segunda-feira, 6 de julho de 2009

EMPOLGAÇÃO (ENTRE OUTRAS COISAS, LITERÁRIA) INFANTIL


Hoje mais cedo, ao encontrar com meu estimado Carlos Henrique após o almoço e, entre diversos assuntos, nós conversamos sobre nossos traumas urinários de infância. Ele me confessou que descobrira tarde demais a funcionalidade de um zíper e eu que uma das poucas situações na vida em que senti a falta legítima de uma figura paterna foi durante o ensinamento da famosa balançadinha do pênis depois de mijar, falta esta que está sendo reconvocada, por várias situações, em minha vida recente. Não paro de me interrogar se eu cometeria incesto se eu tivesse um pai!

O que importa neste primeiro parágrafo é que tal conversa me fez pensar em que consiste efetivamente a paternidade. Já pus em pauta N vezes que, por ser muito parecido (tanto física quanto psicologicamente) com minha mãe, não sei que herança genética eu adquiri do meu suposto pai, de quem não sei sequer o nome. Mas, nesta semana, por me sentir parte de um grupo em extinção (o dos amantes simultâneos de Sydney Pollack e Jia Zhang-Ke, para ficar em exemplos latos), senti falta de algo parecido com um pai. Cheguei a pedir que Carlos Henrique me adotasse como filho na conversa de mais cedo. Talvez eu esteja apenas carente...

Em meio às atividades estafantes de minha labuta, alguém me emprestou uma revista de grande circulação nacional e, folheando a sessão de lançamentos cinematográficos e literários, deparei-me com um livro que me deixou empolgadíssimo (coisa rara em se tratando de lançamentos hodiernos): tratava-se de “O Clube do Filme”, do canadense David Gilmour. É um livro de não-ficção mnemônica (vulgo auto-ajuda de luxo), em que o autor relata uma experiência muito particular: ao perceber que seu filho estava infeliz por causa da escola, consente em deixá-lo abandonar os estudos em sua forma ideológica de Estado tradicional, desde que ele assistisse a três filmes por semana, escolhidos de maneira aleatória. Primeiro filme escolhido: “Os Incompreendidos” (1959, de François Truffaut). Nada mais acertado em teoria e prática!

Ao consumir a resenha do livro escrita pela jornalista Isabela Boscov (que, um dia, foi apelida por um amigo meu de “Wesley de Castro de saias” – risos – em virtude de sua extrema tolerância com certos filmes), fiquei mais e mais encantado com o livro, desejando-o adquirir, algo muito raro em se tratando de novidades. O que mais me impressionou foi que a proposta do mesmo conectava-se minuciosamente com o tipo de crise que enfrento recentemente, tanto no que diz respeito ao seu surpreendente tema, tanto no que diz respeito à beleza física do filho do autor, Jesse Gilmour. Preciso ter este livro! Vi que ele custa um preço razoável (R$ 24,90). Talvez eu compre, talvez eu o ganhe de alguém. Estarei eu cedendo ao Sistema?
Ah, sim, na foto: o autor e o filho-motriz do processo.

Wesley PC>

Um comentário:

Gomorra disse...

Acabo de ganhar o referido livro, de minha chefa substuta. Estou ansioso para começar a lê-lo, hoje mesmo - Êba!

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