terça-feira, 11 de novembro de 2008

NÃO AMARÁS (1988) Dir.: Krzyzstof Kieslowski


O garoto sofrido da foto é polonês e se apaixona pela mulher mais velha que mora em frente ao seu prédio, à qual ele observa com freqüência. Inventa pretextos empregatícios (funcionários dos correios, entregador de leite, etc.) apenas para vê-la de vez em quando, nem que seja por alguns segundos. Corroia-se de ciúme ao perceber que a vida sexual de sua amada indiferente era bastante ativa, mas ele não podia fazer nada além disso. Amava. Descumpria o título do filme, o mandamento. Por isso, sentia dor de cabeça, muita dor de cabeça.

Um dia, contando que sofria demasiadas dores de cabeça em virtude da privação de amor (ou do que ele cria que era amor), o garoto sofrido da foto esquenta o ferro elétrico que se encontrava no mesmo cômodo que ele e justapõe a lâmina cálida contra a pele de seu pescoço, causando uma dor aguda e uma cicatriz indelével. “A única maneira de acabar com uma dor infindável é subjugá-la a uma dor ainda maior”, constatou.

Semana passada, eu e minha mãe Rosane fomos ao supermercado, comprar um ferro elétrico. Escolhemos um da marca Black & Dekker, que custou R$ 47,00. Para quem não tem acesso constante à perna curativa e analgésica do santificado Baiano, esta é a única solução prática para se disfarçar cefaléias intensas que vão muito além do crânio...

Ouvindo agora: “Os Argonautas” (Caetano Veloso)
Wesley PC>

Um comentário:

Silvio Carreiro disse...

wesley pc. não esperava ter contato com aguem tão poeticamentebom, bonito e barato.