domingo, 5 de julho de 2009

POR QUE SEMPRE INVENTAM DE CANTAR LEGIÃO URBANA NA PRAIA? (OU “IS TOO PAINFUL TO REMEMBER”!)


“Quando me vi
Tendo de viver comigo apenas
E com o mundo
Você me veio como um sonho bom
E me assustei
Não sou perfeito

(...)

“Senti teu coração perfeito
Batendo à toa e isso dói
Seja como for
É uma dor que dói no peito
Pode rir agora
Que estou sozinho”

(...)

“O amor tem sempre a porta aberta
E vem chegando a primavera
Nosso futuro recomeça
Venha!
Que o que vem é Perfeição!”

(...)

“São as pequenas coisas que valem mais
É tão bom estarmos juntos
Tão simples: um dia perfeito

(...)

“Eu canto em português errado
Acho que o imperfeito não participa do passado
Troco as pessoas”...


[Vou tentar não escrever muito nem chorar demasiado]

Todos sabem quem compôs os trechos de músicas acima. Poderia elencar mais alguns exemplos, mas acho que estes cinco trechos já são suficientes para demonstrar o quanto o Renato Russo parece obcecado com o conceito de Perfeição. Não acredito em destino, mas ao atestar isso na madrugada de ontem para hoje, senti um frio na espinha: parece que estava tudo destinado a acontecer!

Quem acompanha este ‘blog’ há certo tempo, já deve ter percebido crises advindas da mente perturbada deste que vos escreve acerca de um fã contumaz da banda Legião Urbana e de alguém que, até então, fazia jus à alcunha de Perfeito. Por minha vez, sempre tive medo de violões, no sentido de que me incomodava com a banalização justamente das canções da banda brasiliense acima citada. Muitas águas rolaram por debaixo da ponte de minha vida, de maneira que, pro motivos vários, hoje gosto muito de Legião Urbana. Não somente por querer agradar o fã da banda (por quem não nego uma paixão irrestrita), mas porque realmente me interessei pela dramaticidade de suas canções, pelo fatalismo de suas letras. Entretanto, na madrugada de ontem para hoje, em que planejava me divertir num luau entre amigos, era justamente nestas duas pessoas (o fã de Legião Urbana e o dito Perfeito) que eu não queria pensar. E eles estavam lá, repetidamente convocados através das letras cantadas por quem empunhava o violão. Em dado momento, não mais resisti: acompanhei o côro no refrão genial de “Tempo Perdido”: talvez eu não tenha mais tempo...

Depois de chegar em casa e dormir por mais ou menos 5 horas, vi um filme do Sydney Pollack, cineasta morto no ano passado e de quem sou aficcionado, em virtude da genialidade conotativa que ele atribui aos seus filmes românticos. Assim foi em “Operação Yakuza” (1974), em “Tootsie” (1982), em “Entre Dois Amores” (1985), em “Destinos Cruzados” (1999) e em “A Intérprete” (2005). Não seria diferente, portanto, em um de seus filmes mais famosos: “Nosso Amor de Ontem” (1973), em que Barbra Streisand e Robert Redford interpretam um casal que se ama e briga ao longo de vários anos de guerra. Ela é uma insistente protestante contra medidas governamentais que firam a liberdade de expressão individual. Ele é um militar que gradualmente se torna um escritor de sucesso em Hollywood. A vida de ambos leva-os a fazerem escolhas que o separam, mas o destino ainda reservava um reencontro.

Depois de muito tempo, ele arranja uma namorada loira e ela contenta-se com um marido estável. Ele submeteu-se por completo ao Sistema, enquanto ela protesta contra o uso da bomba atômica. Conversa:

“ – Tu nunca desistes, não é?
- Não, mas eu sou uma ótima perdedora.
- Melhor do que eu.
- É que eu tenho mais prática”.

Deixo a constatação no ar...

“Memories, may be beautiful and yet
What’s too painful to remember
We simply choose to forget
So its the laughter
We will remember
Whenever we remember...
The way we were...
The way we were!”

Wesley PC>

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