sábado, 11 de julho de 2009

“REPOUSO”, de Almeida Junior (1850-1899)


Até ontem à noite, depois de visitar o ‘blog’ de uma erudita amiga européia, eu nunca havia ouvido falar deste pintor. Segundos depois da visita, encanto-me não somente ao conhecê-lo, mas ao descobrir que ele é brasileiro (BRASILEIRO!), nascido na cidade paulista de Itu. Fiquei impressionado com seu estilo, com sua leveza de traços e profundeza de temas. Descobri que ele foi fatalmente apunhalado por um primo, marido da senhora com quem ele manteve um caso proibido de amor. Acordei sentindo violentas cólicas estomacais na manhã de hoje. Arte é beleza. Beleza pode estar acompanhada de dor. Dor pode ser redenção...

Sem mais palavras, dedico a imagem a Wendell Bigato.

Wesley PC>

AVISO: O NOME DE MICHAEL JACKSON É CITADO NESTE TEXTO DE FORMA PURAMENTE CIRCUNSTANCIAL!


Quando eu vi “Vida Sem Destino” (1997), filme de estréia como diretor do roteirista Harmony Korine (responsável por dois ótimos filmes dirigidos por Larry Clark), fiquei impressionado: aquela violência sexual que se manifesta na infância, o morticínio gratuito de gatos, a cena antológica em que uma mãe lava os cabelos de seu filho numa banheira imunda, enquanto este come macarrão com muito ketchup e chocolate... Tudo aquilo me impressionou positivamente! Dois anos depois, Harmony Korine aderiu ao movimento cinematográfico escandinavo Dogma e realizou “Julien Donkey-Boy” (1999), em que um menino deficiente engravida sua irmã. Interessante, porém irregular. Hoje pela manhã, vi o filme mais recente do diretor: “Mister Lonely” (2007). Ainda não sei o que achei...

Pelo título, é óbvio que o diretor e roteirista continua viciado em suas fórmulas independentes de tristeza referencial. Começa com uma música triste e termina com uma música religiosa. Nesse entretempo, somos apresentados a um personagem que dedica sua vida a imitar Michael Jackson. Depois que entretém uma platéia geriátrica francesa, ele conhece uma imitadora de Marilyn Monroe e se apaixona. Esta é casada com um imitador de Charlie Chaplin (que mais parece Adolf Hitler), tem uma filha imitadora de Shirley Temple e vive num castelo com imitadores de personagens tão distintos quanto o papa Bento XVI, Os Três Patetas, a Rainha Elizabeth II, Abraham Lincoln, Chapeuzinho Vermelho, Madonna e James Dean. Apesar da euforia cara à tarefa deles (que mais parece um dom impositivo), são todos tristes. Vivem à espera de um público, que se recusa a aparecer. Alguém irá se suicidar neste grupo. Nada mais esperado dentro da lógica de saturação melancólica quase forçada do filme.

Paralelamente a este grupo de personagens, acompanhamos as desventuras de uma missão religiosa panamenha, chefiada por um padre interpretado pelo magnânimo cineasta Werner Herzog. Um dia, enquanto atiravam sacos de arroz de um avião em movimento, uma freira cai. Cai ilesa no chão após uma queda livre! Conta para suas irmãs de fé, que crêem terem presenciado um milagre, e todas resolvem se atirar do avião. Caem ilesas no chão após uma queda livre! O espetáculo deve ser levado ao Vaticano. Alguém irá morrer neste grupo. Nada mais esperado dentro da lógica de saturação melancólica quase forçada do filme.

Eu não consigo dizer com exatidão o que estou sentindo por este filme. Sei que gostei e que, ao mesmo tempo, senti muita raiva do vício em tristeza que ele incute em seus espectadores-alvo, que ficam a buscar identificações com os bizarros (e indubitavelmente humanos) personagens do filme. Mas o engraçado é que, por causa deste filme, fui obrigado a escrever o nome de Michael Jackson aqui no ‘blog’. OK, admito, o cara tinha talento. “Heal the World”, do álbum “Dangerous” (1993), é uma canção que estou com vontade de ouvir/praticar no momento!

Wesley PC>

Saga Gomorrense (Rio de Janeiro) Feop pt15

Domingo, 05/07

Manhã e tarde de morgação na Maré. A programação da tarde ficou no vazio visto que nenhuma das minhas amigas me deu noticias. Uma já era esperado, outra não. Acontece. Acabei vendo teve (gatonet) e lendo livro.

Meu colega lembrou que hoje chaga uma galera de vários estados pra participar de um curso de formação de pesquisadores promovido pelo Observatório de Favelas. E dentre as pessoas que vem temos alguns amigos e amigas! Leval rever essa galerinha de longe \o/

Mas nem tudo são flores. Lá reencontrei o pessoal que conheci no Conexões, Feop e na Juventude Negra e acabei discutindo as nossas atuações hoje em dia. E mais, ainda me comprometi a articular a uma delagação da juventude negra lá de Sergipe.
Ô férias..

Mas enfim, descemos pra Lapa e curtimos legal. Na moderação porque no outro dia a pova ia fazer o curso. Quando voltamos pro Hotel da pova ficamos na porta conversando. Uma de nossas colegas curte viagens astrais e tals. E o que a pova chamava de lombra ela chamou de momento de introspecção: ela tinha bebido no dia anterior o famoso chá de saint daimon!! Pova desinformada, deveria saber disso e disso.

Mas dae perdemos a noção da hora e fomos correndo pegar o busão. Mas a guria que nos acompanhou morava bem mais longe que a Maré. Dae quando chegamos na Maré ficamos no ponto com ela esperadno o busão. Chegamos meia noite e só saímos 1h da manhã. Mesmo assim porque acabamos chamando um táxi pra ela. Foi legal, apesar do cansaço, pois ficamos conversando bastante. Boas risadas.

Bem, domingo de morgação que acabou bem.

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Saga Gomorrense (Rio de Janeiro) Feop pt14

Sábado, 04/07

Dormi até 10h, fui tomar banho e não tinha água. Ao tentar voltar pro quarto percebo que o irmão de meu colega está batendo uma de-érre daquelas. Fiquei lá pela sala mesmo. Comecei a ler um dos livros que ganhei na UFF e o tempo passou. Já era 12h e ia sair pra encontrar minha amiga que é coordenadora de um pré-vestibular no centro, numa Igreja Presbiteriana.

Ao sair aviso ao carinha que não tem água e ele me diz que é porque a bomba da caixa dágua estava desligada. Putz, já era hora deu sair e agora teria de esperar uns 20min pra poder tomar banho. Esperei.
Ao sair do banho ele diz que deixou almoço pra mim. PQP, tinha pouca comida e ele ainda deixou pra mim, num ia fazer esta desfeita e tamném não ia recusar comida. Me atrasei mais ainda. Acontece.

Acontece também que desci no ponto errado. Não muito longe do local certo, mas como não tinha noção disso andei pro lado errado. Perguntei pra me orientar e me mandaram seguir a mesma rua no sentido contrário. Depois de 21min pergunto de novo a alguém e me dizem pra voltar o caminho, ou seja, andei duas vezes a mesma rua e não sabia o lugar certo. Por fim me indicaram e lá chego eu.
Por sote minha amiga não dependia de mim. Na verdade eu que fui acompanhá-la no trabalho =)

No pré fiquei conversando com uma das amigas (as mesmas com quem sai ontem) enquanto a outra trabalhava. Também conheci uma garotinha de 9 anos muito ativa chamada Glaucia. Ela me ensinou um jeito diferente de fazer conta de vezes. \o/
Ela é viciada em glicose, em especial doces. E Glaucia que por natureza é ativa, quando come muito doce fica superativa. A guria não para de falar auhauhauh loquinha!!

Lá pelas 17h a amiga que ficou de bobs comigo teve de ir embora. Como era sábado, final de tarde no centro, os busa demoram muito. Fui acompanhá-la e acabamos conversando muitão, quase 1h até o busa passar. Marcamos de fazer algumas coisas no domingo, visto que nossa amiga coordenadora do pré amanhã provavelmente estaria reclusa em casa sendo consumida pela monografia.

Voltei pro pré e logo saíamos. Comemos bobagens e caminhando no centro acabamos chegando nas barcas de novo.Bem, já num conseguia deixar de pensar na canção. Não vimos o sol nascer, mas as portas e as janelas sempre estiveram abertas =)

Dia simples. Bom dia.

