sábado, 9 de maio de 2009

COMO SE FOSSE UM FILME DA ISABEL COIXET...


Fazia muito tempo que eu não me arrependia de (não) ter feito algo. Na noite de ontem, voltei a sentir este péssimo sentimento, justamente por não ter opção senão fazer o que fui obrigado a fazer: ir embora de um lugar em que estava a me divertir para estar num local em que me irritaria. Explico a situação: aparentemente, resolveram o problema de minha conexão cibernética. Porém, os técnicos que visitaram minha casa deixaram todos os eletrodomésticos ligados e os integrantes de minha família não sabiam o que fazer. Recebi inúmeros telefonemas: tinha que ir para casa! Tentei fazê-lo N vezes, mas o DAA (local em que trabalho) esteve cheio o dia inteiro. Saí meia hora após o final do expediente. Fui a uma festa onde não me diverti convencionalmente, mas fiquei contente ao imaginar as pessoas se divertindo sem que eu estivesse por perto. Foi uma sessão estranha: como se agora eu pudesse buscar o que me diverte não porque tenho “missões” ou “problemas alheios” a resolver, mas porque isto me agrada efetivamente. Foi uma verdadeira lição de vida!

Por motivos óbvios, “Minha Vida Sem Mim” (2003), belíssimo filme da espanhola Isabel Coixet me veio à mente. Motivo: nesta obra de acurada sensibilidade, uma jovem faxineira, prenhe de problemas familiares, descobre que padece de uma doença terminal e morrerá em breve. Ao invés de mergulhar na comiseração ou em chantagens emocionais, ela prefere aproveitar o tempo que lhe resta para aproveitar os pequenos prazeres da vida, como fazer as pazes com pessoas ressentidas ou conseguir que alguém se apaixone por ela, mesmo que seu marido a ame demais. Encantei-me pelo filme e, não obstante não ter sucesso em fazer com que as pessoas se apaixonem por mim (pelo menos, não da forma como a protagonista consegue), entendi perfeitamente o que a protagonista sente na noite de ontem, quando passei cerca de 90 minutos a observar a festa numa balaustrada. Foi bonito. Senti-me vivo!

Na foto, os pés da adorável protagonista Sarah Polley.

Wesley PC>

YAOI!


Para quem não sabe do que se trata, são histórias em quadrinhos japonesas, de forte apelo homoerótico, que muito fazem bem a quem possui imaginação. Vi um filme de terror nipônico hoje pela manhã (sobre um menino humilhado na infância, que volta para se vingar alguns anos depois) que me deixou pensando nisso... Que droga! Por que fui embora cedo da festa no RESUN ontem?!

Wesley PC>

FAIXA 03: “A DAMA DE OURO” (por Zéu Britto)


“Quando eu te vejo
Eu fico torto
Eu fico e penso
Meu amor é tão imenso
Cada vez aumenta mais

Sou o rei de espada
Tô esperando seu jogo
Meu amor pegando fogo
E você escondendo ás

Tu és a dama de ouro que eu preciso
Meu coração indeciso
Fica pra lá e pra cá

E nesse jogo só o meu é que apanha
Toda vez que você ganha
Você vem me maltratar”


Retirei a última estrofe da canção para evitar interpretações capciosas, mesmo sendo justamente aquela a que justifica a minha escolha de Juliana para emoldurar esta postagem (risos). Quem quiser que ouça e tire suas próprias conclusões! A propósito, esta foto acaba com todos aqueles que tacham minha querida amiga estagiária da Petrobrás de “olho de peixe morto” (risos). Êta, mulher linda. – êta!

Wesley PC>

sexta-feira, 8 de maio de 2009

O APEGO ÀS PROMESSAS (COM OU SEM GARANTIA DE SUCESSO)

Não vi o filme ainda, mas sei que Spencer Tracy ganhou um Oscar de melhor ator ao interpretar o português Manoel, que fala inglês com sotaque muito carregado. Vi algumas cenas do filme em pauta [“Marujo Intrépido” (1937, de Victor Flemming)] e, por mais que tenha constatado o ridículo da situação, desejo bastante vê-lo. Na trama, o tal marinheiro lusitano encontra um garoto rico abandonado em suas andanças pelo mar. Não sei o que acontece depois. Sei que dependo de outrem – e que Hollywood ilude e volta e meia caímos em suas mentiras! Tomara que dê certo...

