sexta-feira, 16 de setembro de 2011

E, JÁ QUE EU DISSE QUE ESTAVA APAIXONADO, ALEKSANDR PETROV BATE PALMAS!

Estou apaixonado! Impossível pensar numa frase melhor para definir o arrebatamento que nos toma de assalto após a sessão do curta-metragem “Meu Amor” (2006), do animador russo Aleksandr Petrov. Baseado num romance russo cuja trama se passa no século XIX, este filme emula o estilo impressionismo em sua direção de fotografia, a fim de contar a estória de amor de um rapazola rico que recebe cartas de amor de sua empregada adolescente, mas nutre um desejo espalhafatoso por uma das mais belas mulheres da cidade, sempre escondida por detrás de seus óculos azulados. Sempre que está perto de alguma das duas pretendentes (a que o deseja e aquela que ele deseja), o tempo pára, o espaço é suspenso, o amor intenso é ativado... E, com este amor, o meu próprio amor ia junto... Filme lindo, arrebatador!

Numa das seqüências-chave do filme, o rapaz descobre que o seu objeto feminino de desejo possui uma grave deficiência num dos olhos. Em seguida, ele padece de meningite, e a sua empregada oferece-se a ir para um convento, caso ele melhore. Era uma promessa e, oficialmente, ela tinha que cumprir. E, caramba, que filme apaixonante, encantador, maravilhoso! Aleksandr Petrov é um cineasta genial, conforme já fora problematicamente antevisto . É oficial: estou apaixonado. O filme deixou a fôrma preparada!

Wesley PC>

TOME-LHE NA CARA, QUENGO!


Até a tarde de ontem, eu não lembro de ter ouvido falar da cantora nigeriana Nneka. Digo mais: quando soube que ela era especializada na execução de ritmos negros caros aos estadunidenses, fiquei desconfiado, perguntando a mim mesmo se a sujeição ao ‘rap’ anglofílico poderia ser, de fato, uma atitude prothttp://www.blogger.com/img/blank.gifestante. Quando eu tive acesso à capa do disco “Concrete Jungle” (2010) fiquei ainda mais desconfiado: o jeito era ouvir o disco para tirar alguma conclusão!

Assim o fiz. À primeira audição, achei algo parecido com Erykah Badu, que é uma artista que, de fato, a Nneka cita como referência. Não sou tão fã dela quanto pareço ou deveria, mas, na faixa 4, “Heartbeat”, eu me entreguei completamente. Canção perfeita, letra forte, videoclipe genial (vide aqui). Repeti a mesma canção uma dezena de vezes seguidas e, agora, sinto como se a conhecesse há décadas. Genial! Estou apaixonado!

“Can you feel my heart is beating?
Can you see the pain you're causing?
Can you feel my heart is beating?
Can you see the pain you're causing?”


E eu grito: UAU!

Wesley PC>

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

QUE CONSTE DOS AUTOS: EU EFETIVEI O ANSEIO DE COMER ENQUANTO VIA “EAT” (1963, DE ANDY WARHOL)...

De supetão, meu primeiro julgamento sobre este arquitetado experimento cinematográfico é que a execução é inferior ao conceito. Ou seja, na teoria, a obra e a metalinguagem alimentícia durante a sua exibição funcionam muito bem, mas, na prática, o enfado se instalou: é difícil não ficar sonolento após acompanhar, por mais de quarenta minutos, um ator comendo em câmera lenta diante da tela, sem qualquer som de acompanhamento. O único fator dissonante neste processo deglutivo era um gato que volta e meia pousava sobre o ombro esquerdo do ator. Minha mãe entrou no quarto várias vezes e perguntou o que eu estava assistindo, do que se tratava aquela imagem repetitiva de um homem que mastigava e mastigava e mastigava... Eu expliquei sucintamente do que se tratava, destacando a importância investigativa desse tipo de experiência ‘underground’, mas acho que, definitivamente, Andy Warhol não se converterá em um dos cineastas de seu apreço. De minha parte, apesar de não ter gostado muito do filme, insisto que, enquanto projeto, “Eat” é genial e combativo. Pena que, hoje em dia, ele foi mais do que assimilado pela Indústria Cultural. Mas ainda é muitíssimo relevante em seu contexto artístico de época!

