Apesar de adentrar com interesse renovado a filmografia do
cineasta Fauzi Mansur (vide alguns exemplares de resenhas deslumbradas aqui), só soube da existência de “Me
Deixa de Quatro” (1981) há algumas semanas. Na manhã de hoje, aproveitei a
deixa para saber do que se tratava e fiquei contente ao saber que a musa Helena
Ramos e o gracioso Arlindo Barreto eram os protagonistas. A abertura era ao som
de “Fica Comigo Esta Noite”, na voz do saudoso Nelson Gonçalves. O problema era
que o tom do filme era incomodamente pornochanchadesco, beirando os
preconceitos chauvinistas...
Sendo este diretor um dos mais inventivos da Boca do Lixo
paulistana, era óbvio que ele não se submeteria facilmente aos ditames hipócritas
do subgênero ‘pornochanchada’. Dito e feito: por mais que o filme seja deveras
problemático em sua aparente adesão discursiva à perspectiva homofóbica do adúltero
protagonista Guido (Serafim Gonzales), gradualmente o seu filho com tendências homoeróticas
Dirceu assume-se como protagonista. Objeto de desejo do obcecado Darci (Carlos
Arena), Dirceu abdica de suas experiências pederásticas quando se apaixona pela
deslumbrante Luci, amante de seu pai.
Inicialmente, o encontro entre Dirceu e Luci era decorrente
de um plano de seu pai para demonstrar que o filho não era ‘bicha’, como todos
os seus amigos espancadores de homossexuais insistiam em apregoar. Porém, ele se
apaixona perdidamente por ela, a ponto de comemorar quando crê que ela esteja
grávida dele. Porém, Dirceu não deixa de persegui-lo e, numa situação que permanece
mal-explicada no desfecho conservador e extremamente machista
(intradiegeticamente falando), o uranista apaixonado assassina a sua rival. E
eu me identifiquei completamente com este personagem: ultimamente, percebo-me
tão persecutoriamente apaixonado quanto ele, em relação a um fornecedor freqüente
de sêmen que, por motivos alheios à nossa vontade, não consegue dispor de tempo
e/ou espaço para gozar em minha boca. O que me fez experimentar a mais intensa
crise de abstinência virginal dos últimos anos. Estou desesperado, mas o filme
aplacou a minha angústia erotógena e espermofágica!
Wesley PC>
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