Wesley PC>

IVRI LIDER E “A HISTÓRIA DE MINHA VIDA”

No domingo passado, vimos “Bubble” (2006, de Eytan Fox) em Gomorra. Os presentes ficaram impressionados com a impossibilidade apolítica do filme. Por mais que os personagens dissessem que não mais queriam falar de política, toda e qualquer mínima atividade deles é política. Sendo alguns deles homossexuais, principalmente. Vivendo eles num Estado israelense em constante conflito com a Palestina, mais ainda. Filmaço!

Durante a sessão, Anne Caroline, que estava deitada na sala, sendo abraçada por um jovem brasileiro, encantou-se pela versão do músico israelense para a bela canção “Song of the Siren”, também utilizada em destaque no filme “Candy” (2005, de Neil Armfield), interpretada por outro artista. O que me faz gostar particularmente do Ivri Lider é que, por mais que ele pareça superficial por causa de suas músicas sobre paixonites afetadas, sua espontaneidade homossexual israelense o dota de uma politicidade inquestionável.

Não obstante eu preferir suas canções em hebraico, a anglofílica “Jesse” (cujo elo virtual para o belo videoclipe eu disponibilizo abaixo) é uma de minhas preferidas, no sentido de que revela um “defeito” sobrevivencial caro aos homossexuais apaixonados por heterossexuais ativos.

“Eu amo um garoto chamado Jesse
Mas Jesse não me ama
Ele diz que ele tem uma menina em Chelsea que ele quer tanto
Eu amo um garoto chamado Jesse
Mas Jesse não me ama
Ele diz que está inseguro sobre o que sente e o que quer
(O que ele sente e o que ele quer)
Mas cada vez que ele sorri pra mim
Eu sei que nós somos o mesmo
E que ele mudaria o mundo dele por mim
Se ele apenas soubesse o meu nome”

Oh, se a vida assim... Por mais que o eu-lírico da canção se emocione ao estar próximo de seu amado, este não liga para ele. E é por isso que ele termina a canção de outra forma:

“Eu amo um garoto chamado Danny
Mas Danny não me ama
Ele diz que está inseguro sobre o que sente e o que quer
(Ele sente e o que ele quer)”

Quem tem coragem de dizer que isto é promiscuidade?

http://www.youtube.com/watch?v=g2X7HqhEHo4

Wesley PC>

A MÁSCARA QUE CAI E SE REVELA...


Julie é uma mulher impetuosa. Cavalga como se fosse homem, é defensora nos escravos numa zona escravista do sul dos Estados Unidos no século XIX, veste vestidos vermelhos em salões de baile em que o branco era obrigatório, desperta paixões em mais de um homem. Até o momento em que ela escolhe – e ele adoece (é vitimado pela peste). Rejeitada e vítima de sua impetuosidade, ela abandona todo o seu rico estilo de vida e torna-se enfermeira voluntária num mar de pestilência, sujeitando-se à sujeira, à imundície, ao contágio e a rejeição. Ela ama. Ela é Bette Davis. Ela é “Jezebel” (1938, de William Wyler)!

Wesley PC>

SARNA (A QUEM INTERESSAR POSSA)

Causada em seres humanos pelo ácaro Sarcoptes scabiei, a sarna pode ser transmitida por apertos de mão e abraços e, uma vez transmitida, pode ser atenuada com a eliminação de jornais guardados na residência do contaminado. Principais áreas de infecção: punhos, axilas, nádegas e órgãos genitais (vide fotografia).

Wesley PC>

FAIXA 02: “A DANÇA DAS BORBOLETAS” (por Zé Ramalho & Sepultura)


“As borboletas estão voando
A dança louca das borboletas
Quem vai voar não quer dançar, só quer voar, avoar
Quem vai voar não quer dançarsó quer voar, avoar
E as borboletas estão girando
Estão virando a sua cabeça
Quem vai girar não quer cairsó quer girar, não caia!
Quem vai girar não quer cairsó quer girar, não caia!”

Coelhinho, meu amigo Rafael Coelho, um merecedor eventual da alcunha batizada pelos norte-americanos como “carterpillar” (quantas coincidências nesta sua foto de aniversário!), mas quando ele se dispõe a fazer seda, que maravilha!

Wesley PC>

quinta-feira, 7 de maio de 2009

MEU DIA DE FAMA!


Capa do portal eletrônico da Universidade Federal de Sergipe em 06 de maio de 2009. Mal voltei ao trabalho, já virei funcionário-padrão (risos)!

