segunda-feira, 30 de março de 2009

CINE-GOMORRA NACIONALISTA?


Não sei se o termo é adequado, mas, para o Cine-Gomorra da próxima quinta-feira, 02 de abril de 2009, foi programada uma sessão com filmes nacionais, com obras expressivas do elogiado e ainda pouco (re)conhecido cinema brasileiro. Os títulos adquiridos e programados ainda não estão definidos, mas antecipo-me e lanço aqui uma sugestão: o clássico contracultural “O Bandido da Luz Vermelha” (1968, de Rogério Sganzerla).

Apesar de ser baseado numa história real, sobre um ladrão e estuprador que aterrorizou mulheres ricas em São Paulo (nascido em 1942, preso em 1967, condenado a 351 anos de prisão, libertado em 1997 e assassinado em 1998), o filme de Rogério Sganzerla opta por uma narrativa extremamente estilizada, com uma montagem vertiginosa, em que se destaca o discurso revolucionário, a necessidade de explosões revoltosas no Brasil, a defesa de um apocalipse político a fim de corrigir a desordem que reinava no Brasil à época (todos sabem o que estava acontecendo no Brasil e no mundo no final da década de 1960). É um filme complicado, polivocal, barulhento, cheio de entrecruzamentos narrativos e discursivos, mas é, acima de tudo, perfeito e divertido e, se meus intuitos previdentes estiverem corretos, renderá agradáveis horas de conversa e de imitações dos diálogos chistosos e radiofônicos do filme até o raiar do dia... É só esperar para ver!

Detalhe interessante sobre João Acácio Pereira da Costa, o bandido da luz vermelha da vida real: depois de cumprir os 30 anos de prisão estabelecidos como pena máxima no Brasil, ele ganhou liberdade e passou a ser perseguido por fãs nas ruas de Joinville- Santa Catarina, onde vivia. Porém, sempre que lhe pediam um autógrafo, tudo o que ele escrevia no papel era “autógrafo”. Ou seja, ele seguia à risca o conselho sganzerliano repetido à exaustão no filme: “neste país, temos mesmo é que esculachar”!


“Brasil: ame-o ou deixei-o”
(risos)

Wesley PC>

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