segunda-feira, 16 de março de 2015

“PESSOAS ABSTRATAS COSTUMAM CAMINHAR BASTANTE!”

O veredicto foi dado por uma bela rapariga, aficcionada por egiptologia e mapas astrais, quando conversávamos sobre um amigo em comum, que dançara bastante na madrugada de sexta-feira para sábado, enquanto eu fazia amor com alguém que amo. Na ocasião, eu externava um pesadelo metalingüístico que me intrigara na noite anterior: uma amiga que padece de câncer lecionava Matemática Computacional, disciplina técnica em que, sabe-se lá por qual motivo, eu encontrava-me matriculado. Porém, não lembrara que era manhã de prova, não estudei. Sendo inevitável tirar zero na prova, sentei-me no fundo da sala, onde um rapaz desconhecido que morava num dos bairros mais difamados de Aracaju solicitava-me que eu falasse com sua avó falecida, visto que ele presumia que eu um médium potente. De fato, comecei a ouvir a voz da idosa morta há algum tempo, mas despertei e percebi que a voz provinha de um aparelho de TV no quarto ao lado, onde meu irmão e minha cunhada dormiam. Estranhei, entretanto, a posição de minha cama. Olhei para o calendário: estávamos em 1988. Despertei novamente, francamente assustado!

 Amanheceu, e passavam das dez horas: havia marcado para estar em casa de um amigo às 9h, onde veríamos juntos “A Dança da Realidade” (2013), filme mais recente do genial Alejandro Jodorowsky. Infelizmente, não apreciei deveras o pendor indulgente acerca da tirania paterna nesta autobiografia fantasiosa de seu genial diretor. A amiga mencionada no primeiro parágrafo tremia de emoção, ao passo em que eu e o anfitrião nutríamos uma antipatia tangencial pelo conteúdo do filme. Noutro canto da cidade, o rapaz para o qual o veredicto do título servia de carapuça era tachado de “inimigo do ritmo”, por ter dançado de forma desengonçada na madrugada. Disse-lhe eu, via SMS, como consolo sincero, nesta manhã de segunda-feira: “ritmo não possui inimigos; inimigos, sim”. Era o meu veredicto!

 Wesley PC>