Wesley PC>

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

E, AO FINAL, HAVIA SÊMEN NO MIJO E VONTADE DE VER O PRIMEIRO CURTA-METRAGEM DE ALEJANDRO JODOROWSKY O QUANTO ANTES!

Na manhã de hoje, cinco amigos permitiram que eu compartilhasse com ele todas as agruras e diversões que eu experimentava numa clínica de exames de sangue, fezes e urina. Enquanto aguardava a minha vez de ser atendido (senha 116), uma mulher histérica perguntava de 10 em 10 segundos se já haviam chamado o seu nome, ao passo em que eu não conseguia tirar os olhos do menino que recebia os potinhos de merda. Tão bonito ele, será que ele gosta mesmo de seu trabalho?

Passei mais ou menos duas horas na fila da clínica e sentia fome, muita fome, pois estava em jejum desde ontem à noite. E, quando dois velhinhos ao meu lado começaram a analisar os detalhes de sombreamento num quadro para-impressionista pendurado na parede, eu disse para mim mesmo: “quero ver um filme do Alejandro Jodorowsky hoje, sem falta!”. O escolhido foi “A Gravata” (1957). Demorarei um tantinho para me acostumar com seu ritmo genialmente circense, mas, depois do acontecido, que filme lindo, que estória linda de amor!

Na trama do filme, supostamente baseada em Thomas Mann, um homem que não consegue conquistar a mulher por quem se sente atraído submete-se a uma espécie de cirurgia cefálica que permite que ele troque de cabeça várias e várias vezes. Sem perceber, entretanto, a pessoa que o amava estava pertinho dele, e ele desdenhava... Numa das cenas mais belas do filme, a mulher apaixonada e a cabeça jogam xadrez, num tabuleiro com pêras e maçãs. Emocionei-me no ato. Filme lindo! É melhor até parar de escrever sobre ele para não estragar a surpresa de quem ainda não viu...

Wesley PC>

PELA MANHÃ, TEREI QUE FAZER EXAME DE FEZES...

E, por ora, estou em jejum, pois também me sujeitarei a um exame de glicemia e colesterol. Na geladeira, há sorvete. Sobre o fogão, há lasanha. Acabei de defecar, o que aumenta as possibilidades de eu não dispor de material para análise fecal pela manhã. E, por dentro, o que me corrói é a vontade de amar alguém. Não para substituir, mas para complementar!

Wesley PC>

terça-feira, 13 de setembro de 2011

SOBRE A DIFICULDADE DE TER PRINCÍPIOS E A NECESSIDADE DE MANTÊ-LOS (OU “NOME? O QUE É UM NOME?”):

Há alguns sábados, um grande amigo convidou-me para assistir a um concerto de ‘rock’ sediado numa famosa e infame empresa de ‘fast food’. Por razões aparentemente óbvias, recusei o convite, enquanto uns e outros amigos perguntavam-me: “o que tem de mais assistir a um concerto ali? A música não compensa a ideologia, não?”. Nesse caso, NÃO, a resposta é não!

Na tarde de hoje, me vi desejoso de assistir a um recente filme brasileiro, filmado no Estado em que resido e exibido numa mostra cinematográfica local de projeção nacional. Eu intuía que o filme seria ruim, mas me dispus a avaliá-lo de coração aberto. O personagem biografado era tão interessante que eu cri que, de fato, o filme pudesse ser, no mínimo, regular. DE minha parte, portanto, tudo bem. Da parte dos exibidores do filme, entretanto...

Como eu tinha certeza de que a sessão do filme começaria atrasada, cheguei ao local de exibição meia-hora após o horário programado. Dito e feito: no momento exato em que eu chegava, o filme começava a ser exibido, enquanto, na porta da sala, uma funcionária tentava explicar a algumas crianças que não havia mais espaço no local. Por sorte, eu consegui achar um assento, mas a projeção estava horrível, posto que a tela ficava mal-localizada. Um mal menor se levássemos em consideração que o que importa de verdade era ver o filme, mas... Nem isso, meu Deus, nem isso!

