sábado, 28 de maio de 2011

ANTES DA EXIBIÇÃO DE “O HOMEM QUE SABIA JAVANÊS” (2004, de Xavier de Oliveira) NA TV...

O livro que exibo na imagem acima é uma coletânea de contos do magistral escritor brasileiro Lima Barreto (1881-1922). Tendo sentido o preconceito contra sua própria pele em mais de uma investida histórica, este autor carioca impregna seus contos de uma magoa contagiosa, com a qual, obviamente, muito me identifico. “O Homem que Sabia Javanês”, publicado originalmente 20 de abril de 1911 e encontrado entre as páginas 125 e 130 da coletânea de contos em pauta. Na trama, um homem explica a um amigo, sentado num bar, como veio a se tornar professor particular de javanês.

“ – Tens levado uma vida bem engraçada, Castelo!
- Só assim se pode viver... Isto de uma ocupação única: sair de casa a certas horas, voltar a outras, aborrece, não achas? Não sei como tenho agüentado lá, no consulado!
- Cansa-se; mas, não é disso que me admiro. O que me admira é que tenhas corrido tantas aventuras aqui, neste Brasil imbecil e burocrático.”


Os sobrenomes dos interlocutores são Castro e Castelo. Um é aventureiro, o outro critica a burocracia, mas parece adepto e seguidor da mesma. O desfecho da trama é um baque, no que tange a uma crítica bem-vinda desta tal burocracia empertigada. E mal sabia eu que Xavier de Oliveira tinha transformado o conto em filme...

Apesar de possuir este livro em mãos há vários meses, nunca havia tido a oportunidade considerada ideal para ler o tal conto. Hoje surgiu esta oportunidade: a versão fílmica do Xavier de Oliveira será exibida no Canal Brasil, daqui a alguns minutos. Planejo assisti-la, ao lado de minha mãe, mas suspeito de que não gostarei tanto assim do filme. É uma suspeita que, sendo confirmada ou não, permitir-me-á que, em seguida, uma nova foto pessoal me permita confessar algo que me incomoda agora: uma chaga em minha alma. Poderá o filme ajudar a aplainá-la?

Wesley PC>

“DISFARÇA, ABAIXA... E MAMA/ DEPOIS, DIGA QUE ME AMA!”

Quando eu estava voltando para o balcão no qual atendo aos alunos da Universidade, atravessei uma porta de vidro onde dois funcionários engravatados, com mais ou menos 50 anos de idade, conversavam. Um deles perguntou ao outro, com cara de espanto chistoso: “eu ainda bato, tu não bates mais não?!”, ao que o outro responde: ainda bato sim. Bastante, aliás!”. Não pude ouvir o término da conversa, mas pelo teor das risadinhas deles, dava para adivinhar o assunto, o que é que eles “batiam”... E não pude deixar de imaginar a cena, o que foi muito positivo, lógico!

Quando eu voltava para a minha casa, no mesmo dia, deparei-me com um rapazote bonito diante de um automóvel, com o rádio ligado em volume altíssimo, apesar de estar diante de um templo mórmon em atividade. Pior: o rádio em pauta estava a executar uma canção estilo “quebradeira” cujo refrão é justamente este que intitula esta postagem. Ainda pior: por mais vulgar, depreciativo e chauvinista que a canção se demonstrasse, não pude deixar de excitar-me um pouquinho com ela. Lutar com identificação factual é complicado. Mas fiquei com pena das mulheres que se submeterão voluntariamente a esta execrável demonstração de incultura e praticarão sexo oral impessoal, invasivo, gratuito... Como seria mais interessante se elas buscassem inspiração nos versos tematicamente similares do grupo pernambucano Textículos de Mary, que tacam o verso “chupei a sua glande” na canção que abre um de seus poucos e fabulosos discos...

Segui em frente e, ao chegar em casa, comi algo, enquanto me preparava para assistir a um filme alemão pelo qual aguardava ansiosamente: “Todos os Outros” (2009, de Maren Ade). A promessa inicial do filme é encantadora: um casal em férias, um casal que se ama, um casal que sente dor, um casal que pode brigar por ciúmes a qualquer momento... Pena a duração estendida do filme (119 minutos) desperdice alguns bons momentos, como a insistência da personagem feminina para que seu namorado a penetrasse sem camisinha. Ele recusa. Ela goza, frustrada. Num momento anterior, é ele quem goza de frustração, ao tentar ler um livro enquanto sua amada o abraça com insistência luxuriosa: amar é submeter-se às concessões também! Tomara que eu não me apaixone por alguém que goste da canção citada no título... Mas, se ele/ela me mandar mamar e depois dizer que o/a amo, ah, pode ter certeza de que o farei! (risos)

Wesley PC>

sexta-feira, 27 de maio de 2011

... POIS AGORA ME FIZERAM PENSAR NO ELOY AZORÍN!