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Saga Gomorrense (Rio de Janeiro) Feop pt13

Sexta, 03/07

Pela manhã li algumas notícias no e-mail e lembrei de um documento do feop, nosso Histórico e Proposições. =) Apesar das férias o Encontro de Casas vai ser em breve e preciso me preparar.

Lá pelas 15h fui pro CCBB encontrar com as amiguinhas. Desta vez estava aberto e vimos as exposições.
De cara tinha uma oficina de cinema. Era só se inscrever, marcar horário e juntar a turma pra produzir um filme de 3 min. Cadê você, Wesley??
Depois fomos ver a Virada Russa.

Vimos Yves Saint Laurent - Voyages Extraordinaires e a Galeria de Valores. Também tinha uma amostra de roupas inspiradas na china, marrocos e índia. Bem legal =]

À noite comemos bobagens (sanduiches, pizzas, espetinhos). Caminhamos olhando os bares enquanto minhas amigas faziam comentários sobre o que cada um tinha de bom e ruim.

telkefonei pro meu colega na maré pra saber se ele estava em casa. Estava e novamente porque houve troca de tiros e desta vez o caveirão passou. Mó paião, mas dessa vez a comunidade não parou, ficou de alerta.

Chegay perto da meia noite e ficamos bebendo cerva na rua até umas 2h. É loco estar curtindo, relaxando, mas ter de ficar ligado na atividade. Estávamos numa esquena e na outra em frente uns carinhas, jovens, com rádio numa mão e fuzil na outra. Pior ainda é vê-los entrando num arua e depois saindo correndo do caveirão. Correndo com um fuzil nas mãos...

Como diz racionais:
"Vi um pretinho seu caderno era um fuzil".



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Saga Gomorrense (Rio de Janeiro) Feop pt12

Quinta, 02/07

Depois do almoço no bandejão de miséria fiquei esperando a menininha que me levaria na UFF. Tínhamos marcado 13h na frente do RU. Né que a malandrinha só apareceu 13:45h?!! Sorte nossa, pois estava tentando mandar uma mensagem pra nossa outra amiga - que também nos encontroaria na UFF - dizendo que não iria, mas a mensagem deu erro e tive de escrever outra vez. Quando acabei de escrever e enviar, me levantou e estou indo embora a pextinha chegou. Melhor pra nós \o/

Poderíamos ter ido de barca, mas demoraria um pouco mais e seria um cadim mais caro. Fomos de busa então.
O bairro de niteróis onde fica a UFF parece dicade do interior. Chegando lá fomos pro prédio de Educação, a guria faz pedagogia, acho que é pós graduação.
Enquanto ela ficava na aula fui dar uma volta na universidade. Fui atrás do prédio de história e já na entrada vi um sebo. Muito bom, barato, mas eu estava com pouca grana. Então fui atrás de um banco pra tirar grana, mas dentro da UFF não tem banco do Brasil ¬¬ Só tinha no outro campus, o Valonguinho, que ficava a 10mind e distância. Não valia a pena ir até lá naquela hora.
Dae resolvi dar uma volta pelo bairro pra por crédito no cel. Perguntei ao pessoal e ninguémsabia indicar um local, ou melhor, só indicavam o shops que era longe ¬¬
Bem, caminhando vi de longe um cartaz de um a bola vermelha, achei que se tinha esta operadora teria outras. Chegando lá logo era de outra empresa... como já estava por lá resolvi perguntar. Incrivelmente na loja que era um padaria tinha recarga do cel que procurava. \o/ coisas da vida...

Quando voltei pro prédio de educação minha amiga agoraeram duas. Outra tinha chegado. Iríamos agora pra Unirio, mas antes elas foram ao banheiro. Como eu estava um pouco cansado de tanto caminhar resolvi sentar. A poltrona afundou um pouco e fez minha cabeça levantar e eis que uma intervenção divina aconteceu!! A janela de atendimento que tinha visto no corredor não era uma copiadora. Pelo cartaz acima da janela que só pudi ver quando minha cabeça foi jogada pra trás descobri que a sala era do PENESB - Programa de Educação Sobre o Negro na Sociedade Brasileira. Pow, fui lá e dei o golpe. Vi uns livros em cima da mesa e pedi logo algum de presente. Falei que era da UFS, estava de visita, que me interesso eplo tema, etc. Acabei ganhando 8 livros \o/ yeah!

Fomos embora e dessa vez fomos de barca >eu ia te chamar enquanto corria a barca<.

Chegando na Unirio participei de um grupo de dinâmicas, foi bem legal.

Um outro colega, disse que poderia dormir na casa dele. Ele estaria na UFRJ que é do lado da Unirio. Marcamos 22h na lanchonete da UFRJ,mas quando foi umas 21h ele me ligou dizendo que não tinha ido pra universidade porque tava tendo atividade (guerra) lána Maré, que é onde ele mora. Putz... mas ele falou que já estava mais calmo e que eu poderia ir pra lá. É o Rio de Janeiro, veneno da lata...

E lá fui eu. Triste ver as ruas vazias, quase tudo fechado. A galera se fechou em casa. Quando chegay na casa dele também ficamos fechados em casa. o.O

Saga Gomorrense (Rio de Janeiro) Feop pt11

Quarta, 01/07

Acordei cedão, fui tomar café no refeitório do alojamento e depois fui pra net.
Fiquei de bobs at´pe 10h quando saí decidido a tomar umas brejas. Nessas férias estava bebendo MUITO menos do que bedo quando estou estudando (té parece) e trabalhando.
O único local viável era a Vila dos Funcionários, aquela que tinha ido no sábado pro assassinato de animais em fogueiras modernas.

Tinha um busa interno da UFRJ que leva até a Vila, mas não sabia qual era. Bem, era só perguntar, mas aí não tem graça = ) Resolvi subir no primeiro que passou. Nele encontrei um carinha que fiquei conversando no alojamento outro dia e dae fomos trocando mais idéias. Tava massa o papo, dae já tinha desistido de ir pra Vila bebe cerva. Onde ele descesse eu desceria e de lá veria pra onde ir.
Pow, o figura contou cada bizarrice dos cursos de exatas, vejamos algumas:
a) Os melhores alunos da turma dele do curso de Metereologia vão se formar com 1 ano de atraso. Isso é inevitável no curso, pois tem cada professor escroto (palavras dele).
b) Teve professor que reprovou uma turma inteira!
c) Outro professor fez uma prova tão difícil que na hora dele resolver em sala as questões ele não soube responder uma delas.
d) Os e as alunas entraram com recurso no departamento pedindo a saída de um professor que estava sem condições psicológicas/mentais de dar aula. Não conseguiram. Dias depois o professor foi afastado porque deu uma facada no caseiro da casadele após uma discussão. o.O
e) Outro deu aulka usando um livro dos anos 80. Ninguém entendia nada e ele não voltava pra explicar. Dois alunos decoraram uma questão e mesmo sem entender pOOrra nenhuma reproduziram igualzinha a resposta. O professor cortou a questão alegando que estava errada. Mas como se estava igualzinha ao livro? Simples, o livro estava errado!!! Mas o professor não ensinou pelo livro? Sim. Mas o professor falou depois "não confiem em mim". Sinistro...

Bem, meu colega chegou no ponto dele e era justamente na Vila dos Funcionários! Ele foi lá comprar cigarros. Acabei ficando e fui beber as brejas. No bar comprei também o Jornal Meia Hora. Esse é daqueles que se torcer sai sangue. auhauh Loco, loco.

No bar tinha um muleque todo malandrinho, falando cantando no maior estilo carioquêix. Sinistro foi vê-lo reclamando que roubaram o celular dele ali perto e eu com minha bolsa com tudo que tinha. Pisquei. Mas a breja e o o Meia Hora ajudaram a relaxar.

Depois da cerva fui almoçar no bandejão. Dae bateu a leseira: sono acumulado, cerva e almoço. Me jogay pro alojamento e fui dormi. Mas, como todos os quartos estavam fechados acabei dormindo no corredor do módulo (é como eles chamam os modelos de casa só com banheiro, quartoe cozinha).

