sábado, 23 de maio de 2009

AS LETRAS REPETIDAS NA PALAVRA ABRAÇO


“Lindo,
(...) Seu olhar
É simplesmente lindo
Mas também não diz mais nada, yeah
Menino bonito
E então quero olhar você
E depois ir embora,
Sem dizer o porquê”


Assim compôs Rita Lee, numa canção que ouço ser comumente executada pela banda de ‘rock’ baiana Penélope, cujos vocais chorosos da graciosa Érika Martins já afagou muitos de meus pensamentos em noites pretensiosamente solitárias. E como “pretensiosamente” é um advérbio de modo que contém a letra que se repete na palavra ABRAÇO, aproveito a oportunidade para alongar aqui uma confissão: nesta semana que passou, fui (quase) feliz. Ou seja, não reclamei de nada que eu já tivesse certeza de que não pudesse ser resolvido por mim (não obstante meus esforços desprendidos em tal tarefa), não enviei mensagens lacrimosas para o grande amor compreensivo de minha vida, não deixei de viver e/ou ouvir boa música e/ou ver bons filmes e/ou interagir entre amigos para ficar em casa me auto-comiserando e, por um momento, senti um profundo de que, se eu permanecesse assim “feliz”, não fosse de todo divertido para com outrem, como se o bem-estar fosse um estado de todo egoísta, que nos fizesse mais e mais centrados em nós mesmos, desdenhando das pessoas que tanto nos ajudaram neste trajeto. Por sorte, constatei a tempo que tal receio era completamente sem sentido, e saí de casa, e vi gente...

Na palavra BEIJO, não há a mesma letra que se repete em ABRAÇO. Por isso, talvez eu mantenha vívido aquele meu velho trauma de criança, quando a minha fodedora de nome Sandra não me deixava chegar perto de sua boca de 14 anos, não obstante meu minúsculo pênis de 6 anos estar enfiado em sua boceta intemporal. Na noite de ontem, por um acidente impretendido, Rafael Maurício assustou-se, pensando que eu fosse beijá-lo. Não faço isso. Nem sei se penso nisso (espaço reservado para especulações íntimas e contraditórias), mas gosto muito de quando estes acidentes acontecem, pois mostram o quanto os medos de algumas pessoas podem estar repousados em idiossincrasias propriamente ditas ou em meras preocupações acerca do que os outros irão falar se nos vissem envolvidos em tais situações. Isto me fez recordar situações “acidentais” como quando flagrei um caminhoneiro de 50 anos, que moira perto de minha casa, enxugando sua genitália molhada e depilada com uma toalha, quando flagrei alguém de Gomorra masturbando-se diante de um filme pornográfico ou quando invadi o camarim de banheiro em que um vigilante da UFS urinava. Em todas estas situações, descobri aspectos personalísticos que me ajudaram deveras a enfrentar o mundo preconceituoso que me rodeia e que, ainda assim, não me ajudaram a compreender o que está sendo praticado neste quadrinho protagonizado pelo fantasma camarada Gasparzinho. Acho que ele é dos meus! (risos)

Wesley PC>

Um comentário:

Fláviabin disse...

ADORO essa música, na voz da Rita ou no som da Penelope, ela foi a trilha de um amor meu, amor passado, que doí como ferida que insisto em arrancar a casca as vezes. Nunca mais tinha pensado nela, para evitar qualquer possibilidade de lembrança, boa ou má. Obrigada! Lembrei assim no susto e foi muito bom...

beijos...