Ai, ai... Hoje, o silêncio urge!

WPC>

TEM HORAS QUE, POR MAIS SENSATO QUE PAREÇA CALAR, É MELHOR FALAR – NEM QUE SEJA SOBRE OUTRO ASSUNTO...

“Que carência é essa?”, pergunta uma amiga de trabalho, ao celular, aqui do lado. Outro, vasculha as manchetes sub-jornalísticas da Internet, um terceiro dorme, uma quarta assiste a um filme dublado de terror, uma quinta trabalha, e eu lamento... Lamento e comemoro ao mesmo tempo, lamento e comemoro a glória de estar vivo. Em casa, minha mãe andou pela rua com o cano quebrado de um guarda-chuva, como se fosse uma bengala, convidando-me para ver um filme antigo na TV. Eu cheirava a barriga proeminente de um conhecido, esperando mais, desejando mais, aceitando o que me era dado no instante em pauta. Num setor contíguo, outra amiga de trabalho trabalha... Às vezes, é necessário fazer concessões. E, se eu chegar cedo em casa, verei “Jornadas nas Estrelas – O Filme” (1979, de Robert Wise) no canal VH1. Comecei a ver ontem, mas adormeci. Ando cansado estes dias e, pior: deito cansado estes dias... E, lendo algumas postagens antigas aqui no ‘blog’: eu lembrei. Sim, meu bem, eu me lembro, eu me recordo...

Wesley PC>

TEM HORAS QUE É MAIS SENSATO CALAR... (?)






Se a resposta for não, abro mais um repetitivo precedente aqui.

Wesley PC>

quinta-feira, 26 de maio de 2011

“QUANDO A GENTE ESQUECE E DEPOIS LEMBRA, A GENTE NUNCA MAIS ESQUECE”...

Assim apregoei, às 13h de hoje, depois de um bem-vindo encontro com amigos que não via há um bom tempo. Falamos sobre música africana, sobre aglutinação feminina, sobre subdesenvolvimento econômico tailandês e uma miríade de assuntos que atravessaram nossos destinos naqueles breves, porém eternos, minutos. Porém, eu tinha que voltar para o trabalho. Logo que cheguei, meu chefe entregou-me a programação do PopPorn Festival, em cartaz em São Paulo durante este final de mês, em que diversos filmes que abordam as vertentes pornográfico-dialogísticas estarão em cartaz. Dentre os diversos filmes exibidos, meu chefe empolgou-se sobremaneira com a trama do média-metragem português “10 Dias (Sem Bater)”, cuja sinopse exponho em seguida:

"Daniel, um rapaz de 20 anos, costuma fazer vídeos seus a masturbar-se para depois colocar na internet. Quando decide fazer um vídeo depois de estar 10 dias sem se masturbar, conhece Alex, um rapaz por quem se apaixona. Alex não só nunca teve sexo com ninguém, como quer perder a virgindade com Daniel. Este vai ter de decidir se vai para a cama com o rapaz ou espera até ao fim dos 10 dias para poder fazer o vídeo primeiro.”

Diante deste resumo tramático, eu pergunto: há alguma suspeita de que eu não me interesse e/ou identifique plenamente diante deste filme?! Preciso vê-lo e, assim sendo, talvez não vivê-lo. Ou o contrário: meus hábitos tendem a se tornar vícios...

Wesley PC>

quarta-feira, 25 de maio de 2011

SER HUMANO É PRODUZIR IMUNDÍCIE?

Há pouco, uma amiga de trabalho escandalizou-se ao perceber que quase se engasgava enquanto tentava eliminar um jato de catarro preso em sua garganta. O jato fora tão forte que ela quase vomitou. Na volta do banheiro, ainda assustada, ela comentou comigo que não há motivo para ser esnobe quando se é portador de um corpo que emite flatos, fezes, urina, infecções sanguíneas, seborréia e suor diariamente. Eu concordei com sua reclamação extensiva...

