terça-feira, 2 de junho de 2009

4 OU 5 DIFERENÇAS ENTRE LIVRO E FILME:


Não, não irei estragar o prazer de quem ainda não leu a obra-prima literária de Anthony Burgess nem cometerei a tola e espúria tarefa de comprar livro e filme a fim de saber qual dos dois é melhor (não há resposta para tal inquisição), mas exporei aqui a minha extrema satisfação em encontrar um único surrado e disponível exemplar de “A Laranja Mecânica” (1962) na Biblioteca Central da UFS. Empolgado, já li um terço do livro e descobri algumas diferenças importantes para com o filme, não obstante ambos possuírem a mesmíssima e impressionante estrutura narrativa e linear. Dentre as diferenças mais importantes, destaco: o fato de que, no livro, Alexandre o Grande é ainda um ‘nadsat’ (adolescente), tendo por volta dos 17 anos; a circunstância de que, muitas das garotas com que ele faz sexo, voluntário ou não, não têm sequer 10 anos de idade; a pletora de compositores que ele admira, e não somente Ludwig van Beethoven, como no filme; e, principalmente, uma seqüência que justifica ao novel do truísmo o título da obra. Lembram da famosa seqüência do pré-estupro ao som de “Singin’ in the Rain” no filme? Lembram que o marido da mulher cuja roupa vermelha é cortada pelos drugues está datilografando algo e, mais à frente no enredo, ele é mostrado como um subversivo que se opõe ás técnicas governamentais em fazer com que jovens agressivos sofram lavagem cerebral? Lembram que, por mais que ele seja favorável ao livre-arbítrio, ele não se abstém de vingar-se do coitado do Alexandre o Grande, levando-o a tentar o suicídio desesperado após a nauseante audição de sua antiga sinfonia favorita? Pois bem, “A Laranja Mecânica” é justamente o nome da obra que este autor metalingüístico subversivo digita no interior da narrativa e, na página 32 da edição da Artenova, encontramos a seguinte passagem:

“’Esse título é bastante glupe. Onde é que já se viu uma laranja mecânica?’. Então eu li um malenquinho, com uma golósse meio aguda, que nem de pregador: ‘...A tentativa de impor ao homem, criatura superior e capaz de doçura, a fluir suculentamente, na última fase da Criação, dos cantos dos lábios barbudos de Deus, tentar impor, digo eu, leis e condições apropriadas para uma criação mecânica, contra isto eu levanto a minha pena-espada.’”

Algo mais direto impossível! Leiam o livro, videiem o filme...

Wesley PC>

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