sábado, 22 de junho de 2013

AINDA FALTA UM EPISÓDIO, MAS PRECISEI DAR UMA PAUSA, RECUPERAR O FÔLEGO...

Por mais que tivessem me advertido que o nono episódio ("The Rains of Castamere") da maravilhosa terceira temporada do seriado "Game of Thrones" fosse absolutamente impactante e mesmo que eu soubesse que uma personagem-chave da trama seria assassinada, nada me preparou o suficiente para o impacto tremendo do que ocorreu neste capítulo: os créditos silenciosos ao final metonimizavam o meu respeito sincero pela telessérie, sem dúvidas, a melhor já produzida nos Estados Unidos da América (pelo menos, dentre as que já tive a oportunidade de assistir até hoje)!

Não sei se ainda há alguém que não conheça as diversas subtramas que se mesclam na série ou ainda não sabe o que acontece no referido episódio, mas, por precaução, não serei muito detalhista nem muito descritivo: o impacto emocional do que é mostrado na imagem é deveras suficiente para deixar patente o quanto ainda estou surpreso, a ponto de evitar por algum tempo a audiência ao décimo e último episódio da temporada, incapaz de dirimir o meu estado espectatorial estupefaciente...

Se a segunda temporada foi ótima, mas inferior em qualidade dialogística (e climática) no que tange à primeira, esta terceira está fazendo jus á minha disponibilidade em continuar propagandeando os méritos da produtora HBO. Magnífico produto televisivo, com doses equilibradas de sensualidade e horror, sem recair exageradamente no fantástico (que perigava se tornar prejudicial ou desvirtuante com a aparição de dragões) nem perder o foco discursivo sintetizado muito bem pelo personagem lorde Baelish, melhor conhecido como Mindinho (Aidan Gillen): "tão logo conseguimos algo que queremos, já estamos desejando outra coisa...". Oh, como é verdade!

Nesta terceira temporada, tivemos interlúdio homossexual, sanguessugas depositadas sobre o corpo seminu de um belo homem, decepamentos variegados, as traições costumeiras mas sempre inusitadas e surpreendentes, casamentos e fetos esfaqueados ainda no ventre de sua mãe. E, ao final do sexto episódio, o mesmo interesseiro que atende pelo apelido de Mindinho resume novamente o sentido das vidas daqueles personagens: "a escada é que é o mais importante!". Na torcida pelo êxito de Daenerys Targaryen (a belíssima e mui talentosa Emilia Clarke), ao menos... Mas, até quando? 

Wesley PC>

sexta-feira, 21 de junho de 2013

UM POSICIONAMENTO, TALVEZ...

Em quase todos os veículos de comunicação de massa, o assunto dos últimos dias foi a profusão de manifestações populares que acontece no Brasil, inicialmente exigindo a redução do preço das passagens de ônibus, mas abstratamente vinculadas a protestos contra a corrupção e o mau gerenciamento do erário público por causa das atividades relacionadas à Copa do Mundo de Futebol, que, em 2014, será sediada no Brasil, o que demanda gastos exorbitantes. Para além de eu concordar ou não com o que estava sendo reivindicado (meu posicionamento determinante em relação às decisões estatais é impedir que as conseqüências discursivas de cunho negativamente dicotômicos me afete pessoalmente), desta vez não consegui me esquivar de falar algo sobre o assunto: eu preciso me manifestar de alguma forma, principalmente em relação àqueles que me obrigaram simbolicamente a “ir às ruas”,“sair da zona de conforto cibernética” em que eu me encontro aqui em casa, digitando em frente à tela de um computador. As coisas não são tão simples e/ou unidirecionais assim...

Além de eu não ter sentido a mínima vontade de participar da sucursal sergipana das tais manifestações, ocorrida na quinta-feira, 20 de junho de 2013, irritei-me sobremaneira ao perceber como amigos meus se deixavam levar por uma condução reivindicativa imitativa, impregnada de chavões senso-comunais, provenientes de líderes de opinião que, em dias anteriores às tais manifestações, engrossavam as fileiras de consumidores que justificavam os tais investimentos futebolísticos agora renegados. Sinceramente, não em sinto nem um pouco tentado a me enfiar em multidões gritantes para reivindicar aos berros aquilo que eu sempre fiz, em pequenas e cotidianas ações, ao longo de minha vida. Para mim, o ato de protestar sempre foi algo perfunctório: o lugar onde moro e as condições de minha personalidade exigem isso de mim, até mesmo por vieses involuntários. Não fiz questão de engrossar as fileiras estatísticas de uma multidão que clama predominantemente pela noticiabilidade mais chinfrim, aquela que eu condeno enquanto jornalista em potencial, visto que é marcada pela retroalimentação de padrões. Assim sendo, eu não quis ir à manifestação susomencionada e não me arrependi de tão decisão!