Pensava que me molharia no caminho para o trabalho, mas cheguei enxuto, pensando ainda no belo filme que vi antes de dormir – e, no qual, como de regra em dias de cansaço, dormi na cena final, nos últimos cinco minutos de projeção... O filme em pauta chama-se “Palermo Shooting” (2008) e é o que se convencionou de “filme menor de Wim Wenders”, algo cada vez mais comum na obra hodierna do outrora genial diretor alemão. Ou, quem sabe, um diretor que ainda é genial em proposta, mas que não consegui articular esta genialidade potencial em suas atuais incursões cinematográficas. E, não por coincidência, o filme é justamente sobre esta tensão: um ótimo fotógrafo tem pesadelos contínuos com a morte, até que migra espontaneamente para uma cidade italiana, onde se apaixona por uma rapariga que o desenha enquanto dorme. A Morte surge-lhe, definitivamente, e diz categoricamente que ele desperdiçara sua vida. O desfecho desta reflexão eu não sei, visto que, infelizmente, dormi no finalzinho do filme, logo no finalzinho...

Articulando a imundície natural, constitutiva e justificada do ser humano com minha determinação futura de realizar uma exegese comparativa entre as diversas fases da carreira irregular, mas muitíssimo digna de observação, do Wim Wenders, assumo que, além de ter gostado muito do filme em pauta, ostensivamente rejeitado pela dita critica especializada de Cinema, identifiquei-me deveras com seu conteúdo reflexivo, penso que, algum dia, farei a mim mesmo as mesmas perguntas que o protagonista se faz. Afinal de contas, ouvimos as mesmas canções e não sabemos nadar...

Wesley PC>

terça-feira, 24 de maio de 2011

“ONDE HOUVER TREVAS, QUE EU LEVE A LUZ”...

De cada 7 pessoas que puseram os pés enlameados em meu setor de trabalho, na manhã de hoje, 19 reclamaram da chuva: “está tudo alagado lá fora!”, diziam. Saí às pressão, em direção à minha sala de aula matutina, mas a professora faltou, quiçá por problemas também relacionados á forte chuva que cai sobre Aracaju. Tentei ligar para minha mãe, mas, quando o telefone é atendido, escuto apenas um zumbido. Daí, eu pergunto: pode um ateu ajudar alguém a ser convertido ao cristianismo?

Wesley PC>

MAL SABIA EU, POR MAIS QUE SUSPEITASSE, MAS OS TEMPOS CONTINUAM MUDANDO...

“Oh, one day when you're looking back
You were young and man you were sad
When you're young you get sad
When your young you get sad then you get high”

(Ryan Adams)

Da primeira vez que eu vi o filme “Dias Incríveis” (2003), realizado pelo talentoso diretor de comédias proto-imorais Todd Phillips [vide foto – em hilária participação no supracitado filme], eu não conhecia as diversas mudanças de tom na carreira musical do compositor Ryan Adams. Como tal, não reconheci a faixa de abertura do filme á época, mas já pude perceber o quanto este artista emula o compositor da clássica canção “The Times They Are A-Changing”. Revendo o filme na noite de ontem, ao lado de quem, noutros tempos, eu poderia tipificar como um parceiro erótico habitual, pude explicar-lhe uma mudança drástica na forma de fazer comédia hollywoodiana: antigamente, os filmes mais genéricos no que diziam respeito à adesão risória do público, principalmente adolescente, começavam elogiando a imaturidade e terminavam com um endosso ideológico feroz à retidão profissional dos indivíduos. Hoje em dia, os personagens já iniciam as tramas dos filmes como homens bem-sucedidos em suas carreiras, mas, ainda assim, não se sentem contentes, têm a impressão de que não aproveitaram a vida da forma que poderiam... Daí, resolvem cair na gandaia para, ao final, perceber que “eram felizes mas não sabiam”. “Dias Incríveis”, portanto, segue a cartilha hollywoodiana básica do esquema Situação => Conflito => Situação modificada, mas, sou obrigado a admitir elogiosamente: há algo diferente ali – e cabe a nós prestar atenção no que seja!

Wesley PC>

segunda-feira, 23 de maio de 2011

“MUITO CONVENIENTE: UM GRANDE REPÓRTER QUE NÃO ENCONTRA UM LÁPIS”...!

