terça-feira, 21 de abril de 2009

“COMÍCIOS DE AMOR” (1963), DIREÇÃO: PIER PAOLO PASOLINI


Dotado de uma proposta absolutamente inovadora, como sempre costuma acontecer nos filmes de Pier Paolo Pasolini, este documentário mostra o diretor percorrendo ruas, praias, praças e salões de baile de várias cidades italianas, perguntando às pessoas o que elas acham do discurso sexual livre, da (des)igualdade entre os sexos, do divórcio, do homossexualismo...

As respostas são impressionantes: num momento, uma senhora diz ser radicalmente contra o divórcio, no sentido de que isto indicaria que “uma pessoa que cometeu muitos erros voltasse a cometer novos erros ao lado de outra pessoa”; noutro momento, “pena” e “repulsa” são as opiniões dominantes acerca dos “invertidos sexuais”; noutra situação, um moço com cara de bonachão interiorano diz que jamais se divorciaria, pois quando se põe um chifre na cabeça, somente a vingança resolve... As respostas populares, que nada mais representam que as opiniões disseminadas pelos ideólogos, chocam tanto o diretor/roteirista que este fica feliz quando se depara com uma menininha que se mostra favorável ao divórcio, o que o leva a dizer: “quem me dera todas as pessoas fossem tão espertas ou conscientes quanto esta menina”...

Infelizmente, porém, as opiniões não mudaram tanto, mais de quarenta anos e milhares de quilômetros depois...

Wesley PC>

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