sábado, 1 de maio de 2010

Desista sempre!


Senti uma vontade enorme de agradecer, e abraçar, todos que me deram força pra correr atrás do meu "sonho".
Apesar de ainda viver uma relação de amor e ódio com Salvador,
vou fazer dois meses de curso novo, e tô cada dia mais apaixonada.
Gastronomia é foda!

Na foto, uma rosa torneada na cenoura.
Feita por meu querido professor de Gastronomia Básica, Léo Fahrá.
Meus amores, sintam-se abraçados e amados todos os dias.
Lembro sempre de vocês.
Acho que é só.
Um cheiro!

Debora Cruz

quinta-feira, 29 de abril de 2010

“COMO DIZ A BÍBLIA” (2007) Direção: Daniel Karslake

“Quando também um homem se deitar com outro homem, como com mulher, ambos fizeram abominação; certamente morrerão; o seu sangue será sobre eles” (Levítico, 20: 13)

Finalmente tive a oportunidade de ver este documentário, tão elogiado por aqueles que não consideram tão abominável assim a possibilidade de amar alguém do mesmo sexo e servir a Deus enquanto faz isso. Não vejo nenhuma impossibilidade entre as duas posturas, mas o extraordinário material de arquivo do filme dirigido por Daniel Karslake demonstra o quão violentas podem ser as reações de quem discorda, em especial num país tendente ao fundamentalismo como são os Estados Unidos da América. Na primeira cena, a famosa militante católica Anita Bryant é mostrada recebendo uma tortada na cara. Com um senso de humor cínico e mordaz, ela parece se consolar com o fato de que “pelo menos é uma torta de frutas” e enceta uma prece em favor da conversão do desviante, clamando a Deus que ele seja perdoado por seus pecados. Daí por diante, família desregradas pela inaceitação dos pais em relação à sexualidade dos filhos, taxas alarmantes de suicídios de homossexuais adolescentes e a comemoração pela decisão da Igreja Anglicana em promover um presbítero ‘gay’ dão a tônica do documentário, que, em minha opinião, perde-se discursiva e narrativamente em razão da grande quantidade de familiares de uranistas entrevistados, que nem sempre contribuem com depoimentos relevantes no que tange à associação pretendida entre sexualidade sadia ou desviada e religião. Mas o ponto alto do documentário é mesmo um segmento animado intitulado “A Homossexualidade é uma Escolha?”. Neste pequeno e divertidíssimo segmento, uma personagem de nome Christian (“cristão”, em inglês) permanece incauto diante da síntese dos principais estudos cientificistas sobre o tema, que vão desde o substrato do pensamento freudiano até pesquisas genéticas mais recentes. Em dado momento, é questionada a validade de supostos tratamentos em que ‘gays’ são convertidos em ‘pessoas normais’. Só este questionamento vale o filme todo: divertidíssimo, sem deixar de ser sério! (risos). Na pior das hipóteses, estimula boas (e más) discussões.

Wesley PC>

“QUANDO TU IRÁS TE CONVENCER DE QUE NADA É IMPOSSÍVEL EM MATÉRIA DE AMOR?” (OU O TESTE DO 16º EPISÓDIO)

Desde que um companheiro de trabalho tachou o seriado “Glee” como sendo um recurso televisivo de auto-ajuda, aumentei as minhas desconfianças comercias sobre ele. Desgostei do episódio-tributo anterior sobre Madonna, que desperdiçou boas situações dramáticas em prol da vendagem ‘pop’ do mesmo, mas voltei a confiar na funcionalidade enredística do seriado com o 16º episódio, de nome “Home” (“Lar”), dirigido por Paris Barclay, um afetadíssimo realizador de TV que dirigira o melhor episódio da série, a obra-prima “Cadeira de Rodas”, o nono, em que a canção frenético-depressiva “Dancing with Myself”, do Billy Idol, determina a tônica sobre vários amores simetricamente não-correspondidos na trama. Inesquecível!

