sexta-feira, 10 de julho de 2009

“ELES VÃO CONSERTAR VOCÊ TAMBÉM. ELES CONSERTAM TUDO!”


Já contei o pesadelo que tive na madrugada de ontem. Não o considerei premonitório de fato, mas, na tarde de ontem, um telefonema desesperado de minha mãe me procura no trabalho: “Wesley, Rômulo foi preso. O que faço?”. Eu não soube o que dizer. O que eu faço? O que eu digo para ela fazer? Não tenho a mínimia idéia. Não tive. Meu maior medo, quando ela me comunicou que a polícia estava lá em casa, era que policiais mal-encarados revistassem a minha casa, alegassem que meus pertences (centenas de CDs ou DVDs) fossem mercadoria roubada, encontrassem provas incriminatórias inesperadas. Fiquei desesperado em busca de uma carona que me levasse em casa naquele momento. Encontrei, mas minha mãe disse que não precisava. Pela segunda vez, a prisão de meu irmão fora “equivocada”, preventiva. Liberaram-no no mesmo dia. Porém, a sensação de pavor policialesco me perseguiu até o fim do dia. Não consegui trabalhar adequadamente. Qualquer contratempo pequeno me fazia explodir. Explodi.

Encontrei dois amigos letrados em frente a uma Gomorra desabitada e fomos tomar sorvete. Desexplodi um pouco. Estava receoso em voltar para casa, encontrar meu irmão e minha mãe desesperados. Passei antes na casa de meu vizinho “fornecedor”, que, infelizmente, não tinha adoçado seu sêmen com kiwi, mas gosto de seu esperma salgadinho mesmo. Porém, esqueci de renovar alguns livros que havia locado na Biblioteca e não pude esperar pelo abocanhamento genital. Pena.

Porém, ao visitar este meu vizinho – que, para além de tudo, é alguém com quem eu converso, que me faz bem, a seu modo – descubro que o clássico “RoboCop, o Policial do Futuro” (1987, do genial Paul Verhoeven) estava sendo exibido na TV aberta. Exultei. Fazia tempo que não revia este filme e não podia perder a chance de consumi-lo, justamente num dia em que policiais assustaram-me em mais de um contexto. Que filme ótimo! Que roteiro magistral! Que direção de fotografia e ângulos em ‘contra-plongé’ perfeitos! Que trilha sonora fabulosa!

É impossível escolher apenas uma cena genial, mas quero destacar aqui um momento: o contexto social da cidade de Detroit no filme é tão violento que até mesmo assaltos meia-boca a postos de gasolina são realizados com pesado armamento militar. O atendente do posto de gasolina estudava para uma prova de Geometria Plana quando é abordado pelo criminoso. Ao perceber que este é um ‘nerd’ que estuda em Universidade, aproveita a chance para fazer zombaria. Aponta a arma para o vidro em que ele se encontrava e pergunta: “será que tu és mais inteligente que uma bala?”. Já enfrentei este tipo de ameaça mais de uma vez em minha vida. Por isso, tenho tanto medo de assaltos. Não porque vou perder algum objeto material, mas pelo insulto, pela desforra, pela “vingança”!

Voltando ao filme, que todos já devem ter visto, mas que devem rever urgentemente, aviso que o diálogo que intitula esta postagem é dito pelo personagem-título a uma companheira de profissão, quando esta é alvejada por tiros. Mas o roteiro é pessimista. Sabemos que não é consertando a carcaça que nossos problemas internos são resolvidos. A dor das memórias chega a ser mais forte que a morte. Ai!

Wesley PC>

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