quinta-feira, 2 de abril de 2009

DEVO GUARDAR O MEU LAMENTO (PRA QUANDO ESTIVER SOZINHO)?


Acho que não preciso recitar a letra da canção da Diana aqui para que saibam do que vou falar... O assunto de sempre, a agonia de praxe, mas, a fim de que eu não entedie crassamente os futuros enxugadores dos produtos aquáticos de minha dor, reverencio aqui um dos filmes mais tristes, bonitos e originais que já vi em vida: “Lágrimas de Palhaço” (1924), dirigido pelo imigrante sueco Victor Sjöstrom – que, em terras norte-americanas, foi rebatizado como Victor Seastrom. Segue breve resumo do filme:

Paul Beaumont (vivido pelo gótico Lon Chaney) é um cientista francês que tenta provar os fundamentos científicos para a relação entre o Humanismo e a Evolução em larga escala dos seres humanos. Numa conferência profissional, ele expõe os resultados de suas pesquisas, mas, dada a inviabilidade vendável das mesmas, ele é estapeado em público pelos outros cientistas, sendo que um deles tem um caso com sua esposa, que, ao saber que ele foi expulso da ordem científica, estapeia-o violentamente também. Desiludido e abandonado, Paul resolve trabalhar como palhaço num circo e monta um número em que é compulsoriamente esbofeteado por 60 (repito: sessenta) palhaços anões. Obviamente, para a glória de um público avidamente sádico (formado, inclusive, pro crianças), o espetáculo é prenhe de sucesso, até que Paul se apaixona por uma bailarina trapezista do circo, por sua vez, apaixona por um homem mais jovem. Resignado, Paul descobre que sua amada está sendo incluída nos planos malévolos de um aproveitador monetifágico, que liberta os leões do cativeiro e estes ferem o demiúrgico palhaço, que morre em pleno espetáculo, sendo espancado por seus companheiros de trupe, que não sabiam de suas dores físicas e espirituais.

Somente por sua trama, este filme tenderia a ser uma de minhas preferidas “estórias de vida”, mas a habilidade do seu diretor em expressar todos os sentimentos e angústias do personagem em fantásticas soluções visuais despedaça o coração de qualquer ser sensível que se disponha a acompanhar esta produção inigualável da era de ouro hollywoodiana, em minha opinião, a era mais frutífera, quando os filmes eram mudos. Pena que seja um filme tão difícil de achar... Vi-o faz tempo, quando o irmão sovina de um antigo professor trouxe esta perola gravada por acidente num VHS televisivo, mas revivo aquelas sensações inesquecíveis a cada dia singular de minha vida. Afinal de contas, como diz a epígrafe do filme,

“Na amarga comédia da vida, já foi muito dito que o melhor sorriso é justamente o último”...

Wesley PC>

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