quinta-feira, 4 de junho de 2009

SERIA GERALDO VANDRÉ O MAIOR COMPOSITOR BRASILEIRO DE CANÇÕES COM A PALAVRA “TRISTEZA”?


Se não for ele, está bem perto. Dediquei-me hoje à audição de uma preciosidade em disco nomeada “Convite Para Ouvir” (1967) e, em pelo menos metade do disco, lá estava a famigerada palavra, quando não contida nos próprios títulos das canções. As 20 faixas contidas no álbum são tão preciosas que é até difícil escolher quais são as melhores. Senão, vejamos: o álbum se inicia com a antológica “Pra Não Dizer que Não Falei das Flores”, hino literal de uma geração. Avança com a amargura nordestina do “Réquiem Para Matraga”, segue nos apunhalando com canções dilacerantes como “Canção do Breve Amor”, “Só Por Amor”, “O Menino das Laranjas”, “Depois é só Chorar”, “Tristeza de Amar” e congêneres. Na faixa 10, uma verdadeira epifania de vozes simultâneas, em que ele divide a locução amargurada com Ana Lúcia na perfeita “Samba em Prelúdio” (de Baden Powell e Vinicius de Moraes). Mas ele não desiste: “Quem Quiser Encontrar o Amor”, “Você que Não Vem” e “Se a Tristeza Chegar” são algumas das faixas magnânimas que encerram o disco. Até lá, já estamos tão arrasados, que prefiro mostrar a capa de outro álbum do artista, o posterior “Canto Geral”, de 1968, pois, acima de tudo, Geraldo Vandré é um artífice político. Mas nada substitui a grandiosidade dos versos sobrepostos da supracitada faixa 10:

“Eu sem você não tenho porque,
porque sem você não sei nem chorar
Sou chama sem luz, jardim sem luar
luar sem amor, amor sem se dar
E eu sem você, sou só desamor
um barco sem mar, um campo sem flor
Tristeza que vai, tristeza que vem
Sem você, meu amor, eu não sou ninguém

Ah que saudade,
que vontade de ver renascer nossa vida
Volta querido,
os meus braços precisam dos teus,
Teus abraços precisam dos meus.
Estou tão sozinha,
tenho os olhos cansados de olhar para o além
Vem ver a vida,
Sem você meu amor eu não sou ninguém”


No fim dos lamentos, a confluência. Pois a dor é também algo divino!

Wesley PC>

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