sábado, 13 de março de 2010

“O DESTINO DOS VELHOS (...) É ESTE: PAGAR!”

Como é que eu pude passar tanto tempo sem conhecer o gaúcho L. Romanowski?! Aliás, será que ele é gaúcho mesmo? O que significa o L. do seu prenome? Nunca havia sequer ouvido falar conscientemente deste autor e, agora, não consigo parar de pensar nele, visto que a leitura de “Ciúme da Morte” (1947), lido numa edição antiga e emprestado por um guri sedutor que trabalha comigo, está gradativamente estraçalhando minh’alma, em especial por perceber que uma obra tão intimista e extraordinária tenha sido escrita em meu País e eu não a tenha conhecido até então. Há no livro uma perfeita descrição de como surgem os gigolôs em nossa vida. Há no livro uma extraordinária emulação de como nos sentimos desiludidos profissionalmente diante das injustiças do mundo. Há no livro a demonstração perfeita de que “o amor dói”, como ouvi repetidamente nas versões de Roy Orbinson, Nazareth e Sinead O’Connor para uma mesma canção triste e exagerada. Sei muito pouco nesta vida ainda!

Wesley PC>

“SÓ MESMO SENDO MUITO OTÁRIO PARA PERDER TEMPO VENDO VIDA DE VIADO”...!

No Brasil, existe um programa televisivo chamado Big Brother Brasil 10, em que homossexuais assumidos convivem com heterossexuais que confessam que se masturbaram mais de 15 vezes quando estiveram confinados num hotel antes de serem expostos para as câmeras. Tal programa é visto por muita gente em Sergipe e, em virtude de um episódio envolvendo uma paquera chistosa entre um afetado e uma loira na noite de quarta-feira, o mesmo tornou-se assunto em vários locais por que caminhei nesta sexta-feira. Geralmente, as pessoas reagiam bem à conversa, mas um dos transeuntes com quem esbarrei não curtiu o assunto e vociferou o protesto acima. Não tinha nada a ver comigo, mas me senti ofendido pelo comentário. Estava atordoado enquanto caminhava para casa, pois havia sido injustamente chamado de “covarde” e “duas caras” no trabalho, pelo pai ignorante de uma aluna chorosa de Odontologia que se desentendeu comigo durante um atendimento. Estava arrasado: vi o quanto as pessoas podiam ser nojentas e mentirosas para conseguirem os mimos institucionais a que estão acostumadas em virtude de sua posição social/aquisitiva bem-favorecida.

Estava chocado, para dizer a verdade. Tentei dormir ao chegar em casa, mas a necessidade de comer me levou a rever “o primeiro filme heterossexual de Gregg Araki”, “Geração Maldita” (1995), que, na verdade, é uma aula de bissexualidade violenta e inconseqüente, um retrato muito interessante dos adolescentes sem fé da contemporaneidade, que apenas visam transitar pelo mundo em sua necessidade premente de saciar os desejos alimentícios e sexuais. O filme é histriônico e repleto de problemas, mas é honesto, por incrível que pareça, e verossímil até mesmo em suas caricaturas de violência, como quando um neonazista enfia uma imagem religiosa na vagina da personagem de Rose McGowan. Ao final do filme, pus o disco de estréia da dupla ‘folk’ She & Him para ser executado no rádio. Ainda estava arrasado por causa das acusações injustas e falaciosas que ouvi no trabalho. Como podem ser nojentas as pessoas de hoje em dia...!

Wesley PC>

sexta-feira, 12 de março de 2010

She & him - In the sun

She & him, uma das bandas que mais ouço, lançou o primeiro clip do seu segundo álbum: Volume two, um dia desses. Simplesmente bunilindo o clip. XDD

Tendo como vocalista Zooey Deschannel- a Summer do 500 dias com ela, a banda cada vez mais tem conquistado meu coração, kkkkkkk. ' I just keep it to myself, in the sun, in the sun'.

O cd ainda vai ser lançado no fim desse mês.




américO.

TALVEZ NÃO SEJA SÓ COINCIDÊNCIA...

Hoje era uma sexta-feira de trabalho como qualquer outra. O filho de uma funcionária veio buscá-la de carro, como sempre faz. Ela estava ocupada e, enquanto a esperava, ele sentou-se em frente ao birô, de pernas abertas e usando um calção muito curto. Já fui muito cobrado sobre as exigências de respeito visual neste tipo de situação, mas, lamento informar, tem gente que provoca. Enquanto ele conversava comigo, eu prestava atenção ao volume aprisionado no meio de suas pernas. Tentava me controlar, pensando que não devia pensar nisso, mas... Como?! Era-me impossível pensar noutra coisa no momento. Dei de ombros (mentira: ele percebeu que eu não parava de encarar seu volume peniano, cobriu a região com a mão e ficou envergonhado) e tentei voltar ao trabalho. Ao mesmo tempo, baixava um filme sobre o qual nunca havia sequer ouvido falar [“Sem Cortes” (2003, de Gionata Zarantonello) e, pesquisando algo sobre Catherine Breillat, li uma página que comentava o quão pitoresco era o filme que eu estava baixando, supostamente narrado através do ponto de vista do pênis de um homem confinado a uma cama em virtude de uma fratura pélvica, que é acusado de assassinato e deseja saciar-se sexualmente, mas, pelo visto, só consegue através da masturbação. Na capa do filme, há a caricatura de uma mão segurando o pênis com força. Vi a seqüência de abertura do filme, só por curiosidade, e o pênis dançava na cueca branca do protagonista, da mesma forma que estava a acontecer no calção curto do menino agora envergonhado que estava à minha frente. O cinema imita a vida real? Se não o fizer, ajuda a sanar algumas de suas carências. Comigo funciona!