Neste novo episódio, não é diferente: os amores progressiva e eternamente não-correspondidos se destacam no enredo: seja por parte do jovem homossexual que arruma um encontro entre seu pai viúvo e a mãe viúva de seu objeto de desejo somente para que os dois possam compartilhar o mesmo quarto, seja por parte da “profissional do fracasso” alcoólatra que aproveita o divórcio de um namorado de juventude para tentar reconquistá-lo ao som de canções comoventes de Bruce Springsteen e Burt Bacharach. E, no mesmo episódio, temos a redenção de uma líder de torcida que, engordando a passos largos em virtude de uma gravidez, entende a necessidade de pôr-se ao lado de uma jovem gorda que (não) tem problemas de aceitação com seu corpo. OK, o elemento consolador do seriado ficou ainda mais evidente do que antes, mas isto não redunda necessariamente em perda de qualidade dramática ou musical (muito pelo contrário, aliás, visto que os produtores da série agora estão revisitando clássicos do cancioneiro norte-americano). “Glee” é um seriado muito bem-vindo dentro da anomia midiática contemporânea!

O que é pitoresco dentro de minha aceitação qualitativa dos novos episódios do seriado é que, enquanto via a trama que comento superficialmente nesse texto a fim de não estragar o prazer de quem ainda não o viu, algo me fez evocar mentalmente um dos filmes basilares de meus 17 anos de idade: “Mazeppa – A Lenda de uma Paixão” (1993, de Bartabas), sobre a amizade passional entre um artista eqüestre circense e o pintor Theodore Géricault (1791-1824), obcecado pela representação de cavalos em seus quadros. A estesia extremada que o filme desencadeia, o rigor fotográfico, a qualidade das atuações e do roteiro e a entrega desenfreada dos personagens a um tipo de amor que dilacera, que estraçalha, que dilapida, mas ainda assim é válido, marcou o quartel final de minha adolescência e fez com que eu tivesse forças para hoje, 12 anos depois que eu vi este filme magnífico pela única vez, insistir que não preciso de reciprocidade para amar alguém. Nunca precisei e não tenciono precisar. Aceito o preço.

O que me traz de volta ao episódio: não por coincidência, este foi o jargão parafrástico que emulou quase todos os personagens, tanto a viúva outrora amargurada que diz ao filho que, pela primeira vez em muito tempo, alguém a retribui pelo que está sentindo, quanto a amante de um homem bem mais velho e casado que canta os mesmos versos que o jovem pederasta põe em cena: “Vez ou outra eu chamo seu nome/ E de repente sua face aparece/ Mas é só um jogo louco; quando termina, termina em lágrimas/ Querido, tenha coração – não deixe que um erro nos separe/ Eu não fui feita para viver na solidão/ Transforme essa casa em um lar” (versos traduzidos a partir da letra da canção “A House is Not a Home”, interpretada pela diva Dionne Warwick). É por descrições como esta que não me arrependo de ser apaixonado!

Wesley PC>

terça-feira, 27 de abril de 2010

INFELIZ DE QUEM ACREDITA QUE SOFRIMENTO E LHANEZA DE CARÁTER SÃO CONGÊNERES GRADATIVOS!

Por uma ignorância corriqueira, li poucos romances gráficos em minha vida. Os que chegaram às minhas mãos até então, porém, merecem demoradamente o lastro de obras-primas. “Maus” (publicado originalmente em 1986) é um destes e, talvez, o melhor de todos. Terminei de lê-lo na madrugada de hoje e fiquei impressionado com a quantidade de perspectivas intelecto-emotivo-hermenêuticas que esta maravilha da literatura quadriculada nos propõe: seja pela estória em si (a sobrevivência bem-aventurada de um homem, o pai judeu do autor Art Spiegelman, às agruras dos campos de concentração nazistas), seja pelas impressionantes ilustrações metalingüísticas acerca do próprio processo de captação das entrevistas que gerariam o enredo. Porém, o que me surpreendeu mais ainda é que, por mais que o personagem principal das narrações seja o pai biológico do autor, e por mais que este seja idoso e faleça em um dado momento da narrativa, ele não é registrado como uma pessoa sem falhas de caráter. Vladek Spiegelman (1906-1982) é mostrado como um velho sovina e racista, que não se exime de voltar a um supermercado para devolver produtos já parcialmente utilizados ou irritar-se quando sua nora dá carona automobilística a um rapaz negro. Entretanto, em nenhum momento isto faz com que deixemos de nos emocionar com a grandeza dramatúrgica de seus relatos e com todos os absurdos genocidas da II Guerra Mundial.