A minha frustração particular em relação à falibilidade organizacional de tais manifestações não implique que eu discorde das mesmas, que eu seja absolutamente contrário a elas. Não é o caso. Porém, não recaio no deslumbramento hiperinterpretativo que está sendo levado a cabo por alguns espectadores de telejornais, que enxergam na mesma uma hipertrofia democrática cavalar, a ponto de transformarem em lema midiático a frase “o gigante acordou” (sic), relacionada aos clamores que agora tomam de assalto o país geograficamente enorme que é o Brasil. As questões são mais delicadas e requerentes de análise que essa empolgação estouvada. Senti-me internamente violentado nos últimos dias, ao me sentir simbolicamente acusado (por minha descrença essencial em relação ao que estava ocorrendo) de não participar do levante popular mais ousado e numeroso dos últimos vinte anos no Brasil. Por enquanto, eu tergiverso: sei não, sei não...


Wesley PC> 

EU NÃO TENHO SUPORTE O SUFICIENTE, DIZ O FACEBOOK!

"O diretor José Mojica Marins, cansado da invasão de depravação nos cinemas, decidiu fazer um filme de cunho tão horroroso que despertasse nos espectadores a vontade de nunca mais assistir a filmes de sexo e, quem sabe, pensar duas vezes antes de se soltar entre quatro paredes. A verdade é que o tiro saiu pela culatra e o filme foi um sucesso de bilheteria, repercutindo em todo o país como a produção que continha 'as incríveis cenas com a menina e o cachorro como jamais foram mostradas no cinema' - conforme o próprio cartaz anunciava" (Denise Godinho & Hugo Moura - COISAS ERÓTICAS: A HISTÓRIA JAMAIS CONTADA DA PRIMEIRA VEZ DO CINEMA NACIONAL - página 142).

 Creio que o que está embutido nesta citação - e na imagem a ela relacionada, extraída do próprio filme (que também ainda não vi!) - seja auto-elucidativo, mas cabe acrescentar que, com, a abertura política (e, principalmente, mercadológica) definitiva do Brasil em 1985, a solução mais prática (e reativa) que boa parte dos cineastas brasileiros encontraram para enfrentar os jorros de pornografia estrangeira foi consolidar o país como um produtor recordista de filmes zoofílicos com sexo explícito. Obras penetrativamente protagonizadas por cavalos, jumentos, cachorros e até mesmo antas abundam. Os números davam a tônica. Até breve! 

O que está escrito acima foi postado em meu perfil facebookiano, o que me rendeu, obviamente, uma acusação de manutenção de pornografia, uma declaração de que eu não possuía "suporte" para observar. Insisto que a publicação é auto-elucidativa!

Wesley PC>

quarta-feira, 19 de junho de 2013

“TUDO O QUE EU FAÇO DÁ ERRADO!”...

Na tarde de ontem, passando por meu antigo setor burocrático de trabalho, conversei com uma amiga mais velha, que precisa apresentar um seminário sobre as teses epistemológicas de Boaventura de Sousa Santos. Nunca tinha lido nada mais profundo sobre o autor, mas discutimos bastante a afirmação dele de que todo conhecimento científico é, antes de tudo, autoconhecimento, que é totalitário e, por conta disso, tende a se tornar senso comum. Não sei bem se estou confundindo as assertivas, mas, enquanto conversava com ela, que estava nervosa, tive a idéia de abrir as revistas que se encontravam no recinto, em busca de algo que remetesse à discussão cientifica que nos ocupava. Dito e feito: achamos muito material interessante para ser apresentado em seu seminário.

