sábado, 28 de janeiro de 2012

“DEVO, NÃO NEGO. PAGO QUANDO PUDER”

Por causa da prova universitária a que me submeterei na segunda-feira pela manhã, pensei em deixar meu telefone celular desligado neste fim de semana, a fim de não ser “tentado” por convites que me afastem da dedicação estudiosa obsedante. Depois que uma colega de trabalho me convidou justamente para sair com ela e estudarmos juntos para a referida prova, repensei a minha decisão e deixei o celular ligado, não obstante permanecer firme na obrigação de reler e fichar os textos-base requeridos para a tal prova. Eis que me surge um convite: fui convidado por alguns amigos íntimos e muito queridos para vermos juntos “O Artista” (2011), filme do francês Michel Hazanavicius que está obtendo um impressionante sucesso de público e crítica depois que foi indicado a 10 prêmios no Oscar deste ano. O detalhe: o filme é mudo e em preto-e-branco. Conclusão: eu preciso ver este filme!

Não sei se é necessário acrescentar ao parágrafo anterior que, na verdade, eu mesmo me convidei para ver este filme entre amigos. Estou ansioso para saber como o diretor do filme, do qual ainda não assisti a nenhuma das obras precedentes, conseguiu dignificar um gênero em extinção no cinema: a comédia muda. Apesar de o ‘trailer’ ser empolgante, ao mesmo tempo os vislumbres da trama parecem meras repetições de filmes clássicos como “Cantando na Chuva” (1952, de Stanley Donen & Gene Kelly) e “A Roda da Fortuna” (1953, de Vincente Minnelli). O que, mais uma vez, dota o filme de interesse: como o diretor conseguiu reverenciar os filmes da “era de ouro” hollywoodiana num contexto cultural em que a perda da historicidade é quase uma regra? Estou curioso para saber. Empolgado também, mas muito mais inquisitivo e curioso. Por este motivo, creio que seja hora de tomar banho e preparar-me para a sessão. Depois eu volto com outro assunto: neste fim de semana, estarei tenso demais por causa da prova vindoura. É nessas horas que eu percebo o quanto sou estandardizado!

Wesley PC>

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

O SILÊNCIO FOI A PRIMEIRA COISA QUE EXISTIU...



...E uma das poucas a permanecer depois que acaba!




Wesley PC> (como se fosse triste, sôfrego, cansado, ansioso, temente a Deus)

“FINGEM DIZER UMA COISA E DIZEM OUTRA, FINGEM SER FRÍVOLAS, MAS, AO SITUAREM-SE PARA ALÉM DO CONHECIMENTO DO PÚBLICO, REFORÇAM O ESTADO DE SERVIDÃO.”

Assim proclamam Theodor Adorno e Mar Horkheimer , acerca dos produtos da Indústria Cultural, na canônica obra literária “Dialética do Esclarecimento”, publicada originalmente em 1947, que firmou definitivamente as bases do que hoje conhecemos como Teoria Crítica da Escola de Frankfurt. Complicado para mim ler algo tão determinista e prenhe de razão como isso e, ao mesmo tempo, sentir um mínimo de prazer durante a audiência de “Glee 3D – O Filme”, dirigido em 2011 por Kevin Tancharoen. Trata-se de um paradocumentário sobre os bastidores de uma turnê do concerto promovido pelos personagens do seriado televisivo “Glee”, do qual apreciei deveras a primeira temporada, achei mediana a segunda e, por ora, não me disponho ou sinto interessado a ver a terceira. Baixei o sétimo volume dos discos com a trilha sonora da telessérie na noite de ontem, por mera convenção de fã quase desistente e, por mais que eu admita o quão esta série é deletéria em seus intuitos comerciais (que ficam ainda mais evidentes no documentário), não consigo deixar de me identificar ou emocionar com uma ou outra passagem dalguns episódios. Gosto dos personagens: isso talvez não tenha cura imediata!

