sábado, 19 de abril de 2014

"O QUE TU PROCURAS EM SI?", PERGUNTOU MINHA MÃE QUANDO EU ESTAVA DIANTE DO ESPELHO, PELA ENÉSIMA VEZ DURANTE O DIA...


Procurava reconhecer a mim mesmo, talvez...

Nos feriados - principalmente, os prolongados - fico taciturno, pois me sinto ilhado, aprisionado: as pessoas que me apetecem viajam ou ficam ocupadas com festividades e, por causa dos problemas domésticos recorrentes, preciso ceder os aparelhos de TV da casa para a atenuação das carências de meus familiares. Dedico-me a ler, portanto, a ficar me olhando nos espelhos...

Numa das inúmeras vezes em que eu mirava meus olhos no reflexo, minha mãe fez a pergunta que intitula esta publicação. Minutos depois, eu estava vendo "Somos o que Somos" (2013, de Jim Mickle). Como odiei este filme! É uma regravação pútrida de um filme mexicano genial que descobri por acaso [e que comento aqui, num contexto mui pessoal]. Que lástima que esta obra tão original tenha sido convertida numa produção piegas de horror investigativo. Até associar o mal de Parkinson ao canibalismo o roteiro modificado tenta: que absurdo!

Amanhã, posicionar-me-ei diante do espelho mais de uma vez, novamente...
É como se eu me sentisse solitário, desamparado.
É como...
Para não dizer...
Reticências...
...

Wesley PC>

quinta-feira, 17 de abril de 2014

SOMENTE ONTEM EU DESCOBRI QUE NORMAN MCLAREN ERA HOMOSSEXUAL, UAU!

Sei que parece um orgulho idiota, mas é tão particularmente apaziguador quando descobrimos que nossos ídolos culturais têm preferências sexualistas semelhantes às nossas: é como se não fôssemos tão socialmente “expugnados” assim (risos)...

Piadinha identitária à parte, saber da pederastia do diretor explica muito acerca de suas opções em “Narcissus” (1983), que é uma espécie de ampliação colorida e ainda mais erótica do genial “Pas de Deux” (1968). Neste filme mais recente, o último que o diretor realizou, o belo dançarino Jean-Louis Morin rejeita as carícias de um homem e de uma mulher para apaixonar-se por si mesmo. Termina preso na jaula afetiva que erigiu para seu próprio afastamento do mundo. E, obviamente, eu me identifiquei tangencialmente, eu fiquei apaixonado pelo protagonista: que homem lindo, gostoso, tesudo! Saber que o cineasta era homossexual explica muita coisa!

 Oficialmente, eu planejava resenhar este belo curta-metragem de maneira mais demorada e pormenorizada, mas situações de cunho uranista conduziram-me a esta abordagem tão breve quanto afetada. Digo mais: pesquisando aqui sobre o intérprete dançante, descobri que ele faleceu em 1995, aos 42 anos de idade, em decorrência da AIDS. Pena... O filme era um prenúncio!

Wesley PC>

quarta-feira, 16 de abril de 2014

NASCIDO EM 11 DE ABRIL DE 1914, NORMAN MCLAREN TERIA HOJE 100 ANOS, SE NÃO TIVESSE MORRIDO EM 27 DE JANEIRO DE 1987...

Alguns de meus amigos desgostam deste genial cineasta escocês radicado no Canadá. Eu sou fã! Sua obra é basicamente composta por curtas-metragens animados, alguns diretamente sobre a película, nos quais os temas abstratos e/ou geométricos são favoritados. Anseio por ver o antológico "Rythmetic" (1956), recém-inserido num DVD. Se tudo der certo, ainda hoje consumirei de forma orgástica os quase 9 minutos desta verdadeira ode à arte matemática. Se pessoas com outros interesses não se interpuserem sobre os meus planos...

Wesley PC>

terça-feira, 15 de abril de 2014

- UM HOMEM QUE AMO... - QUAL DELES? - UM AMIGO.


- Ah, por isso que tu gostas tanto da faixa-título desse disco, não é?
- Não apenas.
- Mas admita: na tua atual condição, a letra é ressignificada. Ou não? 
- Sim, mas tal condição não é atual, e sim perene.
- Tu amas?
- Sim, eu amo.
- E tu enxergas uma escuridão?
(ele canta, eu canto)

 "Well, you're my friend, (that's what you told me)
 And can you see (what's inside of me) 
Many times we've been out drinking 
And many times we've shared our thoughts 
But did you ever, ever notice, the kind of thoughts I got
 Well you know I have a love, a love for everyone 

I know And you know 
I have a drive to live
 I won't let go 

But could you see its opposition comes arising up sometimes 
That its dreadful antiposition comes blacking in my mind 

 And then I see a darkness 
And then I see a darkness 
And then I see a darkness 
And then I see a darkness 
And did you know how much I love you
 Is a hope that somehow you, you 
Can save me from this darkness"... 

- Ainda assim, nesta escuridão visível, tu amas? 
- Justamente por causa dela é que eu mais amo!

Wesley PC>

O RECEIO (E A NECESSIDADE) DE LIGAR E PERGUNTAR: "TU JÁ ME ODEIAS PARA SEMPRE?"