Lembro que, numa das vezes em que eu estava revendo “A Lista de Schindler” (1993, de Steven Spielberg) em sessão coletiva, alguns espectadores reclamavam que os judeus aprisionados eram demasiados mimados, que reclamavam de qualquer besteira, de maus-tratos nem tão violentos assim. Sempre me irritei com este tipo de comentário: quem tem o direito de saber ou decidir quando um mau-trato é suficientemente violento ou não?! Levando-se em consideração que aquelas pessoas tratadas como sub-sub-sub-humanos eram ricas antes de serem feitas prisioneiras isto não agrava o peso dos golpes e privações a que eles estavam sendo subjugados? Por sorte, após uma curta reflexão, o pessoal costuma entender isso, efeito este que fica ainda mais evidente quando rebatido pelas imagens fortes do extraordinário documentário de Alain Resnais sobre o assunto, “Noite e Neblina” (1955), em que, numa cena antológica, as fezes petrificadas dos cadáveres judeus são mostradas pela câmera. Jamais me esquecerei disto enquanto viver!

Voltando ao livro “Maus”: dividido em duas partes, “Meu Pai Sangra História” e “...E Aí Meus Problemas Começaram”, e famoso por sua impressionante e funcional caracterização de personagens com diferentes nacionalidades através de avatares animais, o que mais chama a atenção no mesmo é a supremacia de sua consciência abarcadora de fatos: ao invés de julgar ou perdoar personagens (o próprio autor à frente) pelos que eles sofreram ou fizeram de bom ou de ruim, o filme mostra, valoriza a ambigüidade, deixa ao espectador a liberdade associativa. Obra-prima. Uma das descobertas mais tardias e redentoras de minha vida!

Wesley PC>

“ESTA NÃO É A MÚSICA QUE OS JORNALISTAS OUVEM QUANDO ESTÃO MENTINDO”...

Como surgem as coincidências? Por mero fruto do acaso póstumo reorganizador.

Pois bem, No começo da noite de ontem, um colega de trabalho cantou um verso musical que correlacionava a importância em se ter um carro e a inevitabilidade de se possuir testículos. Não reconheci de imediato a canção, mas associei de imediato a aparente vulgaridade genital da mesma a algum verso contestatório do cearense Falcão, ao que o meu interlocutor perguntou espantado: “tu nunca ouviste esta canção?! É uma bandinha ‘cult’ destas que o pessoal daqui gosta muito”. Tratava-se do Mundo Livre S/A, faixa 06 do álbum “Guentando a Ôia” (1996), para ser mais preciso: “Tentando Entender as Mulheres”. Em verdade, já havia ouvido este álbum, mas nunca prestado atenção suficiente às letras de suas canções. Resolvi fazê-lo na manhã de hoje, a fim de evitar novos espantos em relação a este colega de trabalho que tanto me agrada.

Pois bem, logo na faixa 01, “Free World”, cujos versos auto-referenciais gritam e repetem: “salve Zero Quatro/ salve a música”, lembrei de um momento cândido que desfrutei numa de minhas viagens a Recife, quando a família que me acolheu fez com que eu reconhecesse o vocalista da referida banda num dos álbuns de fotografias antigas das irmãs de minha amiga. Admitindo as diferenças gritantes de postura socialista entre o cotidiano daquelas pessoas e as letras protestantes de algumas das canções do disco, tachei algumas breves elucubrações demeritórias sobre os germes burgueses daqueles que mais se dizem favoráveis a levantes populares armados, conforme aqueles que são exaltados na faixa 04, “Desafiando Roma”, uma das mais executadas no mês de dezembro de 2009 em Gomorra. Enquanto ouvia a letra ratificando apologias às atividades militantes sandinistas e zapatistas, percebi que conheço mais informações sobre as revoltas argelinas e maoístas do que sobre o que acontece na América Central. E se eu disser que este foi justamente o tema de minha aula de Introdução ao Jornalismo na manhã de hoje, quando a professora repetiu a minha interrogação quase com as mesmas palavras, atribuindo a culpa desta defasagem informacional sobre o que acontece ao nosso redor ao poderio das agências de imprensa internacionais e afiliadas aos grandes detentores do poderio capitalista?