Além de mostrar os bastidores do concerto, “Glee 3D – O Filme” também se dedica a contar as estórias de vida dalguns fãs inveterados cujas vidas foram “mudadas” pelo seriado: um homossexual adolescente que se sentiu confiante para assumir a sua pederastia depois que um dos personagens da série fez algo parecido; uma jovem gorda e portadora de Síndrome de Asperger que passou a cultivar um ciclo de amizades direcionadas depois que a série estreou; e uma anã que vence o concurso de Rainha do Baile na cerimônia de formatura de seu colégio. Histórias superficiais de vitória e superação que só denotam a verve auto-ajudante do seriado, no sentido mais criticável do termo. Eis o que mais me incomoda na terceira temporada do mesmo, aliás. Ao invés dos conflitos e dilemas envolvendo os romances não-correspondidos de outrora, estes episódios mais recentes centram-se em dramas pretensamente mais “adultos”. A maioria dos amigos que também apreciam o seriado está apreciando bastante esta nova fase, enquanto eu particularmente estou desgostando. Evitando, até! Queria eu que fosse pelos motivos frankfurtianos que intitulam esta postagem, mas não sei se é apenas por isso. Derrotismo na tela é algo que vicia, no plano da identificação, e, nesse sentido, não estou sendo mais retroalimentado. Por isso, os defensores da teoria culturológica que se seguiu à teoria crítica têm também razão ao promulgarem que “até mesmo a estandardização precisa de originalidade”. A derrocada hodierna de “Glee” é uma demonstração cabal desta assertiva!

Wesley PC>

DE COMO PARECE QUE EU SEI PROTELAR AS MINHAS EMOÇÕES...


Para Décio (onde quer que haja um).

Há poucas horas, fui alvo de grande emoção ao abrir a minha caixa de ‘e-mails’: deparei-me com uma maravilhosa montagem imagética, que combinava uma fotografia minha a um desenho magistral do pintor recifense Vicente do Rego Monteiro. Fiquei tão lisonjeado com esta homenagem que me senti imediatamente compelido a redigir um texto de agradecimento. Por outro lado, eu sentia fome e argüia comigo mesmo que talvez fosse conveniente esperar um momento mais adequado para devolver o favor. Aí eu liguei a TV e me deparei com um filme canadense incensado. Apesar de um tanto sonolento, assisti a “Não Sou Eu, Eu Juro!” (2008, de Philippe Falardeau) e não gostei tanto quanto a maioria das pessoas... É normal, acho!

Logo no início do filme, um garotinho de 10 anos acidentalmente tenta se enforcar. Perdi esta cena, mas logo me deparei com situações inusitadas de deslocamento familiar, em que sua mãe o ensina um lição fundamental: “é ruim ter de mentir, mas pior é mentir mal!”. Numa cena posterior, o menino pede que uma amiguinha fique sem calcinha, a fim de que ela possa empinar sua pipa. Pena que ele era insuportável, senão eu me identificaria com ele. Mas ele não quis isso, nem o filme, não sei se por (falta de) talento do diretor – que brincava com um distanciamento aproximado, do começo ao fim, graças á direção de fotografia sumamente estilizada de sua obra – ou por preguiça emotiva de minha parte, que hesitava em me emocionar com uma estória que fazia apologia à amoralidade infantil enquanto recurso de sobrevivência a um divórcio complicado. É um filme triste e engraçado. Só não funcionou comigo!

Após lamentar-se diversas vezes, perguntando a si mesmo o que fez, por que insistiu em errar, o protagonista do filme, Leon (corajosamente interpretado pelo pequeno Antoine L’Écuyer), tenta, afinal, suicidar-se novamente, pondo sua cabeça na trajetória de uma bola de boliche. Imagina-se conversando com sua mãe, na Grécia, comentando com ela sobre a beleza de um céu azul. E, nesse instante, diante do logotipo do canal Futura, eu me imaginava perguntando a mesma coisa a um rapazola de Paripiranga, cidade do interior baiano, enquanto imagina como faria para agradecer sutilmente a um correspondente virtual de nome Décio pela belíssima homenagem, a qual será postada neste ‘blog’ (e em muitos outros lugares) muito em breve. Na falta de palavra melhor, de demonstração mais fecunda de que, apesar de protelada, emoção é, ainda, emoção, eu repito o que sinto gritando OBRIGADO!