Acordei 18h e fui ligar pra galera pra ver o que faríamos estanoite. Infelizmente estava sem crédito do cel e tive de resolver isso. Só tinham dois lugares pra ver isso, A Vila ou a pracinha da maré. A vila é muito longe então fui pra pracinha que tinha ido no domingo com a mina e o mino pra lanchar e comprar um jackson.
Evidentemente errei o caminho. Caminhei mais de 1h e fui parar numa encruzilhada das mais mortais possíveis: de uma lado um ponte que daria em Pinheiros (que está em guerra) de outro uma guarita da polícia (que alopra por diversão). Voltei.
Mais 1h de caminhada até acertar o caminho pra pracinha da maré. E chegando lá a operadora do cel estava fora do ar, nada de por créditos¬¬ o jeito foi comprar cartão telefônico e bater o fio. Já eram mais de 20h e acabamos marcando pra sair no outro dia. E a programação era visitar a UFF \o/

Voltei meio desolado, mas nada que a cerva não reanimasse. Também tinha jogo do Coringão (grandes merdas) que fiquei acompanhando pela TV do carinha que vende um X-tudo cabuloso por R$3,00. Enfim, cerva, sanduba e jogo na TV. Este último foi legal porque me diverti vendo a pova que assitia angustiada ao jogo.

Cabei de comer, acabou a grana pra cerva e fui embora antes do final do jogo. Amanhã será um outro dia.

feop

AI, QUE SAUDADES!



Passei a noite de hoje vendo clipes da banda brega sueca ABBA. Todos muito parecidos, todos usando o mesmo chavão dos dois rostos em ‘close-up’ das vocalistas Agnetha Fältskog (a loira) e Anni-Frid Lyngstad (a ruiva) revezando-se. Todos abusando de planos-seqüências. As expressões dos quatro integrantes da banda eram predominantemente tristes. Os videoclipes são de uma simplicidade atroz, mas... Como são lindos! Como doem!

Em “Chiquitita”, por exemplo, o cenário é um paraíso gelado, com um imenso boneco de neve artificial por detrás. Em “One of Us”, a loira pinta e arruma a casa onde viverá sozinha. Em “Super Trouper”, eles simulam felicidade e interagem com a multidão, ostentando um brilho de lâmpadas intermitentes. Em “Does Your Mother Know”, eles compartilham a pista de dança com uma geração mais nova. Em “The Winner Takes it All”, dor, muita dor. São todos de uma pieguice lancinante, mas... Como são lindos!

Não soube qual escolher e garanto que vou voltar a falar muito desta banda. Por ora, segue a tradução livre do refrão de “S.O.S.”:

“Então, quando tu estás perto de mim, querido,
Tu podes me ouvir?
S.O.S.

O amor que tu me deste,
Nada pode me salvar,
S.O.S.

Quando tu te foste,
Como eu poderia tentar seguir em frente?
Quando tu te foste,
Poderia eu continuar?”


Por estas e outras, achei abominável o filme “Mamma Mia!” (2008), dirigido pela obscura Phyllida Lloyd. Transformar as amarguradas e belíssimas canções do grupo em piada é algo que eu não admito!

Wesley PC>

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Saga Gomorrense (Rio de Janeiro) Feop pt10

Terça, 30/06

Almocei no Bandejão da UFRJ. É muito boa a comida, mas não botamos a quantidade que queremos e vem pouquinho. Serviço terceirizado e custa R$2,00 para alunos, R$6,00 professoras/es e tecnicas/os e não está aberto para a comundiade fora da universidade. Eu mesmo não poderia comer por lá, ams como é final de período e tem poucas/os alunas/os não há fiscalização para que as pessoas possam comer e a empresa faturar ¬¬ Foi assim que pude comer.



De lá fui pra uma reuniao do Programa Conexoes de Saberes. Foi legal, demorou, mas não foi cansativa. Saíamos de lá quase à noite e fui com um colega do conexões pra UFRJ da Praia Vermelha. Aquela que fica perto da Unirio que é onde estão as coisas, pessoas e lugares que me interessavam. Que me levaram ao RJ.

Mas quando chego por lá não sabia onde procurar minha amiga. Encontrei pessoas que tinha feito amizade nos dias anteriores, mas ninguém sabia dela. Quando estava quase desistindo... tudo muda e com toda razão. Encontrei minha amiga, mas foi outra, não a que procurava. Mas não importa.

Fiquei de bobs no departamento de museologia e pouco tempo depois chegou as pessoas que eu procurava. E finalmente encontrei uma guria que só a conhecia de ouvir falar. = ) é bom ver que as pessoas realmente existem. Que são reais... Isso me lembrou quando falava com a pova pelo msn, trocava e-mails e só ia conhecer nos encontros nacionais de estudantes e tals. Que coisa, não? Férias interessantes essa

Não fiquei até tarde porque tinha assembléia dos residentes da UFRJ e queria estar por lá. Seria às 23h e às 21/;50h fui pro ponto. Fui sozinho e acabei mofando. Nem busa nem van passaram por lá. Me jogay pro centro e de lá catei outro busa pra ir pro Fundão, onde fica a UFRJ. Chegay atrazado, mas no começo da assembléia. Já eram 23:30h!


Loco foi ouvir o motorista dizendo que ia cortar caminho porque numa bairro lá houveram dois assaltos a ônibus seguidos. Mais guerra!

Quando a assembléia terminou, lá por volta das 1h da madruga ainda fiquei conversando com uma guria que é do movimento de casas. Foi legal.
Quando voltei pro alojamento meu broder não estava em casa. Putz, ia dormir no corredor, mas o vizinho de quarto dele me chamou pra ficar num colchonete que ele tinha e acabamos conversando sobre mil coisas. Ele é de Goiás, faz mestrado em química e adora ouvir rádio.

feop

Saga Gomorrense (Rio de Janeiro) Feop pt9

Segunda 29/06
Às 14h fui pro CCBB (Centro de Cultura Banco do Brasil) passear com a brodinha, mas chegamos lá estava fechado. Ela se esqueceu que fecha dia de segunda u.u
Então ficamos de bobeira pelo centro histórico vendo alguns museus, exposições, biblioteca nacional e outras coisas meio sem graça que não estava prestando muita atenção...

De legal foi ver a Igreja Presbiteriana onde funciona o pré-vestibular que minha é uma das coordenadoras. Prefiro minha realidade próxima que esssas abstrações de museus e pá. Também esnobei o Centro de Cultura Nelson Rodrigues e a Casa de Cinema Darcy Ribeiro.

Fodão foi estarmos caminhando, eu bem distraído e derrepente ouví-la falar: ali é a barca... Não tive como não Lembrar da canção. Mas minha amiga tinha que estragar a sublimidade do momento dizendo que a barca vai para Paquetá. Baixaria lembrar desses caras estranhos. Mas foi legal ficar olhando pra Ilha Fiscal, onde a barca também vai.

Fica aqui pra lembrar o bom dia, o dia bom.



feop

Saga Gomorrense (Rio de Janeiro) Feop pt8

Domingo, 28/06
Dormi bastante por conta do cansaço e da festinha boua do sábado.
Acabei sendo acordado ao ouvir gritos e sussurros u.u
A ex do brodér que me estava me alojando foi lá fazer barraco. Quebrou algumas coisas e foi embora. Mó loca. Fiquei deitado me fingindo de morto.

Levantei 11h e o Laboratório de Informática - LabAló - estava fechado. Dae fui pro Hospital Universitário tirar dinheiro no Banco do Brasil. Lá tive de me identificar, mas não tive problemas para entrar.

Na volta ouvi uns gritos, uma agitação atrás de umas árvores e fui ver qual era. Putz!! Era um jogo de futebol! Descobri que a maior parte dos jogadores eram cearenses, donos de bar nas comunidades vizinhas da UFRJ e que eles jogam a mais de 10 anos! \o/

Voltei 13h e chegay no LabAló. Na verdade antes tinha erradod e sala! Creio que estivesse aberto desde cedo.
Fiquei na net de bobeira, tinha coisa importante para fazer, mas priorizei o blog da gomorra = ).

14h foi o lanche. Como chegay cedo ainda pegay pão com mortadela, mas logo logo acabou.
Voltei pra net e saí umas 18h. Fui tentar dar uma volta na UFRJ.

Andei pouco e já encontrei uma figura e tivemos o seguintes "diálogo"
- Tiozinho: está indo pra onde?
- Feop: vou pra Maré.
- Tiozinho: cuidado que Pinheiros tá em guerra...
- Feop: Belza.
- Tiozinho: quer alguma coisa?
- Feop: você tem o quê?
- Tiozinho: o que você quer?
- Feop: tem um jackson?
- Tiozinho: o quê?
- Feop: nada, esquece...
- Tiozinho: quer fazer programa?
- Feop: (...)

