sexta-feira, 5 de junho de 2009

EU ME RENDO – III


O italiano marxista, aristocrático e pederasta Luchino Visconti (1906-1976) é elogiado sobremaneira pelos críticos e amantes do verdadeiro Cinema por causa de sua verve lucaksiana, em que a História em larga transformação é mostrada como paralela a aspectos particulares das vidas de pessoas influentes. Em seus filmes, portanto, a Beleza enquanto entidade isolada é mostrada como um estratagema para obliterar transformações dilacerantes no contexto histórico mundial. Assim é também em “Os Deuses Malditos” (1969), um de seus filmes mais perfeitos, que marcaram e atormentaram a minha infância, dado que o vi por acaso, na TV, quando ainda sequer tinha 15 anos. Na duração épica do filme, o belíssimo Helmut Berger veste-se de mulher e imita Marlene Dietrich cantando que deseja “um homem de verdade”, quando não está seduzindo eroticamente as crianças de sua família ou dormindo com sua mãe. Explode Beleza (com B maiúsculo) em cada fotograma germânico do filme, enquanto, na trama, percebemos a adesão cada vez mais pungente de uma família de riquíssimos industriais aos planos de dominação nazistas. E, dentre as magníficas seqüências do filme, destaca-se a demorada e preciosa reconstituição da Noite das Facas Longas (entre 30 de junho e 1º de julho de 1934), quando diversos membros da organização paramilitar Sturmabteilung (SA) foram executados, entre outros motivos, por práticas homossexuais, minuciosamente mostradas no filme. Obra-prima!

Wesley PC>

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