Voltando ao disco: sorri com a similaridade de efeitos entre a distribuição de psicotrópicos e aplicação de eletrochoques em “Destruindo a Camada de Ozônio”, curti os jogos discursivos constantes da letra de “A Música que os Loucos Ouvem (Chupando Balas)” e achei particularmente positiva as acusações contidas em “Computadores fazem Arte”, outra canção muito executada no final do ano passado em Gomorra:

“Computadores fazem arte
Artistas fazem dinheiro
Cientistas criam o novo
Artistas pegam carona
Pesquisadores avançam
Artistas levam a fama”


De resto, antes que eu ouvisse o restante do álbum, precisei desligar o reprodutor de MP4, a fim de prestar atenção à aula. Porém, reitero o que já disse noutra situação: gosto muito do Mundo Livre S/A, para além dos problemas eventuais que tive com as letras sobre mulherio e futebol em “Por Pouco” (2000). Salve Fred Zero Quatro!

Wesley PC>

PROSINHA DESEJOSA EM HOMENAGEM A “29 PALMS” (2003). DIREÇÃO: BRUNO DUMONT


Resolvi ver este filme na madrugada de ontem, mas o DVD o recusou. Era culpa do aparelho ou do contexto mais geral em que tencionava apreendê-lo? Irritado que fiquei na hora, tentei ver outros filmes, mas nada me interessava. Nada me interessava, além do próprio “29 Palms”. Ao fim de algumas tentativas frustradas, fui dormir, tendo visto apenas o começo. Li o final de um romance gráfico, mas as imagens de amor desértico me obsedavam. Duas pessoas, dois corpos, dois calores, duas tristezas, um par quase ímpar. Oh, merda, por que isto sempre acontece comigo?!

Se me serve de consolo, deixei uma versão do filme salva no computador do local em que trabalho. Mais tarde, eu gravo em outro DVD e, quem sabe assim, o aparelho lá de casa não impeça que eu me encante pelo cotidiano marital derruído que o filme aborda, acompanhando a viagem de um casal de estrangeiros por uma região desértica dos Estados Unidos da América, que, na mais branda das hipóteses, metaforiza os sentimentos progressivamente exíguos do próprio casal, que, nas cenas mais comentadas do filme, fazem sexo explícito, confirmando uma tendência que, ao mesmo tempo em que gera admiradores realistas, aumenta o número de detratores. Vi apenas 5 minutos, mas gostei muito da cena em que o homem do relacionamento instiga a mulher a se deixar ser vista mijando por ele. Senti que me identificarei compulsivamente por este filme. Preciso vê-lo, preciso vê-lo, preciso vê-lo, sempre mais e mais.

Wesley PC>

segunda-feira, 26 de abril de 2010

REGRA #32: “APRECIE AS PEQUENAS COISAS DA VIDA” (OU DE COMO UMA EXIBIÇÃO APARENTEMENTE TOLA PODE SE TORNAR UM DOS MELHORES MOMENTOS DA VIDA DE ALGUÉM)

Era um horário de almoço como quase qualquer outro da semana, com a diferença de que eu havia programado desde ontem para ver “Zumbilândia” (2009, de Ruben Fleischer), filme de ‘terrir’ que havia chegado às minhas mãos através de um acidente de percurso de ‘pendrive’ alheio. Sabia que me divertiria muito com o filme, mas não suspeitava que encontraria nele algumas das piadas geracionais mais inteligentes desde que um filme do Judd Apatow comentado numa postagem anterior me ensinasse que mulheres grávidas não devem fumar ‘crack’ enquanto pulam de um trampolim (risos).