Vazei.
Voltei pro Alojamento, mas na porta perguntei uma guria onde tem lugar pra fazer lanche e como ela estava indo lanchar esperamos o amigo dela e fomos. Mas o interesse maior do amigo dela era comprar um jackson. O cara que vende estava com um fuzil na mão ¬¬. Depois disso saimos e encontramos uma galera, só não ficamos por lá por causa do flagrante.

Vida Loca

feop

“NUNCA MAIS A TUA BOCA DE CEBOLA ARDIDA”...



Tudo o que eu não li em Jorge Amado eu compensei vendo os filmes de Stanley Kubrick. Mas não é a mesma coisa. Coisas boas não substituem coisas boas!

Wesley PC>

QUE CAMINHO SEGUIR MAIS TARDE?


Convites diferentes, interesses suspensos, dores sobressalentes, medo, desejo e vontade. Faz tempo que não vejo um filme do Jacques Tourneur! Abstinência psicológica e mais leite do que sêmen em minha barriga. Ouvi The Gathering na manhã de hoje. Macarrão com erva-doce é uma ótima pedida na hora do almoço. Semana que vem, estarei dançando numa festa de uma formada em jornalismo que trabalha empurrando carrinhos. Para pensar em outra coisa, qualquer coisa vale!

- “Tu queres que eu apague a luz para ficar mais escuro?
- Não, mas se tu apagares a luz e deixasse tudo mais claro, eu agradeceria”


Wesley PC>

SOCORRO (EM TODOS OS SENTIDOS)


Este bilhete foi escrito por Schapelle Corby, jovem australiana presa na Indonésia por estar portando 4 quilos e 200 gramas de maconha hidropônica. Ela jura que não tem nada a ver com o material, que não sabe como ele foi parar em sua bagagem, mas seus choros e pedidos de clemência não convenceram o júri, que o condenou a 20 anos de prisão mais fiança. Seu calvário jurídico foi captado através do documentário “Ganja Queen” (2007, de Janine Hosking), visto na tenra manhã de hoje. Fiquei comovido com a história, cri na inocência da jovem e comovi-me um pouco ao saber que ela não fora condenada à pena de morte, como era esperado. É triste quando não acreditam em nossa inocência...

Wesley PC>

“ELES VÃO CONSERTAR VOCÊ TAMBÉM. ELES CONSERTAM TUDO!”


Já contei o pesadelo que tive na madrugada de ontem. Não o considerei premonitório de fato, mas, na tarde de ontem, um telefonema desesperado de minha mãe me procura no trabalho: “Wesley, Rômulo foi preso. O que faço?”. Eu não soube o que dizer. O que eu faço? O que eu digo para ela fazer? Não tenho a mínimia idéia. Não tive. Meu maior medo, quando ela me comunicou que a polícia estava lá em casa, era que policiais mal-encarados revistassem a minha casa, alegassem que meus pertences (centenas de CDs ou DVDs) fossem mercadoria roubada, encontrassem provas incriminatórias inesperadas. Fiquei desesperado em busca de uma carona que me levasse em casa naquele momento. Encontrei, mas minha mãe disse que não precisava. Pela segunda vez, a prisão de meu irmão fora “equivocada”, preventiva. Liberaram-no no mesmo dia. Porém, a sensação de pavor policialesco me perseguiu até o fim do dia. Não consegui trabalhar adequadamente. Qualquer contratempo pequeno me fazia explodir. Explodi.

Encontrei dois amigos letrados em frente a uma Gomorra desabitada e fomos tomar sorvete. Desexplodi um pouco. Estava receoso em voltar para casa, encontrar meu irmão e minha mãe desesperados. Passei antes na casa de meu vizinho “fornecedor”, que, infelizmente, não tinha adoçado seu sêmen com kiwi, mas gosto de seu esperma salgadinho mesmo. Porém, esqueci de renovar alguns livros que havia locado na Biblioteca e não pude esperar pelo abocanhamento genital. Pena.

Porém, ao visitar este meu vizinho – que, para além de tudo, é alguém com quem eu converso, que me faz bem, a seu modo – descubro que o clássico “RoboCop, o Policial do Futuro” (1987, do genial Paul Verhoeven) estava sendo exibido na TV aberta. Exultei. Fazia tempo que não revia este filme e não podia perder a chance de consumi-lo, justamente num dia em que policiais assustaram-me em mais de um contexto. Que filme ótimo! Que roteiro magistral! Que direção de fotografia e ângulos em ‘contra-plongé’ perfeitos! Que trilha sonora fabulosa!

É impossível escolher apenas uma cena genial, mas quero destacar aqui um momento: o contexto social da cidade de Detroit no filme é tão violento que até mesmo assaltos meia-boca a postos de gasolina são realizados com pesado armamento militar. O atendente do posto de gasolina estudava para uma prova de Geometria Plana quando é abordado pelo criminoso. Ao perceber que este é um ‘nerd’ que estuda em Universidade, aproveita a chance para fazer zombaria. Aponta a arma para o vidro em que ele se encontrava e pergunta: “será que tu és mais inteligente que uma bala?”. Já enfrentei este tipo de ameaça mais de uma vez em minha vida. Por isso, tenho tanto medo de assaltos. Não porque vou perder algum objeto material, mas pelo insulto, pela desforra, pela “vingança”!

Voltando ao filme, que todos já devem ter visto, mas que devem rever urgentemente, aviso que o diálogo que intitula esta postagem é dito pelo personagem-título a uma companheira de profissão, quando esta é alvejada por tiros. Mas o roteiro é pessimista. Sabemos que não é consertando a carcaça que nossos problemas internos são resolvidos. A dor das memórias chega a ser mais forte que a morte. Ai!

Wesley PC>

quinta-feira, 9 de julho de 2009

ALGUMAS OBSERVAÇÕES PRIMÁRIAS E SUBJETIVAS SOBRE O “DEATH MAGNETIC” (2008), DO METALLICA


Há 3 anos atrás, convidaram-me para um luau, atividade de madrugada na praia que acho deveras agradável. Tão agradável que não construo expectativas de caráter sexual que, em qualquer outro momento de minha vida (salvo talvez quando vejo filmes) tem papel proeminente. Chegando ao local de encontro, descubro que o luau foi transferido para uma casa abandonada, onde se desenrolaria uma festa de adolescentes. Era mais de meia-noite. Não tinha como voltar atrás! Fui à tal festa e, obviamente, fiquei entediado com o excesso de drogas. Tencionei dormir numa escada de madeira, mas não consegui. De repente, eram 3 horas da manhã!

Quando desci da escada, encontrei alguns dos meninos já bêbados, outros dormindo e um grupo de pessoas aparentemente legais conversando. Sentei-me com eles, que ouviam, sob protesto, o álbum “St. Anger” (2003), do Metallica, do qual um dos meninos era fã. Foi justamente por este que eu me interessei. Conversamos. Alguns minutos depois, estávamos trocando carícias leves ao som de “Frantic”, faixa que foi repetida inúmeras vezes. Assim conheci Ramon, o mais importante pré-Perfeito de minha vida.

No dia 1º de janeiro de 2006, Ramon me telefona, dizendo que não quer que nunca mais eu fale com ele. Os acordes de “Frantic” naquele ano foram substituídos, em minha vida, pelos acordes melancólicos de Gustavo Santaolalla para a trilha sonora de um filme que vi 5 vezes na mesma semana. Chorei que me acabei, mas continuei gostando muito do Metallica. O melhor aspecto de minhas paixonites, portanto, é este: aprendo mais, fico antenado com as preferências culturais de outrem!

Ontem à noite, em meio a uma de minhas crises existenciais, decido baixar o mais recente álbum do Metallica, “Death Magnetic”, lançado em setembro do ano passado. Achava que não fosse gostar, dado que, de cara, não simpatizei deveras com o primeiro ‘single’ e videoclipe lançados, “The Day That Never Comes”. Ouvindo o álbum completo, de ontem para hoje, refiz meu julgamento sobre esta canção e achei-a interessante, uma das melhores do álbum, junto a “Unforgiven III” e “That Was Just Our Life”. De resto, achei as construções instrumentais das 7 canções restantes muito semelhantes, mas admito que o álbum é interessante, sim. Quase “feminino” em sua profusão romântica, à beira do suicídio, conforme aconteceu com o senso de paixonite frustrada que tanto me acomete. Mas ainda estou ouvindo-o. Quem sabe eu goste mais (ou menos) dele daqui por diante...

O que importa é que Ramon permitiu que eu falasse novamente com ele de vez em quando. Talvez eu esteja um pouquinho mais “perdoável” agora!