Pouco menos de uma hora após o início da sessão, a mesma foi bruscamente interrompida. Um funcionário mal-encarado do evento ligou as lâmpadas e, sem dar qualquer explicação à platéia, rebobinou o filme quase por completo. Ninguém entendeu nada: “que porcaria foi essa?!”. Saí indignado da sala, sentindo-me extremamente violentado. Da mesma forma, saiu um dos integrantes do elenco do filme, também frustrado com a má exibição da obra. Após alguns minutos, o problema foi corrigido e o filme foi exibido até (quase) o fim. Só não respeitaram os créditos finais...

Terminada a sessão estapafúrdia e abominável – não pelo filme em si, que é regular, conforme eu esperava, mas sim, pelo descaso atroz contra os espectadores – percebi que, às vezes, é mais do que essencial e recomendável levar a sério os princípios e desdenhar de eventos pseudo-culturais, não obstante a qualidade apreciável dalguns produtos. Fiquei envergonhado, absolutamente envergonhado com tudo o que vivenciei na tarde de hoje. Enojado!

E, para quem quer nomes, o nome de meu amigo é Américo Nascimento, o nome da empresa de ‘fast food’ é McDonald's, o nome do filme é “O Senhor do Labirinto” (2010, de Geraldo Motta & Gisella de Melo), o nome do integrante do elenco é Flávio Bauraqui e o nome do evento é CURTA-SE (Festival Iberoamericano de Cinema de Sergipe), em sua 11ª edição. Garanto-vos que cada um deles será citado, a propósito deste evento chafurdado de hoje, inclusive, mais vezes neste ‘blog’... Estou indignado, de coração!

Wesley PC>

E, PARA ALÉM DE TODO BARULHO, EU DORMI!


Maçãs envenenadas, pajelança, mapa do Nepal esculpidos em madeira, órgãos sexuais alheios em estagio flácido, vontade de falar superando a vontade de ouvir (mas ouvindo mesmo assim): aconteceu muita coisa comigo ontem, mas, ainda assim, eu cria que conseguisse agüentar o primeiro episódio do elogiadíssimo seriado “Game of Thrones”, reexibido ontem à noite no canal fechado HBO, até o final. Dormi! Quando a coisa estava ficando empolgante, eu dormi. Quando eu pensava que já podia encetar uma conversa decente com alguns apetecíveis admiradores do seriado (e, principalmente, do livro de George R. R. Martin que deu origem à serie), eu dormi. Quando eu pensava que me sentia bem, eu dormi. Acordei assustado, preocupado, sofrendo por antecipação. E, mais tarde, tem o segundo episódio na TV. Será que eu entenderei o fio da meada assim mesmo, sem ter visto o primeiro? Fica o pretexto.

Wesley PC>

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

O ASSIM-CHAMADO “PRAZER CULPADO”:

Antes de dormir, na noite de ontem, eu me dispus a ver um destes telefilmes musicais do Disney Channel. Tinha certeza de que seria uma produção boboca e sumamente vendável, mas minha tara hebefílica renitente me levava a esperar que uma ou duas seqüências para-dramáticas pudessem ser providas de maior sinceridade compositiva. Confesso que gostei um pouquinho da personagem vegetariana e que a canção “Determinate” é grudentinha, mas a beleza dos atores incomodou-me negativamente. É tudo tão comercialmente ‘clean’, tão artificial, tão conflitivamente canhestro, tão súbito e imediatista a noção de sucesso defendida pelo filme, tão fútil o filme como um todo que talvez nem seja de bom tom comentar “Lemonade Mouth” (2011, de Patricia Riggen), mas, como a imagem de divulgação me enganou no que tange a uma possível similaridade com “Clube dos Cinco” (1985, de John Hughes), curti o filme por alguns instantes... Mas nada que me impeça de fazer côro com Albert Einstein: “triste época nós vivemos: é mais fácil desintegrar um átomo que um preconceito”. O mesmo pode ser dito aos falsos valores morais propagados pela Industria Cultural. Erca!

