quarta-feira, 20 de maio de 2009

UM LIVRO


Chama-se “O Colecionador”, escrito em 1963 por John Fowles e transformado em filme 2 anos depois pelo brilhante William Wyler. Na trama, um homem simplório e que se diz loucamente apaixonado seqüestra a mulher que ama e a mantém prisioneira em sua casa, com o intuito de fazer com que ela se apaixone por ele, dado que o mesmo ganhou muito dinheiro na loteria e compromete-se a cumprir até mesmo os seus desejos materiais mais ridículos. Mas amor pode ser mais (ou menos) do que isso.

“Mais tarde, conheci a sua verdadeira personalidade. Um psiquiatra disse-lhe que ele nunca poderia fazer o amor. Calibã contou-me que costumava imaginar-nos deitados na mesma cama. Só deitados, nada mais. Ofereci-me para fazer isso, mas ele não aceitou. Bem no fundo do seu ser, lado a lado com a bestialidade e o ressentimento, há uma tremenda inocência, uma inocência que o governa e que ele procura proteger. Disse que, mesmo assim, continuava amando-me. Eu respondi-lhe: ‘o que você ama é o seu próprio amor. Não é amor, é egoísmo. Você não pensa em mim, mas no que sente por mim’.

‘Não sei o que é’, respondeu ele.

E então cometi um erro. Pensei que fora tudo um sacrifício em vão. Pensei que devia fazê-lo compreender o que eu fizera, que deveria deixar-me partir – enfim, tentei dizer-lhe tudo. Foi então que a sua verdadeira personalidade veio à superfície. Tornou-se quase animal. Nem sequer me respondeu”
(p.205).

Emprestarei a Rafael Maurício. O personagem do Calibã, que aterroriza sua pessoa de desejo com o grau obstinado de sua obsessão, tem muito a ver comigo. O filme é melhor que o livro! Na foto, Terence Stamp, intérprete solitário. Recomendo!

Wesley PC>

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