sábado, 16 de maio de 2009

MEMÓRIAS DE CRIANÇA


Jamais esquecerei o dia 28 de abril de 1992! Este foi o dia em que “Querida, Encolhi as Crianças” (1989, de Joe Johnston) estreou no SBT. Gostava tanto deste filme, ouvi tantos comentários positivos sobre ele que cheguei a ter certeza de que aquela audiência não em seria importante apenas no plano de consumo artístico. Seria importante em minha vida toda, dado que 1992 foi justamente o ano em que me tornei um fanático religioso, me afastei das pessoas e do excesso de sexo. Precisava compensar a minha solidão voluntária e sobrevivencial de alguma forma: este filme foi um bom começo para tal. Ele foi, portanto, a primeira obra cinematográfica de que decorei toda a ficha técnica, de maneira que lembro com detalhes daquela impressionante abertura animada até hoje...

Ontem à noite, eu e alguns amigos passamos em revista nossas memórias mais tenras. Obviamente, tal filme foi requisitado. Como eu me apaixonei e torci por aqueles personagens; pelo pequeno Nick (Robert Oliveri), que se sentia propositadamente preterido por ser um ‘nerd’ científico; pela adolescente Amy (Amy O’Neill), que só queria estar em casa a tempo de ir para o ‘shopping’; pelo irritante e esportivo Ron (Jared Rushton), que era irritante e esportivo; e, principalmente, pelo apagado e sedutor Russell Thompson (Thomas Wilson Brown) , que era tachado de “pequeno” por seus vizinhos e parentes, o que fazia com que ele estivesse perenemente taciturno, entregue a um esconderijo no banheiro (que, à época, eu não entendia) e apaixonado pela vizinha supracitada Amy, a quem ele observava dançar com uma vassoura, de vez em quando... Na cena mais bonita do filme (em minha opinião muito particular), Russell e Amy conversam quando seus irmãos mais novos vão dormir e percebem que “a lua continua do mesmo tamanho, não importa o quão pequenos nós estejamos”, o que invalidaria, portanto, o ditado paterno de que “quanto maior o homem, maior a lua”. Segundos após esta confissão tranqüilizante, eles se beijam, trazendo à baila uma piada recorrente sobre o aprendizado de beijos franceses. Lembro que, ao ver este filme pela primeira vez, já possuía traumas desejosos osculares, mas... Como me foi bela esta cena!

De resto, é isso: os efeitos visuais do filme são impressionantes ainda hoje, a cena da morte da formiga é emocionante e as relações humanas que servem de contexto sub-reptício à trama de aventuras é um achado. Gostaria muito de rever este filme, quiçá ao lado da aniversariante do dia em que ele foi exibido pela primeira vez na TV...

Wesley PC>

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