segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

O TRABALHO DE UMA GUERREIRA DEVE SER SEMPRE VALORIZADO!


Nesta madrugada, vimos um filme muito violento em Gomorra. Violento, porém muito crítico em relação à exploração midiática. Na extraordinária trilha sonora, uma canção da musa ‘underground’ Patti Smith. Chegando em casa, não deu outra: tinha que ouvir esta mulher!

Não queria ouvir no computador, queria ouvir música alta, pois não dormira nada até às 10h da manhã (risos). Tenho “Gung Ho” (2000), em CD. Talvez seja um trabalho menor desta grande artista. Eu não acho. É norte-americano da cepa, na capa vê-se o pai da Patti Smith, enquanto o título do álbum faz menção a batalhas injustas travadas por seu pais, seja contra os povos indígenas, seja contra os vietnamitas, seja contra sabe-se lá mais que povos... Que seja, o álbum é muito bom!

Começa com a solene “One Voice”, segue com a dançante “Lo and Beholden” e atinge seu primeiro grande ponto alto com a lendária “Boy Cried Wolf”, cuja letra diz mais ou menos o porquê de nós mentirmos para nós mesmos de vez em quando...

“O menino gritou ‘lobo’
Mas o lobo não veio
O lobo interior
O menino gritou ‘lobo’
(...)
A inocência teve o seu dia”


A faixa 04, “Persuasion” é convencional e a faixa 05, “Gone Pie” também, só que, convencional no que diz respeito a esta artista é sempre algo de qualidade superior. Mas nada que se compare ao belo lamento de nome “China Bird”. Impossível ouvir uma vez só! Repito-a sempre e sempre, gemendo e clamando com a letra...

“E se tu voares para longe,
Eu estarei a te esperar, aconteça o que acontecer...
Todo o meu amor, um raio frágil
Para tu, para tu”


Em seguida, a contagiante “Glitter in Their Eyes” parece mudar o tom melancólico do álbum, é a música que mais nos conquista numa primeira audição, mas não, Patti Smith continua ácida, é só ouvir por detrás da letra, daqueles acordes rápidos... Ela é e continuará sendo uma selvagem, como demonstram as canções seguintes do álbum, cujo paroxismo derradeiro é a penúltima faixa, “Libbie’s Song”, executada como um verdadeiro canto folclórico de nativos estadunidenses. Patti Smith é genial e está envelhecendo bem! Quem (ou)viu a sua versão para “Smells Like Teen Spirit”, do Nirvana, há de concordar comigo. Recomendo-a, portanto, a qualquer pessoa, tenha ela dormido ou não...

Wesley PC>

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