quarta-feira, 20 de maio de 2009

PERGUNTA: MINHA SÍNDROME DE SERVIDÃO VOLUNTÁRIA E MEU HISTRIONISMO EFETIVO BANALIZAM UM AGRADECIMENTO SINCERO?


Ontem eu caminhava com um envelope de papel nas mãos. Chuviscava, o que fez com que o envelope derretesse um pouco. Alguns dos papéis que serviriam de rascunho e que estavam contidos no referido envelope caíram no chão. Ouvi alguém desconhecido me chamar, mas desdenhei. Estava com fones no ouvido. Pensava noutros assuntos. Segui em frente. 15 minutos depois, uma jovem de bicicleta me pára: “ei, moço, tu deixaste este papel cair lá na rua em que estava!” (era longe!). Eu surpreendo-me: “e tu vieste lá de longe só para me entregar isto?”. E ela: “só vim porque era importante!”. O papel fora importante em 2006. Hoje, era apenas lixo. Achei prudente, portanto, não revelar tal fato à garota e aceitei seu favor com muita cordialidade, dizendo 800.000.000 de obrigados e tentando fazer a maior cara de surpreso disponível. Aí fiquei pensando: “será que isto pagou o esforço dela?”. Continuei pensando nisso até o fim do trajeto.

Ao chegar em casa, vi um documentário sobre filmes baseado em histórias em quadrinho e lembrei do clássico moderno “O Máskara” (1994, de Chuck Russell). Lembrei do que senti quando vi este filme pela primeira vez. Lembrei do quando me enternecera pelas injustiças vivenciadas pelo personagem do Jim Carrey, lembrei do quanto ficara encantado pela personagem da Cameron Diaz, lembrei do quanto a seqüência em que policiais bailam ao som de “Cuban Pete” havia me enfeitiçado... Lembrei. E refleti que falo tanto palavras como “obrigado” e “desculpe-me” que suponho que as pessoas não mais me creditem quando eu assim o faço. É uma pena! Tenciono ser tão sincero quando pronuncio tais palavras... Acho que é tudo culpa desta máscara de euforia que eu visto o tempo (quase) inteiro e que não sei mais como tirar!

Wesley PC>

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