Wesley PC>

POR QUE NÃO DEU CERTO?


Nos anos de 1957 e 1958, o presidente comunista chinês Mao Tse-Tung (1893-1976) introduziu o que foi chamado “Política do Grande Salto”, em que, dentre outras medidas, estatizava as terras dos camponeses e substituía os salários dos trabalhadores (predominantemente rurais) por seis serviços básicos: alimentação, assistência médica, educação, cortes de cabelo, funerais e cinema (que, infelizmente, era de cunho propagandístico). Pena que não deu certo, mas um pouquinho de História (em especial, no que diz respeito á famigerada e equivocada Revolução Cultural daquele país) explica o porquê!

Acima, o seu cadáver, velado como se fosse uma entidade semi-teológica por seus aficcionados – que não eram poucos, diga-se de passagem, muitos deles por motivos errôneos, como podemos ver em ótimos filmes como “A Chinesa” (1967, de Jean-Luc Godard) e “As Invasões Bárbaras” (2003, de Denys Arcand)! Abaixo, uma pintura célebre de Andy Warhol, mostrando outros aspectos deste culto.

Wesley PC>




FUTURO É...


... É onde nossos sonhos acabam e novos processos mentais e/ou ativos começam...

Na fotografia, instante do clássico “O Milhão” (1931), de René Clair, preciosidade cinematográfico-musical que preciso rever urgentemente!

Wesley PC>

O ÚLTIMO FILME PORNÔ QUE VI...

Como é sabido dos leitores deste ‘blog’, sou avesso à pornografia (no sentido comercial do termo). Por mais sinceramente lassivo que eu pareça, desgosto massivamente deste gênero de produtos vendáveis, mas isto não me impede de admitir que existe arte legítima em alguns filmes pornográficos. “Taboo” (1980, de Kirdy Stevens) é considerado um destes, visto que o precursor máximo dos filmes que abordam o incesto por via sensual. Eu particularmente não gostei muito do filme, mas admito a sua validade histórica e fiquei impressionado com pelo menos duas grandes cenas: o momento demorado em que o filho da protagonista a observa tomar banho e alisa seu pênis ostentando um desejo insaciável; e o momento em que a protagonista (vivido pela elogiada matrona Kay Parker) se irrita ao participar de uma festa orgiática, no qual mais de 15 pessoas fazem e recebem sexo oral simultâneo num círculo de pessoas sexualmente ativas. Duas cenas simplesmente antológicas (e, por que não dizer, excitantes)!

Procurei bastante por uma fotografia da cena da orgia coletiva e circular. Não encontrando, publico esta coletânea de cenas do filme, que só não me convenceu de todo porque o filho da protagonista, além de ser um péssimo ator (e não tão bonito quanto eu ansiava, não obstante seu órgão genital ser desejável e grosso), não convence como filho da protagonista, de maneira que tornam inócuos o tabu do título e as lamúrias da mãe fodida. No lugar dela, eu repetiria a foda inúmeras vezes (e, no lugar dele, também – risos). De qualquer sorte, recomendo o filme. As imagens provam que ele vale a pena!

Wesley PC>

FAIXA 01: “VOCÊ NÃO ME ENSINOU A TE ESQUECER” (por Caetano Veloso)

“Não vejo mais você faz tanto tempo
Que vontade que eu sinto
De olhar em seus olhos, ganhar seus abraços
É verdade, eu não minto
E nesse desespero em que me vejo
Já cheguei a tal ponto
De me trocar diversas vezes por você
Só pra ver se te encontro

Você bem que podia perdoar
E só mais uma vez me aceitar
Prometo agora vou fazer por onde nunca mais perdê-te

Agora, que faço eu da vida sem você?
Você não me ensinou a te esquecer
Você só me ensinou a te querer
E te querendo eu vou tentando te encontrar
Vou me perdendo
Buscando em outros braços seus abraços
Perdido no vazio de outros passos
Do abismo em que você se retirou
E me atirou e me deixou aqui sozinho”

Acho que não preciso comentar nada além disso...

