quarta-feira, 8 de julho de 2009

EXISTEM COISAS MAIS IMPORTANTES DO QUE VER LOUIS GARREL NU (OU SEMPRE HÁ ALGUÉM QUE SOFRE MAIS QUE O OUTRO NUMA “RUPTURA”)!


Louis Garrel é um dos astros mais charmosos e talentosos da atual geração do Cinema Francês. Quando eu o vi, contido, em “Os Sonhadores” (2003), fiquei fascinado por seus cabelos negros encaracolados, por sua potencia homoerótica, por sua pele branca, por tudo em geral. Algum tempo depois, o vi melancólico em “Amantes Constantes” (2005), obra-prima em preto-e-branco de seu pai, Philippe Garrel. Novo fascínio! Ao reencontrá-lo em “Em Paris” (2006, de Christophe Honoré, que o adotou como muso), achei-o obscurecido pelo personagem de Romain Duris, mais parecido comigo em sua tristeza pós-fim de relacionamento. O personagem de Louis Garrel, por outro lado, vagava feliz e irresponsável, de um lado para o outro. Em “Canções de Amor” (2007), ótimo musical, também de Christophe Honoré, ele repete o personagem irresponsável, com uma carga dramática mais intensa, visto que lida com a morte de uma namorada, com a paixão homossexual de um amigo e com as pressões empregatícias num jornal. Neste filme, já não gostava tanto dele enquanto mito sensual, não obstante reconhecer deveras seu talento como ator, que muda muito de personalidade de um filme para outro. Motivo: sua euforia externa, aliada a um intimismo igualmente externo, fazia com que eu o associasse a uma personalidade bastante real – e, nesse caso, eu preferia o real e não a cópia.

Até que hoje, 8 de julho de 2009, como parte das comemorações do aniversário de minha mãe, decidi ver um filme apenas por seu título: “Minha Mãe” (2004). Não sabia do que se tratava. Diretor: Christophe Honoré. Atores principais: Isabelle Huppert e Louis Garrel. Temas: perversão, religiosidade e incesto. Amei o filme! Minha mãe não suportou vê-lo até o final. Talvez ela temesse associar a imagem de um rapaz masturbando-se diante do caixão da mãe, a qual ele matou durante uma cópula, enfiando seu dedo (ou pênis, sei lá) numa incisão estomacal realizada com o auxílio fetichista de um bisturi, a minha própria pessoa, seu filho. Mal sabe ela (risos) que, ao final, me disse: “por isso que tu és doido. Fica vendo estas coisas”...

Mas a cena que mais me marcou no filme foi bem outra: quando percebe que está se apaixonando gradualmente por sua mãe, que se confessa como prostituta, o protagonista abre um quarto repleto de material pornográfico. Masturba-se agachado. Não consegue gozar. Fica nu. Deita-se sobre as revistas de mulheres nuas. Masturba-se novamente. Goza. Na cena seguinte, mija sobre as fotografias obscenas. Tudo de maneira ostensiva. Eu estava obviamente excitado, enquanto minha mãe reclamava: “este cara faz de tudo para mostrar a bunda, né?”. Ela falava sobre Louis Garrel. Eu pensava no seu variante real, tão relacionado à pornografia não-condenatória quanto o personagem do filme. Mandei-lhe uma mensagem de celular, que fez parte de um diálogo entre mãe e filho, quando a primeira temia uma associação entre culpa e prazer, que já estava tão presente em seu filho quanto em mim: “num mundo ideal, uma amizade nos uniria. Mas não existe este mundo ideal”. Pena, meu Deus. Pena! E eu acho que tenho o direito de sofrer mais!

Wesley PC>

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