segunda-feira, 30 de março de 2009

O USO EQUIVOCADO DOS PRAZERES E ALGUMAS DE SUAS CONSEQÜÊNCIAS :


Quando eu cheguei em Gomorra ontem à noite, alguns habitantes (em sua maioria, homossexuais) viam um daqueles péssimos filmes pornôs comerciais, em que os homens são vistos como meras máquinas ejaculatórias e as mulheres como seres gemebundos que gritam a qualquer leve contato com outro ser. Como sinto uma verdadeira ojeriza por este subgênero de gênero de filmes, recusei-me a permanecer na sala. Deitei-me na cama de Bruno/Danilo e, como tinha assuntos pendentes com Rafael Maurício, convidei-o para sentar lá comigo. O jovem com quem pretendia dialogar, entretanto, estava passando por alguma crise de ardor em seu corpo e, como eu sou “desses que se aproximam compulsivamente do corpo das pessoas”, tanto fiz que o menino correu, inventou um pretexto qualquer e saiu do quarto. Por alguns minutos, fiquei indignado ao imaginar que ele estivesse com medo que eu o agarrasse a força ou coisa do gênero, que ele não confiasse em mim (indignação esta que voltou antes de dormir, de maneira que me deitei deveras enraivecido), mas, analisando melhor a situação, percebi a contragosto que a irritabilidade contumaz do Perfeito advém de suas crises empregatícias. Resolvi dar uma segunda chance a nós dois e convidei-o para acompanhar-me até o botequim, onde pretendia comprar algo doce, mesmo que fosse um simples quilograma de açúcar, conforme sugeriu nosso amigo Rafael Coelho.

Como o botequim estava fechado, visitamos uma sorveteria próxima e compramos sorvetes (eu, de nata/goiaba; ele, de uma fruta qualquer). Mesmo sendo caro o preço do sorvete, a iguaria estava tão deliciosa que queríamos mais. Aceitamos outra sugestão de Rafael Coelho e fomos a uma sorveteria mais diante, com um preço mais aprazível e cuja atendente evangélica atendeu-nos com uma simpatia contagiosa. Compramos 4 sorvetes desta vez: um sabor ‘toffee’ para Rafael Coelho; um de morango, para Rafael Torres; castanha, para o Perfeito; e o tricolor napolitano, para mim. Recebi quatro balas de troco (R$ 0,20). Divertimo-nos um pouco, conversamos superficialmente e, quando preparávamos-nos para ver um ótimo filme do David Lynch, Rafael Maurício foi embora, correndo. É um direito que ele tem, da mesma forma que, sendo radicalmente contrário aos filmes pornográficos comerciais, eu assuma-me aqui um apreciador das fotos de masturbação alheia, conforme atesto aqui ao revelar o talento erotógeno de André Sampaio, que, num ensaio destacado da revista G-Magazine, ejacula em meio a doces e confeitos. O que eu faço com estes desejos mal-administrados, que tanto assustam meus amigos queridos, oh, meu Deus?

Wesley PC>

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