sábado, 22 de setembro de 2012

O PESADELO, AS VOZES, O MEDO DA SOLIDÃO, O ESTUPRO RETÓRICO, TUDO JUNTO!

Na madrugada de hoje, sonhei com um rapaz bonito nu. Um rapaz que estuda comigo e que possui uma expressão perene de tristeza em seu lindo rosto. Brinco que ele é um sobrevivente do suicídio e ele sorri. E fala comigo quando está bêbado, como se pudéssemos ser amigos. Podemos, quem sabe?

No sonho, ele pregava a volta de Jesus Cristo à Terra. Eu ouvia e acreditava nele, mas queria vê-lo nu. Seu corpo despido, porém, era o de outra pessoa que conheço. Mas não um mau corpo, não um corpo ruim (como se houvesse). Senti-me um perversor, por ter desvirtuado o rumo de sua prosa profética. Ele pareceu entender o meu afã desejoso (no sonho), mas, acordado, ele ainda não se manifestou acerca da mensagem dúbia de celular que lhe enviei...

Enquanto isso, espero a oportunidade para assistir a “A Fidelidade” (2000, de Andrzej Zulawski), cujo fotograma mostrado acima contempla muito bem o meu estado de espírito atual: uma angústia erótica, permeada pela necessidade de deixar de ouvir as vozes rudes dos cinco seres violentos que me assaltaram. Está difícil encarar os objetos sem meus óculos. Mas, com esforço, eu consigo. Estou tentando... E ouvindo um disco do Jards Macalé!

 Wesley PC>

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

TUDO AQUILO QUE SE PASSAVA NA CABEÇA DE UMA PESSOA DURANTE UM ASSALTO (MINHA VERSÃO)

Depois de um dia tolhido pela melancolia e de uma noite aprazível (no plano intelectual), aconteceu algo que periga mergulhar o meu subconsciente já atormentado por diversas angústias em um novo trauma: fui assaltado. Desci do ônibus num praça católica, ouvi alguém chamar o meu nome ao longe, desdenhei, caminhei um pouco, percebi algumas pessoas se aproximando, ignorei e, de repente, me vi cercado por cinco rapazes, sendo que um deles apressou-se em me dar um soco na cara, quebrando os meus óculos, deixando-me atônito, "o que está acontecendo?!", relógio quebrado, corrente com crucifixo puxada, olho doendo, angústia de perder os meus pertences acadêmicos, bornal levado de mim, eu sem saber o que fazer logo em seguida...

Fui até uma delegacia, sem saber como se presta queixa, angustiado por causa do sumiço de minha agenda erótica, mas a pessoas que me atendeu ignorou o meu clamor. Um motoqueiro surgiu de repente e me levou até um posto policial. Um funcionário bonito e simpático sorria para mim, enquanto empunhava uma metralhadora imensa. Perguntou se eu queria comprar uma arma, aconselhou-me a prestar queixa, deixou-me em casa, milhões de pensamentos amedrontados se misturando em minha cabeça, até que, pouco tempo depois, alguém me liga, dizendo que encontrou o meu caderno. Era uma guria com quem estudei aos doze anos de idade, na sexta série. Ela tinha um filho bonito, que tentou me consolar, entregando os meus pertences. Eu agradeci, mas não sabia ainda o que sentia: estava vivo, agradecido, virginal, preservado. E, afinal, encontrei o que tinha mais valor naquele bornal: o caderno, a agenda, minhas apostilas e um bloco de notas. E estou com a correntinha com o crucifixo no pescoço. Obrigado, Senhor!

Wesley PC>

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

E, AFINAL, EU MATARIA?

Na cena que mais me impressionou em "Tony Manero" (2008), árduo filme chileno do diretor Pablo Larrain, o amargurado protagonista (Alfredo Castro) defeca no terno branco daquele que parece ser o seu melhor amigo, com receio de que este vencesse o concurso de sósias pelo qual ele tanto anseia por participar. Angustiei-me de ver tal ato de desespero, de inveja, de carência, de fracasso moral, afinal suprimido por uma seqüência política sutilmente avassaladora: o filme é uma grata surpresa!