Wesley PC>

quinta-feira, 11 de março de 2010

“AME OUTRA PESSOA!”

Aviso: quem ainda não viu “O Poderoso Chefão – Parte III” (1990, de Francis Ford Coppola), tenha cuidado com esta carência. Este é um filme que deve ser sentido sempre que pronunciarmos a palavra “envelhecimento”.

Tive a egrégia oportunidade de rever este filme tão subestimado na noite de ontem, ao lado de uma pessoa que se submeteu ao comentário geral de que este é um filme inferior ao demais. Eu ouso discordar. É um filme diferente no tom melancólico, mais ainda assim, genial e brilhante em todo o seu estudo da dor inexorável que atravessa quem peca, quem erra, quem faz algo que um dia se arrependerá, por mais que não o assuma, conforme insiste Don Michael Corleone diante do pároco que insiste em ouvir sua confissão, antes de ele ser assassinado. O talzinho não gostou tanto, mas eu fiquei sem palavras. Fica o aviso na fotografia...

Observação: a frase acima foi pronunciada por Don Vincenzo Corleone, fazendo uso d’ “o preço que se paga”...

Wesley PC>

terça-feira, 9 de março de 2010

DEVO TER COCHILADO LOGO NESTA HORA!

Apesar de ser um filme curto, “O Massagista” (2005) é um filme poderoso e de efeitos demorados em nossa mente e nosso corpo. Trata-se do primeiro longa-metragem do diretor filipino Brillante Mendoza e, basicamente, narra o cotidiano do personagem-título Iliac (interpretado pelo sensual Coco Martin, ator-fetiche do diretor), que fode com homossexuais por dinheiro, dinheiro este que necessita para pagar o funeral de seu pai, enquanto ele é perseguido por sua vulgar e insaciável namorada, que exige que ele esteja apto a gozar, mesmo depois de ter suportado uma noite de ejaculações forçadas, conversas humilhantes e lágrimas familiares de saudade. É um filme curtíssimo, mas sabe-se lá por que motivo eu cochilei numa dada cena, muito curta, justamente esta que é mostrada em fotografia. Seja como for, recomendo-o não somente por ser ótimo e genial, mas também por ser potentemente metafórico em relação a algo que eu desejo confessar. Fica a imagem, carregada de significação: preciso de ajuda, preciso de ajuda, preciso de ajuda...

Wesley PC>

“QUANDO A PESSOA FICA SEM COMER, A DOENÇA VEM E CORRÓI A ALMA”...

Foi mais ou menos isso que uma vizinha falou quando viu minha mãe descer do carro de serviço da filha de minha cunhada mais velha na tarde de ontem, quando fui obrigado a deixar o trabalho para atender a um chamado emergencial: minha mãe está doente! Não doente como se eu estivesse com sinusite ou como se meu irmão mais velho estive com AIDS ou Hepatite C (suspeitas confirmadas em ambos os casos), mas doente crônica, violenta, aflita. Após mais de 10 horas divididas em duas visitas a um hospital público de qualidade (palavras dela), não se conseguiu chegar a um consenso se minha mãe sofreu um início de derrame, um ataque de pressão altíssima (19 X 9) ou algo pior. O fato é que ela está sentindo muita dor, não consegue comer há quase uma semana e eu estou preocupado: serei obrigado a limar o que resta de minha vida social a fim de fazê-la companhia, nem que seja na extrema situação dos “últimos dias”, caso uma moléstia ainda mais grave seja detectada. Por este motivo, não pude comparecer à festa de despedida de Débora Cruz no sábado. Por este motivo, meu telefone celular estará desligado quando eu não estiver no trabalho. Por este motivo, terei que cancelar todos os compromissos que não envolvam tratamento materno daqui por diante. Por este motivo, tentarei não espetacularizar o fato. Por este motivo, submeti-me a ver “Xuxa Popstar” (2000, de Paulo Sérgio de Almeida & Tizuka Yamazaki) na manhã de hoje. Ela quis!