Da mesma forma que nunca vi nenhum filme do incensado Jean-Claude Brisseau e pretendo fazê-lo hoje, às 22h, com "Os Anjos Exterminadores" (2006), preciso enfrentar o receio e encarar uma voz que talvez me odeie de frente. Mas, do outro lado da linha, como se fica "de frente"? Num passado recente, muito recente, quando eu abracei aquele interlocutor de costas, ele sugeriu que eu o abraçasse pela dianteira, visto que assim seria mais rentável para ambos. Porém, ele teve receio da ereção teimosa que insistia em lembrá-lo que ele sentia atração física por mim. É uma coisa que assusta, talvez. Creio que falarei algo sobre o filme aqui, depois...

Wesley PC>

segunda-feira, 14 de abril de 2014

AS CONTRADIÇÕES COTIDIANAS - OU OS MILAGRES DO DIA-A-DIA...


"Espero que tu também estejas um pouquinho mais liberal", disse-me ele, em resposta à minha provocação. Disse-lhe que, por causa do tempo que não o vejo, meu desejo sexual ficou atiçado. "Vá com calma, Wesley!", foi a resposta que ouvi. Liberalidade e calma são sinônimos? Não me atreverei a levar esta questão à frente diante de pessoas impacientes, de seres humanos socialmente aceitos mais incapazes de encontrarem em si mesmos a gênese da rejeição hipertrofiada. Prefiro lembrar o que o padre interpretado por Gérard Depardieu em "Sob o Sol de Satã" (1987, de Maurice Pialat) me ensinou...

Wesley PC>

O BRINDE DA REGRAVAÇÃO PORTUGUESA!

Exatamente agora, enquanto escrevo estas linhas, minha mãe acompanha a reprise do sexto capítulo da telenovela"Dancin' Days" (1978), escrita por Gilberto Braga e dirigida por Daniel Filho, exibida no Canal Viva desde a última segunda-feira, 07 de abril de 2014.

 Por causa da fama da telenovela, eventualmente me permito acompanhar alguns capítulos, sobre os quais tenho quase certeza de que voltarei a falar, analiticamente, muito em breve. Mas, enquanto esse dia não chega, venho aqui elogiar ao menos um aspecto da regravação portuguesa da mesma novela, exibida entre 2012 e 2013 e que minha mãe acompanha compulsivamente pelo canal fechado Sic Internacional.

A original brasileira teve 173 capítulos. A versão portuguesa, 336. Na versão original, Lauro Corona interpreta o filho irresponsável de uma rica esnobe. Na versão portuguesa, o mesmo personagem - outrora chamado Beto, agora Guilherme - é interpretado por Sisley Dias, um modelo e ator suíço que possui o tipo de beleza ideal, daquelas que me obriga a parar diante da TV, sempre que minha mãe está vendo a novela, para contemplar o seu sotaque: que homem lindo!

Em breve, volto a falar sobre este assunto. Por ora, estou hipnotizado: uau!

Wesley PC>

"A SANGUESSUGA É HERMAFRODITA"!

Apaixonei-me pela diretora Catherine Breillat desde que a conheci através do polêmico e gracioso "Romance X" (1999). Percebi imediatamente que havia, em sua obra, algo que tinha muito a ver comigo e meus dilemas pessoais. Os traços incestuosos e bizarros de "Uma Adolescente de Verdade" (1976); as discussões sobre virgindade em "Menina Tamanho G" (1988) e "Para Minha Irmã" (2001); os problemas relacionais do decepcionante "Sexo é uma Comédia" (2002); e a genialidade incandescente e extrema de "Anatomia do Inferno" (2004): sempre que eu me deparava com qualquer obra conduzida por ela, via a mim mesmo nalgum ponto, ansiando por uma expressão convertida em identificação. Assistindo ao telefilme "A Bela Adormecida" (2010), há pouco, tudo fez sentido: identifico-me porque sou virgem! 

No filme, absolutamente genial em sua releitura de contos infantis, uma princesa, condenada a adormecer perpetuamente na juventude, tem seu destino intercedido por três fadas-madrinhas, que preferem adormecê-la aos 6 anos, de modo que ela despertará aos 16. Daí por diante, portanto, somos cúmplices de um longo sonho da personagem, no qual, entre criaturas encantadas e elementos de pesadelo, ela encontra os dois seres que mais amará em sua vida: um garotinho que a acolhe como irmã até se apaixonar pela glacial (nos dois sentidos da palavra) Rainha da Neve; e uma cigana que prefere as raparigas aos rapazes e que, a posteriori, lhe ensinará sobre o amor...

Ao despertar, aos 16 anos, a protagonista, obcecada por dicionários e despertadores, reencontra um descendente de seu amado, depois de ter sido beijada e completamente tocada por sua amante fêmea. Ela a desvirginiza, a engravida, a obriga a conhecer "o mundo real". E, na derradeira seqüência, eu fui obrigado a conter o grito: caramba, é isso o que acontece comigo, talvez seja disso que eu tenha receio! Um filme genial, de uma diretora francesa absolutamente sublime!

Num dos inúmeros instantes geniais da película, o deflorador da princesa adolescente assiste a um filme da própria diretora ["Escândalos Noturnos" (1979)] entre amigos, visivelmente mais interessado em transar com a sua companheira de sessão que em prestar atenção ao que o filme clamava, não por acaso relacionado à situação que ele enfrentaria posteriormente, ao finalmente conseguir convencer a amada Anastasia a fazer sexo, a amar... Não vi este filme ainda, mas pressinto que me identificarei bastante também. Por enquanto, eu desejo!

Wesley PC>