sábado, 11 de julho de 2009

AVISO: O NOME DE MICHAEL JACKSON É CITADO NESTE TEXTO DE FORMA PURAMENTE CIRCUNSTANCIAL!


Quando eu vi “Vida Sem Destino” (1997), filme de estréia como diretor do roteirista Harmony Korine (responsável por dois ótimos filmes dirigidos por Larry Clark), fiquei impressionado: aquela violência sexual que se manifesta na infância, o morticínio gratuito de gatos, a cena antológica em que uma mãe lava os cabelos de seu filho numa banheira imunda, enquanto este come macarrão com muito ketchup e chocolate... Tudo aquilo me impressionou positivamente! Dois anos depois, Harmony Korine aderiu ao movimento cinematográfico escandinavo Dogma e realizou “Julien Donkey-Boy” (1999), em que um menino deficiente engravida sua irmã. Interessante, porém irregular. Hoje pela manhã, vi o filme mais recente do diretor: “Mister Lonely” (2007). Ainda não sei o que achei...

Pelo título, é óbvio que o diretor e roteirista continua viciado em suas fórmulas independentes de tristeza referencial. Começa com uma música triste e termina com uma música religiosa. Nesse entretempo, somos apresentados a um personagem que dedica sua vida a imitar Michael Jackson. Depois que entretém uma platéia geriátrica francesa, ele conhece uma imitadora de Marilyn Monroe e se apaixona. Esta é casada com um imitador de Charlie Chaplin (que mais parece Adolf Hitler), tem uma filha imitadora de Shirley Temple e vive num castelo com imitadores de personagens tão distintos quanto o papa Bento XVI, Os Três Patetas, a Rainha Elizabeth II, Abraham Lincoln, Chapeuzinho Vermelho, Madonna e James Dean. Apesar da euforia cara à tarefa deles (que mais parece um dom impositivo), são todos tristes. Vivem à espera de um público, que se recusa a aparecer. Alguém irá se suicidar neste grupo. Nada mais esperado dentro da lógica de saturação melancólica quase forçada do filme.

Paralelamente a este grupo de personagens, acompanhamos as desventuras de uma missão religiosa panamenha, chefiada por um padre interpretado pelo magnânimo cineasta Werner Herzog. Um dia, enquanto atiravam sacos de arroz de um avião em movimento, uma freira cai. Cai ilesa no chão após uma queda livre! Conta para suas irmãs de fé, que crêem terem presenciado um milagre, e todas resolvem se atirar do avião. Caem ilesas no chão após uma queda livre! O espetáculo deve ser levado ao Vaticano. Alguém irá morrer neste grupo. Nada mais esperado dentro da lógica de saturação melancólica quase forçada do filme.

Eu não consigo dizer com exatidão o que estou sentindo por este filme. Sei que gostei e que, ao mesmo tempo, senti muita raiva do vício em tristeza que ele incute em seus espectadores-alvo, que ficam a buscar identificações com os bizarros (e indubitavelmente humanos) personagens do filme. Mas o engraçado é que, por causa deste filme, fui obrigado a escrever o nome de Michael Jackson aqui no ‘blog’. OK, admito, o cara tinha talento. “Heal the World”, do álbum “Dangerous” (1993), é uma canção que estou com vontade de ouvir/praticar no momento!

Wesley PC>

Um comentário:

Gomorra disse...

Pior que também tive de falar do defunto na parte 16 da saga no RJ.

mas ao menos ilustrei com a máxima do jornal meia Hora

Nasceu negro, ficou branco e vai virar cinza

\o/
feop