“How can I be lost, if I've got nowhere to go?
Search for seas of gold,
How come it's got so cold?
How can I be lost?
In remembrance I relive.
And how can I blame you,
When it's me I can't forgive?”

Wesley PC>

“ENSINAMENTO”, poema de Adélia Prado:


“Minha mãe achava estudo a coisa mais fina do mundo. Não é.
A coisa mais fina do mundo é o sentimento.
Aquele dia de noite, o pai fazendo serão, ela falou comigo:
'Coitado, até essa hora no serviço pesado'.
Arrumou pão e café, deixou tacho no fogo com água quente.
Não me falou em amor. Essa palavra de luxo."


Não conhecia este poema até anteontem.
Deu no que deu!
Wesley PC>

‘UDIGRUDI’ É UM SONHO!

No sonho que tive hoje, as casas da rua em que moro eram invadidas por um muçulmano armado com um facão, que seqüestrava as meninas abaixo de 14 anos, para realizar infibulação (cortar o clitóris das mesmas por métodos pouco cirúrgicos). Duas vizinhas e uma sobrinha esconderam-se abaixo de meu lençol, mas foi em vão. O muçulmano iracundo as encontrou, as amarrou e as puseram num saco. Eu estava dopado, acho, pois não conseguia acordar no interior do sonho. Via as coisas acontecendo, como se estivesse num sono de vigília. Percebi que meu irmão mais velho chegara para resgatar sua filha aprisionada. Percebi que minha mãe estava irritada. Percebi que três policiais armados e fardados saíam de minha casa. Acordo apavorado e olho para o quintal: o muçulmano havia sido morto com um tiro. Encontro o saco que ele carregava e liberto as meninas, sendo que uma deles sequer me agradece. Estava apavorada, pois tinha que entregar um trabalho escolar. Meu finado cachorro Almodóvar também estava amarrado no saco, imóvel de medo e suposto respeito. Acordei apavorado, pensando nas minhas aulas de EMC (Educação Moral e Cívica) da 5ª série!

Ao despertar, a fim de rebater o pavor que me impregnava em virtude deste sonho estranho, resolvi ver um clássico do Cinema Marginal Brasileiro, “A Família do Barulho” (1970, de Julio Bressane), em que Helena Ignez transforma-se, literalmente, no rosto do Movimento, ao ser associada a este cartaz inaugural da produtora Belair, do próprio Julio Bressane e Rogério Sganzerla. No filme, uma prostituta vive em comunhão briguenta com dois homens, um viado e um gigolô rústico. O primeiro fala “essa é violenta” diante de toda mulher que vê. O segundo apenas repete: “cale a boca, babaca!”. As conseqüências serão previsivelmente desastrosas!

Wesley PC>

quarta-feira, 8 de julho de 2009

EXISTEM COISAS MAIS IMPORTANTES DO QUE VER LOUIS GARREL NU (OU SEMPRE HÁ ALGUÉM QUE SOFRE MAIS QUE O OUTRO NUMA “RUPTURA”)!


Louis Garrel é um dos astros mais charmosos e talentosos da atual geração do Cinema Francês. Quando eu o vi, contido, em “Os Sonhadores” (2003), fiquei fascinado por seus cabelos negros encaracolados, por sua potencia homoerótica, por sua pele branca, por tudo em geral. Algum tempo depois, o vi melancólico em “Amantes Constantes” (2005), obra-prima em preto-e-branco de seu pai, Philippe Garrel. Novo fascínio! Ao reencontrá-lo em “Em Paris” (2006, de Christophe Honoré, que o adotou como muso), achei-o obscurecido pelo personagem de Romain Duris, mais parecido comigo em sua tristeza pós-fim de relacionamento. O personagem de Louis Garrel, por outro lado, vagava feliz e irresponsável, de um lado para o outro. Em “Canções de Amor” (2007), ótimo musical, também de Christophe Honoré, ele repete o personagem irresponsável, com uma carga dramática mais intensa, visto que lida com a morte de uma namorada, com a paixão homossexual de um amigo e com as pressões empregatícias num jornal. Neste filme, já não gostava tanto dele enquanto mito sensual, não obstante reconhecer deveras seu talento como ator, que muda muito de personalidade de um filme para outro. Motivo: sua euforia externa, aliada a um intimismo igualmente externo, fazia com que eu o associasse a uma personalidade bastante real – e, nesse caso, eu preferia o real e não a cópia.

Até que hoje, 8 de julho de 2009, como parte das comemorações do aniversário de minha mãe, decidi ver um filme apenas por seu título: “Minha Mãe” (2004). Não sabia do que se tratava. Diretor: Christophe Honoré. Atores principais: Isabelle Huppert e Louis Garrel. Temas: perversão, religiosidade e incesto. Amei o filme! Minha mãe não suportou vê-lo até o final. Talvez ela temesse associar a imagem de um rapaz masturbando-se diante do caixão da mãe, a qual ele matou durante uma cópula, enfiando seu dedo (ou pênis, sei lá) numa incisão estomacal realizada com o auxílio fetichista de um bisturi, a minha própria pessoa, seu filho. Mal sabe ela (risos) que, ao final, me disse: “por isso que tu és doido. Fica vendo estas coisas”...

Mas a cena que mais me marcou no filme foi bem outra: quando percebe que está se apaixonando gradualmente por sua mãe, que se confessa como prostituta, o protagonista abre um quarto repleto de material pornográfico. Masturba-se agachado. Não consegue gozar. Fica nu. Deita-se sobre as revistas de mulheres nuas. Masturba-se novamente. Goza. Na cena seguinte, mija sobre as fotografias obscenas. Tudo de maneira ostensiva. Eu estava obviamente excitado, enquanto minha mãe reclamava: “este cara faz de tudo para mostrar a bunda, né?”. Ela falava sobre Louis Garrel. Eu pensava no seu variante real, tão relacionado à pornografia não-condenatória quanto o personagem do filme. Mandei-lhe uma mensagem de celular, que fez parte de um diálogo entre mãe e filho, quando a primeira temia uma associação entre culpa e prazer, que já estava tão presente em seu filho quanto em mim: “num mundo ideal, uma amizade nos uniria. Mas não existe este mundo ideal”. Pena, meu Deus. Pena! E eu acho que tenho o direito de sofrer mais!

Wesley PC>

EU SOU UM HOMEM DEPRESSIVO?


Peço licença para tocar em mais um assunto pessoal aparentemente comiserativo, mas é uma dúvida que está a me incomodar deveras: será que eu padeço destas doenças psicológicas que tanto levam pessoas queridas ao suicídio? Por mais que eu conheça as causas de minha tristeza reativa sobressalente (a subsunção voluntária a paixonites sem futuro, a rejeição ostensiva aos males do Capitalismo, a projeção exagerada sobre o bem-estar imaginário das pessoas que amo, conhecer de perto a dolorosa sensação de ser rejeitado pelas pessoas, etc.), questiono se existe algum mecanismo psicológico defeituoso que me torna prisioneiro deles. Sei que, no caso específico do Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC), há uma interrupção sináptica que nos deixa obcecados com uma dada atividade supostamente interrompida, mas... E no restante?

Todos nós conhecemos casos de pessoas queridas de pessoas que padeceram de depressão, registrada como doença pela Organização Mundial da Saúde. Estarei eu numa possível lista de espera ou a ciclotimia (instabilidade humorística crônica) de que tanto me orgulho não passa de um artifício para chamar, em vão, a atenção alheia? Não me sinto apto a responder. Porém, sinto que as pessoas mostradas na foto têm muito a ver com meus estados de espírito dominante: minha mãe, toda contente ao carregar uma vela sobre o bolo de aniversário de meu irmão caçula, que completava 26 anos nesta data. Ela, precisamente, adentra hoje os 67 anos de idade. Amo-a de verdade, mas me incomodo por não conseguir comemorar adequadamente esta data, visto que me sinto carcomido por um estranho mal-estar, por uma infelicidade profunda que ocupa meus pensamentos e me leva a gastar preciosos minutos lamentando-me em frente a um computador. Que seja! Vou ler alguma coisa, tentar ver algum filme com ela...

Desculpem o chororô. Vai passar, vai passar...

(Espero, ao menos!)