Assisti a este filme na TV, nos intervalos lamentosos de um somatório de abandonos masculinos que eu não fui capaz de resolver: cavei a minha sina, arcarei com as conseqüências, talvez tenha perdido a minha principal muleta carnal no enfrentamento de minha solidão diuturna. É bem-pregado: quem mandou eu ser um violentador? Um ser que destrói?

Não por coincidência, é justamente assim que se manifesta o protagonista Raul: assassina uma velhinha para roubar-lhe a televisão a cores, com a qual pagará os ladrilhos de vidro que planeja pôr no chão do bar em que dança aos finais de semana; rouba qualquer um que lhe passa pela frente, a fim de assegurar esta obsessão, que chega mesmo a lhe causar impotência sexual diante de uma prostituta que parece estar apaixonado por ele. Espanca até a morte o projecionista de um cinema, somente para assegurar a posse de uma cópia do filme "Os Embalos de Sábado à Noite" (1977, de John Badham), pelo qual é tão obcecado que já o reviu trocentas vezes, a ponto de decorar todos os diálogos em inglês. Temi me identificar com a aflição malévola do personagem: Deus me livre de ser invejoso! Estou com medo do desamparo que se manifestará daqui por diante, mas assumo a minha culpa: eu cavei o meu desgosto. Eu sou um ser que destrói...

Wesley PC>

terça-feira, 18 de setembro de 2012

NÃO É QUE EU NÃO QUEIRA ESCREVER, MAS É COMO SE EU DESTRUÍSSE QUEM ESTÁ AO MEU REDOR...

" - Por que tu estás aqui? 
- Porque somos amigos.
- Não somos mais!
- Como assim? Isso não pode se acabar deste jeito! 
- Pode sim. Não somos mais amigos. Basta discutirmos e pronto: nunca mais nos falamos. Queres que eu ponha um cartaz diante de tua porta? NÃO SOMOS MAIS AMIGOS!"

O diálogo acima  está no filme "Sonhando Acordado" (2006, de Michel Gondry), de onde extraí também esta tímida imagem da nudez do Gael García Bernal. Mais eu não posso falar, por enquanto. Estava achando o filme inofensivo, maquínico, mas, de repente, ele foi no ponto-chave de minha dor, de minha ferida aberta e enfiou a espada incandescente do diálogo ressentido. Tive que me render à estética videoclipesca e supra-romântica do filme. Eu sou um idiota!

Wesley PC>


segunda-feira, 17 de setembro de 2012

A LUZ ATRAI...! A LUZ TRAI?

São pouco menos de 18h. Apesar da dor subjacente, atrever-me-ei a subir num ônibus em alguns minutos. É preciso, devo enfrentar um agouro imaginário que me toma de assalto há mais de uma semana. Talvez as consequências sejam ainda mais doloridas que a inanição viciosa, mas, pelo menos, haverá o diferencial da escolha: eu conduzirei os meus sentimentos e seus efeitos!

 Na noite de ontem, antes de dormir, assisti a um típico arrasa-quarteirão hollywoodiano de ficção científica: “Skyline – A Invasão” (2010, de Colin Strause & Greg Strause). Não esperava que o filme fosse bom (aliás, ele é mal-falado até mesmo por seu público-alvo), mas a estranha presença do sensual Eric Balfour me levava a querer conferi-lo mesmo assim. Para minha surpresa, não apenas achei os efeitos especiais impressionantes como algo nos subterfúgios moralistas do roteiro me chamou a atenção. Pena que o final seja ao ridículo e fracamente oportunista no que tange a possíveis continuações. Era óbvio que eu teria um pesadelo depois disso!

