Ontem, eu vi dois filmes tristes em que mulheres abandonadas por seus homens lidavam com animais. No primeiro, datado de 2005, uma advogada que teve um relacionamento com um mulherengo destinado à solidão, abandona sua carreira bem-sucedida para tornar-se “comunicadora animal”. Escreve inúmeros livros de sucesso, mas não tem tempo para nada nem para ninguém. Nem mesmo flores rosas a sua assistente loira permite que ela aceite! No segundo, datado de 1988, uma viúva com filho hiper-alérgico sorri constantemente, a fim de esconder suas dores contumazes, ao passo que se entrega irreservadamente a um homem ranzinza de perna quebrada que pede que ela treine seu cachorro, que recentemente começou a mordê-lo. Ambos os filmes me tocaram profundamente e me fizeram sentir solitário. Eram quase 2 horas da manhã. Olhei para os lados e somente meu cachorro estava acordado além de mim. Senti-me feliz por ter lido Arthur Schopenhauer.
O filósofo citado no final do parágrafo anterior tornou-se importante em minha vida pela atenção que sempre prestou, em seus escritos, à fidelidade canina. Ele fala sobre o amor, sobre diferenças hereditárias entre homens e mulheres, mas o que mais me impressiona nele é a relação entre sono e morte, entre o que o primeiro representa para o indivíduo e o que a segunda representa para a espécie. “Olhe para o seu cachorro que dorme”, pede-me este autor em várias passagens de sua clássica obra “A Metafísica do Amor”. Eu sempre olhava – e lá estava meu cãozinho Almodóvar com seus olhos ternos, retribuindo o extremo amor que sinto por ele!
Sei que muitos acreditam ser algo contraditório militar em prol do vegetarianismo e possuir animais de estimação. Pois bem, tenho dois cães em casa (o já citado pequinês Almodóvar e o vira-latas Bogdanovich). Amo ambos. Nos 9 anos em que o animalzinho da foto compartilha sua existência comigo, sinto um afeto mútuo difícil de ser encontrado entre pessoas. As mulheres tristes dos dois filmes que vi é que tinham razão!
Wesley PC>
Um comentário:
Cães choram, isso pra mim diz muita coisa
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