Wesley PC>

TRILHA SONORA DE “LISBELA E O PRISIONEIRO”: ADVERTÊNCIA FUTURA


Anteontem, pedi a um amigo aniversariante que me conseguisse a trilha sonora de um filme do Guel Arraes que eu detesto. Repito: detesto “Lisbela e o Prisioneiro” (2003), mas tenho que prestar reverência a esta obra, no sentido de que ela foi tema de minha monografia de conclusão de curso (falei sobre “a opacidade polimórfica do cinema televisivo”) e de que a sua trilha sonora é extraordinária, composta de grandes sucessos do passado, em roupagens contemporâneas extremamente agradáveis. Ouvindo o CD na manhã de hoje, percebi que posso usar aquela dezena de canções para prestar reverência aos meus amigos de Gomorra. A cada dia, portanto, escolherei uma faixa, uma letra e uma pessoa homenageada. O primeiro volume sai em seguida a esta postagem, inclusive.

Antes, outro aviso acerca do porquê de eu detestar este filme: porque ele é mentiroso! Porque ele é hipócrita. Explico: é um filme que se vende como romântico, em que o protagonista vivido por Selton Mello prega um amor monogâmico e indiscriminado, mas chafurda em relacionamentos desnecessários e fugidios durante toda a insossa duração do filme. Isto sem contar o humor forçado do mesmo, com o qual não concordo e que chega ao paroxismo da imbecilidade nos momentos protagonizados por Tadeu Mello. Mas... Quem sou eu? Revejam o filme e quem quiser que tire suas próprias conclusões!

Wesley PC>

quarta-feira, 6 de maio de 2009

“LARANJAIS EM FLOR” (1926), Direção: Monta Bell


Não conheço ninguém que tenha visto este filme. Eu tive a sorte de vê-lo duas vezes. Na trama, uma camponesa torna-se cantora. O filme é mudo, mas sua voz grita. Ouvimos e vemos os gritos. O homem que ela ama é rico, de família influente e contra a sua humildade inicial. Ela viaja, ele fica no povoado onde sempre morou e onde agora governa. Ela chora, ela é solitária, ela é famosa, ela é internacionalmente conhecida, ela é triste. Ele é triste, casado, conformado, influente, semi-feliz. Frase final do filme: “quando tu és privado daquilo que mais ama, a vida sempre providencia algo para ser amado em segundo lugar”. Wendell Bigato, esta sugestão é para ti!

Wesley PC>

CINE-GOMORRA 07 DE MAIO DE 2009 (“FELIZ ANIVERSÁRIO, RAFAEL TORRES!”)


Porque ele não viu este filme ainda, porque eu gosto muito dele faz tempo, porque ele não se “preocupa” comigo, mas é meu amigo, porque hoje é aniversario dele, que completa 25 anos de idade. Parabéns, portanto – “Kill Bill: Volume 1” (2003), uma das obras-primas de Quentin Tarantino, nesta madrugada de quinta para sexta-feira, um dos filmes em que, surpreendentemente, mais vi pessoas saindo da sessão quando vi no cinema!

Wesley PC>

CASTIGO HIPER-EXPOSTO



“Mas meu coração não escolhe a quem amar
Só mesmo a quem maltratar
E, além de tudo, ainda é preconceituosoS
eparatista, homofóbico, discriminatório
É irreal, triste, mentiroso...”
(Marcos Vicente Miranda Santos, 29 de dezembro de 2009)

Ou... Por que é que eu não aprendo?

Wesley PC>

QUE TIPO DE PESSOA OUVE KENNY G. ÀS 23 H?


a) Uma pessoa triste e/ou que se sinta incapaz e abandonada
b) Alguém que suspende a ojeriza ‘pop’ em emergências
c) Alguém que desejava fazer sexo, mas foi limado pelo sono
d) Alguém brega, apaixonado ou ambos
e) Alguém que tem mais de 400 CDs e gosta de “experimentar”
f) Alguém que não sabia que este saxofonista xaroposo jogava golfe
g) Alguém que trabalha mais de 8 horas por dia e se sente cansado e traído
h) Alguém que reaprendeu a chorar recentemente
i) Uma pessoa triste e/ou que se sinta incapaz e abandonada
j) Eu

Wesley PC>

CONSIDERAÇÕES SOBRE O PAPEL DO TRAFICANTE (OU DO MEDIADOR ATARÁXICO)


“I'm waiting for my man
Twenty-six dollars in my hand
Up to Lexington, 125
Feel sick and dirty, more dead than alive
I'm waiting for my man
(…)
Here he comes, he's all dressed in black
PR shoes and a big straw hat
He's never early, he's always late
First thing you learn is you always gotta wait
I'm waiting for my man”