Wesley PC>

A (I)MORTALIDADE DA ARTE


Por mais que demonstre sua genialidade incontinente e seu senso fantástico de economia a cada filme, Roger Corman ainda é um cineasta muito subestimado. Por mais que ele tenha sido responsável por alavancar as carreiras de personalidades idiossincráticas e rebeldes como Jack Nicholson, Francis Ford Coppola e Steven Spielberg, entre outros, sua própria carreira é secundarizada pelos esnobes exegetas de cinema. Por este motivo, eu nunca havia sequer ouvido falar de “Balde de Sangue” (1959), uma de suas magníficas obras-primas, à qual fui apresentado (teoricamente) no mês passado por um grande irmão ideológico. Hoje eu finalmente vi o filme. Absolutamente genial!

O que eu sabia da trama era o básico: um garçom de restaurante ‘beatnik’ deseja fazer tanto sucesso artístico quanto os boçais freqüentadores do local, mas é solenemente ignorado por eles. Até que, ao esfaquear por engano um gato preso na parede, cobre-o de argila, a fim de que sua idosa dona não o encontre, e transforma-o numa escultura. Ganha alguns admiradores, entre eles uma apaixonada mulher, que o presenteia com um potinho de heroína. Ao perceber esta transação, um policial disfarçado vai até a casa do garçom transformado em escultor e o ameaça de prisão. Um assassinato é cometido e uma nova escultura ultra-realista é apresentada aos freqüentadores do bar. As relações ambíguas entre a Arte e o conceito de (i)mortalidade será então trazida à tona. O desfecho do filme é tão previsível quanto magnânimo. Espero que aquele não seja o meu destino (risos), mas, se o for, o aceito desde já. Morrer pela Arte me parece um destino válido!

Mas vamos ao registro de um grande momento, este na foto: a bela modelo loira de costas protesta contra a ascensão artística do garçom. Ainda assim, aceita em posar nua por dinheiro. Ele a enforca com uma echarpe de luxo, cobre-a de argila e expõe como uma escultura de nudez. Desde o começo, Roger Corman rompe com convenções hollywoodianas: os personagens são todos autênticos marginais, a música é diegetizada ao máximo, o roteiro é sarcástico e crítico. Amei o filme. Preciso divulgá-lo. Em breve, numa sessão qualquer em Gomorra...

Wesley PC>

terça-feira, 7 de julho de 2009

SE EU TIVESSE CHEGADO 25 MINUTOS DEPOIS...


Esta é a duração aproximada de “Um Canto de Amor” (1950), único curta-metragem de meu pai literário Jean Genet, que, só por este filme, inscreve definitivamente seu nome no panteão dos grandes cineastas.

Creio que já falei sobre este filme aqui, mas não custa revisar: no início do filme, vemos duas janelas contíguas em uma penitenciária. As mãos de um prisioneiro tentam enviar flores a outro, situação recorrente em todos os magníficos romances do seu autor, que, admito, se parecem bastante, mas são únicos em sua intimidade. Um guarda flagra este ato de amor e tenta proibi-lo. Observa cada uma das celas. Prisioneiros masturbam-se, dormem, amam, sofrem, etc.. Sabemos que o guarda está enciumado, mas ele não sabe ainda. Puxa uma arma contra um preso lúbrico. O desfecho da trama não precisa ser revelado ainda. É magnífico!

Vejam o filme, vejam o filme, vejam o filme. É uma das mais belas declarações de amor do cinema e um das obras-primas pioneiras na abordagem sensível do homoerotismo. Se não me engano, ele está completamente disponível no YouTube e eu possuo uma cópia que disponibilizo com o maior prazer (no sentido mais literal do termo). Hoje emprestei a um moço. “Tu tens problemas com filmes sobre homossexualismo explícito?”, perguntei eu. “Não”, respondeu-me ele. Aguardo ansiosamente o comentário dele sobre o filme...

Louvado seja o São Jean Genet!

Wesley PC>

REVENDO CONCEITOS...


Por algum estranho motivo, sempre guardei rancor de “O Amor em Fuga” (1979), derradeiro componente da pentalogia dirigida pelo afetivo François Truffaut sobre seu alter-ego Antoine Doinel. Acabo de revê-lo, depois de mais ou menos 5 anos, e a sensação foi completamente inversa: lágrimas nos olhos, a sensação de coesão, o medo de não haver um final feliz, a certeza de que o final feliz era o menos importante ali...

Mesmo não sendo permitido, estava me programando para transcrever aqui uma letra qualquer da banda Los Hermanos, acompanhada de uma foto de Rafael Maurício, que volta hoje para a Bahia. Pensei em “Adeus, Você”, pensei em “Quem Sabe”, pensei em “Condicional”... Seja lá qual eu escolhesse, seria muita ousadia de minha parte. Ele não tem problemas com perdas (falou-me isto antes de um sorriso escrito), eu tenho (e escrevo isto em meio a uma lágrima contida). Opto por “Cher Antoine”, visto que posso alegar que é apenas uma menção ao belo filme recém-visto. Não é. Talvez eu esteja mentindo para mim mesmo. Talvez eu não agüente mais. Talvez...

“Je suis vraiment desolé, mais je ne peux pas partir avec toi.Du 20 au 24 je dois travailler, j'ai 4 jour, 4 jour de congé. Je vais à la campagne. Je voyage en trainpour les montagnes, c'est un drôle de chemin! Je vais à la plage avec des amis. Je vais faire du sport,et aprés, je vais faire du ski!

A vida é assim?

[SILÊNCIO]

Wesley PC>

GENTE OUVE IRA!

Hoje ouvindo IRA! lembrei de Rafael Barba e de sua opinião sobre a banda, ele considera uma das melhores bandas dos anos 80 e admira o jeito Rock'n'Roll do Vocalista Nasi. Realmente, o que seria das músicas de Edgard Scandurra sem a expressiva interpretação do Volverine brasileiro? IRA! foi mesmo um diferencial na década em que surgiu, enquanto as outras bandas pareciam estar curtindo coisas como The Clash, The Smiths, The Police ou The B-52's, os caras ainda curtiam um The Who, um Hendrix e Led Zeppelin (ah o Barão Vermelho e Os Cascaveletes dos jovens Flávio Basso e Frank Jorge também estavam numa de retrô curtindo Stones).

Como eu dizia, lembrei de Barba, não só da sua opinião sobre a banda, mas de como nos conhecemos em 2005 e a amizade que formamos. Foi uma das poucas pessoas da minha turma de História na UFS que me tornei amigo. Lembro que, mesmo passando um mês nos encontrando na Universidade e trocando poucas palavras, começamos a conversar bastante depois de nos batermos no Forró Caju no dia em que teve Cordel do Fogo Encantado e Naurea (no dia seguinte eu já lhe falava mal desta última banda citada). Então, nosso papo começou falando de bandas: Cordel, Belle & Sebastian, The Beatles, Los Hermanos e outras.
Veio a greve em outubro de 2005 e rolou uma vagabundagem só, fomos em alguns shows como o de Los Hermanos, Cachorro Grande, Gram e Barba era o maior frequentador das primeiras apresentações d'Os leprechauns. De lá pra cá foi muito papo, muitas reflexões, influências, o nível de amizade permitia discussões provocadoras sem que houvesse desavenças, essas coisas. Hoje um amigo fã do IRA! caiu no mundo e lembranças ficam em minha cabeça.

Semana passada reencontrei um amigo dos velhos tempos. Helber foi guitarrista da primeira formação d'Os leprechauns e gosta muito de IRA!. Deixou a banda por ter que ir trabalhar em outras cidades do Brasil, deixou lembranças e 3 anos depois está de volta.

Gente ouve IRA!, gente vai, gente volta e temos o termo "saudade".

"Quando seus amigos te surpreendem
Deixando a vida de repente
E não se quer acreditar..." (Vida Passageira)


Leno de Andrade

segunda-feira, 6 de julho de 2009

E EU AINDA SEI TÃO POUCO SOBRE O FRANÇOIS OZON!


Mas juro, juro que não é por falta de vontade!

Não sei se entendi bem a proposta romântica de “Sob a Areia” (2000), amei o musical “8 Mulheres” (2002) e estou com “Angel” (2007) gravado em minha casa há pouco mais de uma semana. Mas foi o enredo de “Os Amantes Criminais” (1999) que me chamou a atenção agora: um rapaz ama uma rapariga. Ela pede que ele prove seu amor. Ela mata um desafeto com descendência árabe e ele a ajuda. Quando vão esconder o cadáver na floresta, ambos são seqüestrados por um ogro canibal, que sodomiza o rapaz. “Para o cineasta, não existe nada além da morte e do cu", declarou François Ozon ao divulgar o filme. Preciso vê-lo, com urgência!

