domingo, 19 de abril de 2009

E SE EU DISSER (MAIS UMA VEZ) QUE NÃO TEM MAIS CONTROLE?


Sempre detestei a banda Charlie Brown Jr.! Por mais que eu fosse mais um daqueles pseudo-adolescentes rebeldes, por mais que eu curta até hoje o visual de skatistas, por mais que eu consuma impiedosamente os consumidores desta banda, sempre detestei esta banda! Sendo assim, eu odiaria um filme escrito pelo vocalista babaca desta banda, certo? Errr... Vamos começar de novo: sempre achei Johnny Araújo, diretor de videoclipes simplistas do próprio Charlie Brown Jr., de Marcelo D2, de Pitty e de grupos como Detentos do Rap e Dead Fish, um publicitário formulaico, que só fazia jogar de volta para os descerebrados gritantes que consumiam as referidos sons destas bandas. Isso quer dizer que eu também detestaria sua estréia em longa-metragem, num filme escrito pelo Chorão? Errr... Quase!

Por incrível que possa parecer (e eu estou muito chocado com isso ainda!) quase gostei de “O Magnata” (2007). Sério! A primeira meia hora de filme é tão propositalmente horrorosa (em todos os sentidos do termo) que eu senti um medo legítimo, uma correlata identificação: eu já estive neste tipo de meio juvenil porra-louca, eu sei o que é aquilo, é daquele jeito mesmo, caralho! Sério, fiquei com medo! Sério, curti pacas, o lance é escroto pra caralho, mas, puta que pariu, como funciona! Pôrra, velho, os personagens mandam um palavrão por cada 0,47 palavra pronunciada, falam de drogas e armas o tempo inteiro, enchem a cara a cada segundo, cantam coisas como “meta a sua boceta no cu”, chama tudo quanto é mulher de piranha e vagabunda (e, ainda assim, elas se comportam como “crianças grandes querendo dar a boceta”!) e ainda se dispõem a ouvir Tiririca dançar e cantar ‘hardcore’ e contar a seguinte piada no interior de um bordel: “Meu pai sempre me disse que pouco importava se o vinho era branco ou tinto. O que importa é que o cu tem que ser ‘rosée’”. Tem como não curtir ou temer um início de filme destes? Na pior das hipóteses, o diretor Johnny Araújo se empanturrou com filmes do Larry Clark ou do Harmony Korine e achou que podia trazer este estilo de filme pro Brasil, apoiado num roteiro em que só existem duas opções morais: a glorificação do crime, de um lado, e a glorificação do crime, do outro. Puta que pariu, mermão, o argumento é do Chorão! ‘Cês ‘tavam querendo nuanças pra quê? Vão tomar no cu!

Pois é, eu estava quase caindo na do filme, quando, de repente, aparece a mãe do protagonista (vivido por Paulo Vilhena, que se entrega totalmente ao papel, o que parece, mas também pode não ser um elogio!), interpretada pela diva do cinema nacional Maria Luíza Mendonça. Ela bebe o tempo todo e, pelo que saquei através de uma lembrança, a culpa do desvirtuamento do Magnata do título é dela! A partir daí, o filme manda pra trás. Por mais que a montagem de Rodrigo Menecucci seja muito boa, que a direção de Johnny Araújo mereça um pouco de incentivo publicitário e que a seleção musical está adequadíssima ao clima do filme, julgamentos morais rasteiros e pequeno-burgueses como este chafurdaram a minha identificação – e será assim até o final, quando um telefonema para esta mesma mãe bêbada, dizendo “tô com saudades, volto logo pra casa!”, aparentemente redime tudo, se não fosse um tiro por acidente... ou por pura revolta, sei lá! Puxa, contei o final? Que nada, véio, a Consciência vivida pateticamente por Marcelo Nova fica lá, de 10 em 10 minutos, dizendo que “vai tudo acabar mal, não tem mais volta pr’este Magnata, ele é um caminhão a 120 km/h em pura rota de colisão!’. Então... Mas que o filme é quase bom e fiel à realidade que retrata, ah, isto é. Me deu medo, juro! Medo mesmo!

Wesley PC>

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