Não posso dizer que a sessão do filme “No Silêncio de uma Cidade” (1956, de Fritz Lang), exibido na tarde de hoje, tenha fluído a contento. Não por causa do filme, que é ótimo, mas porque vários emuladores de barulho posicionaram-se próximo à minha televisão enquanto eu tentava ver o filme. Desliguei um celular barulhento, fechei a porta e a janela da sala, mas, mesmo assim, o barulho era altissonante e dificultava o entendimento dos ótimos diálogos do filme, que estava sendo exibido em versão dublada. Porém, desde a primeira cena do mesmo, eu tinha certeza de que ele me tocaria mui pessoalmente... Estive certo!

Oficialmente, a trama do filme detém-se na captura do “assassino do batom”, um jovem que se sente oprimido por sua carinhosa mãe adotiva – que desejava uma menina, apesar do desejo conflitante de seu falecido marido – e, em razão da psicose derivada desta opressão imaginária, estrangula mulheres que vivem sozinhas, escrevendo o seguinte recado na parede: “pergunte à mamãe”. Os assassinatos em série logo viram assunto policial e, antes disso, material jornalístico – e é aí que o filme interessa ao diretor e a mim: quando um magnata da imprensa falece subitamente, o seu herdeiro promove uma competição entre os repórteres da redação, estimulando-os a descobrir a identidade do assassino, visando ao recém-criado cargo de diretor executivo da cadeia de jornais como recompensa. É neste momento que alguns parâmetros éticos vão para as cucuias...

Vendo o filme – e até mesmo antes dele – eu percebia que, não obstante minhas renovadas satisfações diante do curso universitário em que agora me enquadro, Jornalismo, definitivamente eu não possuo vocação para ser repórter! Apesar de ser um fuxiqueiro nato, a concepção de novidade pela novidade que muitos professores e profissionais experientes tentam me empurrar no curso não me convence, não me parece pessoalmente aprazível. Assim sendo, apesar de ter me identificado sobremaneira com os dilemas e situações deste ótimo filme, pude sair da sessão mais tranqüilo acerca de uma sub-definição pessoal no que tange ao meu orgulho enquanto pretenso jornalista em formação, um orgulho que é bem mais nomenclatural do que efetivamente profissional. Gosto desta palavra: jornalista. Tomara que eu chegue lá... (risos)

Quanto à frase que intitula esta postagem e à imagem que lhe serve de moldura, reitero através delas uma conhecida tipologia dos jornalistas enquanto indivíduos sem caráter, que fazem de tudo para conseguir uma boa matéria. Nesse sentido, eu volto a me enquadrar positivamente no adjetivo (risos), de maneira que, um dia, exultarei ao ver a palavra jornalista escrita ao lado do vocábulo recepcionista em minha Carteira de Trabalho... E, por dentro, estou rindo mais uma vez, enquanto confesso isso (risos)!

Wesley PC>

COMO SE FOSSE UM PROLONGAMENTO EXPLICATIVO INVOLUNTÁRIO DA POSTAGEM ANTERIOR...

Precisei resolver um problema no Centro da cidade mais cedo e, como tal, servi-me do sistema público de transporte aracajuano. O ônibus de volta estava cheiíssimo, mas resolvi subir assim mesmo. Meus pés ficaram imprensados na porta por alguns minutos, mas eu dei de ombros para a dor por causa do garoto bonito em quem eu me apoiava para não cair. Entretanto, fui percebendo que, apesar de ele ser belo e um tanto simpático, fedia bastante: um cheiro de ferida infeccionada impregnava sua roupa. Tentei disfarçar, fingir que o fedor não probinha dele, mas foi em vão: apesar de me fazer bem no plano visual, ele me incomodou sobremaneira no plano olfativo!

Depois de suportar o cheiro ruim e a boa impressão fisionômica do garoto em pauta, consegui chegar novamente ao meu local de trabalho. Havia comprado iogurte de mamão com laranja, um de meus sabores favoritos, e ofereci a vários colegas de trabalho. Após muita insistência, apenas dois deles aceitaram. Gastei quase R$ 60,00 em 5 minutos – e não me arrependo: comer o que se gosta e repartir com os amigos, para mim, são atividades essenciais para o bem-estar individual!

Deu para entender melhor agora o meu pedido de socorro?

