segunda-feira, 30 de março de 2009

A CULPA NÃO É (SÓ) DE DEUS!


[Advertência inicial: espero que isto não seja tomado como um ataque pessoal, mas como uma apaixonada indicação cinematográfica, que é o que tudo o que escrevo em vida pretende ser.]

Ao ler (e discordar de alguns pontos de vista) de um texto de alguém que eu muito prezo neste ‘blog’, percebi que sentimentos mal-administrados são talvez os principais responsáveis pela onda de filisteísmo que varre o mundo. Fiquei tão obnubilado por alguns problemas que tendi a levar a sério demais alguns escritos tipicamente espirituosos d'"omenino mais lindo do mundo". A fim de que ele não pense que tenho algo contra ele ou que tendo a me tornar um fanático religioso no sentido mais convencional do termo, indico a ele uma das melhores produções cinematográficas já realizadas sobre o tema da descrença (ou crença tardia iracunda) de Deus: “O Sétimo Selo” (1957), do mestre sueco Ingmar Bergman.

Creio que a sinopse do filme é do conhecimento de todos: na Idade Média, ao regressar das Cruzadas e deparar-se com todos os tipos de mortes, epidemias e vícios do ser humano, um cavaleiro cético depara-se, num dia qualquer, com a Morte em pessoa, que o convida para uma partida de xadrez: se ganhar, ele permanece vivo. Se perder, ele é ceifado de imediato. Curiosamente, o cavaleiro, de nome Antonius Block (vivido por Max Von Sydow) tem interesse em continuar vivo por mais algum tempo unicamente para provar a si mesmo que existe algum sentido neste mundo, para buscar algo que talvez valide esta possibilidade desesperada. Numa cena fabulosa, o cavaleiro penetra numa Igreja e, pensando estar em companhia de um padre, de um servo eclesiático do Senhor, confessa suas angústias, sem saber que, na verdade, é a própria Morte quem conversa com ele. Segue trecho do diálogo:

“ – Eu desejo o conhecimento. Não a fé, não as presunções, mas o conhecimento. Eu queria que Deus esticasse a Sua mão, descobrisse a Sua face e falasse comigo.
- Mas ele permanece em silêncio...
- Eu clamo por ele nas trevas, mas não encontro ninguém lá.
- Talvez não exista Ninguém, de fato.
- Se for assim, a vida é de um horror desbaratado. Nenhum homem pode viver encarando somente a Morte, sem saber nada sobre o Nada.
- A maioria das pessoas sequer pensa na Morte ou no Nada.
- Até que, um dia, elas ficam no limiar da vida e encaram as trevas.
- E só neste dia!
- Eu entendo o tu queres dizer. O vazio é um espelho que se reflete no meu rosto”.



E o filme segue em frente, um dos mais geniais que já vi em vida. Sinto orgulho de possuir esta obra-prima em casa e, imploro-te amado Rafael Maurício, quando este teu esquisito entojo cinematográfico se extinguir, por favor, disponha-se a ver este filme. Juro que vai ajudar não somente a ti, como a todos os seres que circundam sob ti. Fica bem, pelo amor de qualquer entidade que supostamente tu creias. Fica bem!

Wesley PC>

4 comentários:

Unknown disse...

Bela obra do Bergman, adorei o visual do filme, e assistiremos juntos e aqui em Campinas ok Wesley?

Gabriela disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Gabriela disse...

Wesley aqui é a Gabi do fotolog movie_lovers! Tô adicionando o blog de vocês!

Adoro o Bergman e esse foi o seu primeiro filme que assisti! Genial!

Rafael Maurício disse...

eu já assisti
perdi o começo