Wesley PC>

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

ATIVAÇÃO --> REFORÇO --> CONVERSÃO: O ESQUEMA SEMINAL REITERADO DOS ANSEIOS EJACULATÓRIOS DA CINEFILIA PARA-FORMULAICA:

Os pôsteres húngaros para o filme “Shame” (2011, de Steve McQueen), concebidos pelo artista Márton Kenczler, causaram polêmica por causa da exposição desmedida de elementos eróticos que metonimizam o caráter sexual vicioso do filme. Ainda não vi o filme, mas estou ansiosíssimo (ainda que um tanto apreensivo) para conferir esta nova parceria entre o diretor britânico Steve McQueen e o talentoso e musculoso ator Michel Fassbender. Ambos já haviam me impressionado deveras no filme anterior, “Fome” (2008), sobre as conseqüências (auto)destrutivas da prisão de um militante do IRA (Exercito republicano Irlandês) e agora escolheram como tema a (auto)destruição decorrente da subsunção exacerbada ao sexo. Na sinopse do filme, fala-se sobre o desconforto que o protagonista sente depois que é obrigado a dar guarida a sua irmã desestruturada, o que já antecipa um contexto incestuoso que muito me interessa. Para além do sobejo justificado e estruturado de seqüências dramáticas de nudez total masculina, o que mais me chamou a atenção no deslumbrado material de divulgação do filme é o anúncio de uma situação envolvendo um constrangedor flagrante de masturbação. Ainda não há previsão oficial de chegada do filme ao Brasil (fevereiro, talvez), mas, desde já, sinto-me deveras ansioso em convencer a mim mesmo que talvez o filme não seja hipocritamente imbuído dos julgamentos moralistas que abundam quando o cinema hollywoodiano se dispõe a tratar de temas similares. Os currículos conceituados (e, felizmente, desavergonhados) da equipe técnica inglesa do filme me enfeitiçam aprioristicamente numa direção contrária. E, antecipando latejantes reações genitais ao filme, eu repito para mim mesmo: tomara...

Wesley PC>

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

A SOLIDÃO É CARCINOGÊNICA E O MUNDO NÃO É JUSTO...

"A infelicidade não consiste em que os amantes não possam ficar juntos, mas em que não consigam compreender-se. Essa aflição é afinal inteiramente mais profunda que aquela da qual as pessoas falam; pois uma tal infelicidade visa ao amor e fere para a eternidade, ao inverso da outra, que não nos atinge senão no exterior e por um certo tempo, e que para as almas generosas não é senão uma brincadeira, como o fato de os amantes não se unirem no tempo.”

O excerto literário faz parte das “Migalhas Filosóficas” de Soren Aabye Kierkegaard. A imagem acima pertence ao filme “Beleza Americana” (1999, de Sam Mendes), que não revejo faz um bom tempo. Vi este filme duas vezes no cinema e, à época, surpreendi-me deveras com o modo audacioso com que ele associa a masturbação matinal do enfadado protagonista ao melhor momento do seu dia. Se eu revisse o filme hoje, tenho certeza de que me incomodaria deveras com o seu conservadorismo. E o mundo é injusto, como disse há pouco um rapaz gracioso que trabalha comigo. Sou desses que amam e esperam. Ponto.

Wesley PC>

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

O QUE EU TERIA PARA COMPARTILHAR?

Acabo de ver um filme italiano desconhecido há pouco. “Qualcosa da Condividere” (2010, de Tiziano Paltrinieri), sobre um rapazola metido a artista que se muda para uma cidade do interior e se apaixona por uma moça linda e cantora, que tenta ensiná-lo a ser artista de verdade, por assim dizer, num contexto localista e avassalado pela sinceridade sentimental. Ela descobre que ele o filmava nas ruas há algum tempo. Ele é boboca e passivo e volta e meia apagava os inícios de romance que redigia. Ao final, uma canção romântica anglofílica será o corolário de um namoro bem-sucedido...