Wesley PC>

ESTA FOTO FOI TIRADA EM 1955!


E prometo uma dose de Martini para quem souber quem é o topetudo da esquerda!

Dica 1: apesar de ter se destacado como cantor e compositor, ele se aventurou a dirigir alguns filmes, dos quais nunca vi nenhum!

Dica 2: ele não parece tão sensual nas outras fotografias obtidas através de buscadores virtuais.

Dica 3:

« Le Prochain Amour
On a beau faire on a beau dire

Qu`un homme averti en vaut deux
On a beau faire on a beau dire
Ça fait du bien d`être amoureux »

Eu amo !

Wesley PC>

O PESADELO DO FILME ‘CULT’


Desde pequeno que ouço maravilhas sobre “Labirinto – A Magia do Tempo” (1986). O filme é protagonizado pela jovem e talentosa Jennifer Connelly, possui David Bowie no elenco e na trilha sonora (inclusive intra-diegética), é dirigido pelo especialista em bonecos animados Jim Henson e estimulação a imaginação de crianças e adultos. Vendo o filme ontem, ao lado do publico ideal (minha mãe e um cachorro), entristeci-me deveras, no sentido de que o roteiro promissor de Terry Jones chafurda numa puerilidade negativa, dado que não somente o bebê que interpreta o irmão da protagonista é irritantemente chorão como também os diálogos proferidos pelos atores de carne e osso pouco fazem além de legitimar a vacuidade narrativa não-condizente com a inspiração fantasiosa do enredo. Motivo: a personagem principal é demasiadamente mimada e pouco faz além de gritar a frase “isto é injusto” de 10 em 10 minutos. Será que eu esperava que um romance desse certo entre o afetado e malévolo Rei dos Duendes e aquela menina chata e birrenta de 16 anos? Acho que a culpa foi minha, que, como sempre, esperei demais...

Wesley PC>

EMPOLGAÇÃO (ENTRE OUTRAS COISAS, LITERÁRIA) INFANTIL


Hoje mais cedo, ao encontrar com meu estimado Carlos Henrique após o almoço e, entre diversos assuntos, nós conversamos sobre nossos traumas urinários de infância. Ele me confessou que descobrira tarde demais a funcionalidade de um zíper e eu que uma das poucas situações na vida em que senti a falta legítima de uma figura paterna foi durante o ensinamento da famosa balançadinha do pênis depois de mijar, falta esta que está sendo reconvocada, por várias situações, em minha vida recente. Não paro de me interrogar se eu cometeria incesto se eu tivesse um pai!

O que importa neste primeiro parágrafo é que tal conversa me fez pensar em que consiste efetivamente a paternidade. Já pus em pauta N vezes que, por ser muito parecido (tanto física quanto psicologicamente) com minha mãe, não sei que herança genética eu adquiri do meu suposto pai, de quem não sei sequer o nome. Mas, nesta semana, por me sentir parte de um grupo em extinção (o dos amantes simultâneos de Sydney Pollack e Jia Zhang-Ke, para ficar em exemplos latos), senti falta de algo parecido com um pai. Cheguei a pedir que Carlos Henrique me adotasse como filho na conversa de mais cedo. Talvez eu esteja apenas carente...

Em meio às atividades estafantes de minha labuta, alguém me emprestou uma revista de grande circulação nacional e, folheando a sessão de lançamentos cinematográficos e literários, deparei-me com um livro que me deixou empolgadíssimo (coisa rara em se tratando de lançamentos hodiernos): tratava-se de “O Clube do Filme”, do canadense David Gilmour. É um livro de não-ficção mnemônica (vulgo auto-ajuda de luxo), em que o autor relata uma experiência muito particular: ao perceber que seu filho estava infeliz por causa da escola, consente em deixá-lo abandonar os estudos em sua forma ideológica de Estado tradicional, desde que ele assistisse a três filmes por semana, escolhidos de maneira aleatória. Primeiro filme escolhido: “Os Incompreendidos” (1959, de François Truffaut). Nada mais acertado em teoria e prática!

Ao consumir a resenha do livro escrita pela jornalista Isabela Boscov (que, um dia, foi apelida por um amigo meu de “Wesley de Castro de saias” – risos – em virtude de sua extrema tolerância com certos filmes), fiquei mais e mais encantado com o livro, desejando-o adquirir, algo muito raro em se tratando de novidades. O que mais me impressionou foi que a proposta do mesmo conectava-se minuciosamente com o tipo de crise que enfrento recentemente, tanto no que diz respeito ao seu surpreendente tema, tanto no que diz respeito à beleza física do filho do autor, Jesse Gilmour. Preciso ter este livro! Vi que ele custa um preço razoável (R$ 24,90). Talvez eu compre, talvez eu o ganhe de alguém. Estarei eu cedendo ao Sistema?
Ah, sim, na foto: o autor e o filho-motriz do processo.

Wesley PC>

“AI, COMO É BOM SER VIRGEM!”


Eu e algumas colegas de trabalhos possuímos alguns pactos virginais: uma delas disse que vai leiloar seu hímen, uma segunda disse que vai distribuir a mesma numa rifa e eu sugeri um bingo a uma terceira. Tais propostas, inclusive, advêm da repetição insistente de um famoso jargão de minha parte, contido no título desta postagem(risos). Pesquisando sobre o assunto na Internet, encontei material muito interessante: um vídeo de sexo explítico de uma atriz de Bollywood, supostamente perdendo a sua virgindade; uma propaganda antiga, pró-marital, na qual uma dona-de-casa segura um cartaz onde se lê “eu perdi a minha virgindade, mas ainda guardo a caixa em que ela veio”; artigos antropológicos sobre a valorização do hímen em tribos africanas; etc.. Mas o que gostei mesmo foi deste sabonete para “partes íntimas intactas”. Será que vende no Brasil? (risos)

Wesley PC>

EU ME AVENTURO PELO DESCONHECIDO!


Até um minuto atrás, eu nunca havia sequer falar do ator e cantor ‘pop’ japonês Masahiro Nakai, que apresnta um programa de televisão em que zomba de pessoas que foram estupradas, assassinadas e outras escabrosidades criminais do gênero. Seu programa costuma ser obviamente criticado pelo teor politicamente incorreto, mas a textura fisionômica do artista me agradou deveras. E pensar que eu o descobri enquanto pesquisava sobre o filme “Castelo de Areia” (1974), dirigido por Yoshitaro Nomura, que mostra o intercâmbio entre uma investigação policial obsessiva e o passado misterioso de um músico. Nunca tinha ouvido falar sobre nada do que estou escrevendo aqui agora, mas já estou me tornando fã! Apaixono-me muito fácil, eu creio.

Wesley PC>

JAMAIS DEIXE PARA AMANHÃ O QUE TU PODES (OU DEVES) FAZER AGORA!


Acabei de descobrir que nosso querido Wendell fez uma resenha sobre uma das fabulosas canções da dupla Palavra Cantada, composta por Sandra Peres e Paulo Tatit, ambos com formação acadêmica e prática em Música. Desejava falar sobre esta dupla há semanas, mas algo sempre fazia com que eu adiasse este intento, dado que fiquei absolutamente em transe quando constatei que a canção de abertura do ótimo filme argentino “Leonera” (2008, de Pablo Trapero) é, na verdade, composta por esta extraordinária dupla brasileira, que alegam fazer música para crianças, mas a qualidade é tão extremada que eu recomendo a qualquer pessoa deste mundo que já tenha amado.

Por falar em amor, este foi justamente o tema escolhido por nosso amigo Bigato, que, em seu ‘blog’ destacou o belo videoclipe de “O Rato”, canção embasada nas declarações cumulativas de um roedor apaixonado, em busca de sua alma gêmea. A primeira vez que eu vi e ouvi esta canção me encheu de ternura sofrida. Por isso, prefiro citar aqui a letra de “Ora Bolas”, mui poderosa em sua síntese nacionalista generalizada:

“Oi, oi, oi... olha aquela bola
A bola pula bem no pé, no pé do menino
Quem é esse menino? Esse menino é meu vizinho!
Onde ele mora? Mora lá naquela casa!
Onde está a casa? A casa tá na rua!
Onde está a rua? Tá dentro da cidade!
Onde está a cidade? Do lado da floresta!
Onde é a floresta? A floresta é no Brasil!
Onde está o Brasil? Está na América do Sul, continente cercado de oceano, das terras mais distantes de todo o planeta
E como é o planeta? O planeta é uma bola que rebola lá no céu”...

