quinta-feira, 14 de maio de 2009

“EU TENHO QUE CALAR A BOCA!”


Vão me tachar de “chantagista emocional”, eu sei, mas tenho que falar!

No lugar em que trabalho, há uma menina apaixonada por um menino. Ela estuda espanhol, é confusa e desastrada, não me pareceu confiável nos contatos iniciais e tem um namorado que gosta de ‘oxente music’ (vulgo para forró comercial). Ele é inteligente, relativamente autista, muito bem comprometido e possui vida sexual e masturbatória confessadamente intensa. Ele sabe que ela gosta dele, mas não precisa se preocupar muito com isso, pois é “feliz”, disse-me que nunca sustenta motivos que o deixem com raiva. Ela sabe que ele sabe e nós sabemos que ela gosta dele e ela está pouco se lixando para isso, gastando tempo ao enviar indiretas românticas para ele e/ou procurando oportunidade para ficar sozinho ao lado de seu objeto de desejo e elogiá-lo. Outras pessoas acham que é tudo uma brincadeira. Eu não!

Pois bem, ontem à noite fiquei a resolver uns problemas de trabalho num horário posterior ao expediente e, ao sair do setor em que trabalho, deparo-me com ela e ele conversando debaixo de um arvoredo escuro. Como percebi que eu fora percebido pelo casal escuso, brinquei: “estou com a câmera aqui, viu? Vou tirar uma foto”, ao que ele me respondeu, com uma segurança incomum para um flagrante desse tipo: “pois nós estamos justamente conversando sobre minha cônjuge (risos)”. Ambos rimos disso. A garotinha apaixonada e também adúltera não.

Para além de eu estabelecer aqui qualquer julgamento moral sobre o fato, o que me perturbou sobremaneira é que somente eu tenha visto o fato, eu que tenho a boca grande, eu que sou futriqueiro, eu que não sei calar a boca! Jurei a mim mesmo que não comentaria o assunto com ninguém que conhecesse as agruras do caso em questão, mas a vida me obriga cada vez mais e mais e quebrar meus próprios juramentos! Ressalto aqui o meu juramento, mas... Por que logo eu fui ver esta cena? “É um mundo injusto”, repito o famoso ditado do protagonista sul-coreano que virou meu xodó no último mês, ditado este que, coincidência das coincidências, é também repetido várias e várias vezes por dia, com o mais cínico e divertido dos humores pelo menino inteligente e desejado em questão. “É um mundo injusto”, ressalto!

Na foto, o quadro “Horário da Refeição nas Trincheiras” (1924), de Otto Dix, o qual eu dedico a Wendell Bigato (que muito me ajuda neste tipo de reflexão culposa) e a Rafael Maurício, meu muso particular, que muito me causa este tipo de reflexão culposa... Desculpem-me por existir desse jeito, mas é o único que eu possuo!

Wesley PC>

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