Pois bem, na vida real, as coisas são diferentes: na noite de ontem, fui buscado no trabalho por um amigo com um problema e relacionamento. Não que não amasse a sua companheira evangélica ou não estivesse satisfeito sexualmente com ela, mas ele não parecia disposto a entender por que ela insiste que ele não a entende. Dizendo de outra forma: depois de sorrir e comentar que desejava fazer sexo com ele, ela reclama que não se sente feliz, que nunca estará satisfeita e que se incomoda bastante com o fato de saber que vai morrer um dia. Ele foi irônico com ela, perguntando o que isso a fazia diferente de qualquer pessoa. Ela se afastou dele, mas, pelo que já soube, conversou e se desculpou antes da noite acabar. E hoje é aniversário de 21 anos do menino bonito e comprometido que trabalha comigo...

Enquanto os fatos acima transcorriam, eu me dedicava à parca organização de meu currículo Lattes e às correções definitivas de meu projeto de Mestrado sobre os paradoxos entre vendabilidade e contestação política nos filmes pornográficos produzidos na primeira metade da década de 1980 no Brasil. A vida é assim mesmo. Cada um a enfrenta de formas diferentes, alguns sozinhos, outros acompanhados. E eu aqui pensando: será que um dia conseguirei achar alguém para namorar num bate-papo virtual? A resposta é NÃO, mas eu me meto a pensar este tipo de babaquice ainda assim. Como o filme italiano demonstra, na figura da personagem de meia-idade que passa o dia diante do computador, conversando com rapazes mais novos e desdenhosos, pelo menos não sou o único: não estou sozinho nem mesmo nisso!

Wesley PC>

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

UM LEVE SUMIÇO (E UMA EX-FUNCIONÁRIA QUE PARECE A VOVÓ DONALDA)...

Hoje, acordei às 4h15’ da madrugada. Precisava estar na Universidade às 6h, por conta de uma viagem a um município do interior sergipano e descobri, a duras penas, que os ônibus das 5h30’ costumam ser cheios. Nada que eu não fosse capaz de enfrentar, entretanto. Viajei, fiz bem o meu trabalho, comi, ouvi um disco do Portishead na viagem de volta. Foi bonito. Havia um cavalo morto na pista, mas deve ser normal...

Cheguei no meu local habitual de trabalho pouco antes das 14h. Sorri. Comi novamente. Aproveitei um tempo livre noturno para fotocopiar alguns documentos e, enquanto conversava com uma adorável colega de trabalho, lembrei que uma funcionária aposentada parecia a Vovó Donalda. Ela sorriu. Disse que precisava muito disso naquele instante e me agradeceu. Eu fiquei contente: é como se eu tivesse uma função no mundo!

Wesley PC>

domingo, 22 de janeiro de 2012

É POSSÍVEL QUE NOS SINTAMOS MAIS ESTÚPIDOS APÓS LER ALGO?

Quem acompanha este ‘blog’ há algum tempo, sabe que, em meio aos clássicos da Literatura e obras iconoclastas que me interessam, submeto-me eventualmente a livros de baixo calão, escritos por (sub)personalidades como Paulo Coelho ou Bruna Surfistinha. Em ambos os casos mencionados, o motor de interesse era o mesmo: atingir, de alguma forma, um rapaz que muito me interessava, mas que, concomitantemente, atirava-me um desprezo paradoxalmente combinado com uma admiração influente que ameaçaria cair por terra se ele próprio não mantivesse uma relação inconfessadamente atrativa com os títulos em questão. Tal como eu, este rapaz desejado é também um fruto do tempo hodierno e sente na pele e no intelecto as conseqüências dilacerantes de uma contemporaneidade que lima quem se arrisca a ser (e/ou parecer) inteligente. Isto me serve enquanto justificativa? Não? OK, vamos ao parágrafo seguinte:

Na manhã de hoje, como parte das leituras obrigatórias para a prova de Mestrado a que pretendo me submeter no próximo dia 30 de janeiro, li um artigo do professor norte-americano de Filosofia da Educação Douglas Kellner. O nome do artigo era “Cultura da Mídia e Triunfo do Espetáculo” e fora publicado no Brasil no livro organizado por Dênis de Moraes “Sociedade Midiatizada”, lançado em 2006 pela editora Mauad. No artigo em pauta, o autor cita a si mesmo diversas vezes para explicar-nos por que ele diverge das concepções do situacionista francês Guy Debord e comenta que os pareceres deste autor são radicais e não condizentes com a atualidade, visto que ele não leva em consideração as situações em que o espetáculo “falha”, como, por exemplo, quando Michael Jackson é desmascarado pelo público quando tentava parecer mais negro do que era num concerto em família. Sim, vocês leram corretamente: este é o ridículo argumento comparativo de Douglas Kellner!