O casal que me apresentou ao Palavra Cantada, no auge de sua empolgação, disse que desejava ter filhos com urgência, a fim de que apresentasse a eles todo o encanto que esta dupla causa em suas extraordinárias composições e execuções musicais. Talvez nem precise. A banda é tão boa que funciona com platéias de todas as idades!

Wesley PC>

EU NÃO SEI SE JÁ FALEI SOBRE O SUEDE AQUI...

...Mas, se eu não falei ainda, peço desculpas gritantes: Suede é magnífico - e merece bem mais que uma postagem elogiosa de minha parte!

Quem é fã de bandas como Placebo , não pode deixar de conhecer esta que é uma das mais interessantes manifestações britânicas pós-‘glam rock’. Como tal, as canções são carregadas de conotações sexualistas, de desejo pendente, de vivacidade, de amores resolvidos e mal-resolvidos, de protestos contra nazistas, de gente viva falando para gente viva...

A banda ganhou destaque internacional em 1993, com o lançamento do álbum homônimo, cuja capa mostrava duas pessoas de sexos indefinidos beijando-se apaixonadamente, mas a canção do grupo que mais gosto, “The Beautiful Ones”, sobre espancamentos cometidos por preconceituosos que se acham mais belos que os demais, só veio surgir em 1996, no álbum “Coming Up”, sendo a faixa 01 do CD de ‘singles’ que possuo, do qual destaco também obras-primas como: “Animal Nitrate”, “Filmstar”, “So Young” e uma das estórias de minha vida, “Obsessions”, que os fãs conhecidos da banda sempre cantam quando me encontram:

“Obsessions in my head
Don't connect with my intellect
It's called obsession
Can you handle it?
It's connected to the hip sounds
And it moves with the underground
It's called obsession
When you're around”

Ai, ai…

Wesley PC>

O INCREMENTO CÔMICO DA GENIALIDADE


A foto acima e o título “Ricky Bobby – A Toda velocidade” (2006, de Adam McKay) com certeza não seriam suficientes para que eu visse este filme. Porém, ao investigar pormenorizadamente a ficha técnica do mesmo e constatar lá o nome do inspirado Judd Apatow como produtor me fez mudar de idéia. Ontem eu revi o filme e, que grata surpresa: gargalhei ainda mais do que da primeira vez! Sei que parece despropositado dizer isto, mas terei coragem: “Ricky Bobby – A Toda Velocidade” é um filme genial!

A trama aborda a trajetória de vida do personagem-título, que, desde pequeno, é compelido a se tornar um competidor automobilístico obcecado em ser o primeiro lugar, somente o primeiro lugar, nada além do primeiro lugar. Casa-se com uma loira lasciva e realiza um pacto corporativo com seu melhor amigo, também competidor. Depois que sofre um trauma psicológico em virtude de um grave acidente, receia voltar às corridas, mas a perda de seu casamento, o reencontro com o pai ausente e a rixa pendente com um francês pernóstico o motivarão a continuar e a voltar por conta própria às corridas. Sabendo-se de antemão que eu desgosto de qualquer tipo de esporte, seria realmente uma surpresa se eu gostasse deste filme. E foi: ele é ótimo!

Alguns dos traços estilísticos dos filmes produzidos pelo Judd Apatow que mais garantem o meu fanatismo em relação a ele são a sua sanha referencial pós-moderna [vide a maravilhosa cena em que o beijo instintivo de um casal é comparado a um videoclipe do Whitesnake ou quando dois rivais comparam-se a personagens de “Highlander, o Guerreiro Imortal” (1986, de Russell Mulcahy)], sua consciência de problemas contemporâneos como a promiscuidade/virgindade crônica e o vício em drogas (vide as reações do protagonista ao casamento de seu melhor amigo com sua esposa ou seus planos do protagonista em se transformar num traficante de ‘crack’ “bonzinho”) e o humor negro sempre respeitoso em relação ao caráter dos personagens (vide a seqüência pós-créditos em que duas crianças analisam a ambigüidade moral dos contos de William Faulkner, um demorado beijo na boca entre dois homens e os incentivos do chapado pai de Ricky Bobby para que seu filho supere o medo de voltar ás corridas). Além de tudo isso, a seleção musical é primorosa (e tão longa que seriam necessários mais de 3 CDs para conter todas as músicas), o elenco é extraordinário (Will Ferrell, Sacha Baron Cohen e John C. Reilly estão magníficos) e a quantidade de piadas por minutos é sobressalente, de maneira que é impossível não gargalhar com este filme. Recomendo de pé!

Wesley PC>

domingo, 5 de julho de 2009

POR QUE SEMPRE INVENTAM DE CANTAR LEGIÃO URBANA NA PRAIA? (OU “IS TOO PAINFUL TO REMEMBER”!)


“Quando me vi
Tendo de viver comigo apenas
E com o mundo
Você me veio como um sonho bom
E me assustei
Não sou perfeito

(...)

“Senti teu coração perfeito
Batendo à toa e isso dói
Seja como for
É uma dor que dói no peito
Pode rir agora
Que estou sozinho”

(...)

“O amor tem sempre a porta aberta
E vem chegando a primavera
Nosso futuro recomeça
Venha!
Que o que vem é Perfeição!”

(...)

“São as pequenas coisas que valem mais
É tão bom estarmos juntos
Tão simples: um dia perfeito

(...)

“Eu canto em português errado
Acho que o imperfeito não participa do passado
Troco as pessoas”...


[Vou tentar não escrever muito nem chorar demasiado]

Todos sabem quem compôs os trechos de músicas acima. Poderia elencar mais alguns exemplos, mas acho que estes cinco trechos já são suficientes para demonstrar o quanto o Renato Russo parece obcecado com o conceito de Perfeição. Não acredito em destino, mas ao atestar isso na madrugada de ontem para hoje, senti um frio na espinha: parece que estava tudo destinado a acontecer!

Quem acompanha este ‘blog’ há certo tempo, já deve ter percebido crises advindas da mente perturbada deste que vos escreve acerca de um fã contumaz da banda Legião Urbana e de alguém que, até então, fazia jus à alcunha de Perfeito. Por minha vez, sempre tive medo de violões, no sentido de que me incomodava com a banalização justamente das canções da banda brasiliense acima citada. Muitas águas rolaram por debaixo da ponte de minha vida, de maneira que, pro motivos vários, hoje gosto muito de Legião Urbana. Não somente por querer agradar o fã da banda (por quem não nego uma paixão irrestrita), mas porque realmente me interessei pela dramaticidade de suas canções, pelo fatalismo de suas letras. Entretanto, na madrugada de ontem para hoje, em que planejava me divertir num luau entre amigos, era justamente nestas duas pessoas (o fã de Legião Urbana e o dito Perfeito) que eu não queria pensar. E eles estavam lá, repetidamente convocados através das letras cantadas por quem empunhava o violão. Em dado momento, não mais resisti: acompanhei o côro no refrão genial de “Tempo Perdido”: talvez eu não tenha mais tempo...

Depois de chegar em casa e dormir por mais ou menos 5 horas, vi um filme do Sydney Pollack, cineasta morto no ano passado e de quem sou aficcionado, em virtude da genialidade conotativa que ele atribui aos seus filmes românticos. Assim foi em “Operação Yakuza” (1974), em “Tootsie” (1982), em “Entre Dois Amores” (1985), em “Destinos Cruzados” (1999) e em “A Intérprete” (2005). Não seria diferente, portanto, em um de seus filmes mais famosos: “Nosso Amor de Ontem” (1973), em que Barbra Streisand e Robert Redford interpretam um casal que se ama e briga ao longo de vários anos de guerra. Ela é uma insistente protestante contra medidas governamentais que firam a liberdade de expressão individual. Ele é um militar que gradualmente se torna um escritor de sucesso em Hollywood. A vida de ambos leva-os a fazerem escolhas que o separam, mas o destino ainda reservava um reencontro.

Depois de muito tempo, ele arranja uma namorada loira e ela contenta-se com um marido estável. Ele submeteu-se por completo ao Sistema, enquanto ela protesta contra o uso da bomba atômica. Conversa:

“ – Tu nunca desistes, não é?
- Não, mas eu sou uma ótima perdedora.
- Melhor do que eu.
- É que eu tenho mais prática”.

Deixo a constatação no ar...

“Memories, may be beautiful and yet
What’s too painful to remember
We simply choose to forget
So its the laughter
We will remember
Whenever we remember...
The way we were...
The way we were!”

Wesley PC>