Assim canta o The Velvet Underground, revelando um sentimento comum àqueles que precisam esperar um mediador (vulgo traficante) para lhes conceder substâncias que os levem a um estado alterado (e eventualmente consolador) de consciência. Sou um destes, um destes que se submetem às idiossincrasias que beiram a crueldade destes seres. Um dia, ao conversar com um amigo que exerce a função importante de homossexual ativo (não comigo, diga-se de passagem), ele me disse que “quem come tem que ser bruto mesmo, senão quem dá, monta!”. Esta talvez seja a explicação para entender o comportamento potencialmente iracundo e/ou indiferente dos traficantes convencionais e a conseqüente submissão dos dependentes aos seus caprichos. Repito: sou um destes! Dependo de quem está pouco se lixando para as minhas preocupações no que diz respeito à dependência de estados (artificiais) de espírito.

Tudo isso me traz à tona o melhor e mais genial filme a abordar o tema das drogas (ao menos no plano discursivo-crítico): “Sem Destino” (1969, de Dennis Hopper). Na primeira cena, vemos os personagens conversarem com fornecedores de alucinógenos, enquanto o grupo de ‘rock’ Steppenwolf desenrola a letra cruel e realista da canção “The Pusher”, logo substituída na trilha sonora por “Born to Be Wild”, interpretada pelo mesmo grupo. Diz a letra de “The Pusher”:

“Você sabe, o usuário, o usuário é um homem com a erva amada em suas mãos
Ah, mas o traficante é um monstro
Bom Deus, ele não é um homem natural
O traficante, por uns trocados, Deus, vai te vender vários bons sonhos
Ah, mas o traficante arruina seu corpo. Deus, ele vai levar a sua mente a gritar”

E de quem é a culpa? Nossa, que admitimos que precisamos dele e vemos esta crueldade assistencial ser alimentada voluntariamente ao longo dos meses? No meu caso, sim! Espero, portanto, que meu destino não seja o mesmo dos dois motoqueiros que protagonizam a obra-prima rebelde citada, filme que, por mais que tenha a a aparencia de apologético é, na verdade, um brilhante exercício de expiação. Preciso revê-lo com urgência!

Wesley PC>

terça-feira, 5 de maio de 2009

“WESLEY, O QUE TU FARÁS DAQUI POR DIANTE?”


De 10 em 10 segundos, perguntam-me isto. Perguntam-me quantos concursos públicos eu já fiz, se já faço mestrado, que estratégias de competição com outras pessoas eu vislumbro daqui por diante. Sempre dou de ombros e me lembro de um famoso diálogo do seriado célebre de Matt Groening, no episodio em que Lisa Simpson foi promovida para uma série superior à sua e encontra dificuldades (não somente de entrosamento, como de praxe, mas de aptidão). Propõem, então, que ela volte à primeira série, não sem antes propor: “então, Lisa, tu queres continuar sofrendo enquanto aprende ou prefere continuar a ser um peixe grande em aquário pequeno?”. Ela não titubeia: “peixe grande, peixe grande!”. Serei eu vítima do mesmo “defeito”?

Wesley PC>

O 18º CAPÍTULO DO MAIS FAMOSO LIVRO DE ERIC HOBSBAWM (OU REMEMORAÇÕES CIENTÍFICAS DA SAUDADE DO MOÇO DE AZUL)


“A desconfiança e o medo da ciência eram alimentados por quatro sentimentos: o de que a ciência era incompreensível; o de que suas conseqüências tanto práticas quanto morais eram imprevisíveis e provavelmente catastróficas; o de que ela acentuava o desamparo do indivíduo, e solapava a autoridade. Tampouco, devemos ignorar o sentimento de que, na medida em que a ciência interferia na ordem natural das coisas, era inerentemente perigosa”. (p. 512, da 2ª edição da Companhia das Letras, impressa em 2005)

Com este sumário, o genial e sinóptico autor explica o porquê de tantos cientistas mundiais descambarem para a politização efetiva, seja no plano partidário propriamente dito seja no plano simplesmente anticlerical. O mesmo, infelizmente, não pode ser dito sobre os estudantes de Ciências Exatas que costumo atender no setor administrativo em que trabalho, dado que estes mostram-se incontinentemente preocupados com as vantagens fiduciárias de suas futuras profissões e dum inegável destaque solitário no plano da especialização temerosa (formaram-se em áreas de conhecimento que não causam tanto fervor teórico na grande maioria das pessoas!). Wendell Pereira Barreto é uma louvável exceção. Dois minutos de conversa com ele são bastantes para percebermos o quanto ele valoriza pessoalmente (e macrocosmicamente) aquilo que estuda. Afinal de contas, quantas pessoas que tu conheces utilizam paradigmas físicos para explicar o que uma pessoa sente por outra?