A situação acima confirma o que minha orientadora de Mestrado e meu melhor amigo costumam afirmar: quando estamos a pesquisar algo com afinco, tudo o que está ao nosso redor corre o risco de ser impregnado por nosso tema. É o que acontece com os filmes que vejo recentemente: ao chegar de uma aula sobre Teorias do Jornalismo na manhã de hoje, senti uma vontade intensa e instintiva de assistir ao filme “A Próxima Vítima” (1983), de João Batista de Andrade, sabendo apenas que se tratava de uma obra policial sobre assassinato de prostitutas. O enredo do mesmo abre brechas hermenêuticas muito mais complexas, questionando com profundidade as obrigações e limites de uma futura ocupação pessoal, o Jornalismo, além de enfiar perigosamente o dedo na ferida de abertura democrática ainda em curso quando o filme foi realizado: em meio à abordagem ficcional, portanto, baseada em fatos reais ainda não desvendados, acompanhamos as eleições governamentais daquela época, testemunhando os embates de militantes partidários do PMDB e do PT nas ruas paulistanas. Não por acaso, é mais ou menos isso que é noticiado com insistência atualmente por causa dos protestos estudantis que tomam de assalto o país (e são midiática e ciberneticamente convertidos em algo quiçá diferente daquilo que são em princípio) e que terão uma filial sergipana na tarde do dia 20 de junho de 2013. Terei mais oportunidades para me posicionar acerca deste assunto depois da manifestação local, talvez.  Por ora, o filme me deixou perplexo e culpado.

Otimamente interpretado por Antônio Fagundes, o protagonista do filme é um telejornalista recém-divorciado, que, ao investigar os assassinatos de prostitutas no bairro do Brás, apaixona-se por uma meretriz adolescente (Mayara Magri, excelente e terna), ao passo em que se envolve numa violenta conspiração policial que imputa os crimes a um marginal perseguido que não era culpado dos referidos assassinatos (Aldo Bueno, extraordinário). O que parecia meros elementos de uma trama policial típica se converte, nas mãos politizadas e inteligentíssimas do diretor, num delicado estudo sobre corrupção e sobre o financiamento individual (ainda que forçoso) de profissionais e cidadãos comuns, seja pela divulgação de fatos precipitados e enganosos seja pelo silencio amedrontado, ainda que compreensível. Numa cena absolutamente antológica, o bandido perseguido, apelidado simplesmente de Nêgo, mija na cara do jornalista, irritado com a sua cooperação involuntária com a sua difamação falsa. Os gritos encolerizados e entupidos de palavrões ultrapassam o entrecho: são direcionados a nós, que, às vezes, nos deixamos contaminar pela impotência destrutiva. Aplaudi de pé o filme: absolutamente corajoso ainda hoje, que dirá naqueles dias tensos de 1982, em que foi filmado...

Pitorescamente, por mais que eu admirasse o trabalho do cineasta responsável por este ótimo filme desde que, ainda adolescente, vi o maravilhoso e pungente “O Homem que Virou Suco” (1980) pela primeira vez, as audiências recentes a “Doramundo” (1978, entusiasticamente elogiado aqui) e “O País dos Tenentes” (1987) me obrigam a lutar pessoalmente para que este brilhante diretor seja valorizado e reconhecido por suas incríveis proezas denuncistas. Um Brasileiro com letra inicial maiúscula este!


Wesley PC> 

domingo, 16 de junho de 2013

A PARCA JUSTIFICATIVA (OU A PORCARIA DO AMOR, DE NOVO E DE NOVO!)...

Na tarde de ontem, como parte de uma aula extensiva sobre as principais tendências da comédia muda norte-americana, assisti a um filme protagonizado por Harold Lloyd, depois de ter me deslumbrado coletivamente diante de obras-primas de Charlie Chaplin e Buster Keaton. O nome do filme em pauta era “O Calouro” (1925, de Sam Taylor & Fred Newmeyer).

 Por conta da qualidade mui superior dos filmes que vi anteriormente, os problemas desta obra em particular ficaram mais evidentes: o roteiro abordava as desventuras de um universitário recém-ingresso na Universidade e que, inspirado por um filme a que assistira mais de uma vez (cujo protagonista no cartaz é justamente Harold Lloyd), cria que, se repetisse uma dancinha abobalhada e ingressar rapidamente no time de futebol americano, seria o rapaz mais popular do colégio. Obviamente, ele não consegue. Obviamente, as situações em que ele se envolve para angariar a fama são irritantes. Mas o filme é inteligente, e as típicas acrobacias do ator são dignas de serem apreciadas. Mas é um filme menor, bem menor...

 Apesar dos problemas inequívocos do quartel final do filme, centrado nas peripécias esportivas do protagonista, tenho que admitir que a última imagem me conquistou, me seduziu: semi-despido, o universitário é responsável pela vitória do seu time e, carregado nos ombros pelos colegas que o rejeitavam até então, recebe um bilhete da mulher que o ama. Ao ler a conclusão definitiva, ele está debaixo de um chuveiro, que despeja água no mesmo instante em que ele lê “eu te amo”. Era o suficiente para que a metáfora orgástica me atingisse em cheio: não é um filme tão bom, mas acerta no alvo!

 Wesley PC>