Nem bem se passaram 3 minutos de projeção e eu já estava gargalhando com a sagacidade crítica do filme, cara a filmes de zumbis, em que o protagonista interpretado por Jesse Eisenberg apresenta as regras básicas para enfrentar a convivência isolada num mundo que não mais merece os títulos nacionais atualmente conhecidos. Segundo ele, quando existem mais zumbis do que seres humanos no mundo, não faz sentido chamar este lugar de Nação. Por isso, é tudo Zumbilândia. Em seguida, ele afirma que pessoas gordas são mais suscetíveis a serem devoradas por zumbis. Motivos óbvios: a protuberância de carne e a dificuldade em fugir. Daí por diante, várias regras sobrevivenciais são apresentadas na tela, quase diegeticamente, interferindo diretamente no modo como os personagens utilizam os espaços que percorrem. Na extraordinária seqüência de créditos iniciais, percebemos o quanto estas regras são úteis não somente na sobrevivência vital propriamente dita, mas também na manutenção dos valores ideológicos que permitem que seres humanos se reconheçam como tais em sociedade.

Aos poucos, vamos conhecendo o protagonista: tímido, solitário (voluntariamente talvez) e repleto de fobias, ele confessa que já se sentia vivendo entre zumbis antes mesmo de que isto se concretizasse. Segundo ele, portanto, sua virgindade é mais do que justificada, no sentido de que interagia pouco (nem sempre tão voluntariamente) com outras pessoas, até que, num caso extremo, ele conhece um sarcástico assassino de zumbis mais uma dupla trapaceira de irmãs, sendo que ele se apaixona pela mais velha. Não preciso dizer que, até que o filme termine, piadas e situações hilariamente geniais são destiladas, quase todas de humor nigérrimo, mas nada que pode o ranço conservador/moralista do roteiro, que afinal conclui que “basta estar perto de alguém que se goste para se sentir em família”. Nada que corroa a magnificência referencial do filme, que chega ao cúmulo risório de assassinar o ator Bill Murray (interpretado pelo próprio Bill Murray) numa das cenas mais divertidas do ano passado!

O que fez esta sessão se tornar inesquecível? A genialidade surpreendente e muito, muito, muito engraçada do filme ‘per si’ não justifica isso? E se eu disser que, enquanto jorros imensos de sangue humano e de zumbi eram despejados na tela, eu comia jaca com suco de limão? E se alguma entidade religiosa superior conjugasse elementos do acaso (mais do que aqueles que fizeram com que o filme chegasse até mim numa cópia dublada) e mais pessoas vissem o filme, nesta dada sessão? Se me serve de consolo, a regra #32 do Columbus foi apreendida por mim faz tempo!

Wesley PC>

“IMAGEM (NÃO) É TUDO?”

Na noite de ontem, ainda traumatizado com a péssima versão belicosa para um livro de Lewis Carroll que vi no cinema, estive a conversar com uma vizinha de 18 anos sobre alguns comerciais de TV que ela jamais chegou a ver. Exemplos: a campanha do refrigerante de limão Sprite, que usava justamente como jargão “imagem não é nada, sede é tudo!”; a campanha do Ruffles, um de meus produtos de consumo favoritos, que dizia algo como “faça barulho”, em menção ao aspecto crocante do alimento irradiado; e as famigeradas campanhas comerciais de cigarro, em que algumas marcas se destacam pela inovação discursivo-associativa: o Malboro, associado à macheza do Velho Oeste; o Carlton, associado a um público mais ‘cult’; o Free, forçosamente atrelado a um público juvenil ‘cool’; e o notório Hollywood, que se servia de canções do U2 e do Simple Minds para incutir senso aventureiro radical em seus supostos consumidores.

Pois bem, na tarde do mesmo dia de ontem, um amigo segurou-me pelo braço, com cara de espantado, e pediu que eu identificasse, através dos signos contidos nesta fotografia de capa de CD, o gênero musical da banda por ele vendida, sendo que ele escondeu o nome da mesma com os dedos, a fim de garantir o choque que eu teria ao descobri-lo. Dito e feito: algo nesta imagem associa o conteúdo do álbum à banda de pagode Sorriso Maroto, cujos títulos de canções são “Ainda Existe Amor em Nós”, “Deixa Fluir” e “Não Valeu de Nada”? Enquanto comunicólogo viciado, eu que não me atrevo a responder. Mas adianto que não ouvirei o CD conscientemente, mas a capa quase me levou a querer fazer isso (risos). Imagem funciona enquanto componente vendável!

Wesley PC>