sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

"NÃO SE TEM MAIS MEDO DA MORTE: ELA É PREFERÍVEL A ESTA ESPERA SEM FIM..."

Este é o argumento prévio que justifica a entrega dos personagens de "A Capital dos Mortos" (2008, de Tiago Belotti) ao suicídio, após 33 dias de intensa resistência contra os zumbis.Quando nós, espectadores, passamos a nos interrogar acerca da validade moral e narrativa desta opção, um deles responde, trazendo à tona algo que outro - chamado Lucas - costumava repetir: "a vida é uma merda!". Por conseguinte, segundo esta lógica, não vale a pena lutar por ela. Talvez fosse para ser engraçado. Minha sobrinha, que estava vendo o filme comigo, sorriu. Eu fiquei com enxaqueca após a sessão: não é um filme de todo ruim, mas as suas opções sarcásticas não foram bem empregadas nem tampouco o filme é bem interpretado. Afora isso, a experiência é válida, a tentativa é aplaudível. Cada vez mais, aprecio o esforço e a coragem de quem realiza cinema de horror no Brasil!

Wesley PC>

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

PRÓXIMO PASSO: SADOMASOQUISMO ANALÍTICO!

No meu exame de qualificação de Mestrado, recebi uma sugestão (preciosa) de uma das professoras que compunham a banca: ela recomendou-me enfaticamente a leitura de uma dissertação de Lúcio dos Reis Piedade sobre a história do 'sexploitation' no cinema. Quase nunca ouvi falar de pelo menos metade dos filmes que o autor aborda, sendo os mesmos essenciais para a compreensão dos fundamentos referenciais de alguns dos filmes da Boca do Lixo paulistana. Assim sendo, nesta tarde de terça-feira, dediquei-me à aquisição de alguns dos filmes citados, estando particularmente ansioso para conhecer "Ilsa, A Guardiã Perversa da SS" (1975, de Don Edmonds). Se tudo der certo, até o final desta semana volto a falar sobre este filme. Ôba!

Wesley PC> 

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

ERRATA APRECIATIVA SOBRE O GRAMMY 2014:


Apesar do enfado descrito anteriormente, resolvi dar uma nova chance à cerimônia do Grammy deste ano e assisti à reprise da premiação através do canal fechado TNT: constatei que, ao contrário do que eu afirmara, a premiação foi muito boa e os números musicais agradabilíssimos. A aparição de Madonna, cantando “Open Your Heart”, apresentada por Queen Latifah e ao lado de Macklemore, Ryan Lewis e Mary Lambert, que cantavam uma canção otimista de nome “Same Love”, enquanto diversos casais heterossexuais e homossexuais se casavam no palco, foi ótima. O mesmo sendo dito sobre “Get Lucky”, premiada canção da dupla francesa Daft Punk [cujo novo disco, “Random Access Memories” (2013) ainda não foi ouvido por mim], ao lado de Stevie Wonder e outros artistas que pareciam realmente felizes enquanto proferiam a letra entusiasmada da mesma. Abri o coração, conforme sugerido, e me diverti, ficando muito contente com o momento em que o Metallica executa “One”, após homenagearem o falecido Lou Reed. Quem apresentou este segmento? Justamente Jared Leto, de quem verei uma maratona de videoclipes de sua banda 30 Seconds to Mars, no canal VH1, daqui a pouco... Sobre a cerimônia deste domingo, entretanto, só não tive paciência para ver o cruzamento entre Nine Inch Nails e Queens of the Stone Age, após a entrega do derradeiro prêmio, pois estava com sono, mas a safra de artistas indicados neste ano saía da mesmice: o ‘pop’ foi secundarizado, em prol da boa estirpe ‘indie’ e ‘rocker’. Ou seja, mercado fonográfico sabe se reinventar e assimilar!

Wesley PC>

domingo, 26 de janeiro de 2014

E CÁ ESTOU EU, ENFADANDO-ME POR CAUSA DO GRAMMY, MAIS UMA VEZ...

Em mais de uma oportunidade, deixei claro neste 'blog' que costumo me enfadar com a padronização excessiva dos indicados para o Grammy, premiação máxima da indústria fonográfica estadunidense. Estou tentando me concentrar na audiência à cerimônia, mas não consigo: além de me chatear com as indicações de discos que já foram premiados ano passado (vide os lançamentos de 2012 de Taylor Swift e Bruno Mars, por exemplo), acho algumas supostas diferenciações genéricas deveras ralas. Sinceramente, cada vez interesso-me menos por estas vertentes anglofílicas da música 'pop'...

