sexta-feira, 3 de abril de 2009

OU DE POR QUE EU ESCREVO TANTO SOBRE ASSUNTOS PESSOAIS


Porque talvez seja a única coisa que eu ainda tenha, que posso chamar de “meu” sem que isto configure uma apropriação egoísta de algo; porque se tirarem isto de mim, eu não terei nada!

Falo sobre minha vida pessoal o tempo inteiro (ou melhor, transformo tudo o que ocorre no mundo, mesmo quando não estou presente, me pessoal) porque vejo, porque sinto, porque estou sóbrio, porque me embebedo com a desgraça do veneno da consciência e, como dizia o filósofo Maurice Merleau-Ponty, “o problema de saber qual é o sujeito do Estado (...) será exatamente da mesma natureza que o de saber qual é o sujeito da percepção”...

Escrevo sobre minha vida pessoal porque penso que isto seja divertido, porque, ao transformar em frases chistosamente sadomasoquistas as angústias ou frustrações que me acometem, na pior das hipóteses, eu posso causar em alguém a identificação que quase tudo o que me cerca causa em mim.

Transcrevo insistentemente a minha vida pessoal (incluindo aí o que talvez não seja tão pessoal assim) porque, apesar de também tenta achar compulsivamente a minha vida “legal”, conforme disseram recentemente por aqui, sei que acontecem situações ao meu redor que jamais vivenciarei, por mais que assim deseje, e, ao invés de ficar me torturando na impossibilidade solitária de minha residência familiar, canalizo muitos de meus problemas ao imaginar que estou dialogando com pessoas que me lêem ou estabelecem as conexões necessárias entre o que não foi escrito e as imagens que irremediavelmente acompanham meus textos.

Por isso: para pedir desculpas, para agradecer, para implorar o socorro de meus amigos, para provar que estou errado... Só por isso!

Wesley PC>

Um comentário:

Fláviabin disse...

Eu digo escreva. Escreva como eu tenho lido esse blog, compusivamente...
Dividir sempre, e afetar-se com o mundo não é um problema, espero que não.
Senão somos dois problemáticos.