Antes que o mau filme atingisse 20 minutos de projeção, e o malfadado grupo baiano É o Tchan me envergonhava ao executar uma ridícula canção sobre super-heróis seminus, indagava-me se esta abominação pseudo-cinematográfico-midiática iria piorar ou não a situação de minha mãe doente, mas ela sorria das besteiras de Xuxa Meneghel & Cia., ela torcia para que o medíocre vilão interpretado por Marcos Frota fosse desmascarado, ela zombava do homossexual ultra-afetado vivido por Luiz Salém, ela ignorava que o mundo da moda mostrado no filme jamais lhe seria acessível e fazia de conta que não retroalimentava todas as abominações ideológicas e preconceituosas disseminadas pelo filme. E eu estava ao lado dela, calado, desejando silenciosamente que seu corpo parasse de doer, mas... E a alma, meu Deus? E a alma?! Vale lembrar que o supracitado comentário de minha vizinha foi proferido ao perceber que Rosane de Castro está magra, enquanto conseqüência imediata de sua impossibilidade de comer. E eu estou desesperado, preocupado, imerso numa constelação de sentimentos que vão bem além da compaixão pela mulher que me pariu. “O que eu faço neste mundo?”, me pergunto agora.

Wesley PC>

domingo, 7 de março de 2010

OSCAR 2010 – INDICADOS A MELHOR FILME ESTRANGEIRO:

Segundo um amigo virtual espanhol, é nesta categoria que encontramos os melhores filmes, em qualidade, indicados ao prêmio hollywoodiano de “melhores do ano”. E, em relação ao ano passado, os indicados à categoria Melhor Filme em Língua Não-Inglesa foram:

1 – o austríaco “A Fita Branca” (2009, de Michael Haneke), franco favorito – ou melhor, germano favorito – ao prêmio. Já fiz comentários elogiosos a esta semi-obra-prima austera em várias ocasiões, mas sempre estive muito aquém do que o filme realmente quer transmitir. É uma bela e cruel obra de arte em preto-e-branco sobre o estranho comportamento das crianças de um vilarejo austríaco na década de 1910, que, ao imitarem os adultos que lhe servem de modelo, praticam atrocidades como provocar o acidente quase letal do cavalo do médico da região, torturar um menino deficiente ao limite da cegueira e assassinar uma trabalhadora idosa. É tanta malvadeza crítica, que o melhor é nem comentar: quem tiver olhos e sensibilidade para ver, que veja!


2 – o francês “Um Profeta” (2009, de Jacques Audiard). Este é uma demonstração de como a máfia atual é desprovida dos laços de ‘famiglia’ e ou tradição nacionalista a que outros estiveram atrelados no passado. Trata-se da história de um jovem delinqüente árabe que se torna o vassalo de um gângster italiano numa prisão-modelo e, aos poucos, quanto mais rejeita os ensinamentos biculturais a que foi ensinado enquanto franco-árabe, mais desenvolve uma autonomia criminal supra-européia. Uma aula de sociologia aplicada, muito carnal em suas vertentes enredísticas. Recomendo deveras!


3 – o peruano “A Teta Assustada” (2009, de Cláudia Llosa). Belo relato feminino sobre uma graciosa empregada doméstica que padece de um mal crônico em sua família, que aflige aquelas que foram violentadas sexualmente no passado. Em alguns momentos, ela é flagrada cortando, com dor audível, um tubérculo que cresce em sua vagina. Porém, a estória é sobre a necessidade de manter vivos costumes folclóricos que a rodeiam, conforme percebemos nas cerimônias matrimoniais populares que a protagonista ajuda a organizar ou no ignóbil ato vilanesco de sua patroa, que usurpa a composição nata da canção sobre sereias que ela assobia enquanto trabalha.

4 – o argentino “O Segredo dos Seus Olhos” (2009, de Juan José Campanella), hipervalorizado como enquanto filme perfeito por muitos de meus amigos, mas defeituoso em sua vertente enredística vingativa. Talvez o meu problema é que eu tenha depositado muitas expectativas sobre este filme, visto que aprecio o talento do diretor, que sempre associou muito bem os dilemas políticos de seu país com as crises emocionais de seus personagens, geralmente interpretados por Ricardo Darín, que nem aqui. É dramático, é pungente, mas admito que fiquei incomodado com a larga duração do filme e com suas reviravoltas não-lineares rocambolescas. Mas como disse um grande companheiro longevo: “apesar de também não ter gostado das soluções do roteiro, acabei meio tonto com os dilemas do protagonista: envelhecimento, solidão, passividade”... Isto compensa!
5 – e, por fim, o polêmico “Ajami” (2009, de Scandar Copti & Yaron Shani), mais difundido não necessariamente pelos cinco capítulos situados no bairro multiétnico do título, mas porque os diretores divergiram nacionalmente após o término do filme, visto que um deles, de origem palestina, não se sente representado sob a bandeira da produção israelense. Vi o filme hoje à tarde e senti que ele se beneficia das fórmulas alineares consagradas por cineastas independentes pretensiosos e logo abarcados pelo ‘mainstream’, mas eu insisto em defender o filme, tamanha a simpatia e credibilidade dos personagens, gradualmente envolvidos numa violência inelutável.

De resto, é só esperar o vencedor nesta categoria, visto que os cinco indicados são ótimos (ou quase isto)!

Wesley PC>