Particularmente, estou gostando da apresentação ao vido de Imagine Dragons em parceria com artistas de 'rap', gostei dos malabarismos da Pink, amei a Taylor Swift ao piano, curti o envelhecido e talentoso Ringo Starr cantando "Photograph", e acho merecidíssimo qualquer prêmio que a neozelandesa menor de idade Lorde vier a receber, mas... Tem algo nesta premiação que me enfada: Jay-Z sendo o mais indicado da noite, por exemplo. Tsc, tsc, tsc...

Talvez seja preconceito anglofóbico de minha parte, mas... Comigo não funciona, o que é surpreendente! Porém, aproveito esta deixa para corrigir uma injustiça: na minha lista pessoal dos Melhores Discos de 2013, não mencionei "Love Lust Faith + Dreams" (2013), do 30 Seconds to Mars, porque, em razão de uma reação adversa à pretensão exacerbada do videoclipe de "Up in the Air" (faixa 03), demorei em adquirir o referido álbum. Mas, depois que o baixei, nesta noite de sábado anterior à cerimônia em pauta, não parei de ouvi-lo. É irregular, mas gostei muito! A abertura com a primorosa "Birth" é arrasadora! E as canções do segmento final, "Dreams", também. Pena que o disco não tenha sido indicado, tenha sido ignorado pela academia musical estadunidense. Mas Jared Leto fará por merecer o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante que receberá por "Clube de Compras Dallas" (2013, de Jean-Marc Vallée): uhuuuuuu!

Wesley PC>

TANTA COISA QUE EU AINDA NÃO SEI NESTA VIDA!


Estou chegando ao estágio final de meu Mestrado e, como tal, precisarei dedicar-me cada vez mais à minha dissertação. Para tal, acatei com fervor uma sugestão que me foi dada durante o meu exame de qualificação: ler com cuidado a dissertação “A Cultura do Lixo: Horror, Sexo e Exploração no Cinema” (2002), de Lúcio de Franciscis dos Reis Piedade. Ainda estou no antepenúltimo capítulo, mas, até agora, gostei enormemente do que descobri no texto. Exemplo primordial: descobrir que “Mona: The Virgin Nymph” (1970, de Howard Ziehm) é, oficialmente, o primeiro filme “a associar uma linha narrativa estrutura com sexo não simulado”. Além disso, constatei que ainda na vi nenhuma das obras canônicas do ‘explitation’ dirigidas por Hershell Gordon Lewis. Preciso corrigir isto o quanto antes!

Enquanto as oportunidades acima mencionadas não chegam, contento-me sobremaneira em revalorizar a filmografia de Victor di Mello, cada vez mais se apresentando para mim como um grande cineasta. “O Seqüestro” (1981) que o diga! Vi este filme na manhã de ontem e continuo impressionado com os seus diversos méritos extra-narrativos!

Além de ser um exímio filme policial, que reconstitui com brilhantismo as investigações sobre o seqüestro de um garotinho, filho de um industrial falido, aos poucos, o roteiro desvenda estórias de corrupção, de ninfomania e de resquícios de tortura militar que me deixaram estupefato: como permitiram que este filme fosse lançado?!

Num dos momentos mais insuspeitadamente geniais, inclusive, o personagem do produtor Carlo Mossy, um detetive que faz questão de andar com um chapelão estadunidense na cabeça, é flagrado fazendo sexo com um travesti, irritando-se com o seu colega homofóbico. Noutro instante, quando se descobre a sanha erótica da personagem de Helena Ramos, mãe do garotinho seqüestrado, diversas cenas de sexo – com homens absolutamente diferentes – numa praia se sucedem. Um apanhado incrível de fodas oportunistas (a vagina da atriz é mostrada em ‘close-up’), mas integradas de forma mui crítica à narrativa, em que se descobre posteriormente que um dos motivos que justificaram o falso seqüestro (na verdade, o pai do garoto é o culpado por sua organização) foi a suspeita de que os filhos desta personagem ninfômana seriam ilegítimos, pertencentes a pais desconhecidos. Sem contar que a canção-tema de Marcus Valle associa a malevolência disfarçada dos policiais a violentos instintos animalescos, num cotejo associativo com o que se percebeu em “Serpico” (1973, de Sidney Lumet), mencionado nos créditos finais. Um filme absolutamente genial e injustamente desconhecido. Precisamos exibi-lo e retrazê-lo à tona!

Wesley PC>