segunda-feira, 30 de março de 2009

DICA DE LIVRO + PINTURA:


Em 2006, ano em que vi e revi, com atraso, um belo e famoso filme norte-americano sobre o romance proibido e sufocado pelo capitalismo empregatício entre dois vaqueiros, conheci um dos mais maravilhosos relatos humanos já escritos no mundo: “Grande Sertão: Veredas”, obra-prima que o mineiro Guimarães Rosa legou à Terra em 1956. Trata-se de um relato em primeira pessoa do jagunço Riobaldo sobre tudo o que ele vivera pelo sertão, sobre os temores e guerras que travou nas terras secas, sobre enfrentamentos e obediências e capitães que diferem pouco entre si, sobre o sofrimento de quem não tem posses e pensa mais do que lhe é permitido pelas conseqüências externas, sobre quem ama. No caso, um amor que surge, até que se prove o contrário, entre dois homens do mato, entre dois jagunços igualmente solitários, entre duas pessoas calejadas pelas lutas, mas ansiosos pelos abraços. São muitas páginas, poucos parágrafos e apenas um capítulo, mas é uma das melhoras coisas que já posaram diante de meus olhos...

E pensa Riobaldo: “E, o que era que eu queria? Ah, acho que não queria mesmo nada, de tanto que eu queria só tudo. Uma coisa, a coisa, esta coisa: eu somente queria era – ficar sendo!”.


Na imagem: um dos quadros da série “Retirantes” (1936), de Cândido Portinari.

Wesley PC>

2 comentários:

Fábio Barros disse...

Belíssimo quadro.

Há séculos que eu quero ler esse livro, mas minha procrastinação onipresente não me deixa.

Você tem o livro, Wesley?

Pseudokane3 disse...

Não, querido Fábio, quem me dera ter esta obra-prima sublime e magnânima em casa...

Li através da BICEN mesmo...

Demorou meses, são mais de 700 páginas, mas... COMO VALEU A PENA, COMO VALEU A PENA!

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