Wesley PC>

domingo, 22 de maio de 2011

Livro: FAHRENHEIT 451 (1953 – Ray Bradbury) + Filme: THE EVIL CAMERAMAN (1990 – Richard Kern) = Pedido de socorro: LEIA-ME! (22/05/2011 – Wesley PC>)


“Uma raiva substituindo outra. Uma raiva deslocando outra. Quando ele cessaria de sentir tamanha raiva e se acalmaria, ficando realmente em paz?” (p.140)

A citação acima, conforme anunciado, é de um livro. A imagem, idem, é de um filme. E, entre um e outro, eu me comunico, estabelecendo conexões, instigando, perturbando, evitando sentir ódio, até mesmo – e principalmente – de quem precisa do referido ódio para se sentir vivo. Senti-me tão estapeado diante desta imagem (num sentido reflexivamente negativo, apesar do filme ser ótimo) quanto estou a sentir diante do livro (que é genial da primeira à última letra): eu estou clamando, gente! É tão difícil assim entender ou fazer algo?! Socorro!

Wesley PC>

A VIOLÊNCIA TRANSFORMA!

“A coisa mais diferente que me aconteceu: fui a um enterro em Ribeira do Pombal e, na volta, dois motoristas irmãos alcoolizados perderam o controle das motos e caíram. Um deles no acostamento, outro no meio da pista: um carro passou por cima da cabeça. Não vimos o acidente no momento em que aconteceu, mas eu vi o resultado. Um homem adulto, com os olhos esbugalhados, com o crânio aberto e dois pedaços de cérebro no asfalto: viver tem dessas”...

Recebi esta mensagem de celular na tarde de hoje e, diante da notícia em pauta, iniciei a minha resposta com um chavão sincero: “morrer tem destas – sobreviver também!” Minha mãe via um desenho animado na TV, enquanto eu pedia para que ela preparasse pipoca, pois tencionava assistir, finalmente, à famosa regravação do francês Alexandre Aja para um clássico sociológico de terror do Wes Craven. Noutras palavras: eu gostei de “Viagem Maldita” (2006) mais do que o original de 1977. Seria uma heresia? O filme mais recente é didático em excesso e equivocado em seu fetichismo da agilidade mortífera, mas algo naquelas canções ‘country’ e no óbvio denuncismo antibélico me impressionou... De que adianta?

Insatisfeito que fiquei em apenas responder à mensagem acima, aproveitei a deixa para uma declaração afetiva, mui respeitosa, em inglês. Não obtive resposta, nem era mais tempo para tal. Pus uns discos de música cigana para serem baixados no computador e rodopiei pela sala: viver tem disso também. Resta-me aproveitar!

Wesley PC>

COMO SE FOSSE UMA IMAGEM INTERDITA, DE PURO E SIMPLES AFETO:

Apesar de constar no cartaz do filme, esta imagem diz muito mais sobre ele do que se espera que uma metonímia publicitária revele. Será que ajudaria se eu não revelasse o nome do filme e elogiasse o primor deste plano fílmico pelo tanto de afeto que ele demonstra em relação a uma personagem que se dispõe a ser escorraçada por causa de um tique psicológico a que as condições de sua era não deixam evitar? Que era seria esta, eu pergunto. Quando esta personagem arreganha suas pernas, depois de vários minutos de elogios acumulados por sua singeleza, é como se eu me irmanasse a ela por ter utilizado o sinônimo equivocado do ato fecal numa conversa trivial que era beneficiada pelas expectativas familiares de um amor tardio e não-correspondido. Cito Eça de Queiroz a partir de agora:

“O fato é que eu – que sou naturalmente positivo e realista – tinha vindo tiranizado pela imaginação e pelas quimeras. Existe, no fundo de cada um de nós, é certo – tão friamente educados que sejamos – um resto de misticismo; e basta às vezes uma paisagem soturna, o velho muro dum cemitério, um ermo ascético, as emolientes brancuras dum luar, para que este fundo místico suba, se alargue como um nevoeiro, encha a alma, a sensação e a idéia, e fique assim o mais matemático ou mais crítico – tão triste, tão visionário, tão idealista – como um velho monge poeta”.

E, no plano da minha realidade, as cadelas aguardam ansiosas pelo momento em que as tabuas de madeira serão afastadas das portas dos quartos de seus entes queridos. É madrugada, preciso dormir! Mas que não pensem que deixei (ou consigo deixar) de amar, de amar mais, de sofrer por amar...

Wesley PC>