 No sonho, eu e um amigo aguardávamos a nossa vez num sorteio de almoços dentro de uma igreja católica. Eu tinha a senha número 52 em mãos, ele a número 33. Fui chamado antes dele, mas não pude comer a quentinha que me ofereceram, pois havia carne no cozimento do feijão. De repente, eu estava numa casa prestes a ser destruída numa enchente. Na TV, noticiavam a morte do cartunista Ziraldo, enquanto sua amiga Hebe Camargo chorava copiosamente, ao ser informada do fato. Do outro lado de uma ligação telefônica, meu amigo chorava por ter engravidado uma desconhecida. Por dentro, eu pensava “bem-feito!”, mas, por fora, eu disse: “estarei a teu lado, pro que der e vier!”. Acordei. Quem gostaria de evitar uma luz tão sedutora, que até parece um portal para o Paraíso? 

 Wesley PC>

HOJE EU ESTOU CHATO (E SINTO DOR)!

Antes de dormir, minha mãe esfregou um gel canforado em minha casa: sentia dor de cabeça. A dor não estava muito forte, mas prerrogativas psicossomáticas conduziam esta dor a uma sensação insuportável, a um incômodo exacerbado, cuja gênese é predominantemente moral (na asserção mais socializada do termo). O diferencial em relação ao tipo de angústia que eu costumo enfrentar é que, para além dos aspectos psicóticos da dor, de fato eu estava sendo afligido por uma patologia física, advinda de complicações sinusíticas recorrentes. Oficialmente, estou experimentando a terceira grande crise de enxaqueca de minha vida. E uma cobrança interna muito grande por causa dos descaminhos de minha virgindade promíscua. Eu sou um otário, não tenho nem coragem de pregar o meu pênis. Felizmente, visto que isto não resolveria o meu problema. Tampouco, adentrar num templo da Igreja Universal do Reino de Deus. Mas, por que estas possibilidades absurdas são aventadas por meu subconsciente dolorido? Pulsão de morte, só pode ser... Preciso de ajuda, de terapia carnal. Socorro!

 Wesley PC>

domingo, 16 de setembro de 2012

“TIVE UMA DEPRESSÃO. E NÃO ESTOU ME REFERINDO A UMA DEPRESSÃO DE ESTRELINHA...”

Começo com um amplo pedido de desculpas e uma declaração de inaptidão: por mais que eu me esforce, não consigo entender o que é depressão. Sei que é uma doença gravíssima, conheço pessoas que padecem deste mal, mas insisto em atrelá-la a fatos traumáticos, dolorosos e observáveis. É um erro. Mas assumo-o como tal: é meu erro!

 Na manhã de hoje, afligido por “uma dor triste, um coração cicatrizado”, assisti a um filme absolutamente impressionante: “O Inferno de Henri-Georges Clouzot” (2009, de Serge Bromberg & Ruxandra Medrea), documentário sobre uma obra inacabada de 1964 que deu origem ao atordoante filme de Claude Chabrol, “Ciúme – O Inferno do Amor Possessivo” (1994, comentado aqui). Para além de minha identificação pessoal (não em primeira pessoa, mas em terceira) com o tema, o que mais me afligiu no documentário foi a descrição exaustiva dos fatores que engendraram a inconclusão do filme: desentendimentos com os atores, um infarto do diretor, discrepâncias atrozes entre a meticulosidade técnica do cineasta e as suas aplicabilidades, etc.. O fato é que o filme tocou em pontos que ameaçam trazer novamente à tona a enxaqueca que me afligiu nos últimos dias.

 No roteiro original, seguido à risca por Claude Chabrol, o proprietário de um hotel à beira de um lago crê que sua bela esposa lhe é infiel. Crê tanto nisso que a persegue, a destrói. O cineasta responsável por este enredo sofria de insônia crônica, a ponto de incomodar quem conseguia dormir em plena madrugada. Ele os despertava, a fim de discutir questões consideradas inapropriadas para aquele horário. E as paixões afloravam, os gritos tornavam-se estridentes, as brigas tornavam-se físicas, a depressão se instalava. E Henri-Georges Clouzot atestava: “é preciso ir até o final de nossa loucura. Ir até o fim, Assumir até o fim”. Chega! Não posso escrever mais!

Wesley PC>