Uma coincidência interessante na leitura deste ótimo capítulo hobsbawmiano está no fato que, desde o último dia de abril, aguardo com ansiedade a visita prometida inúmeras vezes pelos técnicos de um serviço de telefonia a minha casa. Como eles são os detentores locais desta tecnologia, resta-me aguardar enfurecido, enquanto telefono repetidas vezes para a central de atendimento ao consumidor e despejo reclamações que são tratadas com um vão desprezo. O mesmo não se dá com o referido moço de azul, que prontamente me responde sempre que externalizo aqui qualquer problema sentimental, mesmo que este não pareça de sua alçada imediata. Brilhante moço!

É neste momento que trago à tona um questionamento recorrente de meu amigo Rafael Coelho: “achei estranho que tu não tenhas te apaixonado por Wendell, Wesley! Ele faz bem o teu tipo e, acima de tudo, conseguiu conquistar todos nós”. Eu sempre respondo com um chiste verídico: “quem disse que não, Coelhinho?”. Este pretenso verme deixou marcas indeléveis em cada um de nós em Gomorra. Quanto ao moço de costas que compartilha a fotografia com ele...

Wesley PC>

segunda-feira, 4 de maio de 2009

A VOZ DO SENEGAL/ O CLAMOR TRIBAL/ O DISFARCE FAMÉLICO/ O APETITE RELIGIOSO


Escolham o melhor título para ser relacionado à imagem ou procurem um filme clássico chamado “Ceddo” (1977, de Ousmane Sembene) e descubram porque o cinema senegalês é tão elogiado por quem tem acesso aos filmes desta nacionalidade, porque imã (sem acento agudo) é uma palavra bem mais assustadora que ímã (com acento agudo) e porque é tão difícil ser fetichista em sociedades muçulmanas impositivas... Clássico!

Wesley PC>

“O APOCALIPSE ESTÁ PRÓXIMO!”


Cansado, depois de passar a madrugada em claro, resolvendo problemas alheios e/ou familiares, deparo-me com este estranho personagem, que berrava, falava sobre Jesus, “o único salvador. O caminho, a verdade e a vida”. “Nesta de manhã”, dizia ele, “arrependa-se e serás salvo, pois só Jesus tem o dom de transformar pecadoras em santas, santas, muito santas”... E gritava, e repetia, e eu me irritava, os ônibus não passavam e eu fiquei tirando foto... Ele posou: é um começo!

Wesley PC>

PARA QUE NÃO DIGAM QUE NÃO OUÇO MÚSICA...


Descobri por acaso “Acidulé” (2007) entre minhas coisas, uma mistura de canções francesas, “bossa nova” e gente que chora... Tentei encontrar a letra de “Pas Vu, Pas Pris” por aqui, mas nada de encontrar... Fica-me o consolo de que, nesta canção, ela fala sobre um ladrão charmoso que roubou seu coração... “Nunca visto, nunca agarrado”... Ele rouba e foge, como fazem os bons ladrões... E ela canta “Sans Toi”, do Michel Legrand, entre outras preciosidades e frases de cinema, lições da ‘nouvelle vague’... Fica a dica, encontrei a letra!

“Pas vu, pas pris, tentation.
Pas vu, pas pris, confusion.
S.O.S. cosmos, c'est déjà trop tard.
Voleur de cœurs, le jour,
Voleur d'envies, la nuit,
Il s'évanouit, il s'évanouit.
Cambrioleur velours,
Cambrioleur d'amour”

Ao fundo, ruídos de vã perseguição...

Wesley PC>

“PORQUE É EM PRETO-E-BRANCO A COR DO TIME QUE EU GOSTO TANTO”...