Diz ele: “estou ciente de que a concepção de (Guy) Debord sobre a sociedade do espetáculo sobrepuja a minha própria análise sobre as contradições do espetáculo. Um debordiano poderia argumentar que, apesar das vicissitudes do espetáculo do McDonald’s, do espetáculo da Nike acerca de suas práticas de trabalho, e outras contradições e contestações s espetáculos dentro das sociedades capitalistas contemporâneas, ainda assim o capitalismo continua a existir mais poderoso do que nunca (...) Apesar deste argumento ser difícil de rebater diante da contínua hegemonia global do capital, acho que é útil analisar as contradições e contestações do espetáculo dentro de sociedades específicas para esclarecer a noção de que os espetáculos políticos são todo-poderosos e avassaladores.” (‘apud’ MORAES, 2006: 136-137). Hã? É isso mesmo?! Pois é, leitores camaradas e queridos, segundo este tal de Douglas Kellner, a concepção generalista do Guy Debord pode ser corrigida e atualizada com base em exemplos direcionados do cotidiano estadunidense. Há o que se contestar depois disso? Pelo sim, pelo não, eu é que não releio este artigo, sob pena de emburrecer antes da prova. Será que eu e o autor lemos o mesmo livro? A minha interpretação debordiana segue outro âmbito, no qual, sim, sim, eu sou muitíssimo culpado de alimentar – inclusive, com esta postagem – a sociedade espetaculosa que intento criticar aqui. Eis, mais uma vez, o paradoxo!

E sim, sim: da mesma forma que Guy Debord e seus amigos desprendiam bastante tempo nos cafés parisienses paquerando as moçoilas transeuntes – conforme vimos, inclusive, no ótimo curta-metragem “Crítica da Separação” (1961), dirigido pelo próprio Guy Debord – eu permaneço – e permanecerei eternamente, por mais que tentem me provar o contrário – apaixonado pelo rapaz que, involuntariamente ou não, me levou a ler e resenhar “O Doce Veneno do Escorpião” e “O Diário de um Mago”. Sou destes, fazer o quê?

Wesley PC>

A MINHA RECOMPENSA...

“Ingressamos globalmente, e, de pronto, sem retorno, na era da plutocracia. Há fila para ajoelhar-se ante o dinheiro. O desinteresse, a solidariedade social e a mística do serviço público são enviados para o arquivo morto dos valores obsoletos. A guarda pretoriana do pós-modernismo rotula de jurássicos aqueles que ousam invocar verdade e razão, justiça ou valores.”

O excerto textual acima pertence ao professor venezuelano Antonio Pasquali , enquanto a imagem e a indagação reticente do título fazem menção ao surpreendente filme “Rollerball, os Gladiadores do Futuro” (1975, de Norman Jewison), visto por mero acaso nesta tarde de sábado. Liguei a TV e o filme estava começando, sentei para vê-lo e, de repente, me percebi favoritando-o: fiquei refém da complexa trama sobre individualidade, que, como não poderia ser diferente da praxe, é requisitada a partir de um amor interrompido.

No filme, o protagonista Jonathan E. (James Caan) é o principal jogador do violento esporte futurista Rollerball. Ele já venceu diversos jogos e uma dominante corporação obriga-o a se aposentar, visto que a exposição egrégia de uma figura individual é prejudicial ao sistema de desmemoriamento antibélico apregoado pelos representantes da classe aquisitivamente mais alta do enredo. Num dado momento, sua ex-mulher, impedida de amá-lo e de ser amada, reaparece, com o intuito de convencê-lo a abandonar o esporte que o torna famoso. E, naquele instante, ao som do magnífico “Adágio”, de Tomaso Albinoni, eu amei o filme. Amo-o ainda: sou fã do Norman Jewison agora!

Wesley PC>