quinta-feira, 21 de agosto de 2014

O AMOR, AINDA O AMOR, NOVAMENTE O AMOR...


“Pois assim também é com o amor. Em geral, todo esse desejo do que é bom e de ser feliz, eis o que é ‘o supremo e insidioso amor, para todo homem’. No entanto, enquanto uns, porque se voltam para ele por vários outros caminhos, ou pela riqueza ou pelo amor à ginástica ou à sabedoria, nem se diz que amam nem que são amantes, outros ao contrário, procedendo e empenhando-se numa só forma, detêm o nome do todo, de amor, de amar e de amantes".

Este é um excerto do que Diotima diz a Sócrates, em seu metadiscurso sobre o amor, na obra-prima literária de Platão, convertida num telefilme irregular porém interessante do Marco Ferreri. Na vida real, durante uma masturbação de menos de três minutos,disseram-me, acerca do sêmen que estava prestes a escorrer, mecanicamente: "lamba-o, pois é tudo o que tu terás de mim, daqui por diante!". Era uma ordem - encolerizada, inclusive. A mim,coube acatá-la e mergulhar na infâmia diante do próprio ordenador, que, enojado pelo que aconteceu, alegou que se sentia um lixo. E eu, o que sou?

Wesley PC>

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

QUANDO EU NÃO ACHO ENGRAÇADO...

Gosto muitíssimo do diretor italiano Marco Ferreri, mas, apesar disso, decepcionei-me com seu elogiado longa-metragem de estréia, "O Apartamento" (1958, co-dirigido por Isidoro M. Ferry), visto que o considerei demasiado chanchadesco (no pior sentido do termo) em seu humor negro de intensa carga crítico-sociológica. Por vezes, o filme - que é espanhol - parece uma experiência primeva do Ettore Scola no neo-realismo, mas... Ao cabo, soou-me tão desagradável quanto uma comédia brasileira contemporânea da Globo Filmes: não obstante possuir momentos bem-conduzidos cinematograficamente, a moral oportunista da estória não me convenceu. Talvez seja um problema pessoal,mas... Não conseguir rir daquilo!

Na trama, o protagonista é convencido por sua noiva a casar-se com uma senhorita idosa e convalescente, a fim de que possa herdar o seu apartamento, o que ele aceita a contragosto. O problema é que, por maior que seja a torcida, a velhinha teima em não morrer. No desfecho, o esperado se confirma, mas... Era tarde demais: eu já estava enfadado, irritado!

 Frustrei-me com algumas cobranças domésticas de minha mãe durante a sessão e, ao chegar no trabalho, sou ignorado por um rapaz que muito me encanta. Um desdém proposital, ensaiado, vilanaz, dorido, mas quiçá salutar para a convivência geral. Eu discordo, mas, pelo jeito,sou voz abafada no processo. Resta-me torcer para que o desfecho da vida real não seja tão moralmente torpe (ainda que pretensamente engraçado e sagaz) quanto foi o do filme... Tomara!

Wesley PC>

domingo, 17 de agosto de 2014

POR QUE ELE INSISTE EM DIZER QUE EU PAREÇO O LUAN SANTANA?

Nem vou me atrever a falar nada sobre o Luan Santana (sic), creio que seja dispensável, mas...Ele insiste a dizer que o meu platonismo assemelha-se àquele que está contido, de maneira formulaica e vendável, na letra de "Te Esperando", sucesso pseudo-sertanejo executado à exaustão nas emissoras brasileiras de rádio.

Vou comentar o que depois disso?!
Pelo sim, pelo não, esperando eu estou mesmo!

Wesley PC>

“ELE TRANSFORMOU A MINHA VIDA, NÃO SEI SE PARA MELHOR OU PARA PIOR – NÃO SOU O MESMO DEPOIS DELE, PRINCIPALMENTE NO QUE DIZ RESPEITO AO AMOR...”

Tive acesso ao filme espanhol “Los Amigos Raros” (2014, de Roberto Pérez Toledo) em meio a um turbilhão de expectativas. A obra me foi recomendada como sendo “una película de culto”, um filme que atualiza clássicos oitentistas sobre amizade para os dilemas arquetípicos do século XXI (leia-se sobejo de drogas e ampliação de sexualidades) e, de fato, cumpre bem os seus propósitos, mas... Se o filme parece ter, de fato, me afetado, é porque algo em seu protagonista me fez lembrar o protagonista atual de minhas fantasias...

Na trama, Sam (Adrián Expósito) é um prepotente diretor de curtas-metragens universitários que se suicida. Na primeira cena do filme, seus amigos estão em seu enterro. Aos poucos, cada um deles expõe suas relações pessoais com o falecido: uma amiga de infância decidiu engravidar dele; seus namorados relatam o quanto ele era indiferente; uma namorada confessa o quanto ficou obcecada por ele e se enciumou lancinantemente ao descobrir que ele era bissexual. Tudo converge para que saibamos que Sam era um mau caráter. De repente, uma reviravolta: graças a um intertítulo onde se lê “tomadas falsas”, percebemos que todas as confissões relatadas pelos amigos tratavam-se de aspectos do roteiro do próprio Sam, que simulou o seu próprio suicídio para fins ficcionais. Se este é um recurso batido ou não, evitarei comentar. Mas que, dentro da estrutura laudatória do filme acerca das amizades sinceras, funcionou bastante!

 Na sala de estar do protagonista, há um cartaz do clássico juvenil “Clube dos Cinco” (1985, de John Hughes). Um de seus namorados, assumidamente não-cinéfilo, pergunta se fora o próprio Sam quem dirigira aquele filme, ao que ele assente, de maneira sarcástica, zombeteira. Outro namorado é expulso de sua casa apenas por ter guardado um kiwi em sua geladeira, recurso de que se valia quando estava com prisão de ventre. As frases de efeito pululavam na tela, principalmente no que tange à dificuldade em distinguir se as pessoas se suicidam mais porque estão tristes ou porque estão tão felizes que têm medo que isso acabe. De minha parte, desaprovo o suicídio. Mas aprovo sobremaneira o amor. E, graças ao amor que sinto, o amor que o filme me fez emular não será reprimido: “Los Amigos Raros” merece ser difundido de forma afetiva e elogiosa!

 Wesley PC>