também caga. A resposta dela: “claro que sim. Mas o nosso cocô sai branquinho, com formatos de animais e perfume de rosas”... Cascão rebate: “deixa eu ver?”. Eu fiquei escandalizado.

 Enviei o conteúdo surpreendente deste episódio animado através de SMS a diversos amigos, incluindo uma pessoa que se recusa a falar comigo. Recebo desta última uma mensagem cifrada, dizendo que eu tentei entrar em contato com a pessoa errada. Ela assinava como Neosvaldo. Eu não me fiz de rogado e agradeci-lhe pela novidade, antecipando-me em dizer que, em seguia, voltaria a ler o romance do Henry Miller que me motiva nos últimos dias...

 Entretanto, não consegui parar de pensar no Neosvaldo: por conta dele, resolvi assistir a um filme completamente desconhecido que eu tinha gravado há dois anos, “Varljivo Leto ‘68” (1984, de Goran Paskaljevic - em tradução literal, algo como "o verão evasivo de 1968"), sobre um rapazola iugoslavo que narra as suas descobertas amorosas no convulsivo ano de 1968. Logo no prólogo, ele declara que resolveu estudar o marxismo porque se apaixonou por sua professora de Sociologia. Uma gravura de Karl Marx pisca o olho para ele, mas a moça é comprometida, o decepciona involuntariamente. Daí por diante, ele se apaixonará por diversas outras raparigas, desde uma vizinha musicista até a noiva ninfômana de um padeiro, passando pelas filhas gêmeas de um colega de seu pai juiz. Mas ele perderá a virgindade, aos 18 anos de idade, com uma garota que toca numa orquestra de meninas tchecas, no exato dia em que as tropas russas invadem Praga. Ela volta para o seu país-natal, depois de ter transado na copa de um salgueiro... e ele nunca mais a encontra!

 É um filme abobalhado, repleto de momentos tolos e/ou subaproveitados, mas tem os seus méritos, por mais que estes estejam sujeitos a uma espécie de ressentimento anticomunista. Na TV, o noticiário registra eventos importantes do ano em que se passa a ação. O avô do protagonista, por sua vez, é um fanfarrão. Chegara a participar de algumas fitas pornográficas na juventude. Numa delas, apreendida e julgada pelo pai do rapaz, um velho é cercado por três lúbricas moçoilas sob um lençol, numa cama. Olhando para a tela, ele exclama: “Olha quanta carne boa! Pena que eu seja vegetariano...”. Era para eu ter rido?

 Seja como for, fiquei ansioso para narrar tudo isso para Neosvaldo, bem como as duas descobertas imediatamente seguintes à audiência ao filme: 1 – que o número 153 não é primo (na verdade, ele é múltiplo de três, é o produto da multiplicação de nove por dezessete); e 2 – que o livro do Barthélemy Amengual que eu estava esperando chegou, acaba de ser entregue pelos Correios. Êba! Caro Neosvaldo, tu chegaste em um momento mui oportuno de minha vida. Muito obrigado! Lembrando que, enquanto almoçava, o pai do protagonista Petar (Slavko Stimac) explica-nos uma valiosa lição pós-gastronômica: "o que é verde hoje, é vermelho amanhã, e amarelo depois de amanhã...". Entendemos?

 Wesley PC>

domingo, 29 de setembro de 2013

DIÁRIO DE UM UNIVERSOTÁRIO: DOMINGO, 29 DE SETEMBRO DE 2013.

Acordei mais cedo do que imaginava. Antes mesmo de minha mãe oferecer-me o desjejum, já estava com o livro do Henry Miller que estou lendo por esses dias (e que menciono aqui) nas mãos. Numa das páginas, o autor/rememorador/narrador comenta que quando se está apaixonado, carece-se de ter ereções. E, enquanto cochilava, eu imaginava-me perdendo a virgindade anal, entregando-a a um homem que amo. Dizia-lhe eu, num ímpeto de desejo e ousadia: “tore meu cu ao meio, como já está tolhido o meu coração de amor por ti!”. Ele sorria, e obedecia ao que eu lhe solicitava. Na fantasia, eu gozava. “Apanhei um livro e li. A gente pode aproveitar alguma coisa de um livro, mesmo um livro ruim... mas uma boceta é pura perda de tempo...”, comentava a instância narrativa do Henry Miller na página 137. E eu não me sentia entediado: tanto a fazer, tanto a ser feito...

Às 19h, soube que “Tropicália” (2012, de Marcelo Machado) seria exibido no canal fechado VH1. Sempre quis ver este filme. Um amigo goiano que acho lindo gosta bastante dele. Durante a sessão, recebi um telefonema de outro amigo goiano. O filme é ótimo, mas poderia ser ainda melhor. Começa bem, evolui bem, mas, ao final, se desvia um tanto der seu objetivo mais geral: Caetano Veloso demais, Gilberto Gil demais, e o tropicalismo fica completamente condicionado à influência deles, conforme menciona de maneira assumidamente imodesta o primeiro cantor num programa televisivo português datado de 1969. E é só isso? Tsc, tsc, tsc...

Apesar do aparente desdém manifesto no final do parágrafo anterior, o filme me deixou empolgadíssimo: as intervenções de Tom Zé, o excelente material de arquivo (inclusive cinematográfico), o diálogo direto com “Uma Noite em 67” (2010, de Ricardo Calil & Renato Terra – resenhado aqui), muitos são os elementos egrégios deste filme, cujo ponto máximo é, sem dúvida, o instante em que Caetano Veloso é hostilizado pela platéia da USP, enquanto tentava cantar “É Proibido Proibir”. O compositor dizia “não ao ‘não’”, mas as vaias eram altissonantes. Universotários foi a gíria que surgiu. Até que ele lança a fórmula de que me servirei com fervor daqui por diante: “se vocês forem em Política como são em Estética, estamos feitos!”. O contrário também é válido – e assustador. Não era por acaso que o artista baiano confessava o seu receio frente à manifestações de adesão popular massiva que  se espalham com tanta facilidade. Gilberto Gil, por sua vez, voltou atrás: participou do protesto contra a guitarra elétrica na MPB, mas depois convidou os geniais Os Mutantes para subirem ao palco com ele, e, juntos, cantaram “Domingo no Parque”. Merecido prêmio de Melhor Arranjo num festival de música (o da TV Record?) par Rogério Duprat.

Minha mãe achou os cabelos do jovem Jorge Mautner muito bonitos. Vários são aqueles que dizem que o jovem Caetano Veloso se parece comigo hoje. O amante com que fantasiei descabaçadoramente pesa mais que eu, bem mais que eu. Mas o amor... Ah, o amor! E a música! E o cinema! E a família! E os amigos! E a literatura! E tudo junto!


Wesley PC>