quinta-feira, 30 de julho de 2009

“EU NÃO QUERO DORMIR SOZINHO” (2006, de Tsai Ming-Liang)


Eu ia escrever uma resenha do filme acima, recém-visto, mas detive-me no meio: de que vai adiantar? Vai ficar parecendo que fico acumulando trocentas mil experiências cinematográficas apenas para ficar me expondo. Quando tento repassar os filmes para pessoas que admiro, tão inocentemente quanto amigos já me ofereceram cigarros de maconha com o único intuito de apresentarem-me a um prazer que eles sentem, acabo por oprimir meu interlocutor, por oprimi-lo com minhas idiossincrasias obsessivas.

Ainda assim, a quem interessar possa, recomendo todo e qualquer filme que tenha sido dirigido pelo malaio Tsai Ming-Liang, que filmou suas obras-primas em Taiwan e voltou à sua terra natal para contar a estória de um misterioso imigrante que, após ser espancado e acolhido por um solitário construtor civil, chafurda numa trama comumente repleta de desamparo e solidão, de desterro, de tristeza, dor e, por que não, esperança. O que eu poderia dizer sobre este filme? Que, numa das mais belas cenas, duas pessoas tentam fazer sexo sincero enquanto são sufocadas por uma fumaça poluente que impregna o ar de Kuala Lampur? Que, por sentir ciúmes de alguém ou de um colchão, um homem apaixonado tenciona tirar a vida de outro apertando uma lata contra sua garganta? Que o magnífico plano final demonstra que não só é possível como também mutuamente prazeroso ajudar alguém a se sentir afagado? Que seja, eu disse!

Sejam felizes,


Wesley PC>

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