sexta-feira, 25 de outubro de 2013

DEMONSTRAÇÃO DE UMA PORNOCHANCHADA CRÍTICA:

Apesar de adentrar com interesse renovado a filmografia do cineasta Fauzi Mansur (vide alguns exemplares de resenhas deslumbradas aqui), só soube da existência de “Me Deixa de Quatro” (1981) há algumas semanas. Na manhã de hoje, aproveitei a deixa para saber do que se tratava e fiquei contente ao saber que a musa Helena Ramos e o gracioso Arlindo Barreto eram os protagonistas. A abertura era ao som de “Fica Comigo Esta Noite”, na voz do saudoso Nelson Gonçalves. O problema era que o tom do filme era incomodamente pornochanchadesco, beirando os preconceitos chauvinistas...

Sendo este diretor um dos mais inventivos da Boca do Lixo paulistana, era óbvio que ele não se submeteria facilmente aos ditames hipócritas do subgênero ‘pornochanchada’. Dito e feito: por mais que o filme seja deveras problemático em sua aparente adesão discursiva à perspectiva homofóbica do adúltero protagonista Guido (Serafim Gonzales), gradualmente o seu filho com tendências homoeróticas Dirceu assume-se como protagonista. Objeto de desejo do obcecado Darci (Carlos Arena), Dirceu abdica de suas experiências pederásticas quando se apaixona pela deslumbrante Luci, amante de seu pai.

Inicialmente, o encontro entre Dirceu e Luci era decorrente de um plano de seu pai para demonstrar que o filho não era ‘bicha’, como todos os seus amigos espancadores de homossexuais insistiam em apregoar. Porém, ele se apaixona perdidamente por ela, a ponto de comemorar quando crê que ela esteja grávida dele. Porém, Dirceu não deixa de persegui-lo e, numa situação que permanece mal-explicada no desfecho conservador e extremamente machista (intradiegeticamente falando), o uranista apaixonado assassina a sua rival. E eu me identifiquei completamente com este personagem: ultimamente, percebo-me tão persecutoriamente apaixonado quanto ele, em relação a um fornecedor freqüente de sêmen que, por motivos alheios à nossa vontade, não consegue dispor de tempo e/ou espaço para gozar em minha boca. O que me fez experimentar a mais intensa crise de abstinência virginal dos últimos anos. Estou desesperado, mas o filme aplacou a minha angústia erotógena e espermofágica!


Wesley PC> 

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