Assim canta um corintiano machista, mentiroso, beligerante, violento, hipócrita e ignóbil num filme que tive o estranho privilégio de assistir ao lado de minha mãe. Desgostei - como é de praxe no que diz respeito aos filmes protagonizados por este homossexual encubado, tão difusor de um chauvinismo perverso, defendido ‘ad extremis’ pelas mulheres humilhadas com que compartilha as cenas... Nem precisava ter rememorações pessoais para ter desgostado do filme ou para ter causado o que ele me causou... Numa das cenas, o protagonista lamenta que seu filho queira ser médico, ao passo em que ele desejava que o mesmo fosse centro-avante de futebol; noutra cena, ele proíbe a sua filha de dançar balé, alegando que isto é “sem-vergonhice para o orgulho da família”; numa terceira, ele ameaça desquitar-se da esposa-capacho, quando esta se irrite com a bagunça causada por um burro de estimação... No dia posterior, tive que optar entre uma jujuba vermelha e uma amarela. “Por que escolher?”, pensei. A fotografia responde.

Wesley PC>

E ELE DEIXOU DE SORRIR...

Rafael Maurício perdeu a carteira – e parece que só me sinto humano quando sou servil!

Domingo à noite, víamos “Luzes da Cidade” (1931, do gênio Charlie Chaplin) em Gomorra. Eu tentava conter o riso (a fim de não incomodar o preocupado baiano), mas não conseguia: o mestre supremo da pantomima consegue extrair qualquer reação desejada de seus espectadores (eu incluído). Sorri tanto, que pensavam que eu estivesse sob efeito de maconha...

Mas, como sempre acontece nas comédias inerentemente dramáticas deste precioso e singular autor, eu também chorei – e esta última cena é a responsável, orgulhosamente responsável. Será que existe alguém ainda que não tenha visto esta obra-prima e me impeça aqui de revelar o final? Pelo sim, pelo não, arrisco:

O personagem de Charlie Chaplin no filme é seu típico vagabundo. Impede um suicídio, dizendo que “os pássaros voltarão a cantar amanhã” e, como não poderia deixar de ser, se apaixona. Encanta-se por uma florista cega e pobre, que o leva a arrumar inúmeros empregos frustrados, a fim de pagar uma cirurgia ocular, que ocorre ao preço de um confinamento prisional. Anos depois, gozando de uma dolorosa liberdade, ele a reencontra. Ela agora vê e, tratando-o como um mendigo qualquer, pede que ele escolha entre uma flor e uma moeda. Ele aceita a flor. Ela o reconhece ao tocar em sua mão. Há uma (in)esperada decepção, pois ele não é o milionário que ela esperava. Gênio como é, Charlie Chaplin não dá tempo para esperarmos o “obrigado” dela, que talvez não viesse a ocorrer... Interrompe a imagem em seu clímax. Gênio que é!

Ai de mim se for esperar “obrigados”...

Wesley PC>

O QUE É UMA VOLTA?


É a captura voluntária de práticas recorrentes e potencialmente agradáveis? Para mim, sim, ao menos em tese! Depois de 6 meses de férias, voltei ao trabalho, voltei a conviver com alunos problemáticos e eventualmente iracundos, voltei a conviver com pessoas e gostos radicalmente distintos dos meus, voltei a ouvir músicas (ruins) que não quero durante o horário de expediente externo, voltei a caminhar ao menos 15 quilômetros por dia, voltei a dedicar 10 horas diárias ao capitalismo, voltei...

Da mesma forma que estive desempregado e amparado neste intervalo de tempo, descobri encantos maravilhosos neste tempo em que me ausentei, conheci os interiores (em mais de um sentido da Gomorra), conheci a paixão e o desencanto, sofri e chorei e vivi e não morri (ainda)... Sobrevivi!

Sofrendo de um excesso lamentoso de Internet nos últimos dias, optei voluntariamente por ausentar-me deste meio de comunicação de massa, mas, depois de um fim de semana demasiado reflexivo e regado a um filosofo dinamarquês e cinema do Senegal, estou de volta! E sou o mesmo, ainda que inextricavelmente diferente, como dizia o grego Heráclito. Entrei no rio mais de uma vez: não sou o mesmo, o rio não é o mesmo, os dois juntos não são mais o mesmo – e, ao mesmo tempo, sou o mesmo, o mesmo, o mesmo...

Que seja! Este é só um aviso: voltei (ou estou voltando gradualmente) e dentro deste processo de “mudar algo para que tudo continue do jeito que está” (salve Giuseppe Tomasi di Lampedusa!), olho para a foto, datada de ontem, num contexto sofrido (ou imaginariamente sofrido, tanto faz, já que a palavra que o muso baiano pronuncia neste arremedo de sorriso é: ‘pare!’). Voltamos aos poucos...

Wesley PC>