sexta-feira, 3 de abril de 2009

O TEMPO, QUE PASSA...


Em 1992, véspera do ano em que me converti fanaticamente à Igreja, conheci uma criança de 9 anos, loira, ingênua, tagarela, belíssima. Apaixonei-me violentamente por ele, quiçá a primeira paixão fulminante de minha vida. Ele chamava-se Itamar, obviamente era virgem, ao contrário de mim, violentamente maculado pro homens e mulheres mais velhas. Fingindo-me de adivinho (eu prestava muita atenção em tudo o que ele conversava com outras pessoas e depois jogava os dados adquiridos, como se tivesse adivinhado seu nome, idade, endereço, etc.), conquistei o seu fascínio. Tornamo-nos amigos.

No dia seguinte a este domingo de missa, estava já em frente à casa de Itamar, brincando juntos, divertindo-nos, fingindo que brigávamos de vez em quando, para que eu tocasse em seu corpo, etc.. Ele me apresentou a vários outros garotos, tivemos muitas atividades e amigos em comum, até que, quando ele completou 14 anos, as diferenças entre seu heterossexualismo promíscuo e minha proto-homossexualidade carente tornaram-se mais intensas, óbvias, dolorosas, perceptíveis... Não podíamos mais conviver tão grudado quanto antes, ele não permitia! Ainda assim, conversávamos bastante, ele me contava seus problemas, enquanto eu suplicava para ver ou tocar em suas partes íntimas ou para simplesmente abraçá-lo, mas ele nunca deixou. Fazer o quê? Acostumei-me com a situação. Lidava razoavelmente bem com isso.

O anos se passaram e, após infinitas tentativas de vê-lo nu ou algo semelhante (já que ele insistia em falar de suas conquistas sexuais e masturbacionais o tempo inteiro, o que me deixava perenemente excitado), no exato dia 7 de setembro de 1999, quando meu cachorro Ludwig van Almodóvar de Castro nasceu, ele apareceu em minha casa, dizendo que, se eu pagasse R$ 50,00, podia “brincar” com seu corpo um pouquinho. Fiquei assustado com aquela proposta: por que assim, de uma hora para outra? E logo pro dinheiro, algo que ambos condenávamos na adolescência? O que importa é que fiquei muito preocupado, descobri que ele estava querendo comprar roupas novas, pois estava namorando. Consegui apenas R$ 30,00 e dei-o de presente (tenho uma estranha apreensão ética, de vez em quando). Não podia “brincar” com seu corpo, mas ele permitiu que (quase) o abraçasse. No ano seguinte, 2002 (eu, com 21 anos de idade; ele, com 19), descobri que sua namorada morava na mesma rua que eu. Mônica era o nome dela...

Não obstante sua justificada promiscuidade (Itamar era e é um loiro muito bonito e conversador), ele estava perdidamente apaixonado pela moça. Conversava ainda comigo e, às vezes, em meio a lágrimas, confessava que a amava quando ela se separava dele, o que aconteceu várias vezes. Um dia, ele chegou até a me oferecer uma camisinha usada por ele e Mônica. Havia o precioso e largamente desejado sêmen no interior daquele fétido pedaço de borracha. Aceitei a oferenda, enquanto esperneava ao som de “That I Would Be Good”, da Alanis Morissette. Não vou contar o que fiz com o sêmen azedo, para poupar o estômago de vocês, mas... Aquele foi um dos dias mais humilhantes (e agradecidos) de minha vida até então.

Separado definitivamente de Mônica, que engravidara de outro homem, que havia o traído (no sentido senso-comunal do termo), Itamar zanzava de mulher em mulher. Encontrávamos-nos ocasionalmente. Ele usava muita cocaína nesta época e, quando meu irmão caçula (com a mesma idade que Itamar) passou a sublocar nossa casa a fim de adquirir porcentagens de maconha, Itamar passou a freqüentar minha casa com regularidade insistente. Não tinha nada a perder, sofria demais nesta época, tentava assediá-lo sempre que meu irmão nos deixava sozinhos. Até que, num dia como qualquer outro, ele deixou. Permitiu que eu manuseasse seu pênis, causasse uma ereção, alisasse os seus testículos, sem cobrar nada por isso. Extasiado, eu soltei o referido órgão sexual depois de algum tempo, ao que Itamar perguntou, em tom imperativo: “oxente, parou por quê? Continue!”. Rezando freneticamente, em agradecimento ao que eu achava que era Deus, abocanhei o seu pênis e fiz tudo aquilo que se faz para causar uma ejaculação em alguém. Ao ejacular, ele apenas comentou, como legítimo macho esporrado: “olha só, o cara me fez gozar...! e então, realizaste o teu sonho?”. “Sim”, respondi. Estava tranqüilo.

Ano passado, 2008 (eu com 27 anos de idade; Itamar, com 25), ele aparece em minha casa. Estava viciadíssimo em ‘crack’, havia vendido a motocicleta para pagar o vício, queria iniciar um modesto negócio de tráfico, precisava de R$ 20,00 emprestados. Foi pedir a meu irmão, que, ao que parece, estava lhe devendo a referida quantia. Meu irmão não estava em casa. Ele me pediu o empréstimo: “Vai lá, Wesley. Depois tu podes cobrar como quiser”, disse-me, enquanto apertava o pênis com as mãos. Emprestei, né? Fazer o quê?

Alguns dias depois, em maio de 2008, estávamos vendo “Meu Nome Não é Johnny” (2008, de Mauro Lima), que funcionou como uma biografia alheia do moço que me acompanhava. No meio do filme, ele abaixa as calças, mostra sua genitália e pergunta: “e então?”. Eu disse: “Deixe o filme acabar!”. Ele: “eu estou com pressa, Wesley”. Eu: “mkjkjnmnjh hjdhjebj nho3ipeoiikj”. Ele: “não queres dar uma sentadinha, não?”. Eu: “não”. Dias depois, o primeiro filho de Itamar nasceu, com problemas graves de saúde. Pediu-me mais dinheiro emprestado, desta vez seriamente. Não tive como conseguir. Nunca mais nos falamos, desde então.

E hoje à tarde, ao adormecer para me curar das mazelas da noite anterior, sonhei com ele. Se eu disser que omiti muitíssimos detalhes na história da vida acima relatada, seria o suficiente para entender como eu estou me sentindo esquisito agora? Na foto, o próprio, em imagem roubada do Orkut de sua esposa, com quem já falei ao telefone algumas vezes e trabalha como merendeira nalgum colégio público aracajuano... E o tempo segue passando! São 19h14’ de 03 de abril de 2009, agora.

Wesley PC>

Um comentário:

Unknown disse...

é um maravilhoso corpo, foi bom saber que tu lhe degustou, lhe tocou, lhe desejou tanto e por tanto tempo. Amei seu blog. beijos

meu blog:
http://mofumbal.blogspot.com/