“Gotta turn the wonder
Into your dance floor
Determinate , determinate
Push until you cant and
Then they demand more
Determinate , determinate
You and me together
We can make it better
Gotta turn the wonder
Into your dance floor
Determinate , determinate”


O resto é resto!

Wesley PC>

domingo, 11 de setembro de 2011

NO CORPO DO TEXTO, EU CITAREI O FINAL DE UM FILME DO JOHN FORD...

A foto acima foi tirada antes da sessão de “Interiores” (1978, de Woody Allen). A foto abaixo foi tirada duas horas depois, num patamar emocional absolutamente distinto do inicial. Distinto, porém deveras coeso: eram as mesmas pessoas, elas sabiam o que estavam acontecendo com elas e sob que aspectos específicos o filme as afetou... Eram (e são) pessoas que, acima de tudo, vivem!

Já comentei sobre o intenso impacto dramático deste filme aqui e, como tal, não é difícil entender o quanto ele nos afetou profundamente (a cada um de nós, inclusive). Tanto que, após a sessão, precisávamos sair. Precisávamos confrontar os nossos interiores amargurados com exteriores que, entre outras coisas, também nos proporcionava amargura. Minutos após a segunda foto, portanto, estávamos na Orla de Atalaia, conversando, interagindo, sendo vivos e humanos. E, cada qual a seu modo, percebi o quanto tenho a ver com as pessoas que estavam comigo. Eles me complementam, eles me permitiram experimentar um sentimento de bem-estar muito parecido com a felicidade, aquela que não se perde no egoísmo do gozo, mas está intimamente associada à necessidade de disseminar amor no mundo. E, quando eu cheguei em casa, pro volta das 2h da madrugada, disse a cada um deles, através de mensagens de celular, que estava muitíssimo agradecido por eles terem me tornado um homem melhor, nesta que foi uma das melhores e mais importantes noites de minha vida recente. Não conseguiria dormir do jeito que estava, por extensão. Liguei a TV, como se atendesse a um chamado urgente do acaso.

Eram 2h25’ quando “O Delator” (1935) passou a ser exibido na TV. Apesar de ser um filme bastante premiado do famoso cineasta John Ford, eu nunca havia visto este filme. Mais: eu havia comentado com a única mulher vista nesta foto, horas antes do início da sessão, que, graças a uma surpreendente maratona que engendrei com os filmes fordianos disponíveis, eu finalmente apaixonei-me por este cineasta, constatando que ele muito mais genial do que meus preconceitos ideológicos me permitiam perceber à época. Vendo dezenas de seus filmes em seqüência, pude constatar que, dentre outras antonomásias (“o mestre do faroeste” à frente), a que melhor definia este artista irlandês era “o cineasta da comunidade”, visto que, cada um de seus filmes analisava o modo como as ações individuais interferia nas constituições morais e/ou legislativas das sociedades em que os indivíduos se encontram inseridos. Nem que eu quisesse, obras-primas como “No Tempo das Diligências” (1939), “Como Era Verde o Meu Vale” (1940), “As Vinhas da Ira” (1941), “Rastros de ódio” (1956) e “O Homem que Matou o Facínora” (1962), para ficar apenas em cinco título, me deixariam mentir: John Ford é um dos cineastas que melhor compreendem o conceito de comunidade em toda a História do Cinema e, no filme que eu começava a ver naquela madrugada, este conceito de comunidade era adotado de forma tão primeva quanto impressionante, em sua incisão dramática violenta: na trama de “O Delator”, um homem atormenta-se por ter denunciado o paradeiro de seu outrora melhor amigo à polícia, que o procurava por ele ser um rebelde irlandês. Um tema difícil, um tema árduo, um tema angustiante, que John Ford contorna de forma pessoal, culminando o périplo sofrido do protagonista com uma cena em que, baleado no interior de uma igreja, o alcagüete suplica o perdão da mãe de seu melhor amigo denunciado, agora falecido. A resposta dela e, principalmente, a reação dele me deixaram insone. Estava feliz: amo os meus amigos, eles me fazem ser quem eu sou e (re)instauram-me como um membro ativo da comunidade!

Wesley PC>