quinta-feira, 23 de abril de 2009

POIS A CÓPIA, OPORTUNAMENTE, É MAIS ACESSÍVEL QUE O ORIGINAL!


Não somente detesto regravações de filmes como achei muito suspeito que “Hairspray – E Éramos Todos Jovens” (1988, de John Waters, ainda não visto) se transformasse em “Hairspray – Em Busca da fama” (2007, de Adam Shankman, visto nesta última madrugada). Admito que a busca desenfreada pela fama/infâmia é um tema recorrente da sarcástica e divertidíssima obra watersiana, mas a litania de facilidades que Adam Shankman nos apresenta particularmente me irritou pelo comodismo, pelo modo como banaliza a luta pelos direitos civis de negros ou pela aceitação midiática de pessoas que fogem aos padrões normalmente aceitos de beleza. E o que é pior: uma continuação já está agendada para o ano que vem!

Porém, admito: o filme regravado conseguiu me enganar na primeira meia-hora. Isso porque o músico ‘retrô’ Marc Shaiman conseguiu reproduzir adequadamente a bizarrice dimpática cara aos filmes de John Waters em suas canções, como em “Good Morning, Baltimore”, em que a protagonista Nikki Blonsky elogia os ratos, os exibicionistas (um deles, vivido pelo próprio John Waters) e as tentativas de não-segregação racial em sua cidade; ou na simpaticíssima “I Can Hear the Bells”, em que, como toda pessoa sonhadora e rejeitada por quem ama, ela sonha...

“Eu posso escutar os sinos
Meus ouvidos estão tocando
Eu posso escutar os sinos
As noivas estão cantando
Todos dizem que um garoto que é um tesouro
Não vai sequer olhar para mim
Mas riam vocês, pois eu posso escutar os sinos
Meu pai vai sorrir
Eu posso escutar os sinos
Enquanto ele me leva para a igreja, minha mãe começa a chorar
Eu posso escutar os sinos
Meu coração está disparado”


Infelizmente, a regravação do filme não quer ser apenas simpática. Quer mostrar, da forma mais vendável possível, que adolescentes rejeitadas têm acentuada consciência social e o filme termina com uma patacoada enfadonha num salão de baile em que a filha negra de uma mulher “grande, bonita e loira” vivida por Queen Latifah ganha um concurso de popularidade e extingue assim os salões de baile separados para brancos e negros. Isso não me convence, Hollywood!

Em cima, o original. Abaixo a cópia (com e sem vírgula)!

Wesley PC>

3 comentários:

. disse...

Fazia algum tempo que procurava esse filme para ver mas só pelo seu comentário desisito!
rs


saudades.


Ayalla

Pseudokane3 disse...

Aaaaaaaah, não desiste não! O começo é muito bom! Musical costuma ser maneiro quase sempre... O ideal, obviamente, seria ver antes o original do titio John Waters, né?

Ferreirinha amou esta nova versão, mas ele é fã do Zac Effron (risos)...

Eu recomendo que vejas sim, tudo é válido, mas vá sem muitas esperanças depois da meia-hora inicial...

WPC>

Pseudokane3 disse...

Meu maior medo é fazer com que qualquer pessoa desista de QUALQUER coisa, jamais! Sou defensor de todo e qualquer tipo de experiência! Filmes ruins devem ser vistos também... Não me ponha este peso na consciência (risos) Se quiseres, eu vejo contigo, Ayalla, para te "proteger"...

WPC>