quinta-feira, 2 de abril de 2009

DESPERDÍCIO?


Há exatos 5 minutos, uma amiga de que gosto bastante me liga aos prantos, perguntando o porquê de eu estar desperdiçando os meus supostos talentos. Berrava ela ao telefone, aos prantos: “por que é que tu insistes em não valorizar o que tu tens? Por que tu te prendes à banalidade voluntária? Por que tu és assim?”. Confesso que me senti um tanto orgulhoso ao ser surpreendido, logo de manhã, por uma crise depressiva alheia completamente dedicada a mim. Mesmo sendo triste, tal telefonema foi uma prova cabal do inestimável amor que esta pessoa sente por mim, mas revela também a outra face da hipérbole deste sentimento: as projeções sobre vida que não nos pertencem, marca registrada de minha crise em relação aos gomorrentos que tanto me aprazem (não citarei nomes, ao menos uma vez na vida, não citarei nomes!). Neste sentido, a amiga ao telefone suplicou que eu não fosse ao Cine-Gomorra hoje e, ao invés disso, prestigiasse um curso de crítica de filmes em Super-8 que está se desenrolando no Núcleo de Produção Digital Orlando Vieira (NPDOV), órgão vinculado à prefeitura de Aracaju, que me irrita deveras por causa da ostensiva corrupção material e pensamental vinculada ao ambiente. É lá que ela pensa que eu vou curar os meus vãos desígnios? A intenção pode ter sido boa, mas não necessariamente condizente com a verdade...

E o pior é que ela pode ter razão: com o passar dos anos, estou tornando-me cada vez mais e mais viciado num tipo externo de fracasso, que, em meus estranhos delírios compensatórios de glória invertida, assemelham-se deveras a uma vitória pessoal contra as exigências de sucesso que me são impostas pelo capitalismo reinante. Teria eu razão em agir assim? Teria eu o direito de, como disse a minha amiga, “estragar a vida desse jeito”? Prefiro pensar noutras coisas (ou, talvez eu nem prefira, “sequer posso ter escolha”, como disse poeticamente Ayalla num comentário recente) e dedicar-me às cenas de banho em adoráveis filmes franceses contemporâneos. Na foto, meu xodó ‘pop’“Duchas Frias” (2005), dirigido por Antony Cordier e no qual pude conhecer meu atual muso do ‘star system’ francês, Johan Liberéau... Em breve, falo mais detalhadamente sobre este filme aqui. Prometo!

Wesley PC>

Nenhum comentário: