terça-feira, 11 de novembro de 2008

LUDWIG VAN ALMODÓVAR DE CASTRO



Ontem, eu vi dois filmes tristes em que mulheres abandonadas por seus homens lidavam com animais. No primeiro, datado de 2005, uma advogada que teve um relacionamento com um mulherengo destinado à solidão, abandona sua carreira bem-sucedida para tornar-se “comunicadora animal”. Escreve inúmeros livros de sucesso, mas não tem tempo para nada nem para ninguém. Nem mesmo flores rosas a sua assistente loira permite que ela aceite! No segundo, datado de 1988, uma viúva com filho hiper-alérgico sorri constantemente, a fim de esconder suas dores contumazes, ao passo que se entrega irreservadamente a um homem ranzinza de perna quebrada que pede que ela treine seu cachorro, que recentemente começou a mordê-lo. Ambos os filmes me tocaram profundamente e me fizeram sentir solitário. Eram quase 2 horas da manhã. Olhei para os lados e somente meu cachorro estava acordado além de mim. Senti-me feliz por ter lido Arthur Schopenhauer.

O filósofo citado no final do parágrafo anterior tornou-se importante em minha vida pela atenção que sempre prestou, em seus escritos, à fidelidade canina. Ele fala sobre o amor, sobre diferenças hereditárias entre homens e mulheres, mas o que mais me impressiona nele é a relação entre sono e morte, entre o que o primeiro representa para o indivíduo e o que a segunda representa para a espécie. “Olhe para o seu cachorro que dorme”, pede-me este autor em várias passagens de sua clássica obra “A Metafísica do Amor”. Eu sempre olhava – e lá estava meu cãozinho Almodóvar com seus olhos ternos, retribuindo o extremo amor que sinto por ele!

Sei que muitos acreditam ser algo contraditório militar em prol do vegetarianismo e possuir animais de estimação. Pois bem, tenho dois cães em casa (o já citado pequinês Almodóvar e o vira-latas Bogdanovich). Amo ambos. Nos 9 anos em que o animalzinho da foto compartilha sua existência comigo, sinto um afeto mútuo difícil de ser encontrado entre pessoas. As mulheres tristes dos dois filmes que vi é que tinham razão!

Wesley PC>

Um comentário:

Unknown disse...

